O XXIII Encontro SOCINE acontecerá na Unisinos, em Porto Alegre, de 08 a 11 de outubro de 2019.

A lista dos trabalhos aprovados pode ser acessada aqui. Os associados também podem checar a avaliação final de seus trabalhos pela sua área de associado.

Todos os aprovados precisam realizar o pagamento dentro do prazo para que sua participação seja confirmada. Os valores, após o primeiro prazo, terão acréscimos. O pagamento deverá ser feito pela área do associado, via Paypal.

Primeiro prazo: 10 de junho a 12 de julho – R$190,00 (profissionais) / R$95,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Segundo prazo: 15 de julho a 26 de julho – R$220,00 (profissionais) / R$110,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Prazo final: 29 de julho a 02 de agosto – R$260,00 (profissionais) / R$130,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)

Tendo qualquer dúvida ou dificuldade, favor contatar a secretaria no e-mail socine@socine.org.br.

Ficha do Proponente

Proponente

    Daniel Feix (Sem vínculo)

Minicurrículo

    Graduado em Jornalismo (2000) pela PUCRS, mestre em Comunicação Social (2019) pela mesma instituição, com a dissertação “Da entrevista à observação da ação: a tendência realista-fabular do cinema brasileiro pós-2010”. Foi editor da revista de cultura Aplauso, de Porto Alegre e atualmente é editor de cultura e crítico de cinema do jornal Zero Hora. Membro das associações de críticos de cinema do Brasil (Abraccine) e do RS (Accirs), esta última como presidente na gestão 2018-2020.

Ficha do Trabalho

Título

    Da entrevista à ação: uma tendência do cinema brasileiro contemporâneo

Resumo

    Realizados em sequência pela produtora Teia, “A falta que me faz”, “O céu sobre os ombros” e “Girimunho” evidenciam uma mudança de procedimento nos filmes nacionais da virada dos anos 2000 para os 2010: a substituição do recurso da entrevista pela observação da ação. Essa mudança permitiu a captura da intriga (KRACAUER, 1997) e reorganizou a relação personagem-espaço (BURCH, 2015), escancarando sintomas (DIDI-HUBERMAN, 2012) marcantes do período, como a opressão contida nessa relação.

Resumo expandido

    Tendência afirmada na produção nacional nos anos 2000, sobretudo a partir da obra de Eduardo Coutinho, o documentário de entrevistas deu lugar, na virada da década de 2010, a um cinema de encontros do Eu (o cineasta e sua equipe) com o Outro (o personagem) marcado pela observação da ação. Essa mudança, que reconfigura o processo de “fabulação” dos personagens (DELEUZE, 2013) e permite a captura da “intriga” (KRACAUER, 1997), pôde ser vista pontualmente em filmes de cineastas como Cao Guimarães, mas adquiriu constância e consistência a partir da repetição e do aprofundamento de procedimentos realizados em sequência no âmbito da produtora Teia (MG), nos longas-metragens “A falta que me faz” (de Marília Rocha, lançado no circuito em 2010), “O céu sobre os ombros” (de Sérgio Borges, com lançamento em 2011) e “Girimunho” (de Clarissa Campolina e Helvécio Marins Jr., com lançamento em 2012).

    Em “A falta que me faz”, a câmera com frequência deixa o primeiro plano típico das entrevistas para, concomitantemente às conversas do Eu com o Outro, registrar a ação em torno de suas cinco protagonistas. Esse movimento de afastamento do olhar rumo ao plano geral é aprofundado em “O céu sobre os ombros”, longa que abdica da entrevista e é calcado inteiramente na observação da ação – o que, particularmente nas sequências finais, é feito a uma distância radical, com a câmera prescindindo por completo do “acidente” para tornar-se “esvaziada” (RAMOS, 2008).

    Reorganiza-se, assim, a relação entre o personagem e o espaço que ele ocupa. A imagem capturada com a lente mais aberta passa a incorporar o que outrora estava no extracampo. Além disso, aquilo que Burch (2015) chamou de “quadro vazio”, que pode ser interpretado como um plano de contextualização, passa a integrar o quadro sem a necessidade de recorrer ao corte – o que ocasiona o alongamento dos planos e a “unidade espacial” do registro (BAZIN, 2014).

    Em “Girimunho”, a protagonista com frequência interage com o extracampo, ora falando com o fantasma do marido recém-falecido, ora proferindo frases sobre a morte e o tempo enquanto olha para a infinitude da paisagem do sertão. Até que, ao final da narrativa, ela é engolida por essa paisagem, adentrando no Rio São Francisco para dar fim à própria vida, quebrando as noções de “segmento” do espaço fílmico (BURCH, op. cit.) e, consequentemente, conformando um amálgama definitivo entre o personagem e o lugar que ele habita.

    A morte da protagonista de “Girimunho” concretiza seu desejo de fuga do lugar habitado, desejo este que também se mostra latente nas fabulações dos protagonistas de “A falta que me faz” e “O céu sobre os ombros”. A fuga indica opressão do espaço, portanto, constitui um “sintoma” do contexto desses registros (DIDI-HUBERMAN, 2012; KRACAUER, op. cit.), sintoma este capturado justamente em decorrência da mudança de procedimento – da entrevista para a observação da ação que faz reconfigurar-se a relação personagem-espaço.

    O “esvaziamento” (RAMOS, op. cit.) mostra-se completo em “Girimunho”. Contudo, outras produções brasileiras do período apresentam procedimentos semelhantes no que diz respeito ao afastamento em busca da reorganização dessa relação personagem-espaço – devidamente observada a partir da ação que permite a captura da intriga e uma fabulação diferenciada, na comparação com os filmes de entrevista. Entre essas outras produções, estão “O grão” (de Petrus Cariry, lançado no circuito em 2010), “Morro do Céu” (de Gustavo Spolidoro, com lançamento em 2011) e “Avenida Brasília Formosa” (de Gabriel Mascaro, com lançamento em 2011), longas-metragens cujas câmeras observadoras distanciadas recorrentemente enquadram os personagens de modo a repensar sua inserção no lugar habitado.

    Trata-se de uma recorrência significativa. Suficiente para que se aponte a existência de uma nova tendência no cinema brasileiro contemporâneo.

Bibliografia

    BAZIN, André. “O que é o cinema?”. São Paulo: Cosac Naify, 2014.

    BURCH, Noël. “Práxis do cinema”. São Paulo: Perspectiva, 2015.

    DELEUZE, Gilles. “A imagem-tempo”. São Paulo: Brasiliense, 2013.

    DIDI-HUBERMAN. “Quando as imagens tocam o real”. In: Pós, Belo Horizonte, v. 2, n. 4, pp. 204-219, nov. 2012.

    KRACAUER, Siegfried. “Theory of film – The redemption of physical reality”. Princeton: Princeton University Press, 1997.

    RAMOS, Fernão Pessoa. “Mas afinal… O que é mesmo documentário?”. São Paulo: Senac, 2008.

O livro “XXII SOCINE: 50 anos do maio de 68”, organizado por Lisandro Nogueira e Cleomar Rocha já está disponível para download em nosso site. A obra é composta de 11 artigos que lidam com a temática do maio de 68 pela perspectiva do cinema, que foi o tema do XXII Encontro SOCINE realizado em Goiânia, em 2018. De acordo com os organizadores, “Não há dúvidas de que o tema foi, é, e será sempre instigante, ainda mais aos olhos de muitos que (sobre)viveram (a)os tempos de 68, especialmente no Brasil, e que durante o evento debateram e refletiram sobre o legado de tão importante período da história mundial para a contemporaneidade. Na presente coletânea de textos procuramos demonstrar um pouquinho do que foi a XXII SOCINE, bastante eclética, mas que correspondeu muito bem à chamada para trazer a reflexão dos acontecimentos políticos, sociais, culturais e artísticos do ano de 1968”. O livro leva o selo editorial da SOCINE e ficará disponível em nosso site para download na seção Livros.

XXII Socine 50 anos de maio de 68
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Tema do XXII encontro da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE): “herança do maio de 1968 do ponto de vista do cinema, das novas redes de comunicação digital e da televisão”.

A Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE) repudia veementemente as manifestações recentes do governo federal contrárias a disciplinas das Humanidades como Filosofia ou Sociologia. Tais manifestações se constituem como ameaças inaceitáveis a áreas de conhecimento fundamentais que já convivem há anos com espaço reduzido nas políticas de financiamento de ensino e pesquisa no país.

A SOCINE considera que tais manifestações, além de desconhecerem a centralidade das Humanidades na construção da cidadania e no desenvolvimento do país, demonstram uma completa ausência de um projeto sério de educação e ciência.

Por isso, a SOCINE também assina a nota de repudio redigida pela ANPOF, disponível em:
http://www.anpof.org/portal/index.php/pt-BR/artigos-em-destaque/2075-nota-de-repudio-a-declaracoes-do-ministro-da-educacao-e-do-presidente-da-republica-sobre-as-faculdades-de-humanidades-nomeadamente-filosofia-e-sociologia

Diretoria SOCINE

Encerrou-se na última sexta, 19/04, o pagamento da anuidade e a submissão de trabalhos para o XXIII Encontro SOCINE que acontecerá de 08 a 11 de outubro na Unisinos, em Porto Alegre, RS. As propostas entram agora em período de avaliação e a divulgação dos trabalhos selecionados está prevista para o dia 10/06/2019.

Num momento em que a pesquisa brasileira sofre cortes, a SOCINE tem buscado reagir às dificuldades postas a toda área, implementando descontos a profissionais sem vínculo, criando novas formas de desligamento que possibilitam uma economia aos sócios e diminuindo a quantidade de anuidades atrasadas a serem pagas. Além disso, a escolha do tema deste ano levou em consideração a necessidade de refletirmos sobre preservação e memória audiovisual num período como este que vivemos. Por tudo isto, nos anima o fato do Encontro deste ano ter registrado o maior número de trabalhos submetidos nos últimos dez anos, totalizando 595 propostas enviadas. Em momentos de dificuldades como estes que o fortalecimento de nossa Sociedade e Encontro se faz cada vez mais importante e por isso, agradecemos a todas e todos que inscreveram seus trabalhos. Faremos mais um instigante e afetuoso Encontro, dessa vez em Porto Alegre.

Para finalizar, gostaríamos de informar aos sócios que não pagaram a anuidade, que é possível realizar o pagamento normalmente pelo sistema durante todo o ano. Para aqueles que buscam economizar, pode-se optar pelo Desligamento Parcial, que gera um desconto de 50% no valor da anuidade.

Para pagar e submeter os trabalhos é necessário que o sócio já cadastrado na Sociedade acesse nosso site socine.org.br e coloque seu CPF e sua senha no PAINEL DO ASSOCIADO.

Estando logado em nosso sistema, o sócio deverá clicar em MINHA CONTA e em seguida DADOS DE PAGAMENTO. Vai aparecer uma tela com o Histórico de pagamentos e ao lado Instruções de pagamento, onde é feito o processo via Paypal. Assim que o pagamento é realizado, aparece escrito PAGO no Histórico na coluna Anuidade 2019. Com isso é possível submeter o trabalho em seguida.

Para submeter a proposta de comunicação, você deve clicar em ENCONTROe em seguida INSCRIÇÃO. Abrirá uma tela com a explicação sobre cada uma das 4 modalidades e ao lado em Minha proposta você encontra os botões com as modalidades para se inscrever nelas. Você irá clicar naquela que você gostaria de enviar seu trabalho e preencher os campos. Depois de enviar a proposta você ainda pode edita-la até o encerramento do prazo. Após isso, a proposta entra em avaliação e não pode ser mais modificada.

Qualquer dúvida sobre o processo, entre em contato com a Secretaria pelo e-mail socine@socine.org.br