O XXIII Encontro SOCINE acontecerá na Unisinos, em Porto Alegre, de 08 a 11 de outubro de 2019.

A lista dos trabalhos aprovados pode ser acessada aqui. Os associados também podem checar a avaliação final de seus trabalhos pela sua área de associado.

Todos os aprovados precisam realizar o pagamento dentro do prazo para que sua participação seja confirmada. Os valores, após o primeiro prazo, terão acréscimos. O pagamento deverá ser feito pela área do associado, via Paypal.

Primeiro prazo: 10 de junho a 12 de julho – R$190,00 (profissionais) / R$95,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Segundo prazo: 15 de julho a 26 de julho – R$220,00 (profissionais) / R$110,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Prazo final: 29 de julho a 02 de agosto – R$260,00 (profissionais) / R$130,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)

Tendo qualquer dúvida ou dificuldade, favor contatar a secretaria no e-mail socine@socine.org.br.

Ficha do Proponente

Proponente

    Luíza Beatriz Amorim Melo Alvim (UFRJ)

Minicurrículo

    Doutora em Comunicação pela UFRJ (com período sanduíche na Universidade Paris 3 sob orientação de Michel Chion) e em Música pela UNIRIO. Graduada em Comunicação (habilitações Jornalismo e Cinema) e mestre em Letras pela UFF. Foi professora substituta da Escola de Comunicação da UFRJ e do curso de Cinema da UFF. É pós-doutoranda em Música na UFRJ e autora do livro “A música no cinema de Robert Bresson”, além de membro do Conselho Deliberativo da SOCINE e coordenadora do GP Cinema da Intercom.

Ficha do Trabalho

Título

    Relações entre o audível e o visível no cinema: o caso de “Arábia”

Seminário

    Estilo e som no audiovisual

Resumo

    Partimos de estudos sobre defasagens entre o audível e o visível em filmes com voz over para nos deter em Arábia (Affonso Uchoa, João Dumans, 2017). Entendemos tais defasagens como diferenças entre o que se ouve pela voz e o que se vê na imagem, seja por defasagem rítmica entre a edição de imagem e a de som, seja por decisão do que não mostrar. As imagens que faltam podem ser preenchidas com a imaginação, como na Literatura, sendo esse aspecto ativado no filme pela voz over de leitura do diário.

Resumo expandido

    Em estudos anteriores sobre filmes com voz over em obras do cineasta francês Robert Bresson (ALVIM, 2017) e também em filmes contemporâneos, como no estoniano Na ventania, de Martti Helde, 2014 (ALVIM; CRUZ, 2018), observamos um fenômeno de defasagem entre aquilo que está sendo dito pela voz over e o que está sendo mostrado pela imagem.
    Nos filmes de Bresson, Diário de um padre (1951), Um condenado à morte escapou (1956) e Pickpocket (1959), tal fenômeno está mais na ordem da redundância (o que é dito, é mostrado depois ou vice-versa, ou ainda, simultaneamente), embora não num sentido pejorativo, mas sim numa ressonância, palavra que André Bazin usa se referindo a Diário de um padre. Essas defasagens, mais que um simples eco, dão um ritmo à edição de imagens e sons. Em Diário de um padre e Pickpocket, há também o elemento do diário aparecendo em quadro, além de que em Um condenado à morte escapou e, especialmente, em Diário de um padre, há a relação inequívoca com uma obra literária anterior. Já no filme de Martti Helde, além do aspecto rítmico, as defasagens entre o visto e ouvido trazem também a questão do irrepresentável, daquilo que se escolhe não mostrar por ser tão terrível, como o momento da morte de uma criança ou um estupro na situação limite de um campo de trabalho na Sibéria com prisioneiros estonianos durante a Segunda Guerra Mundial. A relação com a Literatura, além do fato de que o diretor usou cartas reais e documentos de arquivo para a construção do texto over, dá-se nessa capacidade imaginativa ao se ouvir um relato, algo que um leitor faz diante da página escrita.
    Em Arábia (2017), filme brasileiro de Affonso Uchoa e João Dumans, a partir de cerca de 21 minutos, uma estratégia narrativa transforma o operário Cristiano (Aristides de Sousa), personagem que sofre um acidente e entra em coma, no narrador do filme a partir de seu caderno encontrado em sua casa pelo adolescente André. A defasagem entre o que Cristiano conta e o que é mostrado nas imagens se dá de forma ora semelhante ao que acontecia nos filmes de Bresson (numa defasagem rítmica entre imagem e som, como constatamos em esquema feito por nós com todas as incursões de voz over do filme), ora o fato é só contado pela voz, enquanto a imagem mostra Cristiano reflexivo ou caminhando pelas estradas. Não se trata aqui da questão do irrepresentável como em Na ventania, sendo essa falta da imagem por escolha dos diretores na edição, tal qual evocado em entrevista.
    Em debates sobre o filme, como o ocorrido numa das mesas da SOCINE 2018, costuma vir à tona o caráter de estranheza do relato de Cristiano pelo fato de ser ele uma pessoa de um extrato humilde (assim como o seu próprio ator não profissional, encontrado durante o documentário anterior de Uchoa, A vizinhança do tigre), de mesmo confessar no filme que não pegava em caneta há mais de 20 anos, porém, o que se segue é um texto relativamente elaborado. Consideramos que essa estranheza é mais uma defasagem, que, por sua vez, aproxima o filme da arte literária. Concordamos com Flores (2018), quando observa que o texto investe na opacidade da narrativa do personagem popular, e com Perez (2018), que considera Cristiano um sujeito-autor de um texto possível, embora imaginário. Os próprios diretores evocaram o desejo se de aproximarem de uma construção literária ao escreverem o relato.
    Mesmo assim, analisando o modo de falar de Cristiano, vemos que ele não está isento de uma série de elementos da oralidade, como a eliminação de vários plurais de palavras, o uso de “pra”, gírias populares e traços do regional mineiro. Por outro lado, as pausas no comentário over não necessariamente obedecem à sintaxe comum das frases, mas a um ritmo particular, com maior acentuação geralmente na penúltima sílaba da última palavra, além do próprio ritmo da edição que leva em conta imagem e som.
    Analisaremos com detalhes tais defasagens em Arábia, remetendo-nos também à sua relação com a Literatura.

Bibliografia

    ALVIM, L. A música no cinema de Robert Bresson. Curitiba: Appris, 2017.
    ALVIM, L.; CRUZ, N. Na ventania: do irrepresentável para os tableaux vivants e o uso da voz over. In: XXVII ENCONTRO ANUAL DA COMPÓS, Belo Horizonte. Anais […], 2018.
    CHÂTEAUVERT, J. Des mots à l’image: la voix over au cinéma. Paris: Méridiens Klincksieck, 1996.
    DOANE, M.A. A voz no cinema: a articulação de corpo e espaço. In: XAVIER, I. (Org.). A experiência do cinema. Rio de Janeiro: Graal, 2003.
    FLORES, L. Mil e uma noites na cidade industrial: a figura do operário em Arábia (Affonso Uchoa, João Dumans, 2017). In: ANAIS DE TEXTOS COMPLETOS DO XXII ENCONTRO DA SOCINE, São Paulo. Anais […], 2018.
    PERES, P.V. As estratégias estéticas de Arábia em perspectiva comparada. In: ANAIS DE TEXTOS COMPLETOS DO XXII ENCONTRO DA SOCINE, São Paulo. Anais […], 2018.
    Entrevistas:
    http://cinematecando.com.br/entrevista-com-affonso-uchoa-e-joao-dumans-diretores-de-arabia/
    https://www.youtube.com/watch?v=MzIBqQBvNXs

O livro “XXII SOCINE: 50 anos do maio de 68”, organizado por Lisandro Nogueira e Cleomar Rocha já está disponível para download em nosso site. A obra é composta de 11 artigos que lidam com a temática do maio de 68 pela perspectiva do cinema, que foi o tema do XXII Encontro SOCINE realizado em Goiânia, em 2018. De acordo com os organizadores, “Não há dúvidas de que o tema foi, é, e será sempre instigante, ainda mais aos olhos de muitos que (sobre)viveram (a)os tempos de 68, especialmente no Brasil, e que durante o evento debateram e refletiram sobre o legado de tão importante período da história mundial para a contemporaneidade. Na presente coletânea de textos procuramos demonstrar um pouquinho do que foi a XXII SOCINE, bastante eclética, mas que correspondeu muito bem à chamada para trazer a reflexão dos acontecimentos políticos, sociais, culturais e artísticos do ano de 1968”. O livro leva o selo editorial da SOCINE e ficará disponível em nosso site para download na seção Livros.

XXII Socine 50 anos de maio de 68
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Tema do XXII encontro da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE): “herança do maio de 1968 do ponto de vista do cinema, das novas redes de comunicação digital e da televisão”.

A Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE) repudia veementemente as manifestações recentes do governo federal contrárias a disciplinas das Humanidades como Filosofia ou Sociologia. Tais manifestações se constituem como ameaças inaceitáveis a áreas de conhecimento fundamentais que já convivem há anos com espaço reduzido nas políticas de financiamento de ensino e pesquisa no país.

A SOCINE considera que tais manifestações, além de desconhecerem a centralidade das Humanidades na construção da cidadania e no desenvolvimento do país, demonstram uma completa ausência de um projeto sério de educação e ciência.

Por isso, a SOCINE também assina a nota de repudio redigida pela ANPOF, disponível em:
http://www.anpof.org/portal/index.php/pt-BR/artigos-em-destaque/2075-nota-de-repudio-a-declaracoes-do-ministro-da-educacao-e-do-presidente-da-republica-sobre-as-faculdades-de-humanidades-nomeadamente-filosofia-e-sociologia

Diretoria SOCINE

Encerrou-se na última sexta, 19/04, o pagamento da anuidade e a submissão de trabalhos para o XXIII Encontro SOCINE que acontecerá de 08 a 11 de outubro na Unisinos, em Porto Alegre, RS. As propostas entram agora em período de avaliação e a divulgação dos trabalhos selecionados está prevista para o dia 10/06/2019.

Num momento em que a pesquisa brasileira sofre cortes, a SOCINE tem buscado reagir às dificuldades postas a toda área, implementando descontos a profissionais sem vínculo, criando novas formas de desligamento que possibilitam uma economia aos sócios e diminuindo a quantidade de anuidades atrasadas a serem pagas. Além disso, a escolha do tema deste ano levou em consideração a necessidade de refletirmos sobre preservação e memória audiovisual num período como este que vivemos. Por tudo isto, nos anima o fato do Encontro deste ano ter registrado o maior número de trabalhos submetidos nos últimos dez anos, totalizando 595 propostas enviadas. Em momentos de dificuldades como estes que o fortalecimento de nossa Sociedade e Encontro se faz cada vez mais importante e por isso, agradecemos a todas e todos que inscreveram seus trabalhos. Faremos mais um instigante e afetuoso Encontro, dessa vez em Porto Alegre.

Para finalizar, gostaríamos de informar aos sócios que não pagaram a anuidade, que é possível realizar o pagamento normalmente pelo sistema durante todo o ano. Para aqueles que buscam economizar, pode-se optar pelo Desligamento Parcial, que gera um desconto de 50% no valor da anuidade.

Para pagar e submeter os trabalhos é necessário que o sócio já cadastrado na Sociedade acesse nosso site socine.org.br e coloque seu CPF e sua senha no PAINEL DO ASSOCIADO.

Estando logado em nosso sistema, o sócio deverá clicar em MINHA CONTA e em seguida DADOS DE PAGAMENTO. Vai aparecer uma tela com o Histórico de pagamentos e ao lado Instruções de pagamento, onde é feito o processo via Paypal. Assim que o pagamento é realizado, aparece escrito PAGO no Histórico na coluna Anuidade 2019. Com isso é possível submeter o trabalho em seguida.

Para submeter a proposta de comunicação, você deve clicar em ENCONTROe em seguida INSCRIÇÃO. Abrirá uma tela com a explicação sobre cada uma das 4 modalidades e ao lado em Minha proposta você encontra os botões com as modalidades para se inscrever nelas. Você irá clicar naquela que você gostaria de enviar seu trabalho e preencher os campos. Depois de enviar a proposta você ainda pode edita-la até o encerramento do prazo. Após isso, a proposta entra em avaliação e não pode ser mais modificada.

Qualquer dúvida sobre o processo, entre em contato com a Secretaria pelo e-mail socine@socine.org.br