O XXIII Encontro SOCINE acontecerá na Unisinos, em Porto Alegre, de 08 a 11 de outubro de 2019.

A lista dos trabalhos aprovados pode ser acessada aqui. Os associados também podem checar a avaliação final de seus trabalhos pela sua área de associado.

Todos os aprovados precisam realizar o pagamento dentro do prazo para que sua participação seja confirmada. Os valores, após o primeiro prazo, terão acréscimos. O pagamento deverá ser feito pela área do associado, via Paypal.

Primeiro prazo: 10 de junho a 12 de julho – R$190,00 (profissionais) / R$95,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Segundo prazo: 15 de julho a 26 de julho – R$220,00 (profissionais) / R$110,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Prazo final: 29 de julho a 02 de agosto – R$260,00 (profissionais) / R$130,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)

Tendo qualquer dúvida ou dificuldade, favor contatar a secretaria no e-mail socine@socine.org.br.

Ficha do Proponente

Proponente

    Cleissa Regina de Oliveira Martins (UFF)

Minicurrículo

    Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Cinema da Universidade Federal Fluminense. Autora e co-autora de levantamentos sobre raça e gênero no cinema brasileiro no Grupo de Estudos Multidisciplinar sobre Ação Afirmativa (GEMAA/Uerj). Em 2017 pesquisou cinema latino-americano na Universidade de Alberta no Canadá, com ênfase nas relações entre Brasil e México. Faz parte da APAN (Associação dos Profissionais do Audiovisual Negro) e trabalha com roteiro e direção de arte.

Ficha do Trabalho

Título

    A alma no olho: o olhar para a câmera em Café com Canela e Temporada

Seminário

    Cinema Negro africano e diaspórico – Narrativas e representações

Resumo

    O presente trabalho busca discutir o olhar do personagem para a câmera em dois longas-metragens do cinema nacional. A presença desse gesto em obras feitas por diferentes realizadores negros mostra uma questão que deve ser mais bem examinada. O ato de personagens negros olharem para a câmera aqui pode significar uma tomada de lugar no exercício de fazer cinema e uma subversão das representações até então pensadas para pessoas negras na frente, mas também atrás das câmeras.

Resumo expandido

    O presente trabalho busca discutir o olhar do personagem para a câmera em dois longas-metragens do cinema nacional, Café com Canela (2017) de Glenda Nicácio e Ary Rosa, e Temporada (2018), de André Novais de Oliveira. Gunning (1986) coloca que o ato de o ator olhar para a câmera era comum no cinema de atrações, mas é percebido como gerador de quebra da ilusão do cinema narrativo diretamente posterior. Acreditamos que a presença desse gesto em obras feitas por diferentes realizadores negros contemporâneos mostra uma questão que pode ser mais bem examinada a partir de seus significados estéticos e políticos.

    No cinema brasileiro, o curta-metragem Alma no Olho (1974), primeiro filme de Zózimo Bulbul – hoje considerado o pai do cinema negro nacional – como diretor, brinca com esse gesto, o que é percebido já em seu título. Na obra de 11 minutos Bulbul está em cena sozinho e olha para a câmera em vários momentos, inclusive no primeiro plano, que é um close em seus olhos. Atualmente o cinema negro brasileiro passa por um período fértil, com a emergência de novos nomes cujas obras chegam a circular em cinemas e, principalmente, em diversos festivais. Mais de trinta anos depois da estréia de Bulbul como cineasta é possível ver, na repetição do gesto de olhar para câmera, o legado não só político, mas também estético de sua obra.

    O filme Café com Canela (2017), de direção de Glenda Nicácio e Ary Rosa foi um marco no cinema brasileiro recente por ter sido apenas o segundo longa-metragem de ficção dirigido por uma mulher negra a entrar no circuito comercial. O filme traz o encontro de duas mulheres negras, Violeta (Aline Brunne) e Margarida (Valdinéia Soriano), no recôncavo baiano e mostra a tentativa da primeira em ajudar a segunda a superar a dor do luto. Aqui, o olhar para câmera acontece num momento metalinguístico do filme. Enquanto limpam a casa, as duas falam sobre cinema e televisão e Violeta leva o olhar lentamente para a câmera até encarar diretamente o espectador.

    Temporada (2018) é o segundo longa do diretor mineiro André Novais Oliveira e conta a história de Juliana, vivida por Grace Passô, uma mulher que se muda para a periferia de Contagem após ser chamada num concurso público que prestou há dois anos. Diferente de Café com Canela, o olhar para câmera da protagonista em Temporada é mais sutil. Juliana está com Hélio, seu colega de trabalho, e é a primeira vez que os dois conversam sobre aspectos íntimos de suas vidas, como suas relações familiares e suas perspectivas para o futuro; o que pode mostrar uma maior cumplicidade não só entre os amigos, mas entre personagem e espectador.

    Acreditamos que ato de personagens negros olharem para a câmera aqui pode significar uma tomada de lugar no exercício de fazer cinema e uma subversão das representações até então pensadas para pessoas negras na frente, mas também atrás das câmeras, num papel ativo e num ato de não só falar com, mas de desafiar o espectador e o próprio cinema. Ao falar da resistência do espectador negro, Manthia Diawara diz que “um dos papeis do cinema negro independente (…) deve ser elevar a consciência do espectador sobre a impossibilidade de uma aceitação acrítica dos produtos de Hollywood” (Diawara, 1993, p. 219, tradução própria). Portanto, interessa saber em qual medida os dois filmes provocam o espectador negro a criar certa relação com o cinema proposto por seus diretores.

    Assim, podemos pensar em investigar (1) possíveis interpretações para o olhar para a câmera de personagens negros dentro da trama dos filmes e em seu contexto social e político e (2) a possibilidade de o olhar desses personagens transpor o espaço da tela e desafiar a espectatorialidade negra a se identificar com o cinema proposto por estes diretores. Faremos isso analisando os filmes supracitados e os percursos de seus realizadores, entendendo esse olhar como um gesto de resistência (hooks, 1993) e uma escolha estética que é também política.

Bibliografia

    CARVALHO, Noel dos Santos. Cinema e representação racial: o cinema negro de Zózimo Bulbul. Tese (Doutorado em Sociologia) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Sociais, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.
    DIAWARA, Manthia. Black Spectatorship: Problems of Identification and Resistance. In DIAWARA, Manthia (Org.), Black American Cinema, New York: Routledge, 1993.
    GUNNING, Tom. The Cinema of Attractions: Early Film, Its Spectator and the Avant-Garde. WideAngle, v. 8, n. 3-4, outono 1986. Republicado em: ELSAESSER, Thomas (org.). Early cinema: space, frame, narrative. Londres: BFI, 1990.
    hooks, bell. The Oppositional Gaze: Black Female Spectators. In DIAWARA, Manthia (Org.), Black American Cinema, New York: Routledge, 1993.
    JULIEN, Isaac; MERCER, Kobena. Introduction: De Margin and de Centre. Screen 29.4 (1988): 2–11.
    MBEMBE, Achille. Crítica da razão negra. São Paulo: n-1 Edições, 2018.
    STAIGER, J. Media Reception Studies. Nova Iorque: New York University Press, 2005.

O livro “XXII SOCINE: 50 anos do maio de 68”, organizado por Lisandro Nogueira e Cleomar Rocha já está disponível para download em nosso site. A obra é composta de 11 artigos que lidam com a temática do maio de 68 pela perspectiva do cinema, que foi o tema do XXII Encontro SOCINE realizado em Goiânia, em 2018. De acordo com os organizadores, “Não há dúvidas de que o tema foi, é, e será sempre instigante, ainda mais aos olhos de muitos que (sobre)viveram (a)os tempos de 68, especialmente no Brasil, e que durante o evento debateram e refletiram sobre o legado de tão importante período da história mundial para a contemporaneidade. Na presente coletânea de textos procuramos demonstrar um pouquinho do que foi a XXII SOCINE, bastante eclética, mas que correspondeu muito bem à chamada para trazer a reflexão dos acontecimentos políticos, sociais, culturais e artísticos do ano de 1968”. O livro leva o selo editorial da SOCINE e ficará disponível em nosso site para download na seção Livros.

XXII Socine 50 anos de maio de 68
1650 Downloads

Tema do XXII encontro da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE): “herança do maio de 1968 do ponto de vista do cinema, das novas redes de comunicação digital e da televisão”.

A Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE) repudia veementemente as manifestações recentes do governo federal contrárias a disciplinas das Humanidades como Filosofia ou Sociologia. Tais manifestações se constituem como ameaças inaceitáveis a áreas de conhecimento fundamentais que já convivem há anos com espaço reduzido nas políticas de financiamento de ensino e pesquisa no país.

A SOCINE considera que tais manifestações, além de desconhecerem a centralidade das Humanidades na construção da cidadania e no desenvolvimento do país, demonstram uma completa ausência de um projeto sério de educação e ciência.

Por isso, a SOCINE também assina a nota de repudio redigida pela ANPOF, disponível em:
http://www.anpof.org/portal/index.php/pt-BR/artigos-em-destaque/2075-nota-de-repudio-a-declaracoes-do-ministro-da-educacao-e-do-presidente-da-republica-sobre-as-faculdades-de-humanidades-nomeadamente-filosofia-e-sociologia

Diretoria SOCINE

Encerrou-se na última sexta, 19/04, o pagamento da anuidade e a submissão de trabalhos para o XXIII Encontro SOCINE que acontecerá de 08 a 11 de outubro na Unisinos, em Porto Alegre, RS. As propostas entram agora em período de avaliação e a divulgação dos trabalhos selecionados está prevista para o dia 10/06/2019.

Num momento em que a pesquisa brasileira sofre cortes, a SOCINE tem buscado reagir às dificuldades postas a toda área, implementando descontos a profissionais sem vínculo, criando novas formas de desligamento que possibilitam uma economia aos sócios e diminuindo a quantidade de anuidades atrasadas a serem pagas. Além disso, a escolha do tema deste ano levou em consideração a necessidade de refletirmos sobre preservação e memória audiovisual num período como este que vivemos. Por tudo isto, nos anima o fato do Encontro deste ano ter registrado o maior número de trabalhos submetidos nos últimos dez anos, totalizando 595 propostas enviadas. Em momentos de dificuldades como estes que o fortalecimento de nossa Sociedade e Encontro se faz cada vez mais importante e por isso, agradecemos a todas e todos que inscreveram seus trabalhos. Faremos mais um instigante e afetuoso Encontro, dessa vez em Porto Alegre.

Para finalizar, gostaríamos de informar aos sócios que não pagaram a anuidade, que é possível realizar o pagamento normalmente pelo sistema durante todo o ano. Para aqueles que buscam economizar, pode-se optar pelo Desligamento Parcial, que gera um desconto de 50% no valor da anuidade.

Para pagar e submeter os trabalhos é necessário que o sócio já cadastrado na Sociedade acesse nosso site socine.org.br e coloque seu CPF e sua senha no PAINEL DO ASSOCIADO.

Estando logado em nosso sistema, o sócio deverá clicar em MINHA CONTA e em seguida DADOS DE PAGAMENTO. Vai aparecer uma tela com o Histórico de pagamentos e ao lado Instruções de pagamento, onde é feito o processo via Paypal. Assim que o pagamento é realizado, aparece escrito PAGO no Histórico na coluna Anuidade 2019. Com isso é possível submeter o trabalho em seguida.

Para submeter a proposta de comunicação, você deve clicar em ENCONTROe em seguida INSCRIÇÃO. Abrirá uma tela com a explicação sobre cada uma das 4 modalidades e ao lado em Minha proposta você encontra os botões com as modalidades para se inscrever nelas. Você irá clicar naquela que você gostaria de enviar seu trabalho e preencher os campos. Depois de enviar a proposta você ainda pode edita-la até o encerramento do prazo. Após isso, a proposta entra em avaliação e não pode ser mais modificada.

Qualquer dúvida sobre o processo, entre em contato com a Secretaria pelo e-mail socine@socine.org.br