O XXIII Encontro SOCINE acontecerá na Unisinos, em Porto Alegre, de 08 a 11 de outubro de 2019.

A lista dos trabalhos aprovados pode ser acessada aqui. Os associados também podem checar a avaliação final de seus trabalhos pela sua área de associado.

Todos os aprovados precisam realizar o pagamento dentro do prazo para que sua participação seja confirmada. Os valores, após o primeiro prazo, terão acréscimos. O pagamento deverá ser feito pela área do associado, via Paypal.

Primeiro prazo: 10 de junho a 12 de julho – R$190,00 (profissionais) / R$95,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Segundo prazo: 15 de julho a 26 de julho – R$220,00 (profissionais) / R$110,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Prazo final: 29 de julho a 02 de agosto – R$260,00 (profissionais) / R$130,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)

Tendo qualquer dúvida ou dificuldade, favor contatar a secretaria no e-mail socine@socine.org.br.

Ficha do Proponente

Proponente

    Vitor Zan (Paris 3)

Minicurrículo

    Graduado em cinema pela Universidade Federal de Santa Catarina, concluiu o mestrado e o doutorado em estudos cinematográficos e audiovisuais na Universidade Paris 3. Atua temporariamente como professor na Universidade Paris 7

Ficha do Trabalho

Título

    A experiência do cinema como forma de habitação

Mesa

    Experiências cinematográficas do morar

Resumo

    Ao contrário do gesto recorrente de associar a experiência do cinema àquela da viagem, esta comunicação visa a pensá-la sob o prisma da estadia ou mais particularmente da habitação. Trata-se de estabelecer balizas conceituais para este exercício, notadamente a partir das noções de ecúmena, que se refere a lugares habitáveis ou habitados, e de eremos, que designa a terra inabitada ou inabitável. A que corresponderia um cinema da ecúmena ou do eremos ?

Resumo expandido

    Se ao longo da história a experiência cinematográfica foi repetidamente comparada àquela da viagem, abrindo novos horizontes aos espectadores, tal deslocamento tende a implicar também uma forma de estadia ou de habitação. Pois, no mais das vezes, mesmo quando ambientados em rincões longínquos, os filmes oferecem aos espectadores a possibilidade de habituar-se a um determinado contexto, de tecer relações mais ou menos duradouras com lugares e personagens, remetendo a uma das definições do verbo habitar: ocupar habitualmente um local. Com efeito, boa parte da experiência cinematográfica é urdida pela dicotomia entre deslocamento e permanência, entre transporte e estadia, entre viagem e habitação.
    A fim de discernir os contornos do espectro do morar no cinema, podemos distinguir duas macrotendências cinematográficas acerca da espacialidade das obras. Uma concerne aos filmes que põem em cena aquilo que na Grécia antiga se entendia pela ecúmena, cuja etimologia remete à casa (oikos) e o significado designa espaços habitáveis. A outra está mais próxima do que se chamava de eremos, cujo sentido, particularmente atrelado ao deserto, designa espaços inabitáveis ou inabitados.
    Se o cinemató-grafo se destina a grafar o movimento de quaisquer elementos visíveis, em sua forma dominante ele se atém particularmente à figura humana, situando-a em “lugares”, que são porções de espaço “antropizadas”, mais ou menos reconhecíveis, que podem ser nomeadas e associadas a práticas humanas. Apresentando-se geralmente como uma antropo-grafia e uma sito-grafia, o cinema faz com que um dos gestos mais elementares do humano com relação ao espaço, o de habitar, se torne crucial em sua dramaturgia (cf. ALBERA). Por isso, o cinema da ecúmena é amplamente majoritário.
    Há, no entanto, sobretudo no cinema experimental, filmes que apresentam espacialidades inomináveis, abstratas, em que o expectador dificilmente projetaria uma estadia. Já no primeiro cinema, Noel Burch enxerga no binarismo entre os Lumière e Méliès um cinema da profundidade, “habitável”, mais aberto ao mundo e à profundidade de campo, e um cinema da superfície, com fundo composto por telas planas pintadas, restrito ao espaço exíguo do palco. Esse cinema mais bidimensional se torna particularmente “inabitável” quando certos filmes de vanguarda passam a afirmar o aspecto plano da imagem com maior vigor, destacando sua plasticidade, sem qualquer relação de analogia com lugares reconhecíveis ou mesmo com a figura humana.
    Além desta filmografia da superfície, a alçada do eremos pode incluir ainda as obras apegadas ao motivo do deserto ou da ruína, ou mesmo a existência de personagens que não logram se estabelecer ou morar. Eremitas, “habitantes” do eremos, do inabitável: nômades, forasteiros. Nesse sentido, dois gêneros cinematográficos talvez possam ser atrelados a essa tendência, o road movie, com suas travessias, e o western, cujo pano de fundo é o processo dito civilizatório de uma terra inóspita, desértica.
    No caso do cinema brasileiro recente, que reagrupa as três comunicações que compõem a mesa temática, a premência do morar é reforçada pelo interesse de diversos cineastas pelas formas concretas das construções residenciais (mansões, arranha-céus, quartos de empregada, casebres), ou mesmo pela atenção conferida à experiência de habitação dos personagens, restituída sobretudo por poéticas do quotidiano. É notável também a especificidade compartilhada por uma série de realizadores que vislumbram o morar como um ponto de convergência entre invenção estética e engajamento social. Os lares, ruas e bairros habitados pelos personagens não são encenados apenas como lugares que isolariam a vida íntima do contexto mais amplo em que ela se dá, mas como territórios atravessados por relações de poder oriundas do corpo social. Tal cinematografia parece ressaltar a relação histórica entre cidade e cidadania, sugerindo também que a política é inerente à “polis”, termo grego que designa a cidade.

Bibliografia

    AGEL, Henri, L’Espace cinématographique, Jean-Pierre Delarge, Paris, 1978.
    ALBERA, François, “Habiter un plan au cinéma”, in Sens-Dessous, n. 17, 2016.
    AUMONT, Jacques, L’Image, Armand Colin, Paris, 2011.
    BERQUE, Augustin, Écoumène : introduction à l’étude des milieux humains, Belin, 1987.
    BORDWELL, David ; THOMPSON, Kristin, « Space and Narrative in the Films of Ozu », in Screen, n. 17, v. 2, 1976.
    BURCH, Noël, Le Lucarne de L’Infini, Nathan, Paris, 1991.
    NINEY, François (dir.), Visions urbaines, Éditions du Centre Pompidou, Paris, 1994.

O livro “XXII SOCINE: 50 anos do maio de 68”, organizado por Lisandro Nogueira e Cleomar Rocha já está disponível para download em nosso site. A obra é composta de 11 artigos que lidam com a temática do maio de 68 pela perspectiva do cinema, que foi o tema do XXII Encontro SOCINE realizado em Goiânia, em 2018. De acordo com os organizadores, “Não há dúvidas de que o tema foi, é, e será sempre instigante, ainda mais aos olhos de muitos que (sobre)viveram (a)os tempos de 68, especialmente no Brasil, e que durante o evento debateram e refletiram sobre o legado de tão importante período da história mundial para a contemporaneidade. Na presente coletânea de textos procuramos demonstrar um pouquinho do que foi a XXII SOCINE, bastante eclética, mas que correspondeu muito bem à chamada para trazer a reflexão dos acontecimentos políticos, sociais, culturais e artísticos do ano de 1968”. O livro leva o selo editorial da SOCINE e ficará disponível em nosso site para download na seção Livros.

XXII Socine 50 anos de maio de 68
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Tema do XXII encontro da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE): “herança do maio de 1968 do ponto de vista do cinema, das novas redes de comunicação digital e da televisão”.

A Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE) repudia veementemente as manifestações recentes do governo federal contrárias a disciplinas das Humanidades como Filosofia ou Sociologia. Tais manifestações se constituem como ameaças inaceitáveis a áreas de conhecimento fundamentais que já convivem há anos com espaço reduzido nas políticas de financiamento de ensino e pesquisa no país.

A SOCINE considera que tais manifestações, além de desconhecerem a centralidade das Humanidades na construção da cidadania e no desenvolvimento do país, demonstram uma completa ausência de um projeto sério de educação e ciência.

Por isso, a SOCINE também assina a nota de repudio redigida pela ANPOF, disponível em:
http://www.anpof.org/portal/index.php/pt-BR/artigos-em-destaque/2075-nota-de-repudio-a-declaracoes-do-ministro-da-educacao-e-do-presidente-da-republica-sobre-as-faculdades-de-humanidades-nomeadamente-filosofia-e-sociologia

Diretoria SOCINE

Encerrou-se na última sexta, 19/04, o pagamento da anuidade e a submissão de trabalhos para o XXIII Encontro SOCINE que acontecerá de 08 a 11 de outubro na Unisinos, em Porto Alegre, RS. As propostas entram agora em período de avaliação e a divulgação dos trabalhos selecionados está prevista para o dia 10/06/2019.

Num momento em que a pesquisa brasileira sofre cortes, a SOCINE tem buscado reagir às dificuldades postas a toda área, implementando descontos a profissionais sem vínculo, criando novas formas de desligamento que possibilitam uma economia aos sócios e diminuindo a quantidade de anuidades atrasadas a serem pagas. Além disso, a escolha do tema deste ano levou em consideração a necessidade de refletirmos sobre preservação e memória audiovisual num período como este que vivemos. Por tudo isto, nos anima o fato do Encontro deste ano ter registrado o maior número de trabalhos submetidos nos últimos dez anos, totalizando 595 propostas enviadas. Em momentos de dificuldades como estes que o fortalecimento de nossa Sociedade e Encontro se faz cada vez mais importante e por isso, agradecemos a todas e todos que inscreveram seus trabalhos. Faremos mais um instigante e afetuoso Encontro, dessa vez em Porto Alegre.

Para finalizar, gostaríamos de informar aos sócios que não pagaram a anuidade, que é possível realizar o pagamento normalmente pelo sistema durante todo o ano. Para aqueles que buscam economizar, pode-se optar pelo Desligamento Parcial, que gera um desconto de 50% no valor da anuidade.

Para pagar e submeter os trabalhos é necessário que o sócio já cadastrado na Sociedade acesse nosso site socine.org.br e coloque seu CPF e sua senha no PAINEL DO ASSOCIADO.

Estando logado em nosso sistema, o sócio deverá clicar em MINHA CONTA e em seguida DADOS DE PAGAMENTO. Vai aparecer uma tela com o Histórico de pagamentos e ao lado Instruções de pagamento, onde é feito o processo via Paypal. Assim que o pagamento é realizado, aparece escrito PAGO no Histórico na coluna Anuidade 2019. Com isso é possível submeter o trabalho em seguida.

Para submeter a proposta de comunicação, você deve clicar em ENCONTROe em seguida INSCRIÇÃO. Abrirá uma tela com a explicação sobre cada uma das 4 modalidades e ao lado em Minha proposta você encontra os botões com as modalidades para se inscrever nelas. Você irá clicar naquela que você gostaria de enviar seu trabalho e preencher os campos. Depois de enviar a proposta você ainda pode edita-la até o encerramento do prazo. Após isso, a proposta entra em avaliação e não pode ser mais modificada.

Qualquer dúvida sobre o processo, entre em contato com a Secretaria pelo e-mail socine@socine.org.br