O XXIII Encontro SOCINE acontecerá na Unisinos, em Porto Alegre, de 08 a 11 de outubro de 2019.

A lista dos trabalhos aprovados pode ser acessada aqui. Os associados também podem checar a avaliação final de seus trabalhos pela sua área de associado.

Todos os aprovados precisam realizar o pagamento dentro do prazo para que sua participação seja confirmada. Os valores, após o primeiro prazo, terão acréscimos. O pagamento deverá ser feito pela área do associado, via Paypal.

Primeiro prazo: 10 de junho a 12 de julho – R$190,00 (profissionais) / R$95,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Segundo prazo: 15 de julho a 26 de julho – R$220,00 (profissionais) / R$110,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Prazo final: 29 de julho a 02 de agosto – R$260,00 (profissionais) / R$130,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)

Tendo qualquer dúvida ou dificuldade, favor contatar a secretaria no e-mail socine@socine.org.br.

Ficha do Proponente

Proponente

    Mariana Duccini Junqueira da Silva (UNICAMP)

Minicurrículo

    Doutora em Ciências da Comunicação pela ECA-USP. Pós-doutoranda no PPG Multimeios da Unicamp (PNPD Capes).

Ficha do Trabalho

Título

    Entre pães e rosas, queremos os dois: revoluções, melancolia e desejo

Resumo

    Apresentamos uma análise contrastiva entre os filmes “No intenso agora” (J. M. Salles, 2017) e “Vogliamo anche le rose” (A. Marazzi, 2007). Articuladas a partir de imagens compiladas, as duas obras remetem à convulsão e ao senso de urgência próprios ao contexto do maio de 1968, alcançando efeitos de sentido distintos. Se, em Salles, a melancolia obliterava o teor disruptivo das revoluções, em Marazzi a luta pela emancipação feminina é, ela própria, um dos signos mais potentes dessa disrupção.

Resumo expandido

    Em comunicação anterior (2018), sublinhamos como o efeito de melancolia presente no enunciado fílmico em “No intenso agora” (J. M. Salles, 2017) obliterava a especificidade de certos acontecimentos históricos, na medida em que os fragmentos imagéticos compilados, que deram forma a experiências coletivas durante os anos 1960, eram então deslocados para o âmbito privado do sujeito enunciador. O intuito de atribuir densidade a memórias particulares remetendo-as ao fluxo da história (ou, simultaneamente, de convocar as imagens da história para fins de uma enunciação solipsista) não apenas desarticulava o teor das investidas revolucionárias, mas também operava uma identificação com as narrativas dos vencedores, em vista da anulação das expectativas de transformação social.
    Propomos agora uma análise contrastiva do filme de Salles com uma das obras da cineasta Alina Marazzi, “Vogliamo anche le rose” (2007). Também trabalhando com imagens apropriadas, esse documentário compõe um panorama do mesmo período na Itália, ora sob um ponto de vista feminino, ao indagar como as convulsões sociais e o sentido de urgência daqueles anos impactaram os ideais de emancipação e a ruptura de certos tabus entre mulheres de classes privilegiadas, em uma sociedade conformada pela religiosidade católica e pelo conservadorismo dos costumes.
    Nas primeiras sequências, o recurso da animação denota uma jovem aprumada que desempenha uma “coqueteria” própria aos estereótipos comumente atribuídos ao gênero feminino, condensados no tema da curiosidade frívola (que motivará a dócil personagem a olhar através de uma bola de cristal, na ânsia por especular sobre o futuro). A imagem do porvir não poderia ser mais desconcertante: em contraste com o desenho animado, o live-action mostra uma jovem nua, com os cabelos ao vento, que dança na Piazza Campo dei Fiori. Trata-se de material de arquivo sobre a manifestação de 8 de março em 1972, fortemente marcada por demandas do movimento feminista italiano. O filme, ainda que em retrocesso, aposta em um futuro prenhe de possibilidades e de desejos, afastando-se do fatalismo melancólico de “No intenso agora”.
    A heterogeneidade dos materiais de arquivo na obra de Marazzi (que conjuga depoimentos, entrevistas, cenas de manifestações e reuniões, propagandas do movimento feminista, imagens amadoras e filmes de família, entre outros) constrói, pela montagem, uma articulação de memórias coletivas que ultrapassa o sentido monovocalizante das narrativas socialmente cristalizadas. Esse exercício expõe as condições discursivas em que as demandas femininas eram frequentemente desqualificadas como disparates ou futilidades – o filme ressignifica esse estatuto, atribuindo-lhe o valor de acontecimento histórico. Ao mesmo turno, dá a ver a dimensão dessas transformações coletivas em vivências singulares, recuperando excertos dos diários de três mulheres: Anita, Teresa e Valentina. Embora o filme apresente, nos créditos finais, a informação de que o material dos diários é proveniente da Fondazione Archivio Diaristico Nazionale Pieve Santo Stefano, não há como se atestar a “autenticidade biográfica” das autoras. Tal dúvida se adensa pelo fato de que, durante a leitura do diário de Anita, há a inserção de uma foto de Luisa Marazzi, mãe da realizadora, que cometeu suicídio aos 33 anos (tema abordado em seu filme anterior, “Un’ora sola ti vorrei”).
    Ao recrutar os registros sonoros e imagéticos impregnados da força expressiva de uma época, Marazzi torna sensíveis os impasses próprios às obrigações do casamento e da maternidade, à vida do trabalho, à liberação sexual, à indeterminação de um futuro em relação ao qual se ousa demandar o impossível: entre os pães e as rosas, a reivindicação de ambos. Contra o determinismo melancólico, a aposta no desejo – que faz da história algo mais do que uma repetição farsesca.

Bibliografia

    BENJAMIN, W. O anjo da história. Belo Horizonte: Autêntica, 2016.
    BLÜMLINGER, C. Cinéma de seconde main: Esthétique du remploi dans l’art du film et des nouveaux médias. Paris: Klincksieck, 2013.
    FREUD, S. Luto e melancolia. In: Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. V. 14. Rio de Janeiro: Imago, 1996.
    KUYPER, E. Aux origines du cinema: Le film de famille. In: Odin, R. Le film de famille: Usage privé, usage public. Paris: Méridiens Klincksieck, 1995.
    LEYDA, J. Films beget films. London: Allen & Unwin LTD, 1964.
    MACHADO Jr., R.; VEDDA, M. (orgs.). Walter Benjamin. Experiência histórica e imagens dialéticas. São Paulo: Editora Unesp. 2015.
    RANCIÈRE, J. Figuras da história. São Paulo: Editora Unesp, 2018.
    RANGEL, M. Melancolia e história em Walter Benjamin. In: Ensaios filosóficos. V. XIV, dez.2016.
    SILVA, M. D. J. A enunciação melancólica em No intenso agora: neutralização das potências insurgentes em imagens da história. In: Revista Alceu (prelo)

O livro “XXII SOCINE: 50 anos do maio de 68”, organizado por Lisandro Nogueira e Cleomar Rocha já está disponível para download em nosso site. A obra é composta de 11 artigos que lidam com a temática do maio de 68 pela perspectiva do cinema, que foi o tema do XXII Encontro SOCINE realizado em Goiânia, em 2018. De acordo com os organizadores, “Não há dúvidas de que o tema foi, é, e será sempre instigante, ainda mais aos olhos de muitos que (sobre)viveram (a)os tempos de 68, especialmente no Brasil, e que durante o evento debateram e refletiram sobre o legado de tão importante período da história mundial para a contemporaneidade. Na presente coletânea de textos procuramos demonstrar um pouquinho do que foi a XXII SOCINE, bastante eclética, mas que correspondeu muito bem à chamada para trazer a reflexão dos acontecimentos políticos, sociais, culturais e artísticos do ano de 1968”. O livro leva o selo editorial da SOCINE e ficará disponível em nosso site para download na seção Livros.

XXII Socine 50 anos de maio de 68
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Tema do XXII encontro da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE): “herança do maio de 1968 do ponto de vista do cinema, das novas redes de comunicação digital e da televisão”.

A Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE) repudia veementemente as manifestações recentes do governo federal contrárias a disciplinas das Humanidades como Filosofia ou Sociologia. Tais manifestações se constituem como ameaças inaceitáveis a áreas de conhecimento fundamentais que já convivem há anos com espaço reduzido nas políticas de financiamento de ensino e pesquisa no país.

A SOCINE considera que tais manifestações, além de desconhecerem a centralidade das Humanidades na construção da cidadania e no desenvolvimento do país, demonstram uma completa ausência de um projeto sério de educação e ciência.

Por isso, a SOCINE também assina a nota de repudio redigida pela ANPOF, disponível em:
http://www.anpof.org/portal/index.php/pt-BR/artigos-em-destaque/2075-nota-de-repudio-a-declaracoes-do-ministro-da-educacao-e-do-presidente-da-republica-sobre-as-faculdades-de-humanidades-nomeadamente-filosofia-e-sociologia

Diretoria SOCINE

Encerrou-se na última sexta, 19/04, o pagamento da anuidade e a submissão de trabalhos para o XXIII Encontro SOCINE que acontecerá de 08 a 11 de outubro na Unisinos, em Porto Alegre, RS. As propostas entram agora em período de avaliação e a divulgação dos trabalhos selecionados está prevista para o dia 10/06/2019.

Num momento em que a pesquisa brasileira sofre cortes, a SOCINE tem buscado reagir às dificuldades postas a toda área, implementando descontos a profissionais sem vínculo, criando novas formas de desligamento que possibilitam uma economia aos sócios e diminuindo a quantidade de anuidades atrasadas a serem pagas. Além disso, a escolha do tema deste ano levou em consideração a necessidade de refletirmos sobre preservação e memória audiovisual num período como este que vivemos. Por tudo isto, nos anima o fato do Encontro deste ano ter registrado o maior número de trabalhos submetidos nos últimos dez anos, totalizando 595 propostas enviadas. Em momentos de dificuldades como estes que o fortalecimento de nossa Sociedade e Encontro se faz cada vez mais importante e por isso, agradecemos a todas e todos que inscreveram seus trabalhos. Faremos mais um instigante e afetuoso Encontro, dessa vez em Porto Alegre.

Para finalizar, gostaríamos de informar aos sócios que não pagaram a anuidade, que é possível realizar o pagamento normalmente pelo sistema durante todo o ano. Para aqueles que buscam economizar, pode-se optar pelo Desligamento Parcial, que gera um desconto de 50% no valor da anuidade.

Para pagar e submeter os trabalhos é necessário que o sócio já cadastrado na Sociedade acesse nosso site socine.org.br e coloque seu CPF e sua senha no PAINEL DO ASSOCIADO.

Estando logado em nosso sistema, o sócio deverá clicar em MINHA CONTA e em seguida DADOS DE PAGAMENTO. Vai aparecer uma tela com o Histórico de pagamentos e ao lado Instruções de pagamento, onde é feito o processo via Paypal. Assim que o pagamento é realizado, aparece escrito PAGO no Histórico na coluna Anuidade 2019. Com isso é possível submeter o trabalho em seguida.

Para submeter a proposta de comunicação, você deve clicar em ENCONTROe em seguida INSCRIÇÃO. Abrirá uma tela com a explicação sobre cada uma das 4 modalidades e ao lado em Minha proposta você encontra os botões com as modalidades para se inscrever nelas. Você irá clicar naquela que você gostaria de enviar seu trabalho e preencher os campos. Depois de enviar a proposta você ainda pode edita-la até o encerramento do prazo. Após isso, a proposta entra em avaliação e não pode ser mais modificada.

Qualquer dúvida sobre o processo, entre em contato com a Secretaria pelo e-mail socine@socine.org.br