O XXIII Encontro SOCINE acontecerá na Unisinos, em Porto Alegre, de 08 a 11 de outubro de 2019.

A lista dos trabalhos aprovados pode ser acessada aqui. Os associados também podem checar a avaliação final de seus trabalhos pela sua área de associado.

Todos os aprovados precisam realizar o pagamento dentro do prazo para que sua participação seja confirmada. Os valores, após o primeiro prazo, terão acréscimos. O pagamento deverá ser feito pela área do associado, via Paypal.

Primeiro prazo: 10 de junho a 12 de julho – R$190,00 (profissionais) / R$95,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Segundo prazo: 15 de julho a 26 de julho – R$220,00 (profissionais) / R$110,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Prazo final: 29 de julho a 02 de agosto – R$260,00 (profissionais) / R$130,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)

Tendo qualquer dúvida ou dificuldade, favor contatar a secretaria no e-mail socine@socine.org.br.

Ficha do Proponente

Proponente

    Josué da Silva Bochi (UFF)

Minicurrículo

    Graduado em Publicidade e Propaganda (UFRGS) e Cinema (UFF). Mestre em Filosofia (UFF), na linha de pesquisa de Estética e Filosofia da Arte

Ficha do Trabalho

Título

    Orestes, a Oréstia e democracia

Resumo

    Orestes (dir. Rodrigo Siqueira, 2015) é um intrincado documentário que trata das presenças da ditadura e da violência de Estado no Brasil contemporâneo. Pretendo abordar o filme através de sua relação ambivalente com a trilogia Oréstia, de Ésquilo, que aparece tanto como um “marco civilizatório” quanto como matéria trágica em que a fé democrática se suspende. Para isso, tecerei algumas considerações sobre os lugares da lei arcaica, do tribunal, do coro e do herói trágico.

Resumo expandido

    Em entrevistas sobre o seu intrincado documentário Orestes (2015), que trata das presenças da ditadura e mais especificamente da violência de Estado no Brasil contemporâneo, o diretor Rodrigo Siqueira expressa duas vontades suas que moldam o filme. Primeiro, lidar com o “vácuo histórico” vivido por sua geração, que frequentou a escola durante o período de redemocratização e não aprendia o que havia acontecido na história recente. Segundo, empreender no presente um esforço de fortalecimento dos valores e instituições democráticas. O filme foi maturado e realizado no contexto de formação da Comissão da Verdade e do projeto de de revogação da Lei da Anistia de 1979, que perdoou os crimes praticados pelo Estado durante a ditadura. O início da presente década foi também um período de acirramento, hoje escancarado, dos discursos políticos (como disse Siqueira, “há essa sensação do passo para trás, sendo que já está mais do que na hora de avançarmos”).

    Orestes não é, no entanto, nem uma aula de história nem uma obra estritamente militante, programática. O filme se faz através de um cruzamento em aberto de dispositivos diversos, como sessões de psicodrama e um júri simulado de um caso fictício. O caso é inspirado na história real de Ñasaindy – cujos pais, guerrilheiros, foram entregues para morrer pelo então namorado de sua mãe, o infame Cabo Anselmo – e por uma apropriação da trilogia Oréstia (de 458 a.C.), de Ésquilo. A tragédia esquiliana, conforme os letreiros iniciais do filme, encena “o primeiro júri popular de que se tem notícia” e “representa um marco civilizatório na cultural ocidental”. Contudo, o desenrolar do documentário se afasta de qualquer leitura teleológica da Oréstia ou da história recente do Brasil como uma jornada tortuosa da barbárie em direção à legalidade civil. O angustiante final nos deixa um convite, ou mais do que isso, uma intimação a pensar e tomar partido a respeito dos dilemas apresentados sobre justiça e democracia. Se a tragédia de Ésquilo ainda “pressupõe a fé numa ordem justa e grandiosa do mundo e sem esta ordem resulta inconcebível” (LESKY, 1996, p. 139), como sugerem alguns autores, Orestes encara um mundo em que o arcaico impulso de vingança não pode ser nunca destacado de todo do próprio movimento civilizatório. Não podemos deixar de nos ver incluídos; não há um campo exterior ao que Freud chamou de “o mal-estar da civilização”. Na suspensão do que seria uma teodicéia do Direito, o filme encontra a sua medida propriamente trágica. Para que se possa refletir de modo prudente sobre a necessidade da justiça, e daí pensar a nós mesmos enquanto sociedade, é preciso atravessar um abismo de sofrimento – como na história de Ñasaindy e também nas histórias mais recentes dos pais que tiveram os filhos assassinados pela Polícia Militar. Como nota uma das participantes do psicodrama: “você não consegue entrar tão profundamente na dor do outro”. É preciso passar da lição do sofrimento ao desejo, pois, como canta o coro na primeira parte da Oréstia, “só o desejo ensina”.

    O propósito da apresentação é chegar a Orestes através de sua relação ambivalente com Ésquilo, que aparece tanto como um “marco civilizatório” quanto como matéria trágica em que a fé democrática se suspende. Na revista eletrônica Cinética, o crítico Victor Guimarães (2016) sustenta, a meu ver com razão, que “de mote fundamental, a Oréstia se converte em obsessão que paira sobre o filme, mas não chega a incendiá-lo por dentro”. Mas não julgo acertado dizer, como afirma o crítico, que “a adesão ao texto é por demais imediata e pouco reflexiva”. Na recusa em traçar relações mais elaboradas em relação à Oréstia, o documentário possibilita associações mais frias e subterrâneas, que dizem respeito não apenas às obras, como também às condições históricas em que foram produzidas. Para dar a ver melhor tais associações, tecerei algumas relações, privilegiando aspectos formais, a respeito da lei arcaica, do tribunal, do coro e do herói trágico.

Bibliografia

    ADORNO, Theodor; HORKHEIMER, Max. Dialética do esclarecimento. Rio de Janeiro: Zahar, 2006.

    COSTA, Alexandre; PESSOA, Patrick. Oréstia (adaptação dramática). São Paulo: Giostri, 2013.

    ÉSQUILO. Agamêmnon. Estudo e Trad. Jaa Torrano. São Paulo: Iluminuras/FAPESP, 2004a. (Col. Dionisias; Oresteia: 1).

    ______. Coéforas. Estudo e Trad. Jaa Torrano. São Paulo: Iluminuras/FAPESP, 2004b. (Col. Dionisias; Oresteia: 2).

    ______. Eumênides. Estudo e Trad. Jaa Torrano. São Paulo: Iluminuras/FAPESP, 2004c. (Col. Dionisias; Oresteia: 3).

    FREUD, Sigmund. O mal-estar na civilização. São Paulo: Penguin Classics Companhia das Letras, 2011.

    GUIMARÃES, Victor. “Da necessidade das fricções”. Em: Revista Cinética. Disponível em: revistacinetica.com.br/home/orestes-de-rodrigo-siqueira-brasil-2015. Acesso em 15 de abril de 2019.

    LESKY, Albin. A tragédia grega. São Paulo: Perspectiva, 1996.

    TELES, Edson; SAFATLE, Vladimir (Orgs.). O que resta da ditadura: a exceção brasileira. São Paulo: Boitempo, 2010.

O livro “XXII SOCINE: 50 anos do maio de 68”, organizado por Lisandro Nogueira e Cleomar Rocha já está disponível para download em nosso site. A obra é composta de 11 artigos que lidam com a temática do maio de 68 pela perspectiva do cinema, que foi o tema do XXII Encontro SOCINE realizado em Goiânia, em 2018. De acordo com os organizadores, “Não há dúvidas de que o tema foi, é, e será sempre instigante, ainda mais aos olhos de muitos que (sobre)viveram (a)os tempos de 68, especialmente no Brasil, e que durante o evento debateram e refletiram sobre o legado de tão importante período da história mundial para a contemporaneidade. Na presente coletânea de textos procuramos demonstrar um pouquinho do que foi a XXII SOCINE, bastante eclética, mas que correspondeu muito bem à chamada para trazer a reflexão dos acontecimentos políticos, sociais, culturais e artísticos do ano de 1968”. O livro leva o selo editorial da SOCINE e ficará disponível em nosso site para download na seção Livros.

XXII Socine 50 anos de maio de 68
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Tema do XXII encontro da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE): “herança do maio de 1968 do ponto de vista do cinema, das novas redes de comunicação digital e da televisão”.

A Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE) repudia veementemente as manifestações recentes do governo federal contrárias a disciplinas das Humanidades como Filosofia ou Sociologia. Tais manifestações se constituem como ameaças inaceitáveis a áreas de conhecimento fundamentais que já convivem há anos com espaço reduzido nas políticas de financiamento de ensino e pesquisa no país.

A SOCINE considera que tais manifestações, além de desconhecerem a centralidade das Humanidades na construção da cidadania e no desenvolvimento do país, demonstram uma completa ausência de um projeto sério de educação e ciência.

Por isso, a SOCINE também assina a nota de repudio redigida pela ANPOF, disponível em:
http://www.anpof.org/portal/index.php/pt-BR/artigos-em-destaque/2075-nota-de-repudio-a-declaracoes-do-ministro-da-educacao-e-do-presidente-da-republica-sobre-as-faculdades-de-humanidades-nomeadamente-filosofia-e-sociologia

Diretoria SOCINE

Encerrou-se na última sexta, 19/04, o pagamento da anuidade e a submissão de trabalhos para o XXIII Encontro SOCINE que acontecerá de 08 a 11 de outubro na Unisinos, em Porto Alegre, RS. As propostas entram agora em período de avaliação e a divulgação dos trabalhos selecionados está prevista para o dia 10/06/2019.

Num momento em que a pesquisa brasileira sofre cortes, a SOCINE tem buscado reagir às dificuldades postas a toda área, implementando descontos a profissionais sem vínculo, criando novas formas de desligamento que possibilitam uma economia aos sócios e diminuindo a quantidade de anuidades atrasadas a serem pagas. Além disso, a escolha do tema deste ano levou em consideração a necessidade de refletirmos sobre preservação e memória audiovisual num período como este que vivemos. Por tudo isto, nos anima o fato do Encontro deste ano ter registrado o maior número de trabalhos submetidos nos últimos dez anos, totalizando 595 propostas enviadas. Em momentos de dificuldades como estes que o fortalecimento de nossa Sociedade e Encontro se faz cada vez mais importante e por isso, agradecemos a todas e todos que inscreveram seus trabalhos. Faremos mais um instigante e afetuoso Encontro, dessa vez em Porto Alegre.

Para finalizar, gostaríamos de informar aos sócios que não pagaram a anuidade, que é possível realizar o pagamento normalmente pelo sistema durante todo o ano. Para aqueles que buscam economizar, pode-se optar pelo Desligamento Parcial, que gera um desconto de 50% no valor da anuidade.

Para pagar e submeter os trabalhos é necessário que o sócio já cadastrado na Sociedade acesse nosso site socine.org.br e coloque seu CPF e sua senha no PAINEL DO ASSOCIADO.

Estando logado em nosso sistema, o sócio deverá clicar em MINHA CONTA e em seguida DADOS DE PAGAMENTO. Vai aparecer uma tela com o Histórico de pagamentos e ao lado Instruções de pagamento, onde é feito o processo via Paypal. Assim que o pagamento é realizado, aparece escrito PAGO no Histórico na coluna Anuidade 2019. Com isso é possível submeter o trabalho em seguida.

Para submeter a proposta de comunicação, você deve clicar em ENCONTROe em seguida INSCRIÇÃO. Abrirá uma tela com a explicação sobre cada uma das 4 modalidades e ao lado em Minha proposta você encontra os botões com as modalidades para se inscrever nelas. Você irá clicar naquela que você gostaria de enviar seu trabalho e preencher os campos. Depois de enviar a proposta você ainda pode edita-la até o encerramento do prazo. Após isso, a proposta entra em avaliação e não pode ser mais modificada.

Qualquer dúvida sobre o processo, entre em contato com a Secretaria pelo e-mail socine@socine.org.br