O XXIII Encontro SOCINE acontecerá na Unisinos, em Porto Alegre, de 08 a 11 de outubro de 2019.

A lista dos trabalhos aprovados pode ser acessada aqui. Os associados também podem checar a avaliação final de seus trabalhos pela sua área de associado.

Todos os aprovados precisam realizar o pagamento dentro do prazo para que sua participação seja confirmada. Os valores, após o primeiro prazo, terão acréscimos. O pagamento deverá ser feito pela área do associado, via Paypal.

Primeiro prazo: 10 de junho a 12 de julho – R$190,00 (profissionais) / R$95,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Segundo prazo: 15 de julho a 26 de julho – R$220,00 (profissionais) / R$110,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Prazo final: 29 de julho a 02 de agosto – R$260,00 (profissionais) / R$130,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)

Tendo qualquer dúvida ou dificuldade, favor contatar a secretaria no e-mail socine@socine.org.br.

Ficha do Proponente

Proponente

    Andressa Gordya Lopes dos Santos (UNICAMP)

Minicurrículo

    Andressa Gordya Lopes dos Santos é doutoranda do PPG em Multimeios do Instituto de Artes da UNICAMP, mestra pela mesma instituição, graduada em Cinema e Vídeo pela Universidade Estadual do Paraná – UNESPAR/FAP e cursou Filosofia na Universidade Federal do Paraná – UFPR. É pesquisadora de feminismo no cinema, cinema de gênero e violência fílmica.

Ficha do Trabalho

Título

    “Let’s keep going”: o silêncio em Thelma & Louise (Ridley Scott, 1991)

Resumo

    O presente trabalho analisa o silêncio das protagonistas no filme de Ridley Scott, de 1991, Thelma & Louise. Violentadas, subjugadas e perseguidas, elas rebelam-se contra um sistema masculino e paternalista que busca, a todo custo, colocá-las sob controle. Dado o conflituoso cenário, isolam-se. A recusa pela comunicação é uma escolha contra tudo que é masculino e exterior a elas. Apenas elas e nós, espectadores, sabemos a verdade. Verdade que carregam consigo até o derradeiro e infame fim

Resumo expandido

    Há dias sem dormir bem e confinadas ao limitado espaço dos bancos do Ford Thunderbird de Louise, elas percorrem o deserto em alta velocidade enquanto uma legião de viaturas as persegue sem descanso. Contudo, do que realmente fogem alucinadamente é de uma vida de sufocamento doméstico e do abuso físico e verbal masculino. Segundo David Laderman, Thelma e Louise (Ridley Scott, 1991) não apenas atravessam as fronteiras entre os estados, mas também um “estado alterado de percepção” (LADERMAN, 2002, p. 1).
    Dirigindo, elas desbravam o mundo. Antes privadas à observação pelas molduras das janelas da domesticidade, agora descobrem-se, reencontram-se, transcendem-se. A aventura caótica faz com que encontrem uma na outra a gentileza que lhes faltou em um mundo de violência. E assim, isolam-se. Ao imporem-se fora de casa, denunciam o quanto a esfera pública é hostil às mulheres. O assédio, o estupro, o descrédito e a lei dos homens se impõem sobre elas como se a presença de mulheres sozinhas fosse um convite socialmente justificado para a violência, e a estrada, esse lugar de ninguém, é onde a liberdade se mostra alcançável.
    Nosso intuito, é estudar o isolamento social em que elas se encontram e a ausência de comunicação com o mundo exterior, que estabelece sua liberdade até não muito além do limite do espaço carro de Louise e quando fora dele, estão contra tudo e contra todos. A falta de informação – a ausência de suas versões sobre a tentativa de estupro, sobre o assassinato e sobre as escolhas fazem para se salvar – é o que gera confusão na mente dos homens do filme. Esse mistério não desvendado de seus objetivos é a própria feminilidade aos olhos masculinos, essa subjetividade por tanto tempo ignorada que, de repente, eclode e se impõe. O mistério feminino é uma ameaça e a construção da figura feminina como um objeto de prazer ao olhar masculino, como aponta Laura Mulvey, é uma forma de reduzir o risco que as mulheres representam à ordem patriarcal (MULVEY, 2003, p. 438).
    Marguerite Duras, citada por E. Ann Kaplan, vê o silêncio como um “estado de espera”, “uma pausa antes de comprometer-se com uma ação”. Duras acredita que a ausência da ação ou, no caso, do uso da linguagem, é estabelecer-se em um vácuo, um vazio em uma terra de ninguém onde pelo menos podem chamar de sua. Duras está inserida no contexto das vanguardas europeias e das teóricas feministas francesas e, na compreensão dessas teóricas, segundo Kaplan, a linguagem como principal ferramenta de progresso e organização social possui um viés inerente ao homem. Consequentemente, se a linguagem é por definição “masculina”, as mulheres que a falam estão alienadas de si mesmas (KAPLAN, 1995, p. 135).
    No entanto, o silêncio em Thelma & Louise não tem origem na ausência de diálogos, mas na ausência de comunicação com tudo o que é exterior, e cuja informação a respeito de qualquer subjetividade é oferecida por meio de seus rastros e vídeos de segurança. Essa taciturnidade permite que a relação entre elas se aprofunde e que o arco das personagens evolua mantendo-as externas ao conflito: elas estão sempre um passo à frente de tudo e de todos e qualquer presença masculina é invasiva, violenta e opressiva.
    Thelma e Louise são hostilizadas porque contestam diversas convenções da ordem social burguesa em relação aos papéis de gênero e desacreditam em tudo o que é masculino e exterior à ambas. Entre elas, são verborrágicas e cheias de discursos sobre suas experiências, sobre a crise que vivem, sobre o passado e sobre os seus anseios. Deixar os outros no escuro é mais que uma fuga pelas consequências de um crime, é uma escolha. Apenas elas e nós, espectadores, sabemos a verdade. Verdade que carregam consigo até o derradeiro e infame fim.
    Dado esse contexto, o objetivo deste trabalho é trazer um olhar analítico sobre a relação entre ambas e com o mundo. Apontando momentos em que o silêncio representa rupturas e provocações sociais tão ou mais potentes que os gritos dos desesperados.

Bibliografia

    GRONSTAD, Asbjorn. Transfigurations: Violence, Death and Masculinity in American Cinema. Amsterdam: Amsterdam University Press, 2008.
    COHAN. Steve. HARK. Ina Rae. The Road Movie Book. London: Routledge. 1997.
    KAPLAN, E. Ann. A mulher e o cinema – Os dois lados da câmera. Rocco. São Paulo – SP. 1995.
    LADERMAN, David. Driving Visions: Exploring the Road Movie. University of Texas Press, Austin, 2002.
    MESSERSCHMIDT, J. Crime as Structured Action: Gender, Race, Class and Crime in the Making. Thousand Oaks, California: Sage, 1997.
    MULVEY, Laura. Prazer Visual e Cinema narrativo. Ismail Xavier (org). A Experiência do Cinema. Graal Embrafilme. Rio de Janeiro – RJ, 2003, p. 437-453.
    NERONI, Hilary. The violent woman – Femininity, Narrative and Violence in Contemporary American Cinema. New York, State University of New York Press, 2005.

O livro “XXII SOCINE: 50 anos do maio de 68”, organizado por Lisandro Nogueira e Cleomar Rocha já está disponível para download em nosso site. A obra é composta de 11 artigos que lidam com a temática do maio de 68 pela perspectiva do cinema, que foi o tema do XXII Encontro SOCINE realizado em Goiânia, em 2018. De acordo com os organizadores, “Não há dúvidas de que o tema foi, é, e será sempre instigante, ainda mais aos olhos de muitos que (sobre)viveram (a)os tempos de 68, especialmente no Brasil, e que durante o evento debateram e refletiram sobre o legado de tão importante período da história mundial para a contemporaneidade. Na presente coletânea de textos procuramos demonstrar um pouquinho do que foi a XXII SOCINE, bastante eclética, mas que correspondeu muito bem à chamada para trazer a reflexão dos acontecimentos políticos, sociais, culturais e artísticos do ano de 1968”. O livro leva o selo editorial da SOCINE e ficará disponível em nosso site para download na seção Livros.

XXII Socine 50 anos de maio de 68
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Tema do XXII encontro da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE): “herança do maio de 1968 do ponto de vista do cinema, das novas redes de comunicação digital e da televisão”.

A Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE) repudia veementemente as manifestações recentes do governo federal contrárias a disciplinas das Humanidades como Filosofia ou Sociologia. Tais manifestações se constituem como ameaças inaceitáveis a áreas de conhecimento fundamentais que já convivem há anos com espaço reduzido nas políticas de financiamento de ensino e pesquisa no país.

A SOCINE considera que tais manifestações, além de desconhecerem a centralidade das Humanidades na construção da cidadania e no desenvolvimento do país, demonstram uma completa ausência de um projeto sério de educação e ciência.

Por isso, a SOCINE também assina a nota de repudio redigida pela ANPOF, disponível em:
http://www.anpof.org/portal/index.php/pt-BR/artigos-em-destaque/2075-nota-de-repudio-a-declaracoes-do-ministro-da-educacao-e-do-presidente-da-republica-sobre-as-faculdades-de-humanidades-nomeadamente-filosofia-e-sociologia

Diretoria SOCINE

Encerrou-se na última sexta, 19/04, o pagamento da anuidade e a submissão de trabalhos para o XXIII Encontro SOCINE que acontecerá de 08 a 11 de outubro na Unisinos, em Porto Alegre, RS. As propostas entram agora em período de avaliação e a divulgação dos trabalhos selecionados está prevista para o dia 10/06/2019.

Num momento em que a pesquisa brasileira sofre cortes, a SOCINE tem buscado reagir às dificuldades postas a toda área, implementando descontos a profissionais sem vínculo, criando novas formas de desligamento que possibilitam uma economia aos sócios e diminuindo a quantidade de anuidades atrasadas a serem pagas. Além disso, a escolha do tema deste ano levou em consideração a necessidade de refletirmos sobre preservação e memória audiovisual num período como este que vivemos. Por tudo isto, nos anima o fato do Encontro deste ano ter registrado o maior número de trabalhos submetidos nos últimos dez anos, totalizando 595 propostas enviadas. Em momentos de dificuldades como estes que o fortalecimento de nossa Sociedade e Encontro se faz cada vez mais importante e por isso, agradecemos a todas e todos que inscreveram seus trabalhos. Faremos mais um instigante e afetuoso Encontro, dessa vez em Porto Alegre.

Para finalizar, gostaríamos de informar aos sócios que não pagaram a anuidade, que é possível realizar o pagamento normalmente pelo sistema durante todo o ano. Para aqueles que buscam economizar, pode-se optar pelo Desligamento Parcial, que gera um desconto de 50% no valor da anuidade.

Para pagar e submeter os trabalhos é necessário que o sócio já cadastrado na Sociedade acesse nosso site socine.org.br e coloque seu CPF e sua senha no PAINEL DO ASSOCIADO.

Estando logado em nosso sistema, o sócio deverá clicar em MINHA CONTA e em seguida DADOS DE PAGAMENTO. Vai aparecer uma tela com o Histórico de pagamentos e ao lado Instruções de pagamento, onde é feito o processo via Paypal. Assim que o pagamento é realizado, aparece escrito PAGO no Histórico na coluna Anuidade 2019. Com isso é possível submeter o trabalho em seguida.

Para submeter a proposta de comunicação, você deve clicar em ENCONTROe em seguida INSCRIÇÃO. Abrirá uma tela com a explicação sobre cada uma das 4 modalidades e ao lado em Minha proposta você encontra os botões com as modalidades para se inscrever nelas. Você irá clicar naquela que você gostaria de enviar seu trabalho e preencher os campos. Depois de enviar a proposta você ainda pode edita-la até o encerramento do prazo. Após isso, a proposta entra em avaliação e não pode ser mais modificada.

Qualquer dúvida sobre o processo, entre em contato com a Secretaria pelo e-mail socine@socine.org.br