O XXIII Encontro SOCINE acontecerá na Unisinos, em Porto Alegre, de 08 a 11 de outubro de 2019.

A lista dos trabalhos aprovados pode ser acessada aqui. Os associados também podem checar a avaliação final de seus trabalhos pela sua área de associado.

Todos os aprovados precisam realizar o pagamento dentro do prazo para que sua participação seja confirmada. Os valores, após o primeiro prazo, terão acréscimos. O pagamento deverá ser feito pela área do associado, via Paypal.

Primeiro prazo: 10 de junho a 12 de julho – R$190,00 (profissionais) / R$95,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Segundo prazo: 15 de julho a 26 de julho – R$220,00 (profissionais) / R$110,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Prazo final: 29 de julho a 02 de agosto – R$260,00 (profissionais) / R$130,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)

Tendo qualquer dúvida ou dificuldade, favor contatar a secretaria no e-mail socine@socine.org.br.

Ficha do Proponente

Proponente

    JOCIMAR SOARES DIAS JUNIOR (PPGCine-UFF)

Minicurrículo

    Jocimar Dias Jr. é doutorando pelo PPGCine-UFF, desenvolvendo pesquisa sobre releituras queer das chanchadas de Watson Macedo (orientação: Prof. João Luiz Vieira). No mestrado pelo PPGCOM-UFF, defendeu dissertação sobre os momentos musicais nos filmes de Theo Angelopoulos (orientação: Prof. Fernando Morais da Costa). Como realizador, dirigiu “Ensaio Sobre Minha Mãe” (2014).

Ficha do Trabalho

Título

    Temporalidade drag em Alegria de Viver (1958) de Watson Macedo

Seminário

    Corpo, gesto e atuação

Resumo

    Neste trabalho, buscaremos investigar certos códigos subculturais gays possivelmente articulados pelo cineasta homossexual Watson Macedo em suas chanchadas, particularmente através das “reincarnações” de Carmen Miranda no corpo da mocinha Eliana Macedo. A noção de temporalidade drag (FREEMAN, 2010) será invocada para pensar os interstícios entre performatividade queer, gênero e história, a partir de um curioso (e deslocado) número musical em Alegria de Viver (Watson Macedo, 1958).

Resumo expandido

    Nos filmes dirigidos por Watson Macedo, o que não faltam são números musicais extravagantes contendo personificações de Carmen Miranda, geralmente protagonizadas por Eliana Macedo, sua sobrinha e a mocinha por excelência das chanchadas. Um exemplo curioso aparece em Alegria de Viver (1958), quando Elizabeth (Eliana Macedo) e sua prima Margarida (Annabella) assistem um filme no cinema. Na tela, vemos a própria Eliana com o figurino de “baiana” cantando um pout-pourri de sambas (dentre eles “Disseram que voltei americanizada”) em um cenário de palco que lembra uma favela carioca, quase que simulando o retorno de Carmen para os morros, alguns anos após sua morte. Eliana assiste a si mesma, ao seu duplo na tela do cinema cantando, que por sua vez é o duplo de Carmen Miranda, num efeito de multiplas falsificações em um “número musical interrompido” ou “falhado” (HERZOG, 2010) que acaba abruptamente. Seria possível pensar tal sequência dentro do que poderíamos chamar de “trabalho gay” (TINKCOM, 2002) de um cineasta homossexual (no armário) como Macedo, que daria vazão a certos traços da subcultura gay da época através do corpo de Eliana que revive os trejeitos e a indumentária da “Pequena Notável”, como numa performance de drag queen póstuma?

    Para Shari Roberts, a figura de Carmen Miranda teria a potencialidade de gerar “leituras resistentes”, principalmente através do uso que fãs fizeram de sua imagem alegórica no contexto americano através da prática drag, lembrando que a “baiana” era a personagem mais imitada por drag queens nos shows do exército durante a II Guerra Mundial, tanto por soldados heterossexuais quanto gays (ROBERTS, 2002, p. 148). Fernando Balieiro (2014) retoma a argumentação de Roberts, levando em conta também casos brasileiros como o de Erick Barreto/Diana Finsk, uma drag queen famosa por suas interpretações da cantora, e que a personifica em passagens ficcionais de Bananas Is My Business (1995) de Helena Solberg.

    A persistência da figura de Carmen ainda em 1995 levanta questões não somente de transgressão sexual, mas também de reverberação temporal. Que tempo é esse da performance drag? É a pergunta que Elizabeth Freeman se coloca: “Finalmente, o que acontece se nós […] reconsiderarmos o drag, tão central para a teorização da mobilidade de identificação de gênero e do excesso visível que questiona o binarismo de gênero, como um fenômeno temporal? Como um excesso do significante ‘história’ ao invés de ‘mulher’ ou ‘homem’?” (FREEMAN, 2010, p. 62). A resposta elaborada pela autora vai em direção ao que seria uma transitoriedade temporal, cunhando a noção de temporalidade drag “com todas as associações que a palavra ‘drag’ tem com retrocesso, retardamento, e o empuxo do passado sobre o presente” (FREEMAN, 2010, p. 62).

    Mas de que forma a ideia de drag temporal pode ajudar a pensar o número musical de Alegria de Viver? Deslocada da narrativa, a sequência apresenta deliberadamente, se pensarmos nos termos de Freeman, um “tipo de brincadeira corporal com modelos ‘datados’ de gênero [que] realiza exatamente o tipo de travessia temporal que registra certa estranheza irredutível ao simples travestimento” (FREEMAN, 2010, p. 70-71). Eliana vestida como alguém que remete ao passado, através da citabilidade de normas de feminilidade consideradas ultrapassadas, poderia ser aproximada da performance drag enquanto alegoria, cujo trabalho primordial seria “construir e fazer circular algo como um mapa temporal corporificado, um armazém corpóreo para formas contingentes de ser e pertencer, um armário cheio de possibilidades de gênero” (idem). É essa capacidade de “reincarnar o passado perdido não dominante no presente e passá-lo para frente com uma diferença” (idem) que gostaríamos de investigar nos movimentos temporais contraditórios presentes nas reincarnações de Carmen Miranda (no corpo de Eliana) nos filmes de Watson Macedo, nos interstícios entre performatividade queer, gênero e história.

Bibliografia

    BALIEIRO, Fernando. “Seria Carmen Miranda uma Drag Queen? Uma Análise Queer da Trajetória e Recepção da Cantora e Entertainer Brasileira”. Revista Florestan, ano 1, n. 2, 2014.
    FREEMAN, Elizabeth. Time Binds: Queer Temporalities, Queer Histories. Durham: Duke University Press, 2010.
    HERZOG, Amy. Dreams of Difference, Songs of the Same: The Musical Moment in Film. Minnesota: University of Minnesota Press, 2010.
    NAGIME, Mateus. Em busca das origens de um cinema queer no Brasil. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em Imagem e Som) – UFSCar, São Carlos, 2016.
    ROBERTS, Shari. “‘The Lady in the Tutti-Frutti Hat’: Carmen Miranda, a Spectacle of Ethnicity”. In: COHAN, Steven (ed.). Hollywood Musicals, The Film Reader. London: Routledge, 2002.
    TINKCOM, Matthew. “Working like a Homosexual: Camp visual codes and the labor of gay subjects in the MGM Freed Unit”. In: COHAN, Steven (ed.). Hollywood Musicals, The Film Reader. London, New York: Routledge, 2002.

O livro “XXII SOCINE: 50 anos do maio de 68”, organizado por Lisandro Nogueira e Cleomar Rocha já está disponível para download em nosso site. A obra é composta de 11 artigos que lidam com a temática do maio de 68 pela perspectiva do cinema, que foi o tema do XXII Encontro SOCINE realizado em Goiânia, em 2018. De acordo com os organizadores, “Não há dúvidas de que o tema foi, é, e será sempre instigante, ainda mais aos olhos de muitos que (sobre)viveram (a)os tempos de 68, especialmente no Brasil, e que durante o evento debateram e refletiram sobre o legado de tão importante período da história mundial para a contemporaneidade. Na presente coletânea de textos procuramos demonstrar um pouquinho do que foi a XXII SOCINE, bastante eclética, mas que correspondeu muito bem à chamada para trazer a reflexão dos acontecimentos políticos, sociais, culturais e artísticos do ano de 1968”. O livro leva o selo editorial da SOCINE e ficará disponível em nosso site para download na seção Livros.

XXII Socine 50 anos de maio de 68
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Tema do XXII encontro da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE): “herança do maio de 1968 do ponto de vista do cinema, das novas redes de comunicação digital e da televisão”.

A Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE) repudia veementemente as manifestações recentes do governo federal contrárias a disciplinas das Humanidades como Filosofia ou Sociologia. Tais manifestações se constituem como ameaças inaceitáveis a áreas de conhecimento fundamentais que já convivem há anos com espaço reduzido nas políticas de financiamento de ensino e pesquisa no país.

A SOCINE considera que tais manifestações, além de desconhecerem a centralidade das Humanidades na construção da cidadania e no desenvolvimento do país, demonstram uma completa ausência de um projeto sério de educação e ciência.

Por isso, a SOCINE também assina a nota de repudio redigida pela ANPOF, disponível em:
http://www.anpof.org/portal/index.php/pt-BR/artigos-em-destaque/2075-nota-de-repudio-a-declaracoes-do-ministro-da-educacao-e-do-presidente-da-republica-sobre-as-faculdades-de-humanidades-nomeadamente-filosofia-e-sociologia

Diretoria SOCINE

Encerrou-se na última sexta, 19/04, o pagamento da anuidade e a submissão de trabalhos para o XXIII Encontro SOCINE que acontecerá de 08 a 11 de outubro na Unisinos, em Porto Alegre, RS. As propostas entram agora em período de avaliação e a divulgação dos trabalhos selecionados está prevista para o dia 10/06/2019.

Num momento em que a pesquisa brasileira sofre cortes, a SOCINE tem buscado reagir às dificuldades postas a toda área, implementando descontos a profissionais sem vínculo, criando novas formas de desligamento que possibilitam uma economia aos sócios e diminuindo a quantidade de anuidades atrasadas a serem pagas. Além disso, a escolha do tema deste ano levou em consideração a necessidade de refletirmos sobre preservação e memória audiovisual num período como este que vivemos. Por tudo isto, nos anima o fato do Encontro deste ano ter registrado o maior número de trabalhos submetidos nos últimos dez anos, totalizando 595 propostas enviadas. Em momentos de dificuldades como estes que o fortalecimento de nossa Sociedade e Encontro se faz cada vez mais importante e por isso, agradecemos a todas e todos que inscreveram seus trabalhos. Faremos mais um instigante e afetuoso Encontro, dessa vez em Porto Alegre.

Para finalizar, gostaríamos de informar aos sócios que não pagaram a anuidade, que é possível realizar o pagamento normalmente pelo sistema durante todo o ano. Para aqueles que buscam economizar, pode-se optar pelo Desligamento Parcial, que gera um desconto de 50% no valor da anuidade.

Para pagar e submeter os trabalhos é necessário que o sócio já cadastrado na Sociedade acesse nosso site socine.org.br e coloque seu CPF e sua senha no PAINEL DO ASSOCIADO.

Estando logado em nosso sistema, o sócio deverá clicar em MINHA CONTA e em seguida DADOS DE PAGAMENTO. Vai aparecer uma tela com o Histórico de pagamentos e ao lado Instruções de pagamento, onde é feito o processo via Paypal. Assim que o pagamento é realizado, aparece escrito PAGO no Histórico na coluna Anuidade 2019. Com isso é possível submeter o trabalho em seguida.

Para submeter a proposta de comunicação, você deve clicar em ENCONTROe em seguida INSCRIÇÃO. Abrirá uma tela com a explicação sobre cada uma das 4 modalidades e ao lado em Minha proposta você encontra os botões com as modalidades para se inscrever nelas. Você irá clicar naquela que você gostaria de enviar seu trabalho e preencher os campos. Depois de enviar a proposta você ainda pode edita-la até o encerramento do prazo. Após isso, a proposta entra em avaliação e não pode ser mais modificada.

Qualquer dúvida sobre o processo, entre em contato com a Secretaria pelo e-mail socine@socine.org.br