O XXIII Encontro SOCINE acontecerá na Unisinos, em Porto Alegre, de 08 a 11 de outubro de 2019.

A lista dos trabalhos aprovados pode ser acessada aqui. Os associados também podem checar a avaliação final de seus trabalhos pela sua área de associado.

Todos os aprovados precisam realizar o pagamento dentro do prazo para que sua participação seja confirmada. Os valores, após o primeiro prazo, terão acréscimos. O pagamento deverá ser feito pela área do associado, via Paypal.

Primeiro prazo: 10 de junho a 12 de julho – R$190,00 (profissionais) / R$95,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Segundo prazo: 15 de julho a 26 de julho – R$220,00 (profissionais) / R$110,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Prazo final: 29 de julho a 02 de agosto – R$260,00 (profissionais) / R$130,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)

Tendo qualquer dúvida ou dificuldade, favor contatar a secretaria no e-mail socine@socine.org.br.

Ficha do Proponente

Proponente

    Milena de Lima Travassos (FIBAM – AESO)

Minicurrículo

    Doutora em Comunicação e Cultura (UFRJ). São seus focos de estudos: a teoria da imagem, a teoria e história da arte, a estética, dando ênfase ao audiovisual, à fotografia e às artes visuais. Artista visual ligada à fotografia, ao vídeo, à videoinstalação e à videoperformance. Professora nos cursos de Artes Visuais, Cinema e audiovisual, Fotografia, Jornalismo das Faculdades Integradas Barros Melo – AESO onde também ocupa o cargo de Coordenação de Pesquisa, Extensão e Intercâmbio.

Ficha do Trabalho

Título

    Os rostos, os olhos. O trecho

Seminário

    Corpo, gesto e atuação

Resumo

    Nossa análise está centrada em quatro filmes do diretor russo Andrei Tarkovski: “O espelho”, “Stalker”, “Nostalgia” e “O sacrifício”, especificamente em quatro cenas interpretadas por personagens femininos. As cenas foram escolhidas pela repetição de um gesto: as personagens voltam seus olhares para a câmera. Nas imagens esses olhares convertem-se em “trecho”. Zona perturbadora a durar instantes. Zona intensa que se torna outra coisa: olho-lança, olho-poço, olho-água-rasa e olho-mesa-posta.

Resumo expandido

    Marússia, a Esposa do Stalker, Eugênia e Maria são quatro personagens femininos dos filmes “O espelho”, “Stalker”, “Nostalgia” e “O sacrifício” do diretor russo Andrei Tarkovski. Elas representam papeis: uma mãe, uma esposa, uma tradutora e uma serviçal. Cumprem um roteiro. Nesse roteiro quatro cenas incomuns – o desenrolar desses filmes é repleto de cenas inusitadas, corpos que flutuam, sonhos – entretanto, essas, especificamente, destacam-se pela repetição de um gesto. Modulado diferentemente a cada filme esse gesto reaparece em todos eles. Trata-se de um rosto feminino que se volta para a câmera – dirige-se a nós. Dentro desse movimento um outro gestos ainda mais surpreendente: nesses rostos, seus olhos nos põem sob mira, convocam nosso olho – nos olham.
    À sua maneira, cada cena é “devorada” por esse órgão da visão. O que ocorre não é uma desaparição, anulação da cena, mas sua intensificação. Em uma sala de uma casa estranha, em um quarto após a volta do marido, em um sonho do poeta russo ou em uma sala preparada para um jantar, os olhos das personagens irrompem e enfraquecem o entorno, sugam a atenção e expandem-se por todo o quadro. Nessa expansão há um centro, o olho. Menos por sua nitidez, mais pelo gesto.
    Atento, novamente, para o gesto em questão: as personagens olham para a câmera – nos olham. Acontecimento perfeitamente identificável, mas, nem por isso, transparente. Gesto produtor de potencialidades, “algo se passa, passa, delira no espaço da representação e resiste a “se incluir” no quadro, porque provoca desorientação ou intrusão”. (DIDI-HUBERMAN, 2013, p. 342-343). São olhos intrusos que ferem (Marússia), afundam (a Esposa), flutuam (Eugenia) e turvam (Maria) as imagens do qual são parte. Vincam as expressões faciais e com elas toda a imagem, toda a cena. Irrompem como por um acidente na cena. Cortam a narrativa despropositadamente, nos colocam em uma posição de incompressibilidade. Reinam soberanos e, de certa forma, destroem a cena, desviam seu caminho. Diante dessas cenas experienciamos o olho no olho. Os detalhes permanecem obtusos. Nessas cenas, de todos os detalhes, essa mirada é o mais obtuso. Dentro dessas imagens, ela converte-se em “trecho”.
    Trechos são “sintomas”. Assim se refere a eles Didi-Huberman: “o trecho é o sintoma da pintura no quadro” (DIDI-HUBERMAN, 2013, p. 335). Algo que deriva de uma lógica dos desejos, nele a imagem guarda algo de histeria, é rasgo por onde passa o precário, o parcial, o acidental. Insistente, é a parte da imagem que irrompe de forma ostensiva. O gesto nítido, a troca de olhares, turva nosso entendimento. Não trata-se de um detalhe, mas de um ponto expandindo-se.
    É com essa expansão que dialogo e crio relações de fulguração. Relações que diferem-se de uma abordagem descritiva e exata que significa e reconhece um signo icônico. (DIDI-HUBERMAN, 2013, p. 317 e 323). A descrição entra, em um momento inicial, enquanto esboço da cena. Enquanto escrita que relaciona ações, objetos, gestos e imagens. Meu desejo é percorrer um caminho até o “aceno” ocular. O gesto de rascunhar essas imagens não manterá parecença com uma fenomenologia – simbolizante – do reconhecimento, da identificação, da comparação, da busca pelo referente. O olho-olhar de que falo é “sintoma”, lampejo, efeito da imagem que é matéria fílmica – tempo e movimento.
    Essas mulheres nos dirigem suas visadas, o gesto em si e a forma como isso ocorre as transformam em um “gesto insensato, informal, incompreensível, não icônico” (DIDI-HUBERMAN, 2013, p. 333). Andrei Tarkovski orquestrou esses gestos, é seu autor, as personagens os encarnam. Nosso autor reconhece o poder de um rosto, a força de um olhar. Não enquanto artimanha a fazer ver a técnica, a ficção presente nos filmes, mas para nos capturar sem aprisionar nossos delírios. Zona perturbadora a durar por segundos ou minutos. Zona intensa que se torna outra coisa: olho-lança, olho-poço, olho-água-rasa e olho-mesa-posta.

Bibliografia

    AGAMBEN, Giorgio. Profanações. Trad. Selvino J. Assmann. São Paulo: Boitempo, 2007.
    ANTELO, Raúl. Potências da imagen. Chapecó: Argos, 2004.
    BARTHES, ROLAND. O óbvio e o obtuso. Trad. Isabel Pascoal. Lisboa: Edições 70, 2009.
    BENJAMIN, Walter. Origem do Drama Trágico Alemão. Trad. João Barreto. Lisboa: Assírio e Alvim, 2004.
    BENJAMIN, Walter. Ensaios reunidos: Escritos Sobre Goethe. São Paulo: Ed. 34, 2009.
    BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas II – Rua de mão única. Trad. Rubens Rodrigues Torres Filho. São Paulo: Brasiliense, 1995.
    BREA, José Luis. Noli me legere – El enfoque retórico y el primado de la alegoria en el arte contemporáneo. Murcia: Cendeac, 1999.
    DIDI-HUBERMAN, Georges. Diante da imagem – Questões colocadas ao fim de uma história da arte. Trad. Paulo Neves. São Paulo: Ed. 34, 2013.
    MOLDER, Maria Filomena. Símbolo, Analogia e Afinidade. Lisboa: Vendaval e a aurora, 2009.
    TARKOVSKI, Andrei. Esculpir o tempo. São Paulo: Ed. Martins Fontes, 2010.

O livro “XXII SOCINE: 50 anos do maio de 68”, organizado por Lisandro Nogueira e Cleomar Rocha já está disponível para download em nosso site. A obra é composta de 11 artigos que lidam com a temática do maio de 68 pela perspectiva do cinema, que foi o tema do XXII Encontro SOCINE realizado em Goiânia, em 2018. De acordo com os organizadores, “Não há dúvidas de que o tema foi, é, e será sempre instigante, ainda mais aos olhos de muitos que (sobre)viveram (a)os tempos de 68, especialmente no Brasil, e que durante o evento debateram e refletiram sobre o legado de tão importante período da história mundial para a contemporaneidade. Na presente coletânea de textos procuramos demonstrar um pouquinho do que foi a XXII SOCINE, bastante eclética, mas que correspondeu muito bem à chamada para trazer a reflexão dos acontecimentos políticos, sociais, culturais e artísticos do ano de 1968”. O livro leva o selo editorial da SOCINE e ficará disponível em nosso site para download na seção Livros.

XXII Socine 50 anos de maio de 68
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Tema do XXII encontro da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE): “herança do maio de 1968 do ponto de vista do cinema, das novas redes de comunicação digital e da televisão”.

A Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE) repudia veementemente as manifestações recentes do governo federal contrárias a disciplinas das Humanidades como Filosofia ou Sociologia. Tais manifestações se constituem como ameaças inaceitáveis a áreas de conhecimento fundamentais que já convivem há anos com espaço reduzido nas políticas de financiamento de ensino e pesquisa no país.

A SOCINE considera que tais manifestações, além de desconhecerem a centralidade das Humanidades na construção da cidadania e no desenvolvimento do país, demonstram uma completa ausência de um projeto sério de educação e ciência.

Por isso, a SOCINE também assina a nota de repudio redigida pela ANPOF, disponível em:
http://www.anpof.org/portal/index.php/pt-BR/artigos-em-destaque/2075-nota-de-repudio-a-declaracoes-do-ministro-da-educacao-e-do-presidente-da-republica-sobre-as-faculdades-de-humanidades-nomeadamente-filosofia-e-sociologia

Diretoria SOCINE

Encerrou-se na última sexta, 19/04, o pagamento da anuidade e a submissão de trabalhos para o XXIII Encontro SOCINE que acontecerá de 08 a 11 de outubro na Unisinos, em Porto Alegre, RS. As propostas entram agora em período de avaliação e a divulgação dos trabalhos selecionados está prevista para o dia 10/06/2019.

Num momento em que a pesquisa brasileira sofre cortes, a SOCINE tem buscado reagir às dificuldades postas a toda área, implementando descontos a profissionais sem vínculo, criando novas formas de desligamento que possibilitam uma economia aos sócios e diminuindo a quantidade de anuidades atrasadas a serem pagas. Além disso, a escolha do tema deste ano levou em consideração a necessidade de refletirmos sobre preservação e memória audiovisual num período como este que vivemos. Por tudo isto, nos anima o fato do Encontro deste ano ter registrado o maior número de trabalhos submetidos nos últimos dez anos, totalizando 595 propostas enviadas. Em momentos de dificuldades como estes que o fortalecimento de nossa Sociedade e Encontro se faz cada vez mais importante e por isso, agradecemos a todas e todos que inscreveram seus trabalhos. Faremos mais um instigante e afetuoso Encontro, dessa vez em Porto Alegre.

Para finalizar, gostaríamos de informar aos sócios que não pagaram a anuidade, que é possível realizar o pagamento normalmente pelo sistema durante todo o ano. Para aqueles que buscam economizar, pode-se optar pelo Desligamento Parcial, que gera um desconto de 50% no valor da anuidade.

Para pagar e submeter os trabalhos é necessário que o sócio já cadastrado na Sociedade acesse nosso site socine.org.br e coloque seu CPF e sua senha no PAINEL DO ASSOCIADO.

Estando logado em nosso sistema, o sócio deverá clicar em MINHA CONTA e em seguida DADOS DE PAGAMENTO. Vai aparecer uma tela com o Histórico de pagamentos e ao lado Instruções de pagamento, onde é feito o processo via Paypal. Assim que o pagamento é realizado, aparece escrito PAGO no Histórico na coluna Anuidade 2019. Com isso é possível submeter o trabalho em seguida.

Para submeter a proposta de comunicação, você deve clicar em ENCONTROe em seguida INSCRIÇÃO. Abrirá uma tela com a explicação sobre cada uma das 4 modalidades e ao lado em Minha proposta você encontra os botões com as modalidades para se inscrever nelas. Você irá clicar naquela que você gostaria de enviar seu trabalho e preencher os campos. Depois de enviar a proposta você ainda pode edita-la até o encerramento do prazo. Após isso, a proposta entra em avaliação e não pode ser mais modificada.

Qualquer dúvida sobre o processo, entre em contato com a Secretaria pelo e-mail socine@socine.org.br