O XXIII Encontro SOCINE acontecerá na Unisinos, em Porto Alegre, de 08 a 11 de outubro de 2019.

A lista dos trabalhos aprovados pode ser acessada aqui. Os associados também podem checar a avaliação final de seus trabalhos pela sua área de associado.

Todos os aprovados precisam realizar o pagamento dentro do prazo para que sua participação seja confirmada. Os valores, após o primeiro prazo, terão acréscimos. O pagamento deverá ser feito pela área do associado, via Paypal.

Primeiro prazo: 10 de junho a 12 de julho – R$190,00 (profissionais) / R$95,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Segundo prazo: 15 de julho a 26 de julho – R$220,00 (profissionais) / R$110,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Prazo final: 29 de julho a 02 de agosto – R$260,00 (profissionais) / R$130,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)

Tendo qualquer dúvida ou dificuldade, favor contatar a secretaria no e-mail socine@socine.org.br.

Ficha do Proponente

Proponente

    Beatriz Avila Vasconcelos (Unespar)

Minicurrículo

    Doutora em Filologia Clássica pela Universidade Humboldt de Berlim. Professora do Curso de Cinema e Audiovisual e do Mestrado em Cinema e Artes do Vídeo da Universidade Estadual do Paraná. Líder do Grupo de Pesquisa Cinecriare – Cinema: Criação e Reflexão (CNPq/Unespar).

Ficha do Trabalho

Título

    Cinema como modo de atenção: o modus poético em Andrei Tarkovski

Seminário

    Teoria dos Cineastas

Resumo

    Aproximando as ideias de Tarkovski sobre poesia e sobre o seu cinema à noção de poesia como modo de atenção (Alford 2015; Gumbrecht, 2016), procuro mostrar que, opostamente à ideia de poesia como evasão ou como atividade simbólica, Tarkovski firma uma concepção de poesia e de cinema fundada numa experiência do real, experiência esta que demanda um modo poético de atenção para os fenômenos do mundo.

Resumo expandido

    Este estudo compõe uma investigação maior acerca da relação entre o cinema de Tarkovski e a poesia, relação que é frequentemente afirmada na crítica, mas que, geralmente carecendo de demonstração, não costuma ir além de um lugar comum. O objetivo da pesquisa é buscar, tanto nos filmes de Tarkovski quanto em obras escritas e declarações orais, elementos que permitam precisar quais as ideias do próprio cineasta sobre poesia, em que medida ele mesmo encara o seu cinema como poético e como essa poesia se materializa em seus filmes.

    No estudo que aqui se apresenta, discorro acerca da ideia de cinema como modo de atenção, buscando aproximar ideias de Tarkovski, expressas em entrevistas, diários e em Esculpir o Tempo, à noção de poesia como modo de atenção, tal como formulada pelo crítico e historiador da Literatura Hans Ulrich Gumbrecht (2015, 2016), que reitera e amplia as investigações da poeta Lucy Alford (2015). Gumbrecht e Alford definem a atenção, de forma geral, como “uma abertura da mente para o mundo” (Gumbrecht, 2015: 209). A poesia exige (tanto do poeta quanto do leitor) justamente esse tipo de atitude mental que estabelece um modo atentivo de ver, modo que é, ao mesmo tempo, um “modo específico de relacionamento com a realidade”, coincidindo com uma definição direta de poesia formulada pelo próprio Tarkovski: “Quando falo de poesia, não penso nela como gênero. A poesia é uma consciência do mundo, uma forma específica de relacionamento com a realidade” (2010: 18).

    Aqui se firma uma concepção de poesia fundada numa experiência do real, em oposição à ideia de poesia como evasão ou como atividade simbólica. Em 1983, em uma entrevista, Tarkovski recebeu esta pergunta: – Nos seus filmes a câmera frequentemente pausa em água, fogo, neve, cavalos. Estes elementos são usados talvez simbolicamente? Ao que ele responde: “Não, eles não são símbolos, eles são manifestação daquela natureza na qual nós vivemos” (apud Gianvitto, 2006: 101).

    A atitude anti-interpretativa ou anti-simbólica de Tarkovski aponta igualmente para a atitude poética que sua arte exige, atitude de atenção, voltada para os fenômenos do mundo, para o que eles são, enquanto realidade, e não para o que poderiam ser, enquanto símbolos. Ao contrário do símbolo, e de suas operações interpretativas, que sempre visam a uma equação (isto está no lugar daquilo), a poesia quer simplesmente pôr-nos diante de: “O poeta não descreve a cadeira: coloca-a na nossa frente” (PAZ, 2012, p. 114). Tarkovski não pretende inventar significados para a água, para o fogo, para os cavalos mas fazer-nos ter a experiência da água, do fogo, dos cavalos, na medida em que nos põe diante deles.

    A poesia estabelece-se, assim, em Tarkovski, a partir de um relacionamento profundo e direto com os fenômenos do mundo, não como abstração deles. Se seu cinema é poético, ele o é justamente na medida em que possibilita, por sua linguagem, esta “forma específica de relacionamento com a realidade”, esta “consciência do mundo” que se dá quando olhamos atentamente para os fenômenos. Não se trata de uma poesia fundada em um subjetivismo ou em um abstracionismo, oposto ao realismo e à atenção ao mundo. Assim, Tarkovski recusa as “pretensões do moderno” cinema poético, “que implica perda de contato com os fatos e com o realismo temporal, fazendo concessões ao preciosismo e à afetação” (2010: 79). Falar de poesia em Tarkovski é, de saída, falar de compromisso com o real, ou melhor, com uma certa experiência do real que é possibilitada pela atenção aos fenômenos.

    Pretende-se, com esta investigação, estabelecer critérios para fazer um reconhecimento dos recursos propriamente poéticos do cinema de Tarkovski, não aleatoriamente, mas segundo a própria compreensão de poesia do cineasta, ou seja, recursos que produzem uma “forma específica de relacionamento com a realidade”, uma “consciência do mundo”, um cinema poético como modo de atenção.

Bibliografia

    ALFORD, Lucy. We Know It in Our Bones: Reading a Thirty-Five-Acre Plot in Rural Virginia with Three Poems by Charles Wright. Philosophy and Literature. John Hopkins University Press, vol. 39, nº 1, April 2015, pp. 219-232.
    GUMBRECHT, Hans Ulricht. Diesseits der Hermeneutik. Über die Produktion von Präsenz. Frankfurt a. M.: Suhrkamp Verlag, 2004.
    ____________. Como abordar a poesia enquanto um modo de atenção. Eutomia, Recife, nº 16, vol 1, 2015, p. 218-224.
    ___________. Serenidade, Presença e Poesia. Belo Horizonte: Relicário, 2016.
    GIANVITTO, John. Andrei Tarkovski’s Interviews. University Press of Mississipi, 2006.
    PAZ, Octavio. O arco e a lira. São Paulo: Cossac Naïf, 2012.
    TARKOVSKI, Andrei. Esculpir o tempo. São Paulo: Martins Fontes, 2010.
    TARKOVSKI, Andrei. Diários. 1970-1986. São Paulo: E-Realizações, 2012

O livro “XXII SOCINE: 50 anos do maio de 68”, organizado por Lisandro Nogueira e Cleomar Rocha já está disponível para download em nosso site. A obra é composta de 11 artigos que lidam com a temática do maio de 68 pela perspectiva do cinema, que foi o tema do XXII Encontro SOCINE realizado em Goiânia, em 2018. De acordo com os organizadores, “Não há dúvidas de que o tema foi, é, e será sempre instigante, ainda mais aos olhos de muitos que (sobre)viveram (a)os tempos de 68, especialmente no Brasil, e que durante o evento debateram e refletiram sobre o legado de tão importante período da história mundial para a contemporaneidade. Na presente coletânea de textos procuramos demonstrar um pouquinho do que foi a XXII SOCINE, bastante eclética, mas que correspondeu muito bem à chamada para trazer a reflexão dos acontecimentos políticos, sociais, culturais e artísticos do ano de 1968”. O livro leva o selo editorial da SOCINE e ficará disponível em nosso site para download na seção Livros.

XXII Socine 50 anos de maio de 68
1650 Downloads

Tema do XXII encontro da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE): “herança do maio de 1968 do ponto de vista do cinema, das novas redes de comunicação digital e da televisão”.

A Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE) repudia veementemente as manifestações recentes do governo federal contrárias a disciplinas das Humanidades como Filosofia ou Sociologia. Tais manifestações se constituem como ameaças inaceitáveis a áreas de conhecimento fundamentais que já convivem há anos com espaço reduzido nas políticas de financiamento de ensino e pesquisa no país.

A SOCINE considera que tais manifestações, além de desconhecerem a centralidade das Humanidades na construção da cidadania e no desenvolvimento do país, demonstram uma completa ausência de um projeto sério de educação e ciência.

Por isso, a SOCINE também assina a nota de repudio redigida pela ANPOF, disponível em:
http://www.anpof.org/portal/index.php/pt-BR/artigos-em-destaque/2075-nota-de-repudio-a-declaracoes-do-ministro-da-educacao-e-do-presidente-da-republica-sobre-as-faculdades-de-humanidades-nomeadamente-filosofia-e-sociologia

Diretoria SOCINE

Encerrou-se na última sexta, 19/04, o pagamento da anuidade e a submissão de trabalhos para o XXIII Encontro SOCINE que acontecerá de 08 a 11 de outubro na Unisinos, em Porto Alegre, RS. As propostas entram agora em período de avaliação e a divulgação dos trabalhos selecionados está prevista para o dia 10/06/2019.

Num momento em que a pesquisa brasileira sofre cortes, a SOCINE tem buscado reagir às dificuldades postas a toda área, implementando descontos a profissionais sem vínculo, criando novas formas de desligamento que possibilitam uma economia aos sócios e diminuindo a quantidade de anuidades atrasadas a serem pagas. Além disso, a escolha do tema deste ano levou em consideração a necessidade de refletirmos sobre preservação e memória audiovisual num período como este que vivemos. Por tudo isto, nos anima o fato do Encontro deste ano ter registrado o maior número de trabalhos submetidos nos últimos dez anos, totalizando 595 propostas enviadas. Em momentos de dificuldades como estes que o fortalecimento de nossa Sociedade e Encontro se faz cada vez mais importante e por isso, agradecemos a todas e todos que inscreveram seus trabalhos. Faremos mais um instigante e afetuoso Encontro, dessa vez em Porto Alegre.

Para finalizar, gostaríamos de informar aos sócios que não pagaram a anuidade, que é possível realizar o pagamento normalmente pelo sistema durante todo o ano. Para aqueles que buscam economizar, pode-se optar pelo Desligamento Parcial, que gera um desconto de 50% no valor da anuidade.

Para pagar e submeter os trabalhos é necessário que o sócio já cadastrado na Sociedade acesse nosso site socine.org.br e coloque seu CPF e sua senha no PAINEL DO ASSOCIADO.

Estando logado em nosso sistema, o sócio deverá clicar em MINHA CONTA e em seguida DADOS DE PAGAMENTO. Vai aparecer uma tela com o Histórico de pagamentos e ao lado Instruções de pagamento, onde é feito o processo via Paypal. Assim que o pagamento é realizado, aparece escrito PAGO no Histórico na coluna Anuidade 2019. Com isso é possível submeter o trabalho em seguida.

Para submeter a proposta de comunicação, você deve clicar em ENCONTROe em seguida INSCRIÇÃO. Abrirá uma tela com a explicação sobre cada uma das 4 modalidades e ao lado em Minha proposta você encontra os botões com as modalidades para se inscrever nelas. Você irá clicar naquela que você gostaria de enviar seu trabalho e preencher os campos. Depois de enviar a proposta você ainda pode edita-la até o encerramento do prazo. Após isso, a proposta entra em avaliação e não pode ser mais modificada.

Qualquer dúvida sobre o processo, entre em contato com a Secretaria pelo e-mail socine@socine.org.br