O XXIII Encontro SOCINE acontecerá na Unisinos, em Porto Alegre, de 08 a 11 de outubro de 2019.

A lista dos trabalhos aprovados pode ser acessada aqui. Os associados também podem checar a avaliação final de seus trabalhos pela sua área de associado.

Todos os aprovados precisam realizar o pagamento dentro do prazo para que sua participação seja confirmada. Os valores, após o primeiro prazo, terão acréscimos. O pagamento deverá ser feito pela área do associado, via Paypal.

Primeiro prazo: 10 de junho a 12 de julho – R$190,00 (profissionais) / R$95,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Segundo prazo: 15 de julho a 26 de julho – R$220,00 (profissionais) / R$110,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Prazo final: 29 de julho a 02 de agosto – R$260,00 (profissionais) / R$130,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)

Tendo qualquer dúvida ou dificuldade, favor contatar a secretaria no e-mail socine@socine.org.br.

Ficha do Proponente

Proponente

    Camilo Soares (UFPE)

Minicurrículo

    Fotógrafo e professor de Cinema e Audiovisual da UFPE. Doutor pela université Paris 1 Panthéon-Sorbonne.

Ficha do Trabalho

Título

    O não-lugar reconquistado nos espaços mínimos de Jia Zhangke

Resumo

    O acelerado desenvolvimento econômico chinês nas últimas décadas provocaram enormes transformações na paisagem rural e urbana. A obra de Jia Zhangke busca constantemente testemunhar o atual impacto paisagístico sobre as pessoas, sobretudo as que foram jogadas à margem desse processo de modernização. No entanto, seus filmes não são apenas registros dessas mudanças rápidas e dramáticas. Há neles uma sutil, mas sistemática, reapropriação desses espaços por parte de seus atores sociais.

Resumo expandido

    O acelerado desenvolvimento econômico chinês nas últimas décadas provocaram enormes transformações na paisagem rural e urbana. Como resultado, enormes áreas que antes tinham um valor histórico ou afetivo para as populações são transformados em vastos não-lugares, caracterizados, segundo Marc Augé, pela falta de identidade que esses representam para a população que os utiliza. Tais terrenos surgem como terra arrasada de um projeto de progresso, inóspitos ao ser humano, como demostra a série de fotografias Paisagens Provisórias de Ai Weiwei, cujas fotos expressam uma pulverização histórica e cultural, além de uma obstrução física, mas também estética e subjetiva desses enormes canteiros de obras transformados em lugares frios e assépticos. As imagens e o título remetem à expressão paisagista chinesa, como base de um olhar cosmológico da cultura e filosofia oriental, cuja relação está ameaçada diante de uma lógica puramente funcional e mercantilista de vivência do mundo. O cinema não poderia ficar imune a tais contradições.
    A obra de Jia Zhangke busca constantemente testemunhar o atual impacto paisagístico sobre as pessoas, sobretudo as que foram jogadas à margem desse processo de modernização. Os exemplos são numerosos, como o Conjunto Habitacional de uma usina de armas que deu lugar a prédios de luxo (em 24 City, 2008); ou a descaracterização das construções históricas de Fenyang, sua terra natal, diante de grande cidade que se tornou (As Montanhas se Separam, 2015); sem falar em uma região de 14 cidades de mais de 2 mil anos de história, destruída para ser inundada pela barragem das Três Gargantas (Em Busca da Vida, 2006).
    No entanto, seus filmes não são apenas registros dessas mudanças rápidas e dramáticas. Há neles uma sutil, mas sistemática, reapropriação desses espaços por parte de seus atores sociais. Numa cerimônia funerária, por exemplo, (As montanhas se Separam) nas margens de uma autoestrada poeirenta não é, por exemplo um mero desprestígio de uma tradição, como poderíamos pensar à primeira vista, mas uma reafirmação desse não-lugar como um espaço vivenciado por uma cultura. Tal ocupação atua de modo objetivo e subjetivo para transformação desses lugares impessoais em improváveis lugares de uso afetivo, mesmo que frágeis e incertos. Tais espaços mínimos são pequenas zonas de resistência dentro da representação territorial de um processo devastador e desumano.
    Essa influência mutua entre espaço e vivência é uma forma política atual, como bem pontua David Harvey, em sua visão do direito à cidade, para a qual esta é transformada na medida em que nós nos transformamos. No entanto, tais representações de Jia possibilitam ao olhar uma penetração nas profundezas da imagem, onde se manifesta uma sobrevivência formal e energética warburgianas de memórias ainda resistentes. Tal processo é costurado inerentemente pela subjetividade de atores e do observador, criando um elo necessariamente estético para evidenciar essa vivência dialética que constrói a possibilidade que esse espaço, agora também espaço imaterial, seja habitado por discursos não hegemônicos.

Bibliografia

    AI Weiwei, Entrelacs: Dossier de Presse. Paris, Jeu de Paume, 2012.
    ARANTES, Otília Beatriz Fiori, Chai-na, São Paulo, ed. da Universidade de São Paulo, 2011.
    AUGÉ Marc, Non-Lieu, Paris, Ed. du Seuil, 1992.
    DIDI-HUBERMAN Georges, Images Malgré tout, Paris, Les Éditions de Minuit, 2008.
    DIDI-HUBERMAN Georges. L’Image survivante, Editions de Minuit, Paris, 2002.
    HARVEY David. “O Direito à Cidade”, Revista Piauí, ed. 82, jul 2013.
    JIA Zhang-ke, Dits et écris d’un cinéaste chinois, Capprici, Paris, 2012
    RANCIÈRE Jacques, La fable cinématographique. Éditions du Seuil, Lonrai, 2001.
    RANCIÈRE Jacques, Le spectateur émancipé, La fabrique editions, Paris, 2008.

O livro “XXII SOCINE: 50 anos do maio de 68”, organizado por Lisandro Nogueira e Cleomar Rocha já está disponível para download em nosso site. A obra é composta de 11 artigos que lidam com a temática do maio de 68 pela perspectiva do cinema, que foi o tema do XXII Encontro SOCINE realizado em Goiânia, em 2018. De acordo com os organizadores, “Não há dúvidas de que o tema foi, é, e será sempre instigante, ainda mais aos olhos de muitos que (sobre)viveram (a)os tempos de 68, especialmente no Brasil, e que durante o evento debateram e refletiram sobre o legado de tão importante período da história mundial para a contemporaneidade. Na presente coletânea de textos procuramos demonstrar um pouquinho do que foi a XXII SOCINE, bastante eclética, mas que correspondeu muito bem à chamada para trazer a reflexão dos acontecimentos políticos, sociais, culturais e artísticos do ano de 1968”. O livro leva o selo editorial da SOCINE e ficará disponível em nosso site para download na seção Livros.

XXII Socine 50 anos de maio de 68
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Tema do XXII encontro da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE): “herança do maio de 1968 do ponto de vista do cinema, das novas redes de comunicação digital e da televisão”.

A Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE) repudia veementemente as manifestações recentes do governo federal contrárias a disciplinas das Humanidades como Filosofia ou Sociologia. Tais manifestações se constituem como ameaças inaceitáveis a áreas de conhecimento fundamentais que já convivem há anos com espaço reduzido nas políticas de financiamento de ensino e pesquisa no país.

A SOCINE considera que tais manifestações, além de desconhecerem a centralidade das Humanidades na construção da cidadania e no desenvolvimento do país, demonstram uma completa ausência de um projeto sério de educação e ciência.

Por isso, a SOCINE também assina a nota de repudio redigida pela ANPOF, disponível em:
http://www.anpof.org/portal/index.php/pt-BR/artigos-em-destaque/2075-nota-de-repudio-a-declaracoes-do-ministro-da-educacao-e-do-presidente-da-republica-sobre-as-faculdades-de-humanidades-nomeadamente-filosofia-e-sociologia

Diretoria SOCINE

Encerrou-se na última sexta, 19/04, o pagamento da anuidade e a submissão de trabalhos para o XXIII Encontro SOCINE que acontecerá de 08 a 11 de outubro na Unisinos, em Porto Alegre, RS. As propostas entram agora em período de avaliação e a divulgação dos trabalhos selecionados está prevista para o dia 10/06/2019.

Num momento em que a pesquisa brasileira sofre cortes, a SOCINE tem buscado reagir às dificuldades postas a toda área, implementando descontos a profissionais sem vínculo, criando novas formas de desligamento que possibilitam uma economia aos sócios e diminuindo a quantidade de anuidades atrasadas a serem pagas. Além disso, a escolha do tema deste ano levou em consideração a necessidade de refletirmos sobre preservação e memória audiovisual num período como este que vivemos. Por tudo isto, nos anima o fato do Encontro deste ano ter registrado o maior número de trabalhos submetidos nos últimos dez anos, totalizando 595 propostas enviadas. Em momentos de dificuldades como estes que o fortalecimento de nossa Sociedade e Encontro se faz cada vez mais importante e por isso, agradecemos a todas e todos que inscreveram seus trabalhos. Faremos mais um instigante e afetuoso Encontro, dessa vez em Porto Alegre.

Para finalizar, gostaríamos de informar aos sócios que não pagaram a anuidade, que é possível realizar o pagamento normalmente pelo sistema durante todo o ano. Para aqueles que buscam economizar, pode-se optar pelo Desligamento Parcial, que gera um desconto de 50% no valor da anuidade.

Para pagar e submeter os trabalhos é necessário que o sócio já cadastrado na Sociedade acesse nosso site socine.org.br e coloque seu CPF e sua senha no PAINEL DO ASSOCIADO.

Estando logado em nosso sistema, o sócio deverá clicar em MINHA CONTA e em seguida DADOS DE PAGAMENTO. Vai aparecer uma tela com o Histórico de pagamentos e ao lado Instruções de pagamento, onde é feito o processo via Paypal. Assim que o pagamento é realizado, aparece escrito PAGO no Histórico na coluna Anuidade 2019. Com isso é possível submeter o trabalho em seguida.

Para submeter a proposta de comunicação, você deve clicar em ENCONTROe em seguida INSCRIÇÃO. Abrirá uma tela com a explicação sobre cada uma das 4 modalidades e ao lado em Minha proposta você encontra os botões com as modalidades para se inscrever nelas. Você irá clicar naquela que você gostaria de enviar seu trabalho e preencher os campos. Depois de enviar a proposta você ainda pode edita-la até o encerramento do prazo. Após isso, a proposta entra em avaliação e não pode ser mais modificada.

Qualquer dúvida sobre o processo, entre em contato com a Secretaria pelo e-mail socine@socine.org.br