O XXIII Encontro SOCINE acontecerá na Unisinos, em Porto Alegre, de 08 a 11 de outubro de 2019.

A lista dos trabalhos aprovados pode ser acessada aqui. Os associados também podem checar a avaliação final de seus trabalhos pela sua área de associado.

Todos os aprovados precisam realizar o pagamento dentro do prazo para que sua participação seja confirmada. Os valores, após o primeiro prazo, terão acréscimos. O pagamento deverá ser feito pela área do associado, via Paypal.

Primeiro prazo: 10 de junho a 12 de julho – R$190,00 (profissionais) / R$95,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Segundo prazo: 15 de julho a 26 de julho – R$220,00 (profissionais) / R$110,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Prazo final: 29 de julho a 02 de agosto – R$260,00 (profissionais) / R$130,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)

Tendo qualquer dúvida ou dificuldade, favor contatar a secretaria no e-mail socine@socine.org.br.

Ficha do Proponente

Proponente

    Maria Cristina Franco Ferraz (UFRJ)

Minicurrículo

    MARIA CRISTINA FRANCO FERRAZ, doutora em Filosofia (Univ. de Paris I-Sorbonne), Profa. Titular de Teoria da Comunicação (UFRJ), pesquisadora do CNPq com 3 pós-doutorados em Berlim, coordena o mestrado Erasmus + Crossways in Cultural Narratives. Publicou: Nietzsche, o bufão dos deuses, Platão: as artimanhas do fingimento, Nove variações sobre temas nietzschianos, Homo deletabilis – corpo, percepção, esquecimento: do século XIX ao XXI e Ruminações: cultura letrada e dispersão hiperconectada.

Ficha do Trabalho

Título

    Volto já (Black mirror): poros da pele e fechamento do corpo sintético

Mesa

    Corpo, duração e finitude: Jarman, Tsai Ming-Liang e Black Mirror

Resumo

    Volto já, episódio de Black Mirror, discute o problema da finitude do corpo orgânico e a promessa tecnológica de um corpo sintético capaz de “corrigir” a precariedade da vida. No episódio, o marido da protagonista, morto em um acidente, é substituído por um andróide. Sua pele sintética (pele-teflon) é infensa à passagem do tempo e à finitude. O fechamento da porosidade da pele, se contorna a finitude, gera novos problemas, relacionados ao bloqueio da circulação de afetos e à corrosão de Eros.

Resumo expandido

    O episódio “Volto já” (Be right back) tematiza a problemática da perda e da finitude na cultura ocidental contemporânea. No enredo, um casal vê sua felicidade ser destruída pela morte em um acidente do personagem (Ash, literalmente “cinzas”), que será ressuscitado, tal como uma ciberfênix, no corpo sintético de um andróide, mercadoria adquirida por sua mulher, Martha, para mitigar seu sofrimento. Informações estocadas no computador são utilizadas para a produção de um software que emula Ash. O programa é depois provido de um novo hardware: um corpo sintético feito à imagem e semelhança do morto. Um “corpo” já não mortal ou falível. Para a produção de um novo Ash, renascido das cinzas, elementos orgânicos são utilizados para ativar o inorgânico, vendido para suprir de modo mais eficaz o vazio deixado pela morte.
    O corpo sintético, idêntico ao original, tem algo de inquietantemente robótico. Em sua condição de andróide algoritmicamente clonado, assemelha-se a Ash, mas sua expressão facial é menos viva, congelada. A pele, macia, lisa, contém linhas e simulacros de poros perceptíveis ao tato. Trata-se de uma pele produzida por mapeamento textural, conforme o programa explica à viúva.
    Para aprofundar a problemática da perda e da finitude alavancada no episódio, será explorada a concepção de tecnologia em que ele se baseia e de que modo ela lida com tal questão. Remetermos ao conceito de concepção fáustica da tecnociência, presente nos trabalhos do sociólogo português Hermínio Martins. O “fáustico” vincula-se ao horror à viscosidade, às imperfeições, à finitude do orgânico. O episódio de Black Mirror ressalta os avanços da tecnociência e seus limites, no que diz respeito à promessa de superação da contingência e dos sofrimentos humanos. O androide, tecnologia inteligente, não basta para preencher e resolver o vazio deixado pela morte do companheiro, embora tenha sua performance aperfeiçoada em vários sentidos. Seu comportamento é ditado pelo programa que, capaz de aprender, não o provê com a espessura experiencial própria à subjetividade e necessária à efetiva comunicação.
    Essas duas condições – apenas comportamento, no lugar da vida subjetiva; ausência de rugosidade ou tensão na relação com o outro – se expressam na textura especial de sua pele sintética. Essa pele-teflon (FERRAZ, 2015), produzida por mapeamento textural e protegida de rugas ou de ferimentos, carece da porosidade afetiva que caracteriza a pele humana. Para dimensionar a distância entre a pele sintética do androide e nossa pele, membrana porosa de trocas e comunicação com o mundo, voltaremos às origens gregas da noção de poros.
    Na mitologia grega, Poros e Eros são figuras ligadas entre si. Remetido à ideia de saída de situações embaraçosas, Poros é filho de Métis (Astúcia); é o expediente, o jeitinho que se encontra como saída para situações complicadas, embaraçosas. Sobre a relação entre Poros e Eros, lembraremos a versão do mito proposta pela sacerdotisa Diotima, no diálogo platônico O banquete (PLATÃO, 2016). Eros seria um ser intermediário entre os deuses e os homens, nascido da união entre Penia (Pobreza) e Poros (Expediente). É fruto da união entre Pobreza e Expediente. Os gregos nos legaram esse parentesco algo clandestino entre Eros e Poros.
    Se nossa pele é constituída por poros e se é por ela que circulam desejos, o vínculo entre Eros e Poros tem na pele humana sua expressão mais tangível. Para aprofundarmos essa temática, remetermos ao filósofo português José Gil, que tematizou o estatuto paradoxal dessa pele que não apenas habitamos, mas somos. Pensaremos, a seguir, de que modo o bloqueio da porosidade da pele inviabiliza a circulação de Eros tanto em andróides como Ash quanto em corpos hiperconectados ou blindados – dos quais Marta se aproxima no final do episódio.

Bibliografia

    CRARY, Jonathan. 24/7 – late capitalism and the ends of sleep. Londres/Nova York: Verso, 2013.
    FERRAZ, Maria Cristina Franco. Platão: as artimanhas do fingimento. Rio de Janeiro: Ed. Relume Dumará, 1999.
    ______. Ruminações: cultura letrada e dispersão hiperconectada. Rio de Janeiro: Garamond/FAPERJ, 2015.
    ______. Sociedade tecnológica: de Prometeu a Fausto. Niterói: Revista Contracampo, número 4, 2000.
    GIL, José. Metamorfoses do corpo. Lisboa: Relógio d’Água, 1997.
    ______. Movimento total – O corpo e a dança. Lisboa: Relógio d’Água, 2001.
    MARTINS, Hermínio. Experimentum Humanum: civilização tecnológica e condição humana. Belo Horizonte: Fino Traço, 2012.
    ______. Hegel, Texas e outros ensaios em teoria social. Lisboa: Ed. Século XXI, 1996.
    PLATÃO. O banquete. São Paulo, Ed. 34, 2016.
    SIBILIA, Paula. O homem pós-orgânico: a alquimia dos corpos e das almas à luz das tecnologias digitais. Rio de Janeiro: Contraponto, 2015.

O livro “XXII SOCINE: 50 anos do maio de 68”, organizado por Lisandro Nogueira e Cleomar Rocha já está disponível para download em nosso site. A obra é composta de 11 artigos que lidam com a temática do maio de 68 pela perspectiva do cinema, que foi o tema do XXII Encontro SOCINE realizado em Goiânia, em 2018. De acordo com os organizadores, “Não há dúvidas de que o tema foi, é, e será sempre instigante, ainda mais aos olhos de muitos que (sobre)viveram (a)os tempos de 68, especialmente no Brasil, e que durante o evento debateram e refletiram sobre o legado de tão importante período da história mundial para a contemporaneidade. Na presente coletânea de textos procuramos demonstrar um pouquinho do que foi a XXII SOCINE, bastante eclética, mas que correspondeu muito bem à chamada para trazer a reflexão dos acontecimentos políticos, sociais, culturais e artísticos do ano de 1968”. O livro leva o selo editorial da SOCINE e ficará disponível em nosso site para download na seção Livros.

XXII Socine 50 anos de maio de 68
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Tema do XXII encontro da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE): “herança do maio de 1968 do ponto de vista do cinema, das novas redes de comunicação digital e da televisão”.

A Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE) repudia veementemente as manifestações recentes do governo federal contrárias a disciplinas das Humanidades como Filosofia ou Sociologia. Tais manifestações se constituem como ameaças inaceitáveis a áreas de conhecimento fundamentais que já convivem há anos com espaço reduzido nas políticas de financiamento de ensino e pesquisa no país.

A SOCINE considera que tais manifestações, além de desconhecerem a centralidade das Humanidades na construção da cidadania e no desenvolvimento do país, demonstram uma completa ausência de um projeto sério de educação e ciência.

Por isso, a SOCINE também assina a nota de repudio redigida pela ANPOF, disponível em:
http://www.anpof.org/portal/index.php/pt-BR/artigos-em-destaque/2075-nota-de-repudio-a-declaracoes-do-ministro-da-educacao-e-do-presidente-da-republica-sobre-as-faculdades-de-humanidades-nomeadamente-filosofia-e-sociologia

Diretoria SOCINE

Encerrou-se na última sexta, 19/04, o pagamento da anuidade e a submissão de trabalhos para o XXIII Encontro SOCINE que acontecerá de 08 a 11 de outubro na Unisinos, em Porto Alegre, RS. As propostas entram agora em período de avaliação e a divulgação dos trabalhos selecionados está prevista para o dia 10/06/2019.

Num momento em que a pesquisa brasileira sofre cortes, a SOCINE tem buscado reagir às dificuldades postas a toda área, implementando descontos a profissionais sem vínculo, criando novas formas de desligamento que possibilitam uma economia aos sócios e diminuindo a quantidade de anuidades atrasadas a serem pagas. Além disso, a escolha do tema deste ano levou em consideração a necessidade de refletirmos sobre preservação e memória audiovisual num período como este que vivemos. Por tudo isto, nos anima o fato do Encontro deste ano ter registrado o maior número de trabalhos submetidos nos últimos dez anos, totalizando 595 propostas enviadas. Em momentos de dificuldades como estes que o fortalecimento de nossa Sociedade e Encontro se faz cada vez mais importante e por isso, agradecemos a todas e todos que inscreveram seus trabalhos. Faremos mais um instigante e afetuoso Encontro, dessa vez em Porto Alegre.

Para finalizar, gostaríamos de informar aos sócios que não pagaram a anuidade, que é possível realizar o pagamento normalmente pelo sistema durante todo o ano. Para aqueles que buscam economizar, pode-se optar pelo Desligamento Parcial, que gera um desconto de 50% no valor da anuidade.

Para pagar e submeter os trabalhos é necessário que o sócio já cadastrado na Sociedade acesse nosso site socine.org.br e coloque seu CPF e sua senha no PAINEL DO ASSOCIADO.

Estando logado em nosso sistema, o sócio deverá clicar em MINHA CONTA e em seguida DADOS DE PAGAMENTO. Vai aparecer uma tela com o Histórico de pagamentos e ao lado Instruções de pagamento, onde é feito o processo via Paypal. Assim que o pagamento é realizado, aparece escrito PAGO no Histórico na coluna Anuidade 2019. Com isso é possível submeter o trabalho em seguida.

Para submeter a proposta de comunicação, você deve clicar em ENCONTROe em seguida INSCRIÇÃO. Abrirá uma tela com a explicação sobre cada uma das 4 modalidades e ao lado em Minha proposta você encontra os botões com as modalidades para se inscrever nelas. Você irá clicar naquela que você gostaria de enviar seu trabalho e preencher os campos. Depois de enviar a proposta você ainda pode edita-la até o encerramento do prazo. Após isso, a proposta entra em avaliação e não pode ser mais modificada.

Qualquer dúvida sobre o processo, entre em contato com a Secretaria pelo e-mail socine@socine.org.br