O XXIII Encontro SOCINE acontecerá na Unisinos, em Porto Alegre, de 08 a 11 de outubro de 2019.

A lista dos trabalhos aprovados pode ser acessada aqui. Os associados também podem checar a avaliação final de seus trabalhos pela sua área de associado.

Todos os aprovados precisam realizar o pagamento dentro do prazo para que sua participação seja confirmada. Os valores, após o primeiro prazo, terão acréscimos. O pagamento deverá ser feito pela área do associado, via Paypal.

Primeiro prazo: 10 de junho a 12 de julho – R$190,00 (profissionais) / R$95,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Segundo prazo: 15 de julho a 26 de julho – R$220,00 (profissionais) / R$110,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Prazo final: 29 de julho a 02 de agosto – R$260,00 (profissionais) / R$130,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)

Tendo qualquer dúvida ou dificuldade, favor contatar a secretaria no e-mail socine@socine.org.br.

Ficha do Proponente

Proponente

    Denise Costa Lopes (PUC-Rio)

Minicurrículo

    Professora do Departamento de Comunicação da PUC-Rio nos Cursos de Cinema e Arte e Design, Doutora em Artes Visuais pelo PPGAV/EBA/UFRJ, com bolsa sanduíche da CAPES na Université Lumière Lyon 2 e aulas na Sorbonne Nouvelle, Paris 3, Mestre em Comunicação, Imagem e Informação pelo PPGCOM do Departamento de Cinema e Vídeo da UFF, Bacharel em Comunicação Social pela ECO/UFRJ. Jornalista e Crítica de Cinema.

Ficha do Trabalho

Título

    AS CABANAS DE VARDA. Ato político e estético que problematiza o exibir

Resumo

    Les créatures (1966), fracasso comercial de Agnès Varda, passou 40 anos invisível até seu negativo ser remontado em Ma cabane de l’échec. Ao reciclar a película, denunciando a perversão do circuito de projeção tradicional, promoveu nova engenharia de exibição crítica ao dispositivo do cinema, abrindo uma perspectiva arqueológica das mídias que serviram ao desejo da imagem em movimento desde as cavernas. Ato político e estético, agenciou formas de construção de presenças, significações e afetos.

Resumo expandido

    Fracasso comercial e crítico de Agnès Varda de 1966, o longa Les créatures passou 40 anos invisível e esquecido até seu negativo de 35mm ser remontado como “parede” de Ma cabane de l’échec, na mostra L’île et elle da Fundação Cartier de Paris. A reciclagem da película abandonada, que segue o fundamento básico de sua obra, construído a partir da pintura Des Glaneueses (1857), de Jean-François Millet, promoveu uma nova engenharia de exibição, crítica ao dispositivo clássico da reprodutibilidade técnica do cinema. O found footage, impresso na “arquitetura da transparência” da cabana, que posteriormente ganhou o nome de La cabane du cinéma, fez desaparecer o aparato do circuito tradicional com suas salas, telas e aparelhos de projeção, denunciando a ineficácia e a relação perversa e destrutiva desse modelo.

    Como ato político e estético de luta contra o apagamento de seu filme e o desaparecimento do público do cinema, criou um novo regime de visibilidade fílmica, que denuncia a construção, explicita o material e promove a inserção do agenciador do processo de edição dos fotogramas, afirmando assim, segundo Luc Vancheri, “a pobreza ontológica do cinema e a riqueza de um regime contemporâneo de arte que torna possível tais deslocamentos” (2013, p. 101). O visitante da cabana é convidado a habitar um novo cinema, a entrar e a morar na imagem. “Parece que sempre habitei ali (…) que nunca vivi fora do que é cinematográfico”. (VARDA apud VANCHERI, 2013, p.108). Indagada se sua cabana seria cinema, ela responde: “É cinema já que a luz é retida por imagens” (id., p.102).

    Ao provocar uma nova fruição das imagens de seu longa, Varda teria acabado ou, pelo menos, diminuído as distâncias, as analogias e dessemelhanças da arte feita de imagens, criticadas por Jacques Rancière. A performance ficcional, varrida da sua ontologia visível e dizível, surge como ressurreição material na transcendência imanente do corpo fílmico exposto, conferindo uma outra destinação à obra. Mais potente, política e plena de significações do que quando pensada nos anos 60. A partir da política das imagens proposta pelo pensador, poderíamos identificar ainda na construção de Varda a urgência solicitada por este do cinema compreender “sua própria utopia histórica” de promover o casamento entre olhar e movimento. La cabane du cinéma trabalharia assim no que ele chama de arquissemelhança, “uma semelhança originária (…) que não fornece a réplica de uma realidade, mas o testemunho imediato de um outro lugar, de onde ela provém” (RANCIÈRE, 2012b, p.17).

    Por último, La cabane du cinéma engendra outras formas constitutivas de presença e potencializa forças de significação e afeto paradoxalmente antagônicas. A materialidade da película sob a luz das salas dos museus confere um novo lugar tangível aos corpos que passeiam imersos aos fotogramas pendurados. Ao traçar uma ponte indubitável entre sua cabana, as instalações audiovisuais atuais, as pinturas nas cavernas do Paleolítico, toda edificação de domos e vitrais das igrejas e os panoramas arquitetônicos do século XVIII ao XX, Varda insere também uma perspectiva arqueológica das mídias que serviram ao desejo de reprodução do movimento ao longo dos tempos. Como nessas experiências que se utilizavam de efeitos luminosos, as sombras dos transeuntes se projetavam sobre as partes da película translúcida que os rodeavam, numa troca intermitente entre o estar dentro e o estar fora, ou diante, da imagem, sobrepondo e amalgamando obra e espectadores. Esse singular lugar do corpo fílmico em oposição, ou de frente, ao corpo dos participadores, que agenciam e montam a obra por uma outra lógica, poderia potencializar, como apontado por Hans Ulrich Gumbrecht, algum estado de epifania capaz de produzir a presentificação de mundos passados e partilhar não só as memórias autobiográficas de Varda, como as das técnicas e experiências estéticas que o desejo de reprodução da imagem em movimento edificou desde o início da existência humana.

Bibliografia

    COMMENT, Bernard. Le XIXe siècle des panoramas. Paris: Société Nouvelle Adam Biro, 1993.
    DUBOIS, Philippe. Movimentos improváveis. O efeito cinema na arte contemporânea. Rio de Janeiro: Catálogo do Centro Cultural Banco do Brasil, 2003.
    ELSAESSER, Thomas. Cinema como arqueologia das mídias. São Paulo: Edições Sesc SP, 2018.
    GUMBRECHT, Ulrich. Produção de Presença. O que o sentido não consegue transmitir. Rio de Janeiro: Contraponto, Editora PUC-Rio, 2010.
    MACHADO, Arlindo. Pré-cinema e pós-cinema. São Paulo, Campinas: Papirus, 1997.
    RANCIÈRE, Jacques. As distâncias do cinema. Rio de Janeiro: Contraponto, 2012a.
    __________. O destino das imagens, Rio de Janeiro: Contraponto, 2012b.
    VANCHERI, Luc. A arquitetura ou o mais simples aparelho do cinema In Revista Arte & ensaios nº 25. Rio de Janeiro: PPGAV/EBA/UFRJ, 2013.
    __________. Les cabanes de Varda. De l’échec au cinéma In BISERNA, Elena e BROWN, Precious (org.). Cinéma, architecture, dispositifs. Capanotto: Pasian di Prato, 2011.

O livro “XXII SOCINE: 50 anos do maio de 68”, organizado por Lisandro Nogueira e Cleomar Rocha já está disponível para download em nosso site. A obra é composta de 11 artigos que lidam com a temática do maio de 68 pela perspectiva do cinema, que foi o tema do XXII Encontro SOCINE realizado em Goiânia, em 2018. De acordo com os organizadores, “Não há dúvidas de que o tema foi, é, e será sempre instigante, ainda mais aos olhos de muitos que (sobre)viveram (a)os tempos de 68, especialmente no Brasil, e que durante o evento debateram e refletiram sobre o legado de tão importante período da história mundial para a contemporaneidade. Na presente coletânea de textos procuramos demonstrar um pouquinho do que foi a XXII SOCINE, bastante eclética, mas que correspondeu muito bem à chamada para trazer a reflexão dos acontecimentos políticos, sociais, culturais e artísticos do ano de 1968”. O livro leva o selo editorial da SOCINE e ficará disponível em nosso site para download na seção Livros.

XXII Socine 50 anos de maio de 68
1650 Downloads

Tema do XXII encontro da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE): “herança do maio de 1968 do ponto de vista do cinema, das novas redes de comunicação digital e da televisão”.

A Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE) repudia veementemente as manifestações recentes do governo federal contrárias a disciplinas das Humanidades como Filosofia ou Sociologia. Tais manifestações se constituem como ameaças inaceitáveis a áreas de conhecimento fundamentais que já convivem há anos com espaço reduzido nas políticas de financiamento de ensino e pesquisa no país.

A SOCINE considera que tais manifestações, além de desconhecerem a centralidade das Humanidades na construção da cidadania e no desenvolvimento do país, demonstram uma completa ausência de um projeto sério de educação e ciência.

Por isso, a SOCINE também assina a nota de repudio redigida pela ANPOF, disponível em:
http://www.anpof.org/portal/index.php/pt-BR/artigos-em-destaque/2075-nota-de-repudio-a-declaracoes-do-ministro-da-educacao-e-do-presidente-da-republica-sobre-as-faculdades-de-humanidades-nomeadamente-filosofia-e-sociologia

Diretoria SOCINE

Encerrou-se na última sexta, 19/04, o pagamento da anuidade e a submissão de trabalhos para o XXIII Encontro SOCINE que acontecerá de 08 a 11 de outubro na Unisinos, em Porto Alegre, RS. As propostas entram agora em período de avaliação e a divulgação dos trabalhos selecionados está prevista para o dia 10/06/2019.

Num momento em que a pesquisa brasileira sofre cortes, a SOCINE tem buscado reagir às dificuldades postas a toda área, implementando descontos a profissionais sem vínculo, criando novas formas de desligamento que possibilitam uma economia aos sócios e diminuindo a quantidade de anuidades atrasadas a serem pagas. Além disso, a escolha do tema deste ano levou em consideração a necessidade de refletirmos sobre preservação e memória audiovisual num período como este que vivemos. Por tudo isto, nos anima o fato do Encontro deste ano ter registrado o maior número de trabalhos submetidos nos últimos dez anos, totalizando 595 propostas enviadas. Em momentos de dificuldades como estes que o fortalecimento de nossa Sociedade e Encontro se faz cada vez mais importante e por isso, agradecemos a todas e todos que inscreveram seus trabalhos. Faremos mais um instigante e afetuoso Encontro, dessa vez em Porto Alegre.

Para finalizar, gostaríamos de informar aos sócios que não pagaram a anuidade, que é possível realizar o pagamento normalmente pelo sistema durante todo o ano. Para aqueles que buscam economizar, pode-se optar pelo Desligamento Parcial, que gera um desconto de 50% no valor da anuidade.

Para pagar e submeter os trabalhos é necessário que o sócio já cadastrado na Sociedade acesse nosso site socine.org.br e coloque seu CPF e sua senha no PAINEL DO ASSOCIADO.

Estando logado em nosso sistema, o sócio deverá clicar em MINHA CONTA e em seguida DADOS DE PAGAMENTO. Vai aparecer uma tela com o Histórico de pagamentos e ao lado Instruções de pagamento, onde é feito o processo via Paypal. Assim que o pagamento é realizado, aparece escrito PAGO no Histórico na coluna Anuidade 2019. Com isso é possível submeter o trabalho em seguida.

Para submeter a proposta de comunicação, você deve clicar em ENCONTROe em seguida INSCRIÇÃO. Abrirá uma tela com a explicação sobre cada uma das 4 modalidades e ao lado em Minha proposta você encontra os botões com as modalidades para se inscrever nelas. Você irá clicar naquela que você gostaria de enviar seu trabalho e preencher os campos. Depois de enviar a proposta você ainda pode edita-la até o encerramento do prazo. Após isso, a proposta entra em avaliação e não pode ser mais modificada.

Qualquer dúvida sobre o processo, entre em contato com a Secretaria pelo e-mail socine@socine.org.br