O XXIII Encontro SOCINE acontecerá na Unisinos, em Porto Alegre, de 08 a 11 de outubro de 2019.

A lista dos trabalhos aprovados pode ser acessada aqui. Os associados também podem checar a avaliação final de seus trabalhos pela sua área de associado.

Todos os aprovados precisam realizar o pagamento dentro do prazo para que sua participação seja confirmada. Os valores, após o primeiro prazo, terão acréscimos. O pagamento deverá ser feito pela área do associado, via Paypal.

Primeiro prazo: 10 de junho a 12 de julho – R$190,00 (profissionais) / R$95,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Segundo prazo: 15 de julho a 26 de julho – R$220,00 (profissionais) / R$110,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Prazo final: 29 de julho a 02 de agosto – R$260,00 (profissionais) / R$130,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)

Tendo qualquer dúvida ou dificuldade, favor contatar a secretaria no e-mail socine@socine.org.br.

Ficha do Proponente

Proponente

    PEDRO PEREIRA DRUMOND (UFF)

Minicurrículo

    Doutorando em Comunicação na linha de Estéticas e Tecnologias da Comunicação (PPGCOM-UFF), Mestre em Comunicação na linha de Estudos do Cinema e do Audiovisual (PPGCOM-UFF) e Bacharel em Cinema e Audiovisual (UFF).

Ficha do Trabalho

Título

    Sonhar não é reviver algo que é seu: traumatipo documentário

Seminário

    Cinema brasileiro contemporâneo: política, estética, invenção

Resumo

    Em Era o Hotel Cambridge (Eliane Caffé), Ngandu sonha. Seu sonho aparece como um documentário de cinema, mas não como uma sequência onírica realizada sob a aparência de um registro documentário, mas a reaparição de imagens que tiveram sua gênese em um outro filme, Blood in the mobile (Frank Poulsen). E se Eliane Caffé realiza a encenação cinematográfica de uma importante lição freudiana, de que sonhar não é reviver algo que é seu? Como podemos pensar, a partir disso, a própria conduta do filme?

Resumo expandido

    Em Era o Hotel Cambridge (Eliane Caffé, SP, 2016), Ngandu sonha. Seu sonho aparece como um documentário de cinema. As imagens que vemos no íntimo do seu sono revelam seu passado, lembranças de outro tempo e lugar. Nessas memórias, ouvimos o depoimento de um homem envolvido na mineração de cassiterita no Congo, exploração diretamente ligada à uma violenta guerra civil no país. As imagens que surgem diante de nós são tomadas típicas da urgência do registro documentário: depoimentos endereçados à um realizador participante, imagens trêmulas e intuitivas de uma câmera na mão. Se sequências de sonho no cinema sempre foram um espaço liberdade para as ficções mais oníricas, há aqui uma reversão que nos lembra que todos os códigos atrelados à uma autenticidade realista é “Algo como o realismo sonhado” (COMOLLI, 2006).

    Ngandu é um personagem de ficção, interpretado por Guylan Mukendi; nem ator nem não-ator: recém-ator. Ngandu e Guylan não compartilham o mesmo nome mas dividem uma história. Nascidos no Congo, refugiaram-se no Brasil em busca de melhores condições de vida. Antes de sonhar, Ngandu vê fotografias da época de quando vivia em continente africano. As imagens são originárias de um mundo alheio ao universo ficcional, são reaparições de objetos pessoais de Guylan que foram arrancados ao filme para pertencerem ao passado misterioso de Ngandu. Nesse cinema que faz recém-atores interpretarem personagens virtualmente idênticos a si mesmos, toda a lacuna biográfica e subjetiva dos personagens ficcionais é preenchida por um vazamento do ator ao personagem, não sabemos com o quanto de Guylan nasce Ngandu.

    Não será surpresa descobrirmos que o sonho de Ngandu não é apenas uma sequência realizada sob a gramática de um registro documentário, mas a reaparição de imagens de um outro filme. Eliane Caffé se apropriou de trechos do documentário Blood in the mobile (Frank Piasecki Poulsen, 2010), que denuncia a cumplicidade entre a indústria de eletrônicos e a guerra civil congolesa. Caffé fez essas imagens emergirem em seu filme como matéria de sonho e de memória, imagens que não foram trocadas ou transferidas, mas arrancadas à uma duplicação sem circularidade. O que se entende por “documentário” na sequência, é o que resta de um “modo de apresentação”, um semblante. Essa “origem documentária” esquecida nas imagens são o próprio “umbigo do sonho” de Ngandu: “O esquecimento é, por assim dizer, aquilo a partir do qual e em direção ao qual se desenha o umbigo do sonho – do mesmo modo que é o ponto de fuga da interpretação” (FREUD apud DIDI-HUBERMAN, 2010). Essas imagens oriundas de um filme alheio simultâneamente cavam e preenchem a lacuna da biografia de Ngandu. O documentário encontra sua forma de fuga, sua aparição imprópria enquanto sonho-documentário. Não é só Ngandu que se transindividua durante o sonho, mas o próprio documentário quando sonho, que extrai do estereótipo de uma gramática documentária uma espécie de fundo traumático reprimido: um traumatipo do estereótipo documentário. São esses os termos postos por Bernard Stiegler em sua excêntrica teoria do cinema que coincide com uma organologia dos sonhos: “Durante um sonho eu transindividuo a mim mesmo de uma maneira que vai contra a transindividuação dominante – o sonho põe em movimento traumatipos que estão escondidos sob estereótipos – o que é exatamente o que acontece em qualquer bom filme” (STIEGLER, 2018)

    E se Eliane Caffé realiza a encenação cinematográfica da importante lição freudiana de que sonhar não é reviver algo que é seu? O sonho não pertence à Ngandu, as imagens do sonho não pertecem ao filme realizado por Caffé. São as formas sensíveis de uma posse sem propriedade, que existem em um filme feito em um edifício abandonado reivindicado à ocupação por uma frente de luta por moradia e às voltas com os problemas de arrancar o vivido ao filmado, dos riscos da ficção espetacular e da banalidade documentária. Traumatipos sob os estereótipos, diante de um “inapropriável”.

Bibliografia

    CAFFÉ, Carla. Era o hotel Cambridge. Arquitetura, cinema e educação. São Paulo: Edições SESC São Paulo, 2016.

    COMOLLI, Jean-Louis. Ver e poder: a inocência perdida: cinema, televisão, ficção, documentário. Belo Horizonte: UFMG, 2008.

    DIDI-HUBERMAN, Georges. O que vemos, o que nos olha. São Paulo: Editora 34, 2010.

    FREUD, Sigmund. A interpretação dos sonhos. Rio de Janeiro: Editora Imago,1969.

    GUIMARÃES, Cesar, CAIXETA, Ruben. Pela distinção entre ficção e documentário, provisoriamente. In COMOLLI, Jean-Louis. Ver e poder: a inocência perdida. Cinema, televisão, ficção, documentário. Belo Horizonte: UFMG, 2008. p. 32-49.

    RANCIÈRE, Jacques. As distâncias do cinema. Rio de Janeiro: Contraponto, 2016.

    SAFATLE, Vladimir. O circuito dos afetos. São Paulo: Cosac Naify, 2015.

    STIEGLER, Bernard. The Neganthropocene. Londres: Open Humanity Press, 2018.

O livro “XXII SOCINE: 50 anos do maio de 68”, organizado por Lisandro Nogueira e Cleomar Rocha já está disponível para download em nosso site. A obra é composta de 11 artigos que lidam com a temática do maio de 68 pela perspectiva do cinema, que foi o tema do XXII Encontro SOCINE realizado em Goiânia, em 2018. De acordo com os organizadores, “Não há dúvidas de que o tema foi, é, e será sempre instigante, ainda mais aos olhos de muitos que (sobre)viveram (a)os tempos de 68, especialmente no Brasil, e que durante o evento debateram e refletiram sobre o legado de tão importante período da história mundial para a contemporaneidade. Na presente coletânea de textos procuramos demonstrar um pouquinho do que foi a XXII SOCINE, bastante eclética, mas que correspondeu muito bem à chamada para trazer a reflexão dos acontecimentos políticos, sociais, culturais e artísticos do ano de 1968”. O livro leva o selo editorial da SOCINE e ficará disponível em nosso site para download na seção Livros.

XXII Socine 50 anos de maio de 68
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Tema do XXII encontro da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE): “herança do maio de 1968 do ponto de vista do cinema, das novas redes de comunicação digital e da televisão”.

A Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE) repudia veementemente as manifestações recentes do governo federal contrárias a disciplinas das Humanidades como Filosofia ou Sociologia. Tais manifestações se constituem como ameaças inaceitáveis a áreas de conhecimento fundamentais que já convivem há anos com espaço reduzido nas políticas de financiamento de ensino e pesquisa no país.

A SOCINE considera que tais manifestações, além de desconhecerem a centralidade das Humanidades na construção da cidadania e no desenvolvimento do país, demonstram uma completa ausência de um projeto sério de educação e ciência.

Por isso, a SOCINE também assina a nota de repudio redigida pela ANPOF, disponível em:
http://www.anpof.org/portal/index.php/pt-BR/artigos-em-destaque/2075-nota-de-repudio-a-declaracoes-do-ministro-da-educacao-e-do-presidente-da-republica-sobre-as-faculdades-de-humanidades-nomeadamente-filosofia-e-sociologia

Diretoria SOCINE

Encerrou-se na última sexta, 19/04, o pagamento da anuidade e a submissão de trabalhos para o XXIII Encontro SOCINE que acontecerá de 08 a 11 de outubro na Unisinos, em Porto Alegre, RS. As propostas entram agora em período de avaliação e a divulgação dos trabalhos selecionados está prevista para o dia 10/06/2019.

Num momento em que a pesquisa brasileira sofre cortes, a SOCINE tem buscado reagir às dificuldades postas a toda área, implementando descontos a profissionais sem vínculo, criando novas formas de desligamento que possibilitam uma economia aos sócios e diminuindo a quantidade de anuidades atrasadas a serem pagas. Além disso, a escolha do tema deste ano levou em consideração a necessidade de refletirmos sobre preservação e memória audiovisual num período como este que vivemos. Por tudo isto, nos anima o fato do Encontro deste ano ter registrado o maior número de trabalhos submetidos nos últimos dez anos, totalizando 595 propostas enviadas. Em momentos de dificuldades como estes que o fortalecimento de nossa Sociedade e Encontro se faz cada vez mais importante e por isso, agradecemos a todas e todos que inscreveram seus trabalhos. Faremos mais um instigante e afetuoso Encontro, dessa vez em Porto Alegre.

Para finalizar, gostaríamos de informar aos sócios que não pagaram a anuidade, que é possível realizar o pagamento normalmente pelo sistema durante todo o ano. Para aqueles que buscam economizar, pode-se optar pelo Desligamento Parcial, que gera um desconto de 50% no valor da anuidade.

Para pagar e submeter os trabalhos é necessário que o sócio já cadastrado na Sociedade acesse nosso site socine.org.br e coloque seu CPF e sua senha no PAINEL DO ASSOCIADO.

Estando logado em nosso sistema, o sócio deverá clicar em MINHA CONTA e em seguida DADOS DE PAGAMENTO. Vai aparecer uma tela com o Histórico de pagamentos e ao lado Instruções de pagamento, onde é feito o processo via Paypal. Assim que o pagamento é realizado, aparece escrito PAGO no Histórico na coluna Anuidade 2019. Com isso é possível submeter o trabalho em seguida.

Para submeter a proposta de comunicação, você deve clicar em ENCONTROe em seguida INSCRIÇÃO. Abrirá uma tela com a explicação sobre cada uma das 4 modalidades e ao lado em Minha proposta você encontra os botões com as modalidades para se inscrever nelas. Você irá clicar naquela que você gostaria de enviar seu trabalho e preencher os campos. Depois de enviar a proposta você ainda pode edita-la até o encerramento do prazo. Após isso, a proposta entra em avaliação e não pode ser mais modificada.

Qualquer dúvida sobre o processo, entre em contato com a Secretaria pelo e-mail socine@socine.org.br