O XXIII Encontro SOCINE acontecerá na Unisinos, em Porto Alegre, de 08 a 11 de outubro de 2019.

A lista dos trabalhos aprovados pode ser acessada aqui. Os associados também podem checar a avaliação final de seus trabalhos pela sua área de associado.

Todos os aprovados precisam realizar o pagamento dentro do prazo para que sua participação seja confirmada. Os valores, após o primeiro prazo, terão acréscimos. O pagamento deverá ser feito pela área do associado, via Paypal.

Primeiro prazo: 10 de junho a 12 de julho – R$190,00 (profissionais) / R$95,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Segundo prazo: 15 de julho a 26 de julho – R$220,00 (profissionais) / R$110,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Prazo final: 29 de julho a 02 de agosto – R$260,00 (profissionais) / R$130,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)

Tendo qualquer dúvida ou dificuldade, favor contatar a secretaria no e-mail socine@socine.org.br.

Ficha do Proponente

Proponente

    Raul Lemos Arthuso (USP)

Minicurrículo

    Doutorando em Teoria, História e Crítica pela Universidade de São Paulo, onde completou também o mestrado, é crítico de cinema, pesquisador, diretor, roteirista e editor de som. Escreve na Cinética desde 2011 e já teve textos publicados nas revistas Teorema, Taturana, Significação e no blog da editora Cosac Naify. Realizou os curtas-metragens Mamilos (2009), O Pai Daquele Menino (2011), Master Blaster, uma Aventura de Hans Lucas na Nebulosa 2907N (2013) e À Parte do Inferno (2015).

Ficha do Trabalho

Título

    O sujeito partido: história, revanche e violência

Seminário

    Cinema brasileiro contemporâneo: política, estética, invenção

Resumo

    A partir do cotejo entre os dois Tropa de Elite, de José Padilha, e Branco Sai Preto Fica, de Adirley Queirós, a presente comunicação busca discutir questões da realidade política que atravessam os sujeitos comuns presentes nas obras. Retratando personagens fraturados da vida social, da representação política e da apropriação de suas próprias identidades, as obras aqui citadas mostram uma desconexão dos protagonistas com a política institucional que desemboca em ações violentas catárticas.

Resumo expandido

    Falar sobre as transformações do Brasil nas últimas duas décadas passa inevitavelmente por explorar as implicações da macropolítica na micropolítica. O Brasil democrático é um país de contradições e conflitos que foram sendo apaziguadas até seu ponto limite, com uma Constituição “Cidadã” que organizou um sistema de securidade social e representação política que visavam reduzir as desigualdades históricas, mas nunca foram implantados plenamente. Originários de universos completamente distintos – um de um cinema marginal da periferia de Brasília, outro do centro do sistema de produção em grande escala do Rio de Janeiro – as obras analisadas nessa comunicação são duas faces do destino da nação que passa por sujeitos comuns como nós.

    Branco Sai Preto Fica, de Adirley Queirós, parte da experiência real de violência policial sofrida por dois personagens – Markim e Chokito – cujos corpos ficam marcados de forma irreparável e um terceiro personagem – Dimas Cravalanças, agente do futuro que volta no tempo para recolher provas que incriminem o Estado brasileiro a fim de indenizar as populações negras vítimas de exclusão e violência estatal – que fica preso no passado (nosso presente), apartado de seu tempo histórico. A articulação dessas três trajetórias se dá a partir da subjetividade partida – da comunidade, do espaço público, das possibilidades de um outro sujeito pleno – das personagens em busca da reparação impossível de suas vidas. O filme, por sua vez, também se desdobra numa série de partições: entre centro e periferia, passado, presente e futuro, imaginário e concreto, ficção e documentário, memória e presença.

    Já os dois Tropa de Elite, de José Padilha, mostram um sistema falido: a polícia militar do Rio de Janeiro. Descrevendo com atenção seu funcionamento, a polícia do Rio torna-se representação de todo o sistema político brasileiro na contemporaneidade. Nesse contexto, a solução está no BOPE, fragmento da corporação que, dentro do sistema, se coloca à margem dele: seus membros passam por um processo rigoroso de seleção, que envolve tirar os corruptos e os fracos da disputa, permanecendo apenas os policiais com força física e também de espírito. Cria-se um “mito da pureza” para justificar o heroísmo violento da corporação e seu caráter especial de extermínio “contra tudo o que está aí”. Dentro desta narrativa do sistema, existe um sujeito fragmentado: Capitão Roberto Nascimento, dividido entre o pai de família e o capitão dessa corporação assassina. As questões de corrupção policial, conflitos de classe e a fábula de escolha de um substituto no batalhão estão mediadas por esse sujeito fraturado que narra o filme: partido entre Roberto, identidade do lar, e Nascimento, nome de guerra, um dos dois deve ser violentamente suprimido. O conflito de Roberto Nascimento é a questão importante dos afetos contraditórios de sujeitos comuns no Brasil contemporâneo: a briga entre a esperança num projeto coletivo, orgânico e social – não à toa, Roberto está para ter seu primeiro filho – e o “reboot” do sistema, matando indiscriminadamente até limpar toda a sujeira, com as próprias mãos.

    Tanto em Branco Sai Preto Fica quanto Tropa de Elite, há o desejo de reparação que se concretiza numa explosão violenta: nos filmes de Padilha, a vitória da máquina de matar sobre o pai de família leva a um caminho de vingança que vai justificar a tortura e o extermínio dos pobres e a justiça com as próprias mãos contra um político corrupto; em Branco Sai…, a agonia das personagens leva a um ato terrorista de revanche explosiva contra o centro do poder como a última opção para (re)começar “tudo o que está aí”. Isso é representativo de uma tendência forte do cinema brasileiro contemporâneo em apostar na violência como catarse, uma força de reparação que se coloca à margem e como caminho frente a um contrato social no limite de suas contradições.

Bibliografia

    ADORNO, Sérgio: “O Monopólio estatal da violência na sociedade brasileira contemporânea”. In: MICELI, Sergio: O que ler na ciência social brasileira 1970-2002. Volume IV.

    BRESCIANI, Stella & NAXARA, Márcia (orgs.). Memória e (res)sentimento: indagações sobre uma questão sensível. Campinas: Editora da UNICAMP, 2001.

    DUNKER, C. I. L. Mal-estar, sofrimento e sintoma: uma psicopatologia do Brasil entre muros. São Paulo: Boitempo, 2015.

    FARKAS, Thomaz. Thomaz Farkas. São Paulo: EDUSP, 2002. (Coleção Artistas da USP, 11)

    GUIMARÃES, César. “Noite na Ceilândia”. In: catálogo do forumdoc.bh 2014 – 18° Festival do Filme Documentário e Etnográfico de Belo Horizonte. BH: Filmes de Quintal, 2014.

    NOBRE, Marcos. Imobilismo em movimento: da abertura democrática ao governo Dilma. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.

    ZALUAR, Alba. A máquina e a revolta. São Paulo: Brasiliense, 1985.

O livro “XXII SOCINE: 50 anos do maio de 68”, organizado por Lisandro Nogueira e Cleomar Rocha já está disponível para download em nosso site. A obra é composta de 11 artigos que lidam com a temática do maio de 68 pela perspectiva do cinema, que foi o tema do XXII Encontro SOCINE realizado em Goiânia, em 2018. De acordo com os organizadores, “Não há dúvidas de que o tema foi, é, e será sempre instigante, ainda mais aos olhos de muitos que (sobre)viveram (a)os tempos de 68, especialmente no Brasil, e que durante o evento debateram e refletiram sobre o legado de tão importante período da história mundial para a contemporaneidade. Na presente coletânea de textos procuramos demonstrar um pouquinho do que foi a XXII SOCINE, bastante eclética, mas que correspondeu muito bem à chamada para trazer a reflexão dos acontecimentos políticos, sociais, culturais e artísticos do ano de 1968”. O livro leva o selo editorial da SOCINE e ficará disponível em nosso site para download na seção Livros.

XXII Socine 50 anos de maio de 68
1650 Downloads

Tema do XXII encontro da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE): “herança do maio de 1968 do ponto de vista do cinema, das novas redes de comunicação digital e da televisão”.

A Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE) repudia veementemente as manifestações recentes do governo federal contrárias a disciplinas das Humanidades como Filosofia ou Sociologia. Tais manifestações se constituem como ameaças inaceitáveis a áreas de conhecimento fundamentais que já convivem há anos com espaço reduzido nas políticas de financiamento de ensino e pesquisa no país.

A SOCINE considera que tais manifestações, além de desconhecerem a centralidade das Humanidades na construção da cidadania e no desenvolvimento do país, demonstram uma completa ausência de um projeto sério de educação e ciência.

Por isso, a SOCINE também assina a nota de repudio redigida pela ANPOF, disponível em:
http://www.anpof.org/portal/index.php/pt-BR/artigos-em-destaque/2075-nota-de-repudio-a-declaracoes-do-ministro-da-educacao-e-do-presidente-da-republica-sobre-as-faculdades-de-humanidades-nomeadamente-filosofia-e-sociologia

Diretoria SOCINE

Encerrou-se na última sexta, 19/04, o pagamento da anuidade e a submissão de trabalhos para o XXIII Encontro SOCINE que acontecerá de 08 a 11 de outubro na Unisinos, em Porto Alegre, RS. As propostas entram agora em período de avaliação e a divulgação dos trabalhos selecionados está prevista para o dia 10/06/2019.

Num momento em que a pesquisa brasileira sofre cortes, a SOCINE tem buscado reagir às dificuldades postas a toda área, implementando descontos a profissionais sem vínculo, criando novas formas de desligamento que possibilitam uma economia aos sócios e diminuindo a quantidade de anuidades atrasadas a serem pagas. Além disso, a escolha do tema deste ano levou em consideração a necessidade de refletirmos sobre preservação e memória audiovisual num período como este que vivemos. Por tudo isto, nos anima o fato do Encontro deste ano ter registrado o maior número de trabalhos submetidos nos últimos dez anos, totalizando 595 propostas enviadas. Em momentos de dificuldades como estes que o fortalecimento de nossa Sociedade e Encontro se faz cada vez mais importante e por isso, agradecemos a todas e todos que inscreveram seus trabalhos. Faremos mais um instigante e afetuoso Encontro, dessa vez em Porto Alegre.

Para finalizar, gostaríamos de informar aos sócios que não pagaram a anuidade, que é possível realizar o pagamento normalmente pelo sistema durante todo o ano. Para aqueles que buscam economizar, pode-se optar pelo Desligamento Parcial, que gera um desconto de 50% no valor da anuidade.

Para pagar e submeter os trabalhos é necessário que o sócio já cadastrado na Sociedade acesse nosso site socine.org.br e coloque seu CPF e sua senha no PAINEL DO ASSOCIADO.

Estando logado em nosso sistema, o sócio deverá clicar em MINHA CONTA e em seguida DADOS DE PAGAMENTO. Vai aparecer uma tela com o Histórico de pagamentos e ao lado Instruções de pagamento, onde é feito o processo via Paypal. Assim que o pagamento é realizado, aparece escrito PAGO no Histórico na coluna Anuidade 2019. Com isso é possível submeter o trabalho em seguida.

Para submeter a proposta de comunicação, você deve clicar em ENCONTROe em seguida INSCRIÇÃO. Abrirá uma tela com a explicação sobre cada uma das 4 modalidades e ao lado em Minha proposta você encontra os botões com as modalidades para se inscrever nelas. Você irá clicar naquela que você gostaria de enviar seu trabalho e preencher os campos. Depois de enviar a proposta você ainda pode edita-la até o encerramento do prazo. Após isso, a proposta entra em avaliação e não pode ser mais modificada.

Qualquer dúvida sobre o processo, entre em contato com a Secretaria pelo e-mail socine@socine.org.br