O XXIII Encontro SOCINE acontecerá na Unisinos, em Porto Alegre, de 08 a 11 de outubro de 2019.

A lista dos trabalhos aprovados pode ser acessada aqui. Os associados também podem checar a avaliação final de seus trabalhos pela sua área de associado.

Todos os aprovados precisam realizar o pagamento dentro do prazo para que sua participação seja confirmada. Os valores, após o primeiro prazo, terão acréscimos. O pagamento deverá ser feito pela área do associado, via Paypal.

Primeiro prazo: 10 de junho a 12 de julho – R$190,00 (profissionais) / R$95,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Segundo prazo: 15 de julho a 26 de julho – R$220,00 (profissionais) / R$110,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Prazo final: 29 de julho a 02 de agosto – R$260,00 (profissionais) / R$130,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)

Tendo qualquer dúvida ou dificuldade, favor contatar a secretaria no e-mail socine@socine.org.br.

Ficha do Proponente

Proponente

    Maria Ines Dieuzeide Santos Souza (UFC)

Minicurrículo

    Maria Ines Dieuzeide é professora do curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal do Ceará. É doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFMG, onde desenvolveu tese sobre as formas políticas do cinema de Elia Suleiman. Faz parte do grupo de pesquisa Poéticas da Experiência, da UFMG, onde atuou também na produção e edição da revista Devires – Cinema e Humanidades.

Ficha do Trabalho

Título

    Intervenção divina: exílio, olhar em cena, mediação burlesca

Seminário

    Cinemas pós-coloniais e periféricos

Resumo

    Nossa proposta de trabalho parte da análise de Intervenção divina (2002), o segundo longa da trilogia palestina de Elia Suleiman, instigadas pelo modo como, no filme, o olhar é posto em cena. Duas características se destacam: a duplicação da mediação (o corpo que olha) e a encenação do olhar, agenciado como arma de resistência. A partir delas, pensamos como o gesto de distanciamento, que atravessa a trilogia, é posto em cena como parte da experiência do exílio palestino.

Resumo expandido

    Intervenção divina (2002), o segundo filme da trilogia palestina de Elia Suleiman, conduzirá nossa reflexão neste trabalho. Instiga-nos o modo como se elabora uma passagem do personagem de um espectador-testemunha para um arranjador da cena fílmica por meio de seu olhar – o estabelecimento do olhar como mediação para a experiência do exílio palestino. O longa transcorre, em grande parte, no estacionamento do checkpoint entre Ramalá e Jerusalém, lugar onde se darão encontros silenciosos entre ES (o personagem interpretado pelo próprio diretor) e uma mulher misteriosa, impedida de entrar em Jerusalém. A permanência dos personagens nesse estacionamento, dentro do carro, coloca em evidência dois elementos fundamentais da construção fílmica: a figuração da mediação (a janela) e a encenação do olhar.

    Ao colocar seu corpo em cena, atuando como personagem que é também cineasta, Suleiman parece duplicar o gesto da mediação, expondo-a. No filme, cineasta e protagonista compartilham do mesmo corpo, do mesmo nome, da mesma ocupação, mas não se deixam identificar plenamente com o narrador construído – o personagem constitui uma espécie de “duplo” do narrador/diretor. Se dizemos de uma instância narradora que se coaduna à experiência/olhar do protagonista, essa experiência é vista de fora, e o próprio filme coloca em cena outros olhares, multiplicando a postura observativa e a ação de olhar. Intervenção divina reverbera, formalmente, a centralidade do gesto de ver, de testemunhar, ao mesmo tempo em que a montagem, a criação dos espaços e a organização temporal afirmam a interposição da mediação e a impossibilidade da elaboração de uma narrativa unívoca e completa, priorizando os fragmentos e marcando a encenação com artifícios burlescos, que desordenam e ressaltam as aleatoriedades do mundo encenado.

    Propomos então uma análise das operações que colocam em questão o ato de ver, para pensar como o filme todo incorpora, nas suas elaborações formais, um “modo de olhar” que, multiplicado, vai “descentrando” a narrativa. Intervenção divina, mais do que isso, parece indicar a possibilidade de que a própria experiência testemunhada seja atravessada pelo ato de ver, como se o distanciamento permitido ao gesto de elaborar e narrar se desse em cena, no interior e no desenrolar da situação testemunhada. A espectatorialidade dos personagens que testemunham altera o vivido em seu próprio acontecer dramático. O distanciamento não se interpõe apenas a nós, espectadores externos ao filme, mas passa a acontecer dentro da própria cena, que poderia ser modificada a partir, por exemplo, do gesto observativo e perspectivado de ES e da mulher. O gesto de distanciar deixa de ser apenas uma operação fílmica, que poderia “esclarecer” algo para o espectador do cinema, e passa a fazer parte da própria experiência palestina. No cinema de Suleiman, o olhar em cena parece fazer confluir a marca da mediação e a possibilidade de resistência: os jogos de duplicação da espectatorialidade, artifícios que expõem a mediação, são também responsáveis por desestabilizar a própria cena, desordenando-a ou acentuando seu caráter absurdo ou ridículo, duplicando e explicitando a distância que o filme elabora, especialmente pelos artifícios do burlesco.

    Nossa hipótese é que a recusa da instância narradora em permitir que o espectador estabeleça com o filme uma relação de identificação reverbera a impossibilidade de que os próprios palestinos “pertençam” à cena vista, eles mesmos espectadores de suas vidas bloqueadas na fronteira. A experiência que se testemunha/vive no exílio interno é a da cisão entre um povo, seu território e sua história. O filme propõe uma forma para essa experiência, mas de modo que nós, espectadores, compartilhemos da ruptura, de uma impossibilidade de habitação: a partir da espectatorialidade complexa proposta por Intervenção divina, que se dá à distância, por fragmentos, rupturas e descontinuidades, compartilhamos de uma experiência de vida em exílio.

Bibliografia

    ABU-LUGHOD, J.L. Palestinians: exiles at home and abroad. Current Sociology 36, n. 2, summer 1988, p. 61–69.
    BUTLER, J. Caminhos divergentes: judaicidade e crítica do sionismo. Trad. Rogério Bettoni. São Paulo: Boitempo, 2017.
    DREUX, E. Le cinéma burlesque ou la subversion par le geste. Paris: L’Harmattan, 2007.
    RANCIÈRE, J. As distâncias do cinema. Rio de Janeiro: Contraponto, 2012.
    ROSENFELD, A. O teatro épico. São Paulo: Perspectiva, 1985.
    SA’DI, A.H., ABU-LUGHOD, L. (ed.). Nakba: Palestine, 1948, and the claims of memory. Nova York: Columbia University Press, 2007.
    SAID, E. A questão da Palestina. Trad. Sonia Midori. São Paulo: Unesp, 2012.
    ______. Reflexões sobre o exílio e outros ensaios. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
    SELIGMANN-SILVA, M. Narrar o trauma – A questão dos testemunhos de catástrofes históricas. Psicologia clínica, vol. 20, n. 1, p. 65-82, 2008.
    XAVIER, I. O olhar e a cena – Melodrama, Hollywood, Cinema Novo, Nelson Rodrigues. São Paulo: Cosac & Naify, 2003.

O livro “XXII SOCINE: 50 anos do maio de 68”, organizado por Lisandro Nogueira e Cleomar Rocha já está disponível para download em nosso site. A obra é composta de 11 artigos que lidam com a temática do maio de 68 pela perspectiva do cinema, que foi o tema do XXII Encontro SOCINE realizado em Goiânia, em 2018. De acordo com os organizadores, “Não há dúvidas de que o tema foi, é, e será sempre instigante, ainda mais aos olhos de muitos que (sobre)viveram (a)os tempos de 68, especialmente no Brasil, e que durante o evento debateram e refletiram sobre o legado de tão importante período da história mundial para a contemporaneidade. Na presente coletânea de textos procuramos demonstrar um pouquinho do que foi a XXII SOCINE, bastante eclética, mas que correspondeu muito bem à chamada para trazer a reflexão dos acontecimentos políticos, sociais, culturais e artísticos do ano de 1968”. O livro leva o selo editorial da SOCINE e ficará disponível em nosso site para download na seção Livros.

XXII Socine 50 anos de maio de 68
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Tema do XXII encontro da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE): “herança do maio de 1968 do ponto de vista do cinema, das novas redes de comunicação digital e da televisão”.

A Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE) repudia veementemente as manifestações recentes do governo federal contrárias a disciplinas das Humanidades como Filosofia ou Sociologia. Tais manifestações se constituem como ameaças inaceitáveis a áreas de conhecimento fundamentais que já convivem há anos com espaço reduzido nas políticas de financiamento de ensino e pesquisa no país.

A SOCINE considera que tais manifestações, além de desconhecerem a centralidade das Humanidades na construção da cidadania e no desenvolvimento do país, demonstram uma completa ausência de um projeto sério de educação e ciência.

Por isso, a SOCINE também assina a nota de repudio redigida pela ANPOF, disponível em:
http://www.anpof.org/portal/index.php/pt-BR/artigos-em-destaque/2075-nota-de-repudio-a-declaracoes-do-ministro-da-educacao-e-do-presidente-da-republica-sobre-as-faculdades-de-humanidades-nomeadamente-filosofia-e-sociologia

Diretoria SOCINE

Encerrou-se na última sexta, 19/04, o pagamento da anuidade e a submissão de trabalhos para o XXIII Encontro SOCINE que acontecerá de 08 a 11 de outubro na Unisinos, em Porto Alegre, RS. As propostas entram agora em período de avaliação e a divulgação dos trabalhos selecionados está prevista para o dia 10/06/2019.

Num momento em que a pesquisa brasileira sofre cortes, a SOCINE tem buscado reagir às dificuldades postas a toda área, implementando descontos a profissionais sem vínculo, criando novas formas de desligamento que possibilitam uma economia aos sócios e diminuindo a quantidade de anuidades atrasadas a serem pagas. Além disso, a escolha do tema deste ano levou em consideração a necessidade de refletirmos sobre preservação e memória audiovisual num período como este que vivemos. Por tudo isto, nos anima o fato do Encontro deste ano ter registrado o maior número de trabalhos submetidos nos últimos dez anos, totalizando 595 propostas enviadas. Em momentos de dificuldades como estes que o fortalecimento de nossa Sociedade e Encontro se faz cada vez mais importante e por isso, agradecemos a todas e todos que inscreveram seus trabalhos. Faremos mais um instigante e afetuoso Encontro, dessa vez em Porto Alegre.

Para finalizar, gostaríamos de informar aos sócios que não pagaram a anuidade, que é possível realizar o pagamento normalmente pelo sistema durante todo o ano. Para aqueles que buscam economizar, pode-se optar pelo Desligamento Parcial, que gera um desconto de 50% no valor da anuidade.

Para pagar e submeter os trabalhos é necessário que o sócio já cadastrado na Sociedade acesse nosso site socine.org.br e coloque seu CPF e sua senha no PAINEL DO ASSOCIADO.

Estando logado em nosso sistema, o sócio deverá clicar em MINHA CONTA e em seguida DADOS DE PAGAMENTO. Vai aparecer uma tela com o Histórico de pagamentos e ao lado Instruções de pagamento, onde é feito o processo via Paypal. Assim que o pagamento é realizado, aparece escrito PAGO no Histórico na coluna Anuidade 2019. Com isso é possível submeter o trabalho em seguida.

Para submeter a proposta de comunicação, você deve clicar em ENCONTROe em seguida INSCRIÇÃO. Abrirá uma tela com a explicação sobre cada uma das 4 modalidades e ao lado em Minha proposta você encontra os botões com as modalidades para se inscrever nelas. Você irá clicar naquela que você gostaria de enviar seu trabalho e preencher os campos. Depois de enviar a proposta você ainda pode edita-la até o encerramento do prazo. Após isso, a proposta entra em avaliação e não pode ser mais modificada.

Qualquer dúvida sobre o processo, entre em contato com a Secretaria pelo e-mail socine@socine.org.br