O XXIII Encontro SOCINE acontecerá na Unisinos, em Porto Alegre, de 08 a 11 de outubro de 2019.

A lista dos trabalhos aprovados pode ser acessada aqui. Os associados também podem checar a avaliação final de seus trabalhos pela sua área de associado.

Todos os aprovados precisam realizar o pagamento dentro do prazo para que sua participação seja confirmada. Os valores, após o primeiro prazo, terão acréscimos. O pagamento deverá ser feito pela área do associado, via Paypal.

Primeiro prazo: 10 de junho a 12 de julho – R$190,00 (profissionais) / R$95,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Segundo prazo: 15 de julho a 26 de julho – R$220,00 (profissionais) / R$110,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Prazo final: 29 de julho a 02 de agosto – R$260,00 (profissionais) / R$130,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)

Tendo qualquer dúvida ou dificuldade, favor contatar a secretaria no e-mail socine@socine.org.br.

Ficha do Proponente

Proponente

    Ricardo Lessa Filho (UFPE)

Minicurrículo

    Doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Mestre pela mesma instituição com a dissertação “Entre imagens e sobrevivências: notas sobre Noite e neblina e Shoah”.

Ficha do Trabalho

Título

    Entre espectros e escuridão: notas sobre os refugiados em Border

Resumo

    O trabalho se propõe pensar, através das imagens de Border, a questão dos refugiados na região francesa de Sangatte. Nestas imagens buscamos aproximar os refugiados com a questão dos espectros – estes seres de outra parte que o mundo ocidental busca excluir de todas as maneiras –, assim como o problema da hospitalidade historicamente negada a estas vidas já tão dilaceradas pelas fugas da morte, da guerra, e que não desejam outra coisa senão uma nova possibilidade para poder recomeçar suas vidas.

Resumo expandido

    Um filme ensombrecido. Imagens, sem dúvida, estilhaçadas por uma escuridão granulada – como que para lembrar-nos de algo como um buraco negro, como um dilaceramento sem fim. Assim são as imagens de Border (2004), filme dirigido por Laura Waddington que mostra alguns refugiados na região francesa de Sangatte e que parece seguir à risca, em sua materialidade enquanto imagem, as exigências de Theodor Adorno sobre a obscuridade da arte a partir de 1945, a saber, aquilo que o filósofo alemão chamou de o “ideal do negro” (Ideal der Schwärze), aquilo que seria portanto uma marca privilegiada de uma arte declarada “radical” (radikale Kunst), a partir dos quadros suprematistas de Malévich, até os monocromos negros de Ad Reinhardt, sem contar, no cinema, os planos negros e mudos do filme de Guy Debord: Hurlements en faveur de Sade (1952).

    Esta ideia de Adorno, sem dúvida, nos ajudará a pensar as imagens de Border, assim como as palavras de Hannah Arendt que em 1943 escrevera um ensaio pouquíssimo conhecido e difundido chamado, justamente, “We refugees” (2012), e onde a filósofa alemã, depois de ter passado mais de uma década fugindo dos campos nazistas até instalar-se definitivamente nos Estados Unidos – ou seja, com um conhecimento de causa interminável para falar sobre a sua própria condição de imigrante, é dizer, de refugiada -, fala da realidade, já na década de 1940, de tantos seres humanos que buscavam um novo pedaço de terra e um novo país para poder recomeçar suas vidas dilaceradas pelas guerras e pelas mortes.

    No filme de Waddington, que tem quase que exatamente a mesma duração de Nuit et brouillard (1955) de Alain Resnais – e talvez sirva para nos mostrar que para filmar os “buracos negros” de nossa história não é preciso durações colossais de imagens –, suas incursões para registrar os refugiados de Sangatte é permeada quase que em sua totalidade por um gesto de silêncio: os seres fugitivos aparecem como espectros, como seres vindos de outra parte ou de outro tempo e que buscam, custe o que custar, um lugar legítimo no mundo; nesta aparência espectral que eles portam o silêncio é aliado primordial de suas travessias, de suas vidas colocadas em jogo: é no silêncio mesmo que eles poderão escapar das luzes policiais que lhes perseguem, é na supressão de qualquer ruído que eles poderão alcançar o túnel sob o Canal da Mancha e realizar, não sem exasperação e dor, a travessia que eles tanto desejam.

    Também apoiado nos pensamentos de Jacques Derrida sobre os espectros (qual a razão perversa que faz que o mundo ocidental renegue de maneira absoluta estas vidas humanas, que as percebam como espectros, isto é, como seres de outra parte e de outro tempo que precisam ser conjurados, expulsos?) e sobre a hospitalidade (como medir a desumanidade que emerge quando nos tornamos incapazes de acolher o outro, o estrangeiro?), como também nas incursões teóricas e morfológicas de Georges Didi-Huberman sobre as imagens-vagalumes (elas que necessitam da escuridão para resplandecerem, assim como as vidas humanas em Border) e sobre as imagens dos imigrantes (que não são outra coisa senão os nossos pais que retornam e negar-lhes um lar é portanto negar a nossa própria ancestralidade – e que desta maneira nos obriga a remontar ao surgimento dos Homo Sapiens).

    Assim, o trabalho a partir destas imagens emergidas à luz, tentará, teórica e morfologicamente, ascender um olhar ao Outro que (re)aparece para clamar sua dignidade como vida humana, e no mesmo movimento, tentaremos, sem dúvida, buscar compreensões de que quando uma sociedade começa a confundir seu vizinho com o inimigo, ou melhor o estrangeiro com o perigo, quando inventa instituições para pôr em ato esta confusão paranoica, então podemos dizer, com toda lógica histórica – e não segundo um simples ponto de vista ético –, que está perdendo sua cultura, sua própria capacidade de civilização, de humanidade

Bibliografia

    ADORNO, Theodor W. Teoría estética. Madrid: Ediciones Akal, 2004.
    ARENDT, Hannah. Nós, os refugiados. Covilhã: LusoSofia press, 2013.
    BENJAMIN, Walter. O anjo da história. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2012a.
    DERRIDA, Jacques. Da hospitalidade. São Paulo: Escuta, 2003.
    DERRIDA, Jacques. Espectros de Marx: o estado da dívida, o trabalho do luto e a nova Internacional. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1994.
    DIDI-HUBERMAN, Georges. Passer, quoi qu’il en coûte. Paris: Minuit, 2017.
    DIDI-HUBERMAN, Georges.. Cuando las imágenes tomam posición. El ojo de la historia, 1. Madrid: A. Machado Libros, 2008.
    DIDI-HUBERMAN, Georges. Sobrevivência dos vaga-lumes. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011.
    LE BRAS, Hervé. Le sol et le sang. Rhétoriques de l’invasion. La Tour-d’Aigues: Editions de l’Aube, 2012.
    MATAZZI, I.; DIDI-HUBERMAN, G. Atlanti della contemporaneità. IN: ALLEGORIA, v. 62, pp. 83-91, 2010.

O livro “XXII SOCINE: 50 anos do maio de 68”, organizado por Lisandro Nogueira e Cleomar Rocha já está disponível para download em nosso site. A obra é composta de 11 artigos que lidam com a temática do maio de 68 pela perspectiva do cinema, que foi o tema do XXII Encontro SOCINE realizado em Goiânia, em 2018. De acordo com os organizadores, “Não há dúvidas de que o tema foi, é, e será sempre instigante, ainda mais aos olhos de muitos que (sobre)viveram (a)os tempos de 68, especialmente no Brasil, e que durante o evento debateram e refletiram sobre o legado de tão importante período da história mundial para a contemporaneidade. Na presente coletânea de textos procuramos demonstrar um pouquinho do que foi a XXII SOCINE, bastante eclética, mas que correspondeu muito bem à chamada para trazer a reflexão dos acontecimentos políticos, sociais, culturais e artísticos do ano de 1968”. O livro leva o selo editorial da SOCINE e ficará disponível em nosso site para download na seção Livros.

XXII Socine 50 anos de maio de 68
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Tema do XXII encontro da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE): “herança do maio de 1968 do ponto de vista do cinema, das novas redes de comunicação digital e da televisão”.

A Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE) repudia veementemente as manifestações recentes do governo federal contrárias a disciplinas das Humanidades como Filosofia ou Sociologia. Tais manifestações se constituem como ameaças inaceitáveis a áreas de conhecimento fundamentais que já convivem há anos com espaço reduzido nas políticas de financiamento de ensino e pesquisa no país.

A SOCINE considera que tais manifestações, além de desconhecerem a centralidade das Humanidades na construção da cidadania e no desenvolvimento do país, demonstram uma completa ausência de um projeto sério de educação e ciência.

Por isso, a SOCINE também assina a nota de repudio redigida pela ANPOF, disponível em:
http://www.anpof.org/portal/index.php/pt-BR/artigos-em-destaque/2075-nota-de-repudio-a-declaracoes-do-ministro-da-educacao-e-do-presidente-da-republica-sobre-as-faculdades-de-humanidades-nomeadamente-filosofia-e-sociologia

Diretoria SOCINE

Encerrou-se na última sexta, 19/04, o pagamento da anuidade e a submissão de trabalhos para o XXIII Encontro SOCINE que acontecerá de 08 a 11 de outubro na Unisinos, em Porto Alegre, RS. As propostas entram agora em período de avaliação e a divulgação dos trabalhos selecionados está prevista para o dia 10/06/2019.

Num momento em que a pesquisa brasileira sofre cortes, a SOCINE tem buscado reagir às dificuldades postas a toda área, implementando descontos a profissionais sem vínculo, criando novas formas de desligamento que possibilitam uma economia aos sócios e diminuindo a quantidade de anuidades atrasadas a serem pagas. Além disso, a escolha do tema deste ano levou em consideração a necessidade de refletirmos sobre preservação e memória audiovisual num período como este que vivemos. Por tudo isto, nos anima o fato do Encontro deste ano ter registrado o maior número de trabalhos submetidos nos últimos dez anos, totalizando 595 propostas enviadas. Em momentos de dificuldades como estes que o fortalecimento de nossa Sociedade e Encontro se faz cada vez mais importante e por isso, agradecemos a todas e todos que inscreveram seus trabalhos. Faremos mais um instigante e afetuoso Encontro, dessa vez em Porto Alegre.

Para finalizar, gostaríamos de informar aos sócios que não pagaram a anuidade, que é possível realizar o pagamento normalmente pelo sistema durante todo o ano. Para aqueles que buscam economizar, pode-se optar pelo Desligamento Parcial, que gera um desconto de 50% no valor da anuidade.

Para pagar e submeter os trabalhos é necessário que o sócio já cadastrado na Sociedade acesse nosso site socine.org.br e coloque seu CPF e sua senha no PAINEL DO ASSOCIADO.

Estando logado em nosso sistema, o sócio deverá clicar em MINHA CONTA e em seguida DADOS DE PAGAMENTO. Vai aparecer uma tela com o Histórico de pagamentos e ao lado Instruções de pagamento, onde é feito o processo via Paypal. Assim que o pagamento é realizado, aparece escrito PAGO no Histórico na coluna Anuidade 2019. Com isso é possível submeter o trabalho em seguida.

Para submeter a proposta de comunicação, você deve clicar em ENCONTROe em seguida INSCRIÇÃO. Abrirá uma tela com a explicação sobre cada uma das 4 modalidades e ao lado em Minha proposta você encontra os botões com as modalidades para se inscrever nelas. Você irá clicar naquela que você gostaria de enviar seu trabalho e preencher os campos. Depois de enviar a proposta você ainda pode edita-la até o encerramento do prazo. Após isso, a proposta entra em avaliação e não pode ser mais modificada.

Qualquer dúvida sobre o processo, entre em contato com a Secretaria pelo e-mail socine@socine.org.br