O XXIII Encontro SOCINE acontecerá na Unisinos, em Porto Alegre, de 08 a 11 de outubro de 2019.

A lista dos trabalhos aprovados pode ser acessada aqui. Os associados também podem checar a avaliação final de seus trabalhos pela sua área de associado.

Todos os aprovados precisam realizar o pagamento dentro do prazo para que sua participação seja confirmada. Os valores, após o primeiro prazo, terão acréscimos. O pagamento deverá ser feito pela área do associado, via Paypal.

Primeiro prazo: 10 de junho a 12 de julho – R$190,00 (profissionais) / R$95,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Segundo prazo: 15 de julho a 26 de julho – R$220,00 (profissionais) / R$110,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Prazo final: 29 de julho a 02 de agosto – R$260,00 (profissionais) / R$130,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)

Tendo qualquer dúvida ou dificuldade, favor contatar a secretaria no e-mail socine@socine.org.br.

Ficha do Proponente

Proponente

    GABRIELA MARUNO (USP)

Minicurrículo

    Doutoranda em Meios e Processos Audiovisuais pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (USP), onde desenvolve pesquisa sobre a trajetória de direção de Helena Ignez, sob orientação do Prof. Dr. Ismail Xavier.

Ficha do Trabalho

Título

    Excesso e mobilização cognitiva-corpórea em “Ossos”, de Helena Ignez.

Resumo

    No campo das políticas da visualidade, tudo que é acessado audiovisualmente tem uma dimensão política capaz de causar resposta cognitiva-corpórea. Neste prisma, analisaremos o curta “Ossos”, de Helena Ignez, happening cinematográfico inspirado na obra de Tadeusz Kantor. O filme é construído sob a centralidade do excesso, mas não pelo regime da obviedade e da reiteração, e sim pelos regimes do êxtase e das atrações, levando a uma mobilização dos corpos envolvidos na experiência fílmica.

Resumo expandido

    Neste trabalho, faremos uma breve análise de “Ossos”, curta-metragem dirigido por Helena Ignez em 2015. Neste curta, a diretora homenageia Tadeusz Kantor, artista visual polonês pioneiro do happening, entre outros feitos de igual impacto para a modernização da linguagem teatral. Sua obra mais conhecida é “A classe morta”, de 1975, um exercício reproduzido à exaustão por grupos teatrais do mundo todo e classificado como um clássico vanguardista. A sinopse de “Ossos” (um happening cinematográfico de 19 minutos, onde desnudar-se é um caminho para a liberdade e uma afirmação da alegria) torna perceptível que há, no curta, a assunção de uma dimensão política que busca causar uma resposta cognitiva-corpórea em quem o assiste. Neste sentido, faremos algumas proposições sobre como o regime do excesso e da atração direcionam esta resposta cognitiva-corpórea em um filme não inscrito na tradição da transparência e da suspensão, caso do curta de Helena.
    No prisma das políticas da visibilidades, o filme é construído sob a centralidade do excesso, mas não pelos regimes da obviedade e da reiteração, próprios do melodrama, e sim pelos regimes do êxtase e das atrações. O regime do êxtase é compreendido como aquele que lê o corpo como vetor espetacular atrativo que se assume como fonte de estímulo, excitação, ressaltando até a sua dimensão espásmica. Em “Ossos”, o excesso localiza-se especificamente na coreografia urbana do elenco nu, no estado alternante de movimento e rigidez que os corpos assumem durante todo o filme, além do registro das situações de gozo, dor e auto-toque. No aspecto do regime de atrações, os quatro capítulos do filme podem ser compreendidos como eventos performativos capazes de suspender pré-configurações, captando a atenção do espectador para uma forma peculiar de mostrar, se inscrevendo nas expectativas do cinema usualmente classificado de experimental. Cada episódio se dá em uma locação, com alto destaque à interação do personagem com o espaço físico. Vistos em sequência, esses capítulos nos despertam um fluxo diferente de afetação do que quando vistos separadamente.
    Já a reação cognitiva-corpórea a que almeja a dimensão política de “Ossos” é constatável na soma de dois elementos, que podem parecer paradoxais, mas que no filme são partes da mesma soma: o estranhamento, que perdura durante todo o filme (quem são essas pessoas? por que estão com estas roupas? por que estão nuas? por que dançam na praia?) deriva, essencialmente, da negligência por informações que são entendidas como pré-configuradas do produto cinematográfico; e a presença dos elementos típicos da tradição cinematográfica, como a música grandiosa, os planos epidérmicos nas cenas de nudez e erotismo, a câmera na mão e o foco doce.
    O estranhamento e a tradição, juntos, provocam uma reação cognitiva-corpóreo e exercem dupla função: são elementos que nos mobilizam para o extra-campo e, portanto, nos levam a interrogar incessantemente o produto fílmico, ao mesmo tempo que mobiliza os corpos para dentro da experiência fílmica. Há de se detalhar que são mobilizações diferentes: os corpos espectatoriais são movidos pelo estranhamento, especialmente nas sequências em que há interação entre os desnudos e a cidade; os corpos impressos na tela conduzem a câmera e não são por ela conduzidos; já o corpo fílmico é mobilizado para a submissão, pois é a materialização de que é a câmera que se submete à coreografia do grupo, e não o contrário.
    “Ossos” se configura, de fato, como um happening cinematográfico, uma experiência cuja dimensão política ativa respostas cognitivas-corpóreas não mobilizadas pela transparência, destacando Helena Ignez como autora de um conjunto fílmico fundamentado em preceitos bretchinianos, defensor de um projeto ideológico de crítica às relações de dominação e esteticamente construído sob o preceito do estranhamento – e, principalmente, como uma autora que abre mão do envolvimento banal de quem vê com o que é visto.

Bibliografia

    BALTAR, Mariana. Tessituras do excesso: notas iniciais sobre o conceito e suas implicações tomando por base um Procedimento operacional padrão. Revista Significação, v. 39, n. 38, p. 124–146, 2012.
    GUNNING, Tom. The cinema of attractions: early film, its spectator and the avant-garde. In.STRAUVEN, Wanda (org). Cinema of attractions reloaded. Amsterdam University Press, 2006.
    ROCHA, Rose de Melo. Políticas de visibilidade como fatos de afecção: Que ética para as visualidades?. In. Revista Famecos, Porto Alegre, v. 17, n. 3, p. 199-206, setembro/dezembro,2010.
    RUTHERFORD, Anne. Cinema and Embodied Affect. In. Senses of cinema, 2003.
    SOBCHACK, Vivian. Carnal Thoughts – embodiment and moving image culture. Berkeley and Los Angeles, University of California Press, 2004.

O livro “XXII SOCINE: 50 anos do maio de 68”, organizado por Lisandro Nogueira e Cleomar Rocha já está disponível para download em nosso site. A obra é composta de 11 artigos que lidam com a temática do maio de 68 pela perspectiva do cinema, que foi o tema do XXII Encontro SOCINE realizado em Goiânia, em 2018. De acordo com os organizadores, “Não há dúvidas de que o tema foi, é, e será sempre instigante, ainda mais aos olhos de muitos que (sobre)viveram (a)os tempos de 68, especialmente no Brasil, e que durante o evento debateram e refletiram sobre o legado de tão importante período da história mundial para a contemporaneidade. Na presente coletânea de textos procuramos demonstrar um pouquinho do que foi a XXII SOCINE, bastante eclética, mas que correspondeu muito bem à chamada para trazer a reflexão dos acontecimentos políticos, sociais, culturais e artísticos do ano de 1968”. O livro leva o selo editorial da SOCINE e ficará disponível em nosso site para download na seção Livros.

XXII Socine 50 anos de maio de 68
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Tema do XXII encontro da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE): “herança do maio de 1968 do ponto de vista do cinema, das novas redes de comunicação digital e da televisão”.

A Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE) repudia veementemente as manifestações recentes do governo federal contrárias a disciplinas das Humanidades como Filosofia ou Sociologia. Tais manifestações se constituem como ameaças inaceitáveis a áreas de conhecimento fundamentais que já convivem há anos com espaço reduzido nas políticas de financiamento de ensino e pesquisa no país.

A SOCINE considera que tais manifestações, além de desconhecerem a centralidade das Humanidades na construção da cidadania e no desenvolvimento do país, demonstram uma completa ausência de um projeto sério de educação e ciência.

Por isso, a SOCINE também assina a nota de repudio redigida pela ANPOF, disponível em:
http://www.anpof.org/portal/index.php/pt-BR/artigos-em-destaque/2075-nota-de-repudio-a-declaracoes-do-ministro-da-educacao-e-do-presidente-da-republica-sobre-as-faculdades-de-humanidades-nomeadamente-filosofia-e-sociologia

Diretoria SOCINE

Encerrou-se na última sexta, 19/04, o pagamento da anuidade e a submissão de trabalhos para o XXIII Encontro SOCINE que acontecerá de 08 a 11 de outubro na Unisinos, em Porto Alegre, RS. As propostas entram agora em período de avaliação e a divulgação dos trabalhos selecionados está prevista para o dia 10/06/2019.

Num momento em que a pesquisa brasileira sofre cortes, a SOCINE tem buscado reagir às dificuldades postas a toda área, implementando descontos a profissionais sem vínculo, criando novas formas de desligamento que possibilitam uma economia aos sócios e diminuindo a quantidade de anuidades atrasadas a serem pagas. Além disso, a escolha do tema deste ano levou em consideração a necessidade de refletirmos sobre preservação e memória audiovisual num período como este que vivemos. Por tudo isto, nos anima o fato do Encontro deste ano ter registrado o maior número de trabalhos submetidos nos últimos dez anos, totalizando 595 propostas enviadas. Em momentos de dificuldades como estes que o fortalecimento de nossa Sociedade e Encontro se faz cada vez mais importante e por isso, agradecemos a todas e todos que inscreveram seus trabalhos. Faremos mais um instigante e afetuoso Encontro, dessa vez em Porto Alegre.

Para finalizar, gostaríamos de informar aos sócios que não pagaram a anuidade, que é possível realizar o pagamento normalmente pelo sistema durante todo o ano. Para aqueles que buscam economizar, pode-se optar pelo Desligamento Parcial, que gera um desconto de 50% no valor da anuidade.

Para pagar e submeter os trabalhos é necessário que o sócio já cadastrado na Sociedade acesse nosso site socine.org.br e coloque seu CPF e sua senha no PAINEL DO ASSOCIADO.

Estando logado em nosso sistema, o sócio deverá clicar em MINHA CONTA e em seguida DADOS DE PAGAMENTO. Vai aparecer uma tela com o Histórico de pagamentos e ao lado Instruções de pagamento, onde é feito o processo via Paypal. Assim que o pagamento é realizado, aparece escrito PAGO no Histórico na coluna Anuidade 2019. Com isso é possível submeter o trabalho em seguida.

Para submeter a proposta de comunicação, você deve clicar em ENCONTROe em seguida INSCRIÇÃO. Abrirá uma tela com a explicação sobre cada uma das 4 modalidades e ao lado em Minha proposta você encontra os botões com as modalidades para se inscrever nelas. Você irá clicar naquela que você gostaria de enviar seu trabalho e preencher os campos. Depois de enviar a proposta você ainda pode edita-la até o encerramento do prazo. Após isso, a proposta entra em avaliação e não pode ser mais modificada.

Qualquer dúvida sobre o processo, entre em contato com a Secretaria pelo e-mail socine@socine.org.br