O XXIII Encontro SOCINE acontecerá na Unisinos, em Porto Alegre, de 08 a 11 de outubro de 2019.

A lista dos trabalhos aprovados pode ser acessada aqui. Os associados também podem checar a avaliação final de seus trabalhos pela sua área de associado.

Todos os aprovados precisam realizar o pagamento dentro do prazo para que sua participação seja confirmada. Os valores, após o primeiro prazo, terão acréscimos. O pagamento deverá ser feito pela área do associado, via Paypal.

Primeiro prazo: 10 de junho a 12 de julho – R$190,00 (profissionais) / R$95,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Segundo prazo: 15 de julho a 26 de julho – R$220,00 (profissionais) / R$110,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Prazo final: 29 de julho a 02 de agosto – R$260,00 (profissionais) / R$130,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)

Tendo qualquer dúvida ou dificuldade, favor contatar a secretaria no e-mail socine@socine.org.br.

Ficha do Proponente

Proponente

    Reinaldo Cardenuto Filho (UFF)

Minicurrículo

    Reinaldo Cardenuto é Professor Adjunto do Departamento de Cinema e Vídeo da Universidade Federal Fluminense (UFF) e possui doutorado em Meios e Processos Audiovisuais (ECA-USP). Dentre suas últimas publicações, destaca-se o artigo “Mais humor, menos política: uma certa tendência no drama contemporâneo brasileiro” (2016, revista Varia história). Em 2016, dirigiu o documentário “Entre imagens (intervalos)” e organizou o livro “Antonio Benetazzo, permanências do sensível” (Imprensa Oficial).

Ficha do Trabalho

Título

    Brasil sem escuta: reações do documentário à intolerância conservadora

Seminário

    Cinema brasileiro contemporâneo: política, estética, invenção

Resumo

    O objetivo da comunicação é analisar alguns documentários brasileiros contemporâneos, todos em diálogo com heranças do cinema de observação, nos quais percebe-se uma abertura ao saber popular como aprendizado crítico do Brasil. Por meio das ideias que Paulo Freire desenvolve no livro Pedagogia da autonomia, pretende-se defender a hipótese de que tal documentarismo reage, por meio do exercício da escuta, à crescente incapacidade conservadora de lidar com as diferenças culturais e políticas.

Resumo expandido

    No livro Pedagogia da autonomia, Paulo Freire propõe o “encontro” como prática educacional. Com o compromisso de ampliar processos democráticos no interior da sala de aula, evitando uma educação autoritária, o ambiente escolar deve se abrir à participação dos estudantes no desenvolvimento pedagógico. Em oposição ao ensino de cima para baixo, ao docente como voz inquestionável, Freire sugere a ativação dos discentes como espaço de saber. Incorporando a cultura e a sociabilidade dos educandos à sala de aula, como elementos que estabelecem mediações para o aprendizado, o professor consolida um ambiente democrático no qual transmite conhecimento sem deixar de lado as vivências existentes no corpo discente. Tal exercício de ajuste, no entanto, não deve diminuir o papel a ser assumido pelo educador. Ao aproximar-se do universo dos estudantes, tornando-os componente essencial da pedagogia, o docente deve reafirmar seu lugar como instância mobilizadora de reflexões críticas. Em seu livro, Freire convoca inúmeras vezes ao “encontro”: o processo educacional libertador é aquele no qual o discente mobiliza saberes e o professor, sem abdicar de seu papel mediador, organiza e sintetiza tais saberes para uma apreensão crítica do mundo.
    Dadas as devidas distâncias, o pressuposto “freiriano” do encontro parece ser aquilo que também anima uma série de documentários brasileiros realizados nos últimos anos. Estabelecendo diálogos com as heranças formais do cinema de observação, filmes contemporâneos vêm propondo um aprendizado crítico a partir da organização de materiais filmados com indivíduos provenientes das classes populares. Os depoimentos populares, assim como os registros observacionais de suas vidas, materializam-se como saber das vítimas do autoritarismo enraizado na constituição do país. É por meio de tal material, desse saber sobre o mundo, que cineastas de origens sociais diversas, trabalhando em conjunto com suas equipes técnicas, organizam montagens a propor leituras que desvelam diversidades culturais e estruturas de violência encontradas na sociedade brasileira. Embora não sejam professores, tais cineastas tornam-se pedagogos da autonomia, fazendo do exercício formal um lugar de “encontro” possível entre seus conhecimentos estéticos e os conhecimentos testemunhais provenientes da classe popular. Ainda que o dispositivo fílmico prossiga sobretudo nas mãos dos realizadores, o que gera embates políticos no campo das representações culturais e identitárias, tal soma de saberes, no viés do “encontro” freiriano, estimula no tempo presente um aprendizado acerca do país. Diversos documentários brasileiros recentes, na linha observacional, têm mobilizado fabulações e depoimentos que convidam à escuta sobre o universo popular. Em uma contemporaneidade na qual vivemos o naufrágio democrático, o “negacionismo” das opressões históricas e a incapacidade crônica de lidar com as diferenças, tal documentarismo abre-se como organização estético-pedagógica para uma escuta cultural e política das vítimas.
    Assim, no filme Modo de produção (2017), de Dea Ferraz, a câmera observacional reúne testemunhos de trabalhadores rurais acerca das inúmeras violências sofridas no campo. Já em Homem-peixe (2017), de Clarisse Alvarenga, o deslocamento de um camponês, que viaja para conhecer o mar, torna-se convite para conhecer aspectos culturais do Brasil profundo. Também é por esse caminho o aprendizado presente no documentário A rainha Nzinga chegou (2018), de Júnia Torres, no qual o exercício de escuta volta-se para uma liderança religiosa afro-brasileira em busca de suas origens identitárias na África. No caso de Parque oeste (2019), de Fabiana Assis, observar o popular em sua luta por moradia é adquirir um saber sobre o sistema de opressão que unifica interesses mesquinhos dos poderes públicos e privados. Reside em tal documentarismo, pelo viés do “encontro” freiriano e das heranças observacionais, uma escuta emergencial para o Brasil contemporâneo.

Bibliografia

    CARDENUTO, Reinaldo. O cinema político de Leon Hirszman (1976-1981): engajamento e resistência durante o regime militar brasileiro. Tese (Doutorado em Ciências) – Universidade de São Paulo. São Paulo, 2014.

    CHAUI, Marilena. Brasil: mito fundador e sociedade autoritária. São Paulo: Perseu Abramo, 2000.

    FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997.

    MBEMBE, Achille. Necropolítica. São Paulo: N-1 Edições, 2018.

O livro “XXII SOCINE: 50 anos do maio de 68”, organizado por Lisandro Nogueira e Cleomar Rocha já está disponível para download em nosso site. A obra é composta de 11 artigos que lidam com a temática do maio de 68 pela perspectiva do cinema, que foi o tema do XXII Encontro SOCINE realizado em Goiânia, em 2018. De acordo com os organizadores, “Não há dúvidas de que o tema foi, é, e será sempre instigante, ainda mais aos olhos de muitos que (sobre)viveram (a)os tempos de 68, especialmente no Brasil, e que durante o evento debateram e refletiram sobre o legado de tão importante período da história mundial para a contemporaneidade. Na presente coletânea de textos procuramos demonstrar um pouquinho do que foi a XXII SOCINE, bastante eclética, mas que correspondeu muito bem à chamada para trazer a reflexão dos acontecimentos políticos, sociais, culturais e artísticos do ano de 1968”. O livro leva o selo editorial da SOCINE e ficará disponível em nosso site para download na seção Livros.

XXII Socine 50 anos de maio de 68
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Tema do XXII encontro da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE): “herança do maio de 1968 do ponto de vista do cinema, das novas redes de comunicação digital e da televisão”.

A Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE) repudia veementemente as manifestações recentes do governo federal contrárias a disciplinas das Humanidades como Filosofia ou Sociologia. Tais manifestações se constituem como ameaças inaceitáveis a áreas de conhecimento fundamentais que já convivem há anos com espaço reduzido nas políticas de financiamento de ensino e pesquisa no país.

A SOCINE considera que tais manifestações, além de desconhecerem a centralidade das Humanidades na construção da cidadania e no desenvolvimento do país, demonstram uma completa ausência de um projeto sério de educação e ciência.

Por isso, a SOCINE também assina a nota de repudio redigida pela ANPOF, disponível em:
http://www.anpof.org/portal/index.php/pt-BR/artigos-em-destaque/2075-nota-de-repudio-a-declaracoes-do-ministro-da-educacao-e-do-presidente-da-republica-sobre-as-faculdades-de-humanidades-nomeadamente-filosofia-e-sociologia

Diretoria SOCINE

Encerrou-se na última sexta, 19/04, o pagamento da anuidade e a submissão de trabalhos para o XXIII Encontro SOCINE que acontecerá de 08 a 11 de outubro na Unisinos, em Porto Alegre, RS. As propostas entram agora em período de avaliação e a divulgação dos trabalhos selecionados está prevista para o dia 10/06/2019.

Num momento em que a pesquisa brasileira sofre cortes, a SOCINE tem buscado reagir às dificuldades postas a toda área, implementando descontos a profissionais sem vínculo, criando novas formas de desligamento que possibilitam uma economia aos sócios e diminuindo a quantidade de anuidades atrasadas a serem pagas. Além disso, a escolha do tema deste ano levou em consideração a necessidade de refletirmos sobre preservação e memória audiovisual num período como este que vivemos. Por tudo isto, nos anima o fato do Encontro deste ano ter registrado o maior número de trabalhos submetidos nos últimos dez anos, totalizando 595 propostas enviadas. Em momentos de dificuldades como estes que o fortalecimento de nossa Sociedade e Encontro se faz cada vez mais importante e por isso, agradecemos a todas e todos que inscreveram seus trabalhos. Faremos mais um instigante e afetuoso Encontro, dessa vez em Porto Alegre.

Para finalizar, gostaríamos de informar aos sócios que não pagaram a anuidade, que é possível realizar o pagamento normalmente pelo sistema durante todo o ano. Para aqueles que buscam economizar, pode-se optar pelo Desligamento Parcial, que gera um desconto de 50% no valor da anuidade.

Para pagar e submeter os trabalhos é necessário que o sócio já cadastrado na Sociedade acesse nosso site socine.org.br e coloque seu CPF e sua senha no PAINEL DO ASSOCIADO.

Estando logado em nosso sistema, o sócio deverá clicar em MINHA CONTA e em seguida DADOS DE PAGAMENTO. Vai aparecer uma tela com o Histórico de pagamentos e ao lado Instruções de pagamento, onde é feito o processo via Paypal. Assim que o pagamento é realizado, aparece escrito PAGO no Histórico na coluna Anuidade 2019. Com isso é possível submeter o trabalho em seguida.

Para submeter a proposta de comunicação, você deve clicar em ENCONTROe em seguida INSCRIÇÃO. Abrirá uma tela com a explicação sobre cada uma das 4 modalidades e ao lado em Minha proposta você encontra os botões com as modalidades para se inscrever nelas. Você irá clicar naquela que você gostaria de enviar seu trabalho e preencher os campos. Depois de enviar a proposta você ainda pode edita-la até o encerramento do prazo. Após isso, a proposta entra em avaliação e não pode ser mais modificada.

Qualquer dúvida sobre o processo, entre em contato com a Secretaria pelo e-mail socine@socine.org.br