O XXIII Encontro SOCINE acontecerá na Unisinos, em Porto Alegre, de 08 a 11 de outubro de 2019.

A lista dos trabalhos aprovados pode ser acessada aqui. Os associados também podem checar a avaliação final de seus trabalhos pela sua área de associado.

Todos os aprovados precisam realizar o pagamento dentro do prazo para que sua participação seja confirmada. Os valores, após o primeiro prazo, terão acréscimos. O pagamento deverá ser feito pela área do associado, via Paypal.

Primeiro prazo: 10 de junho a 12 de julho – R$190,00 (profissionais) / R$95,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Segundo prazo: 15 de julho a 26 de julho – R$220,00 (profissionais) / R$110,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Prazo final: 29 de julho a 02 de agosto – R$260,00 (profissionais) / R$130,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)

Tendo qualquer dúvida ou dificuldade, favor contatar a secretaria no e-mail socine@socine.org.br.

Ficha do Proponente

Proponente

    Bruno Leites (UFRGS)

Minicurrículo

    Bruno Leites é docente na FABICO/UFRGS. Doutor em “Comunicação e Informação” pela mesma instituição com a tese “Quando a imagem faz sintoma: imagem-pulsão e neonaturalismo no cinema brasileiro dos anos 2000”. Entre 2014 e 2015 realizou estágio doutoral no IRCAV, Sorbonne Nouvelle – Paris 3. Foi docente na área de cinema e audiovisual na UFPel e no IFRS. Tem uma dezena de artigos sobre imagem e cinema brasileiro dos anos 2000 em publicações nacionais.

Ficha do Trabalho

Título

    Tempo e naturalismo em Nada levarei qundo morrer, de Miguel Rio Branco

Seminário

    Teoria dos Cineastas

Resumo

    Esta comunicação problematiza o tratamento do tempo em “Nada levarei qundo morrer: aqueles que mim deve cobrarei no inferno”, de Miguel Rio Branco, em perspectiva comparada com as fotografias da série de mesmo título. Evidentemente, às fotografias não faltam brutalidade, animalização, excessos e intenção narrativa. No entanto, é na matéria audiovisual que Rio Branco encontra a expressão que o aproxima mais das premissas naturalistas, notadamente pelo poder de trabalhar o tempo entrópico

Resumo expandido

    Recentemente, uma obra-chave de Miguel Rio Branco foi revisitada, ganhando exposição individual no MASP e espaço na galeria permanente do artista no Instituto Inhotim: trata-se da série de fotografias feitas no final dos anos 1970 no bairro Maciel, em Salvador. No mesmo contexto deste trabalho, Rio Branco realizou o curta “Nada levarei qundo morrer: aqueles que mim deve cobrarei no inferno”, feito com uma mistura de imagens em movimento com imagens estáticas.
    Desde a perspectiva desta comunicação, interessa o filme de Rio Branco sobretudo pela relação que estabelece com a estética naturalista, presente também em certos filmes que atualizaram essa tradição no cinema brasileiro pós-2000, tais como “Contra Todos”, “Amarelo Manga”, “Baixio das Bestas”, “Latitude Zero”, “O cheiro do ralo”, “Árido movie” e “Deserto Feliz”.
    Particularmente, esta comunicação problematiza o tratamento do tempo no filme de Rio Branco. Conforme destacam autores que se dedicaram à pesquisa sobre estética naturalista, ela é inseparável de uma teoria do tempo. O tempo no naturalismo é uma força que inapelavelmente conduz à degradação. Por isso, a sua relação com a pulsão de morte (Deleuze, 1985), com a entropia (Baguley, 1990) e com a tragédia (Chevrel, 1993).
    A materialização em obra deste tempo de entropia e de pulsão de morte está frequentemente associada a um fluxo de acontecimentos em uma narrativa. É a sequencialidade que mostra a negatividade do tempo, uma linha de maior inclinação rumo à desintegração da matéria. Na série de fotografias de “Nada levarei qundo morrer”, Rio Branco procura explorar a narratividade em fotografias unitárias. No filme de mesmo nome, a estratégia é ainda mais intensa.
    O filme é composto por cinco sequências. A primeira é de ambientação no espaço e apresentação dos personagens, inclusive por meio de retratos estáticos e com movimento. São imagens externas que se ocupam de uma certa dignidade na miséria (a família, o trabalho, o cuidado com a aparência). Todas as sequências que se seguem vão progressivamente ocupando os interiores e entrando nas intimidades. A terceira sequência é dedicada às brigas e à exposição de inúmeras cicatrizes em primeiro plano, como marca do tempo entrópico transcorrido. Destaca-se, também, a intensificação das metáforas animalescas, com a associação de personagens com cães, galos de rinha e uma cobra. Os cães e as peles de personagens, na primeira sequência, eram lisos e sadios, mas agora têm interesse por conta de suas sarnas e cicatrizes.
    Para introduzir a sequência final, Rio Branco move a câmera bruscamente e enquadra em primeiro plano o olhar de uma mulher que acaba de fazer sexo com um homem. Em seguida, faz um corte igualmente brusco para o interior de uma igreja. O corte corresponde a uma imersão na interioridade da mulher ou a uma projeção da sua interioridade. O ritmo das imagens e dos movimentos de câmera fica mais frenético. Passamos a ver as imagens ardentes de igrejas e de corpos em chamas, é um mundo paralelo, subterrâneo e terrível, que consome corpos e espaços. Para encerrar, quatro fotografias com iluminação contrastada e uma escuridão que avança sobre os rostos de mulheres com olhares angustiados.
    Evidentemente, às fotografias de “Nada levarei qundo morrer” não faltam brutalidade, animalização, excessos e uma intenção narrativa, características estas típicas do naturalismo. No entanto, é na matéria audiovisual que Rio Branco encontra a forma de expressão que o aproxima mais das premissas naturalistas, notadamente pelo poder de trabalhar o tempo entrópico. Do ponto de vista do naturalismo, fotografia e audiovisual mostram potenciais distintos devido ao tipo de temporalidade que constroem na imagem. Do ponto de vista do cinema brasileiro, penso que esta obra de Rio Branco pode ser compreendida como referência em uma tradição que também inclui filmes do início dos anos 2000, já citados anteriormente.

Bibliografia

    BAGULEY, David. Naturalist fiction: the entropic vision. Cambridge: Cambridge University Press, 1990.
    CHEVREL, Yves. Le naturalisme: étude d’un movement littéraire international. Paris: PUF, 1993.
    DELEUZE, Gilles. A imagem-movimento. São Paulo: Brasiliense, 1985.
    FARIA, João Roberto; GUINSBURG, Jacob (orgs.). O naturalismo. São Paulo: Perspectiva, 2017.
    NEWLIN, Keith. Introduction: The naturalistic imagination and the aesthetics of excess. In: NEWLIN, Keith (org.) The Oxford Handbook of American Literary Naturalism. New York: Oxford University Press, 2011.
    RIO BRANCO, Miguel. Nada levarei qundo morrer. São Paulo: MASP, 2017.
    RIO BRANCO, Miguel. Silent book. São Paulo: Cosac Naify, 1998.

O livro “XXII SOCINE: 50 anos do maio de 68”, organizado por Lisandro Nogueira e Cleomar Rocha já está disponível para download em nosso site. A obra é composta de 11 artigos que lidam com a temática do maio de 68 pela perspectiva do cinema, que foi o tema do XXII Encontro SOCINE realizado em Goiânia, em 2018. De acordo com os organizadores, “Não há dúvidas de que o tema foi, é, e será sempre instigante, ainda mais aos olhos de muitos que (sobre)viveram (a)os tempos de 68, especialmente no Brasil, e que durante o evento debateram e refletiram sobre o legado de tão importante período da história mundial para a contemporaneidade. Na presente coletânea de textos procuramos demonstrar um pouquinho do que foi a XXII SOCINE, bastante eclética, mas que correspondeu muito bem à chamada para trazer a reflexão dos acontecimentos políticos, sociais, culturais e artísticos do ano de 1968”. O livro leva o selo editorial da SOCINE e ficará disponível em nosso site para download na seção Livros.

XXII Socine 50 anos de maio de 68
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Tema do XXII encontro da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE): “herança do maio de 1968 do ponto de vista do cinema, das novas redes de comunicação digital e da televisão”.

A Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE) repudia veementemente as manifestações recentes do governo federal contrárias a disciplinas das Humanidades como Filosofia ou Sociologia. Tais manifestações se constituem como ameaças inaceitáveis a áreas de conhecimento fundamentais que já convivem há anos com espaço reduzido nas políticas de financiamento de ensino e pesquisa no país.

A SOCINE considera que tais manifestações, além de desconhecerem a centralidade das Humanidades na construção da cidadania e no desenvolvimento do país, demonstram uma completa ausência de um projeto sério de educação e ciência.

Por isso, a SOCINE também assina a nota de repudio redigida pela ANPOF, disponível em:
http://www.anpof.org/portal/index.php/pt-BR/artigos-em-destaque/2075-nota-de-repudio-a-declaracoes-do-ministro-da-educacao-e-do-presidente-da-republica-sobre-as-faculdades-de-humanidades-nomeadamente-filosofia-e-sociologia

Diretoria SOCINE

Encerrou-se na última sexta, 19/04, o pagamento da anuidade e a submissão de trabalhos para o XXIII Encontro SOCINE que acontecerá de 08 a 11 de outubro na Unisinos, em Porto Alegre, RS. As propostas entram agora em período de avaliação e a divulgação dos trabalhos selecionados está prevista para o dia 10/06/2019.

Num momento em que a pesquisa brasileira sofre cortes, a SOCINE tem buscado reagir às dificuldades postas a toda área, implementando descontos a profissionais sem vínculo, criando novas formas de desligamento que possibilitam uma economia aos sócios e diminuindo a quantidade de anuidades atrasadas a serem pagas. Além disso, a escolha do tema deste ano levou em consideração a necessidade de refletirmos sobre preservação e memória audiovisual num período como este que vivemos. Por tudo isto, nos anima o fato do Encontro deste ano ter registrado o maior número de trabalhos submetidos nos últimos dez anos, totalizando 595 propostas enviadas. Em momentos de dificuldades como estes que o fortalecimento de nossa Sociedade e Encontro se faz cada vez mais importante e por isso, agradecemos a todas e todos que inscreveram seus trabalhos. Faremos mais um instigante e afetuoso Encontro, dessa vez em Porto Alegre.

Para finalizar, gostaríamos de informar aos sócios que não pagaram a anuidade, que é possível realizar o pagamento normalmente pelo sistema durante todo o ano. Para aqueles que buscam economizar, pode-se optar pelo Desligamento Parcial, que gera um desconto de 50% no valor da anuidade.

Para pagar e submeter os trabalhos é necessário que o sócio já cadastrado na Sociedade acesse nosso site socine.org.br e coloque seu CPF e sua senha no PAINEL DO ASSOCIADO.

Estando logado em nosso sistema, o sócio deverá clicar em MINHA CONTA e em seguida DADOS DE PAGAMENTO. Vai aparecer uma tela com o Histórico de pagamentos e ao lado Instruções de pagamento, onde é feito o processo via Paypal. Assim que o pagamento é realizado, aparece escrito PAGO no Histórico na coluna Anuidade 2019. Com isso é possível submeter o trabalho em seguida.

Para submeter a proposta de comunicação, você deve clicar em ENCONTROe em seguida INSCRIÇÃO. Abrirá uma tela com a explicação sobre cada uma das 4 modalidades e ao lado em Minha proposta você encontra os botões com as modalidades para se inscrever nelas. Você irá clicar naquela que você gostaria de enviar seu trabalho e preencher os campos. Depois de enviar a proposta você ainda pode edita-la até o encerramento do prazo. Após isso, a proposta entra em avaliação e não pode ser mais modificada.

Qualquer dúvida sobre o processo, entre em contato com a Secretaria pelo e-mail socine@socine.org.br