O XXIII Encontro SOCINE acontecerá na Unisinos, em Porto Alegre, de 08 a 11 de outubro de 2019.

A lista dos trabalhos aprovados pode ser acessada aqui. Os associados também podem checar a avaliação final de seus trabalhos pela sua área de associado.

Todos os aprovados precisam realizar o pagamento dentro do prazo para que sua participação seja confirmada. Os valores, após o primeiro prazo, terão acréscimos. O pagamento deverá ser feito pela área do associado, via Paypal.

Primeiro prazo: 10 de junho a 12 de julho – R$190,00 (profissionais) / R$95,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Segundo prazo: 15 de julho a 26 de julho – R$220,00 (profissionais) / R$110,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Prazo final: 29 de julho a 02 de agosto – R$260,00 (profissionais) / R$130,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)

Tendo qualquer dúvida ou dificuldade, favor contatar a secretaria no e-mail socine@socine.org.br.

Ficha do Proponente

Proponente

    Joice Scavone Costa (UFF)

Minicurrículo

    Doutoranda em em Estudos do Som no Cinema pela Universidade Federal Fluminense (UFF), atualmente leciona nas Faculdades Integradas Hélio Alonso (FACHA) e Academia Internacional de Cinema (AIC) do Rio de Janeiro.

Ficha do Trabalho

Título

    As “condições de estranheza” da voz em Doce Amianto (2013)

Seminário

    Estilo e som no audiovisual

Resumo

    Diante da estranheza no encadeamento entre os elementos do filme Doce Amianto (2013), a voz está sempre próxima ao espectador. O uso das fonações por Guto Parente e Uirá dos Reis é carregada de valor estético e emotivo arranjados pelo timbre, ritmo, entonação e espacialização da voz dos personagens do filme. Pretendemos explicitar as tenções que evidenciam a construção esquizofrênica de vozes que não condizem com os espaços dos demais elementos sonoros ou da tela, nem com os corpos em cena.

Resumo expandido

    A presente proposta atenta para a concepção sonora do filme cearense Doce Amianto (Guto Parente & Uirá dos Reis, 2013). Em particular, tentamos compreender as relações, tensões e liberdade entre a imagem e o som da obra. O corpus supracitado afeta o espectador para além das relações entre objetos, imagens e suas interpretações. Assim como nas proposições do antropólogo Tim Ingold (2011), o filme é constituído por diferentes camadas de experiência e não como produto mental ou espiritual a partir da construção com a luz e com o som, em concomitância.
    Ao longo das transformações na experiência-cinema, Deleuze (1990, p. 293) observa que o “vaivém entre a palavra [desde as palavras escritas] e a imagem” (VIDAL apud DELEUZE, 1990) fez aflorar uma nova relação entre elas. O que podemos compreender dos desdobramentos dessas possibilidades em obras audiovisuais no cinema contemporâneo brasileiro? Em nossa visão, o filme Doce Amianto contém “condições de estranheza” da fala que tencionam a relação visual e sonora de forma esquizofrênica durante toda a duração do filme: as vozes nunca condizem com os espaços dos demais elementos sonoros ou da tela, nem com os corpos em cena; a disjunção é reinventada a cada plano e o sonoro povoa sem necessariamente preencher o visto e o não-visto visual com uma presença específica.
    A disjunção é em si um ato de resistência, pois a voz vem do outro lado da imagem e está sempre próxima ao espectador, independente da profundidade de campo da imagem. O uso das fonações por Parente e dos Reis é carregada de valor estético, emotivo e político: arranjados pelo timbre, pelo ritmo, pela entonação e pela espacialização da voz dos personagens do filme, desde a captação até a projeção e apreensão destes pelo espectador.
    A voz, de acordo com as convenções da linguagem cinematográfica, deve permanecer na caixa central (atrás da tela) e manter a sincronia com a boca do personagem em quadro. O som da boca de Amianto, entretanto, se desloca da tela. Com base na sociolinguística, o filósofo Gilles Deleuze distingue as “falas” entre atos de fala interativos (som in e som off relativo ou “fora de campo”) e atos de fala reflexivos (som off absoluto ou “extradiegético”). Doce Amianto, se distancia destas definições antagônicas ao corroborar e homenagear um cinema cujos atos de fala são mais misteriosos, são atos de fabulação. A relação do som com as camadas visuais se daria em movimento, de forma que a voz de Amianto forma uma unidade que existe à parte de seu corpo, concomitante no filme, eles se relacionam, mesmo sem estarem diretamente conectados. A fala de Amianto não pertence àquele espaço, não sabemos se saiu da boca dela.
    Sua voz atravessa lugares, espaços e pessoas, não segue ou parte do corpo da personagem, mas circula e se propaga de onde não se sabe: de alhures. São vários os espaços paralelos e concorrentes. Os ouvidos do espectador apenas observam/auscultam estas diferenças nos mecanismos de gravação e reprodução do som explícitos no próprio tecido fílmico. A experiência não é interrompida por essa multiplicidade, mas a mixagem corrobora para que fiquemos sempre em alerta, pois não existe o conforto do som naturalista que escamoteia e direciona nossas diferentes experiências sensórias. Aqui, o som contém diferentes camadas, diferentes tons.
    A fala de Amianto contém ritmo, um movimento que encadeia a falta de sequência nas ideias, com, em contrapartida, estranhas associações, curiosas recordações, que em nada se parecem com os diálogos que habitualmente preenchem as narrativas cinematográficas. Trata-se de uma conversa sonora, com desenhos da música dos arranjos sonoros que se formam na escuta independentemente dos seus conteúdos, objetos ou corpos na tela. Em tom de narrativa literária, a construção das falas de Amianto não circula e não se propaga de forma a criar interações vivas entre personagens independentes e lugares separados, porque ultrapassa personagens determinadas e permanece sem lugar.

Bibliografia

    AUDIBERT, L. “L’ombre du son”, Cinématographe, n० 48, jul, 1979, p-p 5-6.
    BERTHET, F. “La conversation”, Communications, no 30, 1979, p. 150
    CAESAR, R. “O berro da arara: para ‘re(con)duzir’ o objet sonore”. Apresentado no XXVII Congresso da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música – Campinas – 2017
    CHION, Michel. La voix au cinema, Cahiers du cinéma – Editions de l’Etoile, pp. 13-14.
    _____________. L’audio-vision – Son et image au cinema. Paris: Armand Colin, 1990
    DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil platôs – capitalismo e esquizofrenia, vol. 1. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1995. (Coleção TRANS).
    ___________. A imagem-tempo. São Paulo: Brasiliense, 1990.
    GUIMARÃES, C. A INTRODUÇÃO DO SOM DIRETO NO CINEMA DOCUMENTÁRIO BRASILEIRO NA DÉCADA DE 1960. São Paulo: Dissertação defendida na Universidade de São Paulo(USP), 2008.
    INGOLD, T. Estar vivo: ensaios sobre movimento, conhecimento e descrição. Petrópolis: Editora Vozes, 2011

O livro “XXII SOCINE: 50 anos do maio de 68”, organizado por Lisandro Nogueira e Cleomar Rocha já está disponível para download em nosso site. A obra é composta de 11 artigos que lidam com a temática do maio de 68 pela perspectiva do cinema, que foi o tema do XXII Encontro SOCINE realizado em Goiânia, em 2018. De acordo com os organizadores, “Não há dúvidas de que o tema foi, é, e será sempre instigante, ainda mais aos olhos de muitos que (sobre)viveram (a)os tempos de 68, especialmente no Brasil, e que durante o evento debateram e refletiram sobre o legado de tão importante período da história mundial para a contemporaneidade. Na presente coletânea de textos procuramos demonstrar um pouquinho do que foi a XXII SOCINE, bastante eclética, mas que correspondeu muito bem à chamada para trazer a reflexão dos acontecimentos políticos, sociais, culturais e artísticos do ano de 1968”. O livro leva o selo editorial da SOCINE e ficará disponível em nosso site para download na seção Livros.

XXII Socine 50 anos de maio de 68
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Tema do XXII encontro da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE): “herança do maio de 1968 do ponto de vista do cinema, das novas redes de comunicação digital e da televisão”.

A Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE) repudia veementemente as manifestações recentes do governo federal contrárias a disciplinas das Humanidades como Filosofia ou Sociologia. Tais manifestações se constituem como ameaças inaceitáveis a áreas de conhecimento fundamentais que já convivem há anos com espaço reduzido nas políticas de financiamento de ensino e pesquisa no país.

A SOCINE considera que tais manifestações, além de desconhecerem a centralidade das Humanidades na construção da cidadania e no desenvolvimento do país, demonstram uma completa ausência de um projeto sério de educação e ciência.

Por isso, a SOCINE também assina a nota de repudio redigida pela ANPOF, disponível em:
http://www.anpof.org/portal/index.php/pt-BR/artigos-em-destaque/2075-nota-de-repudio-a-declaracoes-do-ministro-da-educacao-e-do-presidente-da-republica-sobre-as-faculdades-de-humanidades-nomeadamente-filosofia-e-sociologia

Diretoria SOCINE

Encerrou-se na última sexta, 19/04, o pagamento da anuidade e a submissão de trabalhos para o XXIII Encontro SOCINE que acontecerá de 08 a 11 de outubro na Unisinos, em Porto Alegre, RS. As propostas entram agora em período de avaliação e a divulgação dos trabalhos selecionados está prevista para o dia 10/06/2019.

Num momento em que a pesquisa brasileira sofre cortes, a SOCINE tem buscado reagir às dificuldades postas a toda área, implementando descontos a profissionais sem vínculo, criando novas formas de desligamento que possibilitam uma economia aos sócios e diminuindo a quantidade de anuidades atrasadas a serem pagas. Além disso, a escolha do tema deste ano levou em consideração a necessidade de refletirmos sobre preservação e memória audiovisual num período como este que vivemos. Por tudo isto, nos anima o fato do Encontro deste ano ter registrado o maior número de trabalhos submetidos nos últimos dez anos, totalizando 595 propostas enviadas. Em momentos de dificuldades como estes que o fortalecimento de nossa Sociedade e Encontro se faz cada vez mais importante e por isso, agradecemos a todas e todos que inscreveram seus trabalhos. Faremos mais um instigante e afetuoso Encontro, dessa vez em Porto Alegre.

Para finalizar, gostaríamos de informar aos sócios que não pagaram a anuidade, que é possível realizar o pagamento normalmente pelo sistema durante todo o ano. Para aqueles que buscam economizar, pode-se optar pelo Desligamento Parcial, que gera um desconto de 50% no valor da anuidade.

Para pagar e submeter os trabalhos é necessário que o sócio já cadastrado na Sociedade acesse nosso site socine.org.br e coloque seu CPF e sua senha no PAINEL DO ASSOCIADO.

Estando logado em nosso sistema, o sócio deverá clicar em MINHA CONTA e em seguida DADOS DE PAGAMENTO. Vai aparecer uma tela com o Histórico de pagamentos e ao lado Instruções de pagamento, onde é feito o processo via Paypal. Assim que o pagamento é realizado, aparece escrito PAGO no Histórico na coluna Anuidade 2019. Com isso é possível submeter o trabalho em seguida.

Para submeter a proposta de comunicação, você deve clicar em ENCONTROe em seguida INSCRIÇÃO. Abrirá uma tela com a explicação sobre cada uma das 4 modalidades e ao lado em Minha proposta você encontra os botões com as modalidades para se inscrever nelas. Você irá clicar naquela que você gostaria de enviar seu trabalho e preencher os campos. Depois de enviar a proposta você ainda pode edita-la até o encerramento do prazo. Após isso, a proposta entra em avaliação e não pode ser mais modificada.

Qualquer dúvida sobre o processo, entre em contato com a Secretaria pelo e-mail socine@socine.org.br