O XXIII Encontro SOCINE acontecerá na Unisinos, em Porto Alegre, de 08 a 11 de outubro de 2019.

A lista dos trabalhos aprovados pode ser acessada aqui. Os associados também podem checar a avaliação final de seus trabalhos pela sua área de associado.

Todos os aprovados precisam realizar o pagamento dentro do prazo para que sua participação seja confirmada. Os valores, após o primeiro prazo, terão acréscimos. O pagamento deverá ser feito pela área do associado, via Paypal.

Primeiro prazo: 10 de junho a 12 de julho – R$190,00 (profissionais) / R$95,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Segundo prazo: 15 de julho a 26 de julho – R$220,00 (profissionais) / R$110,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Prazo final: 29 de julho a 02 de agosto – R$260,00 (profissionais) / R$130,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)

Tendo qualquer dúvida ou dificuldade, favor contatar a secretaria no e-mail socine@socine.org.br.

Ficha do Proponente

Proponente

    Maria Leite Chiaretti (ECA / USP)

Minicurrículo

    Programadora e pesquisadora de cinema e artes visuais. É mestre em Teoria e História do Cinema pela Université Paris 8 (2012) e doutora pelo programa de pós-graduação em Meios e Processos Audiovisuais da ECA / USP (2019) onde desenvolveu, sob orientação de Ismail Xavier, pesquisa comparativa sobre a instabilidade nos cinemas de Cassavetes e Rivette. Em 2018, foi co-curadora e co-organizadora do catálogo da mostra “O cinema interior de Philippe Garrel”.

Ficha do Trabalho

Título

    Loucura e insurreição do corpo feminino em Rivette e Cassavetes

Seminário

    Corpo, gesto e atuação

Resumo

    A comunicação examina, em perspectiva comparatista, o modo pelo qual os longas L’Amour fou (Rivette, 1968) e A Woman Under the Influence (Cassavetes, 1974) figuram a experiência da loucura de suas protagonistas. Cada um a seu modo, os filmes inventam um estilo capaz de enfrentar o material dramatúrgico da instabilidade psíquica feminina. Trata-se então de discutir em ambos o nexo entre tal estilo e a revolta do corpo feminino contra o cerceamento do espaço reservado às mulheres até então.

Resumo expandido

    Topos tradicional da história do cinema, a loucura aparece em inúmeros filmes, como assunto principal, motor da narrativa ou dado dramatúrgico. Referida no título de Amour louco e tematizada em Uma mulher sob influência, sua experiência atravessa os dois filmes e é figurada nos seus momentos mais expressivos. A violência do espaço doméstico e social impingida à mulher é reforçada por uma incompreensão dos protagonistas masculinos Sébastien (JP Kalfon) em L’Amour fou e Nick (Peter Falk) em A Woman, que encontram nela o único modo de lidar com os distúrbios de suas companheiras. Apesar de os cineastas e os exegetas não discutirem abertamente o nexo entre sociedade patriarcal e loucura feminina, os filmes sugerem que os atos desajustados de Claire (Bulle Ogier) e Mabel (Gena Rowlands) respondem de alguma forma à inadequação de ambas aos papeis sociais que lhes são tacitamente reservados, e acabam atualizados pelo horizonte de expectativas amorosas de seus companheiros. A forma que Rivette e Cassavetes encontram para figurar o ímpeto controlador masculino e o desajuste psíquico feminino é colocando o corpo dos atores à prova em sequências que evocam o happening e a arte da performance.
    Realizados num momento de florescimento da segunda onda feminista, os filmes também poderiam ser lidos através do prisma da revolta do corpo feminino contra a violência do espaço doméstico. O filme paradigmático sobre esta questão da experiência feminina segue sendo Jeanne Dielman (Akerman, 1975), que retoma com radicalidade dramatúrgica e estilística um motivo já presente, em chave burlesca, no primeiro curta de Akerman (Saute ma ville, 1968). Conferindo tempo real aos rituais dos trabalhos domésticos, Akerman materializa na forma do filme o ritmo do cotidiano feminino. Os gestos precisos de Jeanne simultaneamente naturalizados pela ficção e desnaturalizados pela duração são captados por um enquadramento que reforça sua previsibilidade.
    Realizados por homens, adotando focos narrativos que alternam o ponto de vista dos maridos e o das esposas, L’Amour Fou e A Woman também retratam, a seu modo, o espaço claustrofóbico e restritivo das mulheres. Sem afirmar que os cineastas estivessem imbuídos de uma consciência feminista ao realizarem os filmes, julgamos porém inegável que L’Amour Fou e A Woman atentam para questões que preocupavam os movimentos feministas da época. Apesar da ausência de posições claramente ideológicas nos conflitos de gênero, podemos enxergar uma tomada de posição através do modo pelo qual os filmes se deixam atravessar pela potência da interpretação das mulheres.
    Claire e Mabel são personagens habitadas por um sentido de ambivalência que recebe tratamento formal à altura: as duas dependem das suas relações e, ao mesmo tempo, querem se libertar delas. Assim como ocorre no filme de Akerman, a progressão rigorosa e cronológica dos eventos nos nossos dois filmes é determinante para acompanharmos o rompimento da ordem, e os gestos disruptivos das personagens são uma resposta à repressão masculina. Ambos os filmes figuram a rebelião do corpo feminino contra o espaço doméstico e a violência que ele lhe impinge. Em sequências que mimetizam os gestos transgressores do happening, o potencial plástico dos corpos das atrizes desestabiliza a ficção, saturando a representação com uma presença absoluta do corpo feminino. A loucura a que são levadas Claire e Mabel por suas relações conjugais é manifestada em seus corpos de modo distintos. No entanto, a progressão do distúrbio psíquico se dá, nos dois casos, através de uma infantilização crescente das personagens. Claire tenta roubar um cão na casa de um estranho, compra uma série de bugigangas numa saída de casa, e passa cada vez mais tempo reclusa dentro de seu apartamento. Mabel é excessivamente carinhosa com os amigos de Nick, brinca com as crianças como se fosse uma delas, e durante os surtos, dança em cima do sofá, num gesto que lembra uma certa transgressão infantil.

Bibliografia

    AUMONT, J. Le cinéma et la mise en scène. 2ª ed., Paris: Armand Collin, 2010.
    AUSLANDER, P. From Acting to Performance: essays in modernism and postmodernism. Londres: Routledge, 1997.
    BRENEZ, N. “Die for Mr. Jensen”, L’avant- scène cinéma, no 411, abr. 1992.
    CHIARETTI, M. O cinema instável de Jacques Rivette e John Cassavetes: happening, improvisação, teatralidade. (Tese de Doutourado). São Paulo: ECA-USP, 2019.
    MOUELLIC, G. Improviser le cinéma. Crisnée: Éditions Yellow Now, 2011.
    RUBY RICH, B. “Designing Desire: Chantal Akerman” [1983]. In Chick Flicks : Theories and Memories of the Feminist film Movement. Durham & London: Duke Univ. Press, 1998, p.169-173.
    SCHECHNER, R. Performance theory. Nova York: Routledge, 1988.
    SONTAG, S. “Happenings: uma arte de justaposição radical” [1962]. In Contra a interpretação. Porto Alegre: L&PM, 1987, pp. 305-317.

O livro “XXII SOCINE: 50 anos do maio de 68”, organizado por Lisandro Nogueira e Cleomar Rocha já está disponível para download em nosso site. A obra é composta de 11 artigos que lidam com a temática do maio de 68 pela perspectiva do cinema, que foi o tema do XXII Encontro SOCINE realizado em Goiânia, em 2018. De acordo com os organizadores, “Não há dúvidas de que o tema foi, é, e será sempre instigante, ainda mais aos olhos de muitos que (sobre)viveram (a)os tempos de 68, especialmente no Brasil, e que durante o evento debateram e refletiram sobre o legado de tão importante período da história mundial para a contemporaneidade. Na presente coletânea de textos procuramos demonstrar um pouquinho do que foi a XXII SOCINE, bastante eclética, mas que correspondeu muito bem à chamada para trazer a reflexão dos acontecimentos políticos, sociais, culturais e artísticos do ano de 1968”. O livro leva o selo editorial da SOCINE e ficará disponível em nosso site para download na seção Livros.

XXII Socine 50 anos de maio de 68
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Tema do XXII encontro da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE): “herança do maio de 1968 do ponto de vista do cinema, das novas redes de comunicação digital e da televisão”.

A Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE) repudia veementemente as manifestações recentes do governo federal contrárias a disciplinas das Humanidades como Filosofia ou Sociologia. Tais manifestações se constituem como ameaças inaceitáveis a áreas de conhecimento fundamentais que já convivem há anos com espaço reduzido nas políticas de financiamento de ensino e pesquisa no país.

A SOCINE considera que tais manifestações, além de desconhecerem a centralidade das Humanidades na construção da cidadania e no desenvolvimento do país, demonstram uma completa ausência de um projeto sério de educação e ciência.

Por isso, a SOCINE também assina a nota de repudio redigida pela ANPOF, disponível em:
http://www.anpof.org/portal/index.php/pt-BR/artigos-em-destaque/2075-nota-de-repudio-a-declaracoes-do-ministro-da-educacao-e-do-presidente-da-republica-sobre-as-faculdades-de-humanidades-nomeadamente-filosofia-e-sociologia

Diretoria SOCINE

Encerrou-se na última sexta, 19/04, o pagamento da anuidade e a submissão de trabalhos para o XXIII Encontro SOCINE que acontecerá de 08 a 11 de outubro na Unisinos, em Porto Alegre, RS. As propostas entram agora em período de avaliação e a divulgação dos trabalhos selecionados está prevista para o dia 10/06/2019.

Num momento em que a pesquisa brasileira sofre cortes, a SOCINE tem buscado reagir às dificuldades postas a toda área, implementando descontos a profissionais sem vínculo, criando novas formas de desligamento que possibilitam uma economia aos sócios e diminuindo a quantidade de anuidades atrasadas a serem pagas. Além disso, a escolha do tema deste ano levou em consideração a necessidade de refletirmos sobre preservação e memória audiovisual num período como este que vivemos. Por tudo isto, nos anima o fato do Encontro deste ano ter registrado o maior número de trabalhos submetidos nos últimos dez anos, totalizando 595 propostas enviadas. Em momentos de dificuldades como estes que o fortalecimento de nossa Sociedade e Encontro se faz cada vez mais importante e por isso, agradecemos a todas e todos que inscreveram seus trabalhos. Faremos mais um instigante e afetuoso Encontro, dessa vez em Porto Alegre.

Para finalizar, gostaríamos de informar aos sócios que não pagaram a anuidade, que é possível realizar o pagamento normalmente pelo sistema durante todo o ano. Para aqueles que buscam economizar, pode-se optar pelo Desligamento Parcial, que gera um desconto de 50% no valor da anuidade.

Para pagar e submeter os trabalhos é necessário que o sócio já cadastrado na Sociedade acesse nosso site socine.org.br e coloque seu CPF e sua senha no PAINEL DO ASSOCIADO.

Estando logado em nosso sistema, o sócio deverá clicar em MINHA CONTA e em seguida DADOS DE PAGAMENTO. Vai aparecer uma tela com o Histórico de pagamentos e ao lado Instruções de pagamento, onde é feito o processo via Paypal. Assim que o pagamento é realizado, aparece escrito PAGO no Histórico na coluna Anuidade 2019. Com isso é possível submeter o trabalho em seguida.

Para submeter a proposta de comunicação, você deve clicar em ENCONTROe em seguida INSCRIÇÃO. Abrirá uma tela com a explicação sobre cada uma das 4 modalidades e ao lado em Minha proposta você encontra os botões com as modalidades para se inscrever nelas. Você irá clicar naquela que você gostaria de enviar seu trabalho e preencher os campos. Depois de enviar a proposta você ainda pode edita-la até o encerramento do prazo. Após isso, a proposta entra em avaliação e não pode ser mais modificada.

Qualquer dúvida sobre o processo, entre em contato com a Secretaria pelo e-mail socine@socine.org.br