O XXIII Encontro SOCINE acontecerá na Unisinos, em Porto Alegre, de 08 a 11 de outubro de 2019.

A lista dos trabalhos aprovados pode ser acessada aqui. Os associados também podem checar a avaliação final de seus trabalhos pela sua área de associado.

Todos os aprovados precisam realizar o pagamento dentro do prazo para que sua participação seja confirmada. Os valores, após o primeiro prazo, terão acréscimos. O pagamento deverá ser feito pela área do associado, via Paypal.

Primeiro prazo: 10 de junho a 12 de julho – R$190,00 (profissionais) / R$95,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Segundo prazo: 15 de julho a 26 de julho – R$220,00 (profissionais) / R$110,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Prazo final: 29 de julho a 02 de agosto – R$260,00 (profissionais) / R$130,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)

Tendo qualquer dúvida ou dificuldade, favor contatar a secretaria no e-mail socine@socine.org.br.

Ficha do Proponente

Proponente

    Alexandre Kenichi Gouin (UFRJ)

Minicurrículo

    Pesquisador de imagens de arquivos para produções audiovisuais e artísticas, atua também na Cinematéca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro na revisão e preservação do material fílmico do acervo.
    Formado em “Montagem de imagens e sons” na Escola de Cinema Darcy Ribeiro, realiza atualmente um mestrado na Escola de Comunicação da UFRJ, com pesquisa sobre a obra de Yervant Gianikian e Angela Ricci Lucchi, sob a orientação de Anita Leandro.

Ficha do Trabalho

Título

    A Câmera Analítica e os rastros da história

Seminário

    Montagem Audiovisual: reflexões e experiências

Resumo

    Esta comunicação se propõe em discutir as relações entre montagem e história no cinema de Yervant Gianikian e Angela Ricci Lucchi. Partiremos da análise do dispositivo da Câmera Analítica, que fundamenta a prática de montagem e os procedimentos desenvolvidos nos filmes do casal de artistas. Em seguida, considerando o arquivo a partir de uma abordagem derridiana, mostraremos como o gênero historiográfico dessa prática se aproxima da micro-história.

Resumo expandido

    Yervant Gianikian e Angela Ricci Lucchi (YG e ARL) começam a trabalhar com arquivos audiovisuais no final da década de 1970, a partir da descoberta de um acervo de filmes em 9,5 mm, no formato Pathé-Baby, formato que já na época não podia mais ser projetado, “era um formato esquecido, invisível” (GIANIKIAN ; RICCI LUCCHI, 2015). É essa incapacidade de projeção que vai fomentar a criação da “câmera-analítica” (um aparelho que se assemelha a uma impressora ótica) que possibilita a leitura de todo tipo de formato, podendo assim refilmar os filmes. YG e ARL vão então realizar filmes com base na análise microscópica dos fotogramas e depois, refilmar esses últimos, com a ajuda da “câmera-analítica”, concebida para permitir intervenções espaço-temporais no “corpo” dos fotogramas: reenquadramento, ampliação de detalhes, alteração de velocidades. Uma vez remontados, os filmes se apresentam como catálogos de cenas às quais foram outorgadas uma nova perceptibilidade: coleções de gestos, atitudes, movimentos e olhares, sem a intenção de fazê-los entrar numa estrutura narrativa, o que se manifesta também pela quase ausência de comentários nos filmes, além de algumas cartelas: é que não se trata de explicar as imagens, mas de tornar visível aquilo que nelas era dificilmente perceptível.

    Jacques Derrida considera o arquivamento como um gesto performativo, que produz o arquivo ao mesmo tempo que o registra, ou ainda, produz o evento que registra. Em Trace et archive, image et art o autor ressalta: “Não há arquivo sem rastro, mas todo rastro não é um arquivo na medida em que o arquivo supõe não somente um rastro mas que este rastro seja apropriado, controlado, organizado, politicamente sob controle.” Uma vez que os rastros destacados por YG e ARL passavam inicialmente por despercebidos, poderíamos pensar esses rastros como rastros que fogem do desejo inicial e “arquivador” de controle e de organização? Talvez possamos pensar esses rastros como registros inconscientes do evento. Derrida ainda parece nos encaminhar nesse sentido ao perguntar em Mal d’archive: “Como e por que não considerar arquivos inconscientes e mais geralmente virtuais?”. Depois de ter formulado essa pergunta, Derrida a liga diretamente ao propósito de Freud: “O propósito de Freud é de analisar através da aparente ausência de memória e de arquivos, todo tipo de sintomas, sinais, figuras, metáforas e metonímias, que atestam, pelo menos virtualmente, uma documentação de arquivo lá onde o historiador ordinário não identifica nenhuma.” (DERRIDA, 1995)

    Uma vez os fragmentos identificados, trata-se de organizá-la. É aqui que surge a montagem como estratégia estética e política, mas, de que tipo de historiografia se aproxima a prática cinematográfica de YG e ARL? Num artigo intitulado Sinais: raízes de um paradigma indiciário, o historiador Carlo Ginzburg retraça o surgimento de um novo paradigma nas ciências humanas a partir do final do século XIX. Segundo ele, o paradigma indiciário surgiu com um novo método de atribuição dos quadros elaborado por Giovanni Morelli. Este último, ao constatar que os museus estavam cheios de quadros atribuídos de maneira incorreta, teria elaborado esse novo método de identificação a partir dos pormenores (detalhes dos quadros como o lobo da orelha, as unhas) em vez dos traços mais facilmente identificáveis e então mais facilmente imitados. Ginzburg evoca ainda uma influência do método morelliano sobre Freud, influência anterior à descoberta da psicanálise. Mas esse paradigma enraizaria-se na verdade na prática do caçador, caminho que aponta Ginzburg ao analisar a fábula oriental Os três príncipes de Serendip, fábula na qual os príncipes têm acesso à fatos desconhecidos pela simples observação de índices. Carlo Ginzburg defende também uma visão da história mais perta da memória; a memória sendo fragmentada, assim também deve ser a história, incluindo as próprias lacunas da documentação dentro da narrativa.

Bibliografia

    BLÜMLINGER, Christa. Cinéma de seconde main. Esthétique du remploi dans l’art du film et des nouveaux médias, KLINCKSIECK 2013 (2009).
    BRENEZ, Nicole. Montage intertextuel et formes contemporaines du remploi dans le cinéma expérimental. CINéMAS (2002).
    DEBORD, Guy e WOLMAN, Gil. Modes d’emploi du détournement. Les Lèvres nues, 1956.
    DERRIDA, Jacques. Mal d’archive, une impression freudienne, Galilée, 1995.
    DERRIDA, Jacques. Trace et archive, image et art, Collège Iconique, INA, 2014.
    GIANIKIAN, Yervant e RICCI LUCCHI, Angela. Notre caméra analytique. post-éditions / Centre Pompidou, 2015.
    GINZBURG, Carlo. Sinais: raízes de um paradigma indiciário IN Mitos, emblemas, sinais: Morfologia e História. 1ª reimpressão. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
    LEANDRO, Anita. Montagem e História, uma arqueologia das imagens de repressão, 2016.

O livro “XXII SOCINE: 50 anos do maio de 68”, organizado por Lisandro Nogueira e Cleomar Rocha já está disponível para download em nosso site. A obra é composta de 11 artigos que lidam com a temática do maio de 68 pela perspectiva do cinema, que foi o tema do XXII Encontro SOCINE realizado em Goiânia, em 2018. De acordo com os organizadores, “Não há dúvidas de que o tema foi, é, e será sempre instigante, ainda mais aos olhos de muitos que (sobre)viveram (a)os tempos de 68, especialmente no Brasil, e que durante o evento debateram e refletiram sobre o legado de tão importante período da história mundial para a contemporaneidade. Na presente coletânea de textos procuramos demonstrar um pouquinho do que foi a XXII SOCINE, bastante eclética, mas que correspondeu muito bem à chamada para trazer a reflexão dos acontecimentos políticos, sociais, culturais e artísticos do ano de 1968”. O livro leva o selo editorial da SOCINE e ficará disponível em nosso site para download na seção Livros.

XXII Socine 50 anos de maio de 68
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Tema do XXII encontro da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE): “herança do maio de 1968 do ponto de vista do cinema, das novas redes de comunicação digital e da televisão”.

A Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE) repudia veementemente as manifestações recentes do governo federal contrárias a disciplinas das Humanidades como Filosofia ou Sociologia. Tais manifestações se constituem como ameaças inaceitáveis a áreas de conhecimento fundamentais que já convivem há anos com espaço reduzido nas políticas de financiamento de ensino e pesquisa no país.

A SOCINE considera que tais manifestações, além de desconhecerem a centralidade das Humanidades na construção da cidadania e no desenvolvimento do país, demonstram uma completa ausência de um projeto sério de educação e ciência.

Por isso, a SOCINE também assina a nota de repudio redigida pela ANPOF, disponível em:
http://www.anpof.org/portal/index.php/pt-BR/artigos-em-destaque/2075-nota-de-repudio-a-declaracoes-do-ministro-da-educacao-e-do-presidente-da-republica-sobre-as-faculdades-de-humanidades-nomeadamente-filosofia-e-sociologia

Diretoria SOCINE

Encerrou-se na última sexta, 19/04, o pagamento da anuidade e a submissão de trabalhos para o XXIII Encontro SOCINE que acontecerá de 08 a 11 de outubro na Unisinos, em Porto Alegre, RS. As propostas entram agora em período de avaliação e a divulgação dos trabalhos selecionados está prevista para o dia 10/06/2019.

Num momento em que a pesquisa brasileira sofre cortes, a SOCINE tem buscado reagir às dificuldades postas a toda área, implementando descontos a profissionais sem vínculo, criando novas formas de desligamento que possibilitam uma economia aos sócios e diminuindo a quantidade de anuidades atrasadas a serem pagas. Além disso, a escolha do tema deste ano levou em consideração a necessidade de refletirmos sobre preservação e memória audiovisual num período como este que vivemos. Por tudo isto, nos anima o fato do Encontro deste ano ter registrado o maior número de trabalhos submetidos nos últimos dez anos, totalizando 595 propostas enviadas. Em momentos de dificuldades como estes que o fortalecimento de nossa Sociedade e Encontro se faz cada vez mais importante e por isso, agradecemos a todas e todos que inscreveram seus trabalhos. Faremos mais um instigante e afetuoso Encontro, dessa vez em Porto Alegre.

Para finalizar, gostaríamos de informar aos sócios que não pagaram a anuidade, que é possível realizar o pagamento normalmente pelo sistema durante todo o ano. Para aqueles que buscam economizar, pode-se optar pelo Desligamento Parcial, que gera um desconto de 50% no valor da anuidade.

Para pagar e submeter os trabalhos é necessário que o sócio já cadastrado na Sociedade acesse nosso site socine.org.br e coloque seu CPF e sua senha no PAINEL DO ASSOCIADO.

Estando logado em nosso sistema, o sócio deverá clicar em MINHA CONTA e em seguida DADOS DE PAGAMENTO. Vai aparecer uma tela com o Histórico de pagamentos e ao lado Instruções de pagamento, onde é feito o processo via Paypal. Assim que o pagamento é realizado, aparece escrito PAGO no Histórico na coluna Anuidade 2019. Com isso é possível submeter o trabalho em seguida.

Para submeter a proposta de comunicação, você deve clicar em ENCONTROe em seguida INSCRIÇÃO. Abrirá uma tela com a explicação sobre cada uma das 4 modalidades e ao lado em Minha proposta você encontra os botões com as modalidades para se inscrever nelas. Você irá clicar naquela que você gostaria de enviar seu trabalho e preencher os campos. Depois de enviar a proposta você ainda pode edita-la até o encerramento do prazo. Após isso, a proposta entra em avaliação e não pode ser mais modificada.

Qualquer dúvida sobre o processo, entre em contato com a Secretaria pelo e-mail socine@socine.org.br