O XXIII Encontro SOCINE acontecerá na Unisinos, em Porto Alegre, de 08 a 11 de outubro de 2019.

A lista dos trabalhos aprovados pode ser acessada aqui. Os associados também podem checar a avaliação final de seus trabalhos pela sua área de associado.

Todos os aprovados precisam realizar o pagamento dentro do prazo para que sua participação seja confirmada. Os valores, após o primeiro prazo, terão acréscimos. O pagamento deverá ser feito pela área do associado, via Paypal.

Primeiro prazo: 10 de junho a 12 de julho – R$190,00 (profissionais) / R$95,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Segundo prazo: 15 de julho a 26 de julho – R$220,00 (profissionais) / R$110,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Prazo final: 29 de julho a 02 de agosto – R$260,00 (profissionais) / R$130,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)

Tendo qualquer dúvida ou dificuldade, favor contatar a secretaria no e-mail socine@socine.org.br.

Ficha do Proponente

Proponente

    Carolina Soares Pires (USP)

Minicurrículo

    Carolina Soares Pires é pesquisadora e crítica de cinema, doutoranda em Meios e Processos Audiovisuais na ECA-USP e trabalha como diretora e diretora de fotografia.

Ficha do Trabalho

Título

    Capitu: memória, desejo e espectatorialidade

Resumo

    O presente trabalho explora os territórios da memória, do desejo e da espectatorialidade em Capitu (2008), com base em um modelo de análise figural, proposto por Jean-François Lyotard e posteriormente adaptado e expandido para o campo específico da análise fílmica por autores como Philippe Duboi. A análise busca compreender as relações dos espaços sensoriais com os corpos, o movimento e a transparência e como a composição das imagens se faz correlata a uma composição pictórica.

Resumo expandido

    Neste trabalho delineia-se um caminho de análise da minissérie Capitu (2008), dirigida por Luiz Fernando Carvalho, destacando elementos de algumas sequências do primeiro episódio, com base na abordagem figural e também calcada nas figuras da multiplicidade espacial da imagem propostas por Philippe Dubois. A análise detém-se na multiplicidade de sobreposições no campo da imagem e também nas configurações que se dão por meio do uso da transparência. Observa-se, em princípio, dois dos regimes da estética da transparência nesse episódio: o regime decorativo e o regime interativo. Em Capitu, o espaço que as personagens habitam é uma imagem-espaço repleta de transparências e espaços sensoriais, que representam corpos, desejos e memórias, em que domina a matriz fantasmática ancorada no desejo. Sendo o espaço figural o locus onde impera o sensível, busca-se a identificação e compreensão dos elementos que formam a dimensão sensível dessas imagens.
    Caracteriza a obra de Luiz Fernando Carvalho o elaborado amálgama de diferentes artes que o diretor cria em suas produções. Seu modo particular de explorar a imbricação das linguagens do cinema, teatro, ópera, dança, artes plásticas e literatura, culmina em produtos audiovisuais sui generis. Carvalho trabalha nos espaços de fronteira, incorporando elementos das várias artes, criando obras que se movem sempre em zonas de intersecção. O resultado final de seu trabalho, carrega em si essa multiplicidade de referências, de tal modo, que assistir a uma produção sua evoca a experiência de assistir a uma peça ou ver um quadro pintado. Em última instância, o cinema de Luiz Fernando é um cinema da sensação. Em toda a obra de Carvalho, a imagem cinematográfica figura como um prolongamento, uma evolução da imagem pictórica.
    Em Capitu configura-se esse amálgama. A justaposição de elementos de variadas linguagens artísticas culmina em sequências altamente sensoriais e poéticas, intercaladas por sequências em que predomina a função narrativa. O narrador, que equivale ao narrador em primeira-pessoa do romance, Bento (ou Dom Casmurro), materializa-se no campo da imagem e narra sua história para a câmera, num cenário operístico. Esse narrador, ao invocar suas memórias, passa a vê-las materializadas e faz-se espectador da história que ele próprio relata. Ao recusar o clássico recurso do flashback, Carvalho segue um caminho antirrealista, onde a memória não é apenas memória, mas uma memória-presença. Passado e presente convergem, deformando o espaço-tempo realista, constituindo um outro espaço de interação, e, assim, realizando – físicamente – o desejo de Dom Casmurro de “atar as duas pontas da vida” (as mãos do Bento-narrador e do Bentinho criança unem-se, atando os corpos do passado e do presente). A mise-en-scène de Capitu funciona nessa dinâmica de corpos do “presente” e do “passado” habitando o mesmo espaço. As lógicas da memória e da espectatorialidade se fazem presentes em Capitu, exemplo de obra em que a memória tem um sentido não de registro, mas de criação e recriação, sendo o cinema pensado, nesse caso, não como meio de reconstrução de acontecimentos e, sim, como relação com a imagem como meio de construção de memória.
    Em Capitu, o espaço da memória é o espaço do desejo, muitas vezes recalcado. Memória e desejo misturam-se e dão forma à imagem. E, nas imagens regidas pela lógica do desejo (sequências poéticas), a câmera tende a buscar texturas, abstrações imagéticas, a materialidade dos espaços físicos. A composição dessas imagens é quase pictórica, com a mise-en-scène funcionando em uma dinâmica que serve a um duplo propósito: pictórico e sensorial. Em Capitu, memória, desejo e espectatorialidade se sobrepõem e se imbricam, gerando espaços sensoriais. A composição da imagem segue uma lógica pictórica, não só por aproximações com obras e movimentos artísticos, mas pela própria natureza do gesto de criação das imagens pelo diretor, que se configura como um gesto pictórico.

Bibliografia

    BELLOUR, Raimond. Entre-imagens: foto, cinema, vídeo. Campinas: Papirus, 1997.

    BRENEZ, Nicole. De la figure en générale et du corps en particulier. L’invention figurative au cinéma. Paris: De Boeck Université, 1998.

    CHARNEY, Leo. Num Instante: o cinema e a filosofia da modernidade. In: CHARNEY, Leo; SCHWARTZ, Vanessa R. (Org.). O cinema e a invenção da vida moderna. São Paulo: Cosac Naify, 2004. p. 317-336.

    DELEUZE, Gilles. A imagem-tempo. São Paulo: Brasiliense, 2005.

    DUBOIS, Philippe. L’écriture figurale dans le cinéma muet des années 20. In: Figure, Figural, sous la direction de François Aubral et Dominique Chateau, 245-273. Paris : L’Harmattan, 1999.

    DUBOIS, Philippe. La tempête et la matière-temps, ou le sublime et le figural dans l’œuvre de Jean Epstein. In: Jean Epstein, cinéaste, poète, philosophe, sous la direction de Jacques Aumont, 267-323. Paris : Cinémathèque Française, 1998.

    LYOTARD, Jean-François. Discours, Figure. Paris: Klincksieck, 1971.

O livro “XXII SOCINE: 50 anos do maio de 68”, organizado por Lisandro Nogueira e Cleomar Rocha já está disponível para download em nosso site. A obra é composta de 11 artigos que lidam com a temática do maio de 68 pela perspectiva do cinema, que foi o tema do XXII Encontro SOCINE realizado em Goiânia, em 2018. De acordo com os organizadores, “Não há dúvidas de que o tema foi, é, e será sempre instigante, ainda mais aos olhos de muitos que (sobre)viveram (a)os tempos de 68, especialmente no Brasil, e que durante o evento debateram e refletiram sobre o legado de tão importante período da história mundial para a contemporaneidade. Na presente coletânea de textos procuramos demonstrar um pouquinho do que foi a XXII SOCINE, bastante eclética, mas que correspondeu muito bem à chamada para trazer a reflexão dos acontecimentos políticos, sociais, culturais e artísticos do ano de 1968”. O livro leva o selo editorial da SOCINE e ficará disponível em nosso site para download na seção Livros.

XXII Socine 50 anos de maio de 68
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Tema do XXII encontro da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE): “herança do maio de 1968 do ponto de vista do cinema, das novas redes de comunicação digital e da televisão”.

A Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE) repudia veementemente as manifestações recentes do governo federal contrárias a disciplinas das Humanidades como Filosofia ou Sociologia. Tais manifestações se constituem como ameaças inaceitáveis a áreas de conhecimento fundamentais que já convivem há anos com espaço reduzido nas políticas de financiamento de ensino e pesquisa no país.

A SOCINE considera que tais manifestações, além de desconhecerem a centralidade das Humanidades na construção da cidadania e no desenvolvimento do país, demonstram uma completa ausência de um projeto sério de educação e ciência.

Por isso, a SOCINE também assina a nota de repudio redigida pela ANPOF, disponível em:
http://www.anpof.org/portal/index.php/pt-BR/artigos-em-destaque/2075-nota-de-repudio-a-declaracoes-do-ministro-da-educacao-e-do-presidente-da-republica-sobre-as-faculdades-de-humanidades-nomeadamente-filosofia-e-sociologia

Diretoria SOCINE

Encerrou-se na última sexta, 19/04, o pagamento da anuidade e a submissão de trabalhos para o XXIII Encontro SOCINE que acontecerá de 08 a 11 de outubro na Unisinos, em Porto Alegre, RS. As propostas entram agora em período de avaliação e a divulgação dos trabalhos selecionados está prevista para o dia 10/06/2019.

Num momento em que a pesquisa brasileira sofre cortes, a SOCINE tem buscado reagir às dificuldades postas a toda área, implementando descontos a profissionais sem vínculo, criando novas formas de desligamento que possibilitam uma economia aos sócios e diminuindo a quantidade de anuidades atrasadas a serem pagas. Além disso, a escolha do tema deste ano levou em consideração a necessidade de refletirmos sobre preservação e memória audiovisual num período como este que vivemos. Por tudo isto, nos anima o fato do Encontro deste ano ter registrado o maior número de trabalhos submetidos nos últimos dez anos, totalizando 595 propostas enviadas. Em momentos de dificuldades como estes que o fortalecimento de nossa Sociedade e Encontro se faz cada vez mais importante e por isso, agradecemos a todas e todos que inscreveram seus trabalhos. Faremos mais um instigante e afetuoso Encontro, dessa vez em Porto Alegre.

Para finalizar, gostaríamos de informar aos sócios que não pagaram a anuidade, que é possível realizar o pagamento normalmente pelo sistema durante todo o ano. Para aqueles que buscam economizar, pode-se optar pelo Desligamento Parcial, que gera um desconto de 50% no valor da anuidade.

Para pagar e submeter os trabalhos é necessário que o sócio já cadastrado na Sociedade acesse nosso site socine.org.br e coloque seu CPF e sua senha no PAINEL DO ASSOCIADO.

Estando logado em nosso sistema, o sócio deverá clicar em MINHA CONTA e em seguida DADOS DE PAGAMENTO. Vai aparecer uma tela com o Histórico de pagamentos e ao lado Instruções de pagamento, onde é feito o processo via Paypal. Assim que o pagamento é realizado, aparece escrito PAGO no Histórico na coluna Anuidade 2019. Com isso é possível submeter o trabalho em seguida.

Para submeter a proposta de comunicação, você deve clicar em ENCONTROe em seguida INSCRIÇÃO. Abrirá uma tela com a explicação sobre cada uma das 4 modalidades e ao lado em Minha proposta você encontra os botões com as modalidades para se inscrever nelas. Você irá clicar naquela que você gostaria de enviar seu trabalho e preencher os campos. Depois de enviar a proposta você ainda pode edita-la até o encerramento do prazo. Após isso, a proposta entra em avaliação e não pode ser mais modificada.

Qualquer dúvida sobre o processo, entre em contato com a Secretaria pelo e-mail socine@socine.org.br