O XXIII Encontro SOCINE acontecerá na Unisinos, em Porto Alegre, de 08 a 11 de outubro de 2019.

A lista dos trabalhos aprovados pode ser acessada aqui. Os associados também podem checar a avaliação final de seus trabalhos pela sua área de associado.

Todos os aprovados precisam realizar o pagamento dentro do prazo para que sua participação seja confirmada. Os valores, após o primeiro prazo, terão acréscimos. O pagamento deverá ser feito pela área do associado, via Paypal.

Primeiro prazo: 10 de junho a 12 de julho – R$190,00 (profissionais) / R$95,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Segundo prazo: 15 de julho a 26 de julho – R$220,00 (profissionais) / R$110,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Prazo final: 29 de julho a 02 de agosto – R$260,00 (profissionais) / R$130,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)

Tendo qualquer dúvida ou dificuldade, favor contatar a secretaria no e-mail socine@socine.org.br.

Ficha do Proponente

Proponente

    Breno Almeida Brito Reis (UFC)

Minicurrículo

    Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal do Ceará (PPGCOM-UFC). Integrante do Laboratório de Estudos e Experimentação em Audiovisual (LEEA-UFC) e do Imago – Laboratório de Estudos de Estética e Imagem.

Ficha do Trabalho

Título

    Tampouco um filme: implicações da negação fílmica na obra de Panahi

Seminário

    Cinema comparado

Resumo

    Este estudo toma a gravura Les deux mystères (1966), de Magritte, em seu caráter de metaimagem, como dispositivo epistêmico para analisar o modo de realização de Isto não é um filme (2011), do realizador iraniano Jafar Panahi, cujo título referencia o enunciado interno da gravura (Isto não é um cachimbo). Tal conexão viabiliza analisar, para além da categoria do não-filme, o processo fílmico de Panahi e as estratégias mobilizadas sob as condições da interdição à qual o realizador foi sentenciado

Resumo expandido

    Les deux mystères (1966): como se em zoom out um plano de La trahison des images (1928-1929) se expandisse e criasse uma ambientação para a pintura de Magritte, enquadrada sobre um cavalete num assoalho de tábuas, nessa cena se insere, agigantada e flutuante, outra misteriosa figura de cachimbo, entre as quais impera ainda o enunciado inscrito na pintura de origem (Ceci n’est pas une pipe), a apontar a arbitrariedade das associações entre a palavra, a coisa e suas figurações (FOUCAULT, 2014).

    Da pintura à gravura de Magritte, seu fundamento metaimagético se prolonga. O enunciado demonstrativo em La trahison des images, o qual já lhe conferia a qualidade de metaimagem por reportar-se a seus elementos internos, passa a também apontar, em Les deux mystères, para o outro cachimbo, na composição que a engloba como cenário. Mas a metaimagem trata não apenas da imagem específica referenciada internamente, senão da condição imagética em si: autorreferenciais e multiestáveis, as metaimagens operam como objetos epistêmicos, dispositivos iconológicos de reflexão crítico-teórica (MITCHELL, 1994, p. 49-65).

    Reempregando a fórmula de Magritte ao intitular seu primeiro projeto pós-condenação de Isto não é um filme, o cineasta iraniano Jafar Panahi estabelece, entre o título do projeto e o seu modo de realização, entre a frase e a política das imagens, um curto-circuito autorreferencial: a quais gestos, posicionamentos e estratégias de realização refere-se a negação do estatuto fílmico da obra resultante? Desde 2010, Panahi tornou-se um sujeito interditado: preso enquanto realizava um filme sem a licença obrigatória do Ministério da Cultura e da Orientação Islâmica, foi proibido, por um período de 20 anos, de realizar filmes, escrever roteiros, sair do Irã, e comunicar-se com a imprensa. Entretanto, Panahi tem articulado ardis (NAVAI, 2015) para continuar realizando filmes de forma discreta e independente.

    Realizado enquanto Panahi ainda aguardava a confirmação da sentença, Isto não é um filme (2011) é um autorretrato feito em parceria com o documentarista Mojtaba Mirtahmasb. Panahi é filmado em seu apartamento, rememorando sua trajetória pessoal e profissional, revendo e comentando seus filmes, até decidir ler um roteiro seu que não recebeu permissão de realização, improvisando algumas passagens no tapete da sala de estar. Mas logo constata que contar um roteiro – à maneira de Marguerite Duras em O Caminhão (1977) – não equivale a realizar um filme.

    Ao evocar no título de Isto não é um filme a metaimagem de Magritte, imaginemos que sobre o cavalete da gravura haja ainda uma tela, o ecrã no qual se projeta o filme finalizado, ao qual assistimos, mas cujo estatuto fílmico é negado de antemão pelo enunciado que o intitula. E acima da tela em que se projeta o não-filme surge uma matéria amorfa que, antes vista como o cachimbo gigante, “esse cachimbo desmedido, flutuante, ideal – simples sonho ou ideia de um cachimbo” (FOUCAULT, 2014, p. 17), seria agora a ideia de um filme, o sonho de um filme a pairar sobre o não-filme. O que se realiza seria tão-somente a invocação verbal de um filme que não pôde e tampouco pode ser realizado (MET, 2008), sendo tão-somente lido; um esforço de realização que permanece na ordem da tentativa (JEANNELLE, 2014): não exatamente um filme, mas “An effort”, como descrito nos créditos finais.

    A partir da conexão entre Magritte e Panahi, este estudo reflete sobre os desdobramentos da negação fílmica em Isto não é um filme: como subterfúgio referente à contravenção implicada na filmagem clandestina; como negação do produto planejado e roteirizado, em favor da processualidade das filmagens; como suspensão do ilusionismo e rejeição da ficção. Em torno do enunciado de negação, as metaimagens de Magritte permitem analisar, para além da categoria do não-filme, o processo criativo de Panahi e as posições estéticas, éticas e políticas mobilizadas sob as condições da interdição à qual o realizador foi sentenciado.

Bibliografia

    FOUCAULT, Michel. Isto não é um cachimbo. Tradução: Jorge Coli. Rio de Janeiro, RJ: Paz e Terra, 2014.

    FOUCAULT, Michel. As Palavras e as Coisas: Uma arqueologia das ciências humanas. Tradução: Salma Tannus Muchail. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

    JEANNELLE, Jean-Louis. Toutes les histoires des films qui ne se sont jamais faits: modalités de l’inadvenue au cinéma. In: Fabula-LhT, n° 13, nov. 2014. Disponível em: . Acesso em: 16 abr. 2019.

    MET, Philippe. Pour un cinéma fantôme: Autour du « Harry Dickson » d’Alain Resnais et de Frédéric de Towarnicki. In: Positif, n. 565, mar. 2008. pp. 61-65.

    MITCHELL, W. T. J. Metapictures. In: MITCHELL, W. T. J. Picture Theory: Essays on verbal and visual representation. Chicago: The University of Chicago Press, 1994.

    NAVAI, Ramita. City of Lies: Love, Sex, Death, and the Search for Truth in Tehran. Nova York: PublicAffairs, 2014.

O livro “XXII SOCINE: 50 anos do maio de 68”, organizado por Lisandro Nogueira e Cleomar Rocha já está disponível para download em nosso site. A obra é composta de 11 artigos que lidam com a temática do maio de 68 pela perspectiva do cinema, que foi o tema do XXII Encontro SOCINE realizado em Goiânia, em 2018. De acordo com os organizadores, “Não há dúvidas de que o tema foi, é, e será sempre instigante, ainda mais aos olhos de muitos que (sobre)viveram (a)os tempos de 68, especialmente no Brasil, e que durante o evento debateram e refletiram sobre o legado de tão importante período da história mundial para a contemporaneidade. Na presente coletânea de textos procuramos demonstrar um pouquinho do que foi a XXII SOCINE, bastante eclética, mas que correspondeu muito bem à chamada para trazer a reflexão dos acontecimentos políticos, sociais, culturais e artísticos do ano de 1968”. O livro leva o selo editorial da SOCINE e ficará disponível em nosso site para download na seção Livros.

XXII Socine 50 anos de maio de 68
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Tema do XXII encontro da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE): “herança do maio de 1968 do ponto de vista do cinema, das novas redes de comunicação digital e da televisão”.

A Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE) repudia veementemente as manifestações recentes do governo federal contrárias a disciplinas das Humanidades como Filosofia ou Sociologia. Tais manifestações se constituem como ameaças inaceitáveis a áreas de conhecimento fundamentais que já convivem há anos com espaço reduzido nas políticas de financiamento de ensino e pesquisa no país.

A SOCINE considera que tais manifestações, além de desconhecerem a centralidade das Humanidades na construção da cidadania e no desenvolvimento do país, demonstram uma completa ausência de um projeto sério de educação e ciência.

Por isso, a SOCINE também assina a nota de repudio redigida pela ANPOF, disponível em:
http://www.anpof.org/portal/index.php/pt-BR/artigos-em-destaque/2075-nota-de-repudio-a-declaracoes-do-ministro-da-educacao-e-do-presidente-da-republica-sobre-as-faculdades-de-humanidades-nomeadamente-filosofia-e-sociologia

Diretoria SOCINE

Encerrou-se na última sexta, 19/04, o pagamento da anuidade e a submissão de trabalhos para o XXIII Encontro SOCINE que acontecerá de 08 a 11 de outubro na Unisinos, em Porto Alegre, RS. As propostas entram agora em período de avaliação e a divulgação dos trabalhos selecionados está prevista para o dia 10/06/2019.

Num momento em que a pesquisa brasileira sofre cortes, a SOCINE tem buscado reagir às dificuldades postas a toda área, implementando descontos a profissionais sem vínculo, criando novas formas de desligamento que possibilitam uma economia aos sócios e diminuindo a quantidade de anuidades atrasadas a serem pagas. Além disso, a escolha do tema deste ano levou em consideração a necessidade de refletirmos sobre preservação e memória audiovisual num período como este que vivemos. Por tudo isto, nos anima o fato do Encontro deste ano ter registrado o maior número de trabalhos submetidos nos últimos dez anos, totalizando 595 propostas enviadas. Em momentos de dificuldades como estes que o fortalecimento de nossa Sociedade e Encontro se faz cada vez mais importante e por isso, agradecemos a todas e todos que inscreveram seus trabalhos. Faremos mais um instigante e afetuoso Encontro, dessa vez em Porto Alegre.

Para finalizar, gostaríamos de informar aos sócios que não pagaram a anuidade, que é possível realizar o pagamento normalmente pelo sistema durante todo o ano. Para aqueles que buscam economizar, pode-se optar pelo Desligamento Parcial, que gera um desconto de 50% no valor da anuidade.

Para pagar e submeter os trabalhos é necessário que o sócio já cadastrado na Sociedade acesse nosso site socine.org.br e coloque seu CPF e sua senha no PAINEL DO ASSOCIADO.

Estando logado em nosso sistema, o sócio deverá clicar em MINHA CONTA e em seguida DADOS DE PAGAMENTO. Vai aparecer uma tela com o Histórico de pagamentos e ao lado Instruções de pagamento, onde é feito o processo via Paypal. Assim que o pagamento é realizado, aparece escrito PAGO no Histórico na coluna Anuidade 2019. Com isso é possível submeter o trabalho em seguida.

Para submeter a proposta de comunicação, você deve clicar em ENCONTROe em seguida INSCRIÇÃO. Abrirá uma tela com a explicação sobre cada uma das 4 modalidades e ao lado em Minha proposta você encontra os botões com as modalidades para se inscrever nelas. Você irá clicar naquela que você gostaria de enviar seu trabalho e preencher os campos. Depois de enviar a proposta você ainda pode edita-la até o encerramento do prazo. Após isso, a proposta entra em avaliação e não pode ser mais modificada.

Qualquer dúvida sobre o processo, entre em contato com a Secretaria pelo e-mail socine@socine.org.br