O XXIII Encontro SOCINE acontecerá na Unisinos, em Porto Alegre, de 08 a 11 de outubro de 2019.

A lista dos trabalhos aprovados pode ser acessada aqui. Os associados também podem checar a avaliação final de seus trabalhos pela sua área de associado.

Todos os aprovados precisam realizar o pagamento dentro do prazo para que sua participação seja confirmada. Os valores, após o primeiro prazo, terão acréscimos. O pagamento deverá ser feito pela área do associado, via Paypal.

Primeiro prazo: 10 de junho a 12 de julho – R$190,00 (profissionais) / R$95,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Segundo prazo: 15 de julho a 26 de julho – R$220,00 (profissionais) / R$110,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Prazo final: 29 de julho a 02 de agosto – R$260,00 (profissionais) / R$130,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)

Tendo qualquer dúvida ou dificuldade, favor contatar a secretaria no e-mail socine@socine.org.br.

Ficha do Proponente

Proponente

    Jansen Hinkel Molineti Tavares (UAM)

Minicurrículo

    Jansen Hinkel Molineti Tavares atualmente é doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Anhembi Morumbi (PPGCOM-UAM); é mestre em Comunicação pela mesma instituição e possui graduação em Cinema e Vídeo pela Faculdade de Artes do Paraná (FAP-UNESPAR). Atua como pesquisador de cinema, com interesse nos caminhos filosóficos e poéticos das artes audiovisuais. Participa de produções independentes desde 2007, quando ingressou na universidade.

Ficha do Trabalho

Título

    Localidade, oralidade e acaso: Gede Vizyon e o espírito da memória

Resumo

    Gede Vizyon é um documentário haitiano em curta-metragem realizado por um trio de artistas – Steevens Simeon, do Haiti, e os brasileiros, Jefferson Kielwagen e Marcos Serafim – durante a 5ª Bienal do Ghetto. No filme, uma cabra, com uma câmera acoplada, passeia pelo cemitério de Porto Príncipe. Este trabalho pretende discutir os procedimentos estéticos adotados no filme e como tais escolhas servem ao debate sobre preservação e projeção da memória de um local.

Resumo expandido

    Gede Vizyon, realizado no Haiti, é um curta-metragem onde uma cabra, com uma câmera GoPro acoplada em seu corpo, passeia pelo cemitério de Porto Príncipe. No filme, acompanhamos a trajetória da cabra ouvindo seus ruídos misturando-se à declamação de poemas e cantos religiosos.
    Os “gedes”, do título, são espíritos responsáveis pela morte e fertilidade no vodu. Para haver comunicação com os “gedes”, parte dos rituais envolve o sacrifício de um bode ou de uma cabra, o que às vezes acontece no cemitério. Os realizadores partem desse pressuposto identitário da cultura na utilização de uma cabra como “cinegrafista”. Já os poemas entoados são da voz do “oungan” (mestre vodu) Jean-Daniel, que posteriormente às gravações viu as imagens da câmera e improvisou o texto que serviu de narração ao filme. Os cantos, na voz da “manbo” (mestre vodu) Jacquelyne, são hinos tradicionais para os “gedes”. Dessa forma, imagem e som estão presentes para referenciar a cultura haitiana dentro de um local histórico.
    O historiador Marc Ferro (1976) percebeu que os filmes eram documentos históricos indesejáveis para a elite intelectual, e tal percepção fez com que se pudesse entender o audiovisual como produto analítico da história que tem na participação das minorias uma reelaboração do que se entende por memória e história, e uma relativização nos conceitos do que merece ou não ser registrado.
    Identificamos três procedimentos em Gede Vizyon, e planejamos, assim, analisar a questão da preservação da memória a partir das estratégias audiovisuais acedidas pelos realizadores.
    O primeiro procedimento é a localidade. Um cemitério, para o vodu, é um lugar vivo, onde morte e memória se encontram. A escolha desse espaço sócio-geográfico diz respeito tanto ao povo haitiano quanto ao descaso político pós-terremoto em 2010, onde o cemitério de Porto Príncipe passa a funcionar como um índice da destruição ocorrida e o abandono sofrido pela população. A inferência da memória ocorre na cultura “desde a mobilização de passados míticos para apoiar políticas chauvinistas e fundamentalistas (…) até políticas para criar esferas públicas de memória real contra o esquecimento promovidas pelos regimes pós-ditatoriais” (HUYSSEN, 2000, p. 16). No filme, o cemitério é o local de ação estética para a politização da memória.
    O segundo procedimento é a oralidade. Os cantos são registros poéticos orais da religião vodu. O som do documentário torna-se um espaço para a memória desses cantos e poemas. Sem imagens não há arte, a arte é pensar por imagens e a poesia é uma maneira particular de pensar (CHKLÓVSKI, 1976). A memória oral, ou seja, objeto imaterial da cultura, tem no cinema um campo de inscrição, outro tema para a proposta aqui construída, visto que toda língua é um cosmos, contudo não é um sistema fechado. Há uma crítica kantiana em relação às categorias do conhecimento que enxerga em outras línguas e manifestações orais uma multiplicidade que relativiza as próprias categorias estabelecidas. Esse problema ontológico e epistemológico é também um problema da memória, visto que se algo é perdido (não preservado), outras formas de pensamento tornam-se desconhecidas (FLUSSER, 2007).
    O terceiro procedimento é o acaso. Colocar a câmera no corpo de um animal problematiza as questões de autoria hegemônica em relação ao enquadramento. O que também surge do acaso é o improviso vocal do mestre vodu ao ver as imagens captadas, utilizadas na edição como banda sonora. O acaso então pode ser visto como um princípio formal de construção da memória e uma delimitação para o objeto de análise.
    Devido a desastres naturais, uma diáspora deliberada e um governo autoritário (com controle externo no centro do poder), o Haiti tem na sua memória imaterial um campo de ação político que pode ser explicitado pelas artes. Este trabalho pretende, portanto, produzir uma reflexão a partir do curta-metragem Gede Vizyon, com o intuito de compreender como se agencia a memória no conteúdo fílmico.

Bibliografia

    CHKLÓVSKI, Victor. A arte como procedimento. In: TOLEDO, Dionísio de Oliveira (org.). Teoria da Literatura: Formalistas Russos (3ª ed.). Porto Alegre: Editora Globo, 1976, pp. 39-56.
    FERRO, Marc. Filme: uma contra-análise da sociedade? In: LE GOFF, J.; NORA, P. (Orgs.). História: novos objetos. Trad.: Terezinha Marinho. Rio de Janeiro: F. Alves, 1976. p. 202-203.
    FLUSSER, Vilém. Língua e Realidade. São Paulo: Annablume, 2007.
    HUYSSEN, Andreas. Seduzidos pela memória: arquitetura, monumentos, mídia. Trad: Sérgio Alcides. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2000.

O livro “XXII SOCINE: 50 anos do maio de 68”, organizado por Lisandro Nogueira e Cleomar Rocha já está disponível para download em nosso site. A obra é composta de 11 artigos que lidam com a temática do maio de 68 pela perspectiva do cinema, que foi o tema do XXII Encontro SOCINE realizado em Goiânia, em 2018. De acordo com os organizadores, “Não há dúvidas de que o tema foi, é, e será sempre instigante, ainda mais aos olhos de muitos que (sobre)viveram (a)os tempos de 68, especialmente no Brasil, e que durante o evento debateram e refletiram sobre o legado de tão importante período da história mundial para a contemporaneidade. Na presente coletânea de textos procuramos demonstrar um pouquinho do que foi a XXII SOCINE, bastante eclética, mas que correspondeu muito bem à chamada para trazer a reflexão dos acontecimentos políticos, sociais, culturais e artísticos do ano de 1968”. O livro leva o selo editorial da SOCINE e ficará disponível em nosso site para download na seção Livros.

XXII Socine 50 anos de maio de 68
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Tema do XXII encontro da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE): “herança do maio de 1968 do ponto de vista do cinema, das novas redes de comunicação digital e da televisão”.

A Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE) repudia veementemente as manifestações recentes do governo federal contrárias a disciplinas das Humanidades como Filosofia ou Sociologia. Tais manifestações se constituem como ameaças inaceitáveis a áreas de conhecimento fundamentais que já convivem há anos com espaço reduzido nas políticas de financiamento de ensino e pesquisa no país.

A SOCINE considera que tais manifestações, além de desconhecerem a centralidade das Humanidades na construção da cidadania e no desenvolvimento do país, demonstram uma completa ausência de um projeto sério de educação e ciência.

Por isso, a SOCINE também assina a nota de repudio redigida pela ANPOF, disponível em:
http://www.anpof.org/portal/index.php/pt-BR/artigos-em-destaque/2075-nota-de-repudio-a-declaracoes-do-ministro-da-educacao-e-do-presidente-da-republica-sobre-as-faculdades-de-humanidades-nomeadamente-filosofia-e-sociologia

Diretoria SOCINE

Encerrou-se na última sexta, 19/04, o pagamento da anuidade e a submissão de trabalhos para o XXIII Encontro SOCINE que acontecerá de 08 a 11 de outubro na Unisinos, em Porto Alegre, RS. As propostas entram agora em período de avaliação e a divulgação dos trabalhos selecionados está prevista para o dia 10/06/2019.

Num momento em que a pesquisa brasileira sofre cortes, a SOCINE tem buscado reagir às dificuldades postas a toda área, implementando descontos a profissionais sem vínculo, criando novas formas de desligamento que possibilitam uma economia aos sócios e diminuindo a quantidade de anuidades atrasadas a serem pagas. Além disso, a escolha do tema deste ano levou em consideração a necessidade de refletirmos sobre preservação e memória audiovisual num período como este que vivemos. Por tudo isto, nos anima o fato do Encontro deste ano ter registrado o maior número de trabalhos submetidos nos últimos dez anos, totalizando 595 propostas enviadas. Em momentos de dificuldades como estes que o fortalecimento de nossa Sociedade e Encontro se faz cada vez mais importante e por isso, agradecemos a todas e todos que inscreveram seus trabalhos. Faremos mais um instigante e afetuoso Encontro, dessa vez em Porto Alegre.

Para finalizar, gostaríamos de informar aos sócios que não pagaram a anuidade, que é possível realizar o pagamento normalmente pelo sistema durante todo o ano. Para aqueles que buscam economizar, pode-se optar pelo Desligamento Parcial, que gera um desconto de 50% no valor da anuidade.

Para pagar e submeter os trabalhos é necessário que o sócio já cadastrado na Sociedade acesse nosso site socine.org.br e coloque seu CPF e sua senha no PAINEL DO ASSOCIADO.

Estando logado em nosso sistema, o sócio deverá clicar em MINHA CONTA e em seguida DADOS DE PAGAMENTO. Vai aparecer uma tela com o Histórico de pagamentos e ao lado Instruções de pagamento, onde é feito o processo via Paypal. Assim que o pagamento é realizado, aparece escrito PAGO no Histórico na coluna Anuidade 2019. Com isso é possível submeter o trabalho em seguida.

Para submeter a proposta de comunicação, você deve clicar em ENCONTROe em seguida INSCRIÇÃO. Abrirá uma tela com a explicação sobre cada uma das 4 modalidades e ao lado em Minha proposta você encontra os botões com as modalidades para se inscrever nelas. Você irá clicar naquela que você gostaria de enviar seu trabalho e preencher os campos. Depois de enviar a proposta você ainda pode edita-la até o encerramento do prazo. Após isso, a proposta entra em avaliação e não pode ser mais modificada.

Qualquer dúvida sobre o processo, entre em contato com a Secretaria pelo e-mail socine@socine.org.br