O XXIII Encontro SOCINE acontecerá na Unisinos, em Porto Alegre, de 08 a 11 de outubro de 2019.

A lista dos trabalhos aprovados pode ser acessada aqui. Os associados também podem checar a avaliação final de seus trabalhos pela sua área de associado.

Todos os aprovados precisam realizar o pagamento dentro do prazo para que sua participação seja confirmada. Os valores, após o primeiro prazo, terão acréscimos. O pagamento deverá ser feito pela área do associado, via Paypal.

Primeiro prazo: 10 de junho a 12 de julho – R$190,00 (profissionais) / R$95,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Segundo prazo: 15 de julho a 26 de julho – R$220,00 (profissionais) / R$110,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Prazo final: 29 de julho a 02 de agosto – R$260,00 (profissionais) / R$130,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)

Tendo qualquer dúvida ou dificuldade, favor contatar a secretaria no e-mail socine@socine.org.br.

Ficha do Proponente

Proponente

    Suzana Schulhan Lopes (UNIFESP)

Minicurrículo

    Socióloga e bibliotecária, fui pesquisadora da Cátedra Celso Furtado (FESPSP), grupo sobre economia política e estratificação social. e do Núcleo de Etnografia Urbana e Audiovisual (FESPSP), onde uma de minhas produções tornou-se artigo da revista Ponto Urbe (USP). Hoje mestranda (UNIFESP), com orientação de Mauro Rovai, inspiro-me na ideia de “narrador” (Walter Benjamin) para pensar produção/descarte de subjetividades no capitalismo. Crio, para isso, uma relação entre Ciências Sociais e Cinema.

Ficha do Trabalho

Título

    “Narrador” em extinção? Uma análise de Estamira e Os Catadores e Eu

Resumo

    O sofrimento do pós-guerra silenciou os sujeitos e comprometeu uma faculdade que parecia segura e inalienável: a faculdade de intercambiar experiências, e o “narrador está em extinção” (diagnóstico de Walter Benjamin). Extinguir também significa descartar: o que se descarta na modernidade, portanto, é o narrar. Comparando dois filmes que se passam ao redor de descartes – “Estamira” e “Os catadores e eu” –, investiga-se a possibilidade de aparecimento deste “narrador benjaminiano” no capitalismo.

Resumo expandido

    Walter Benjamin relacionou a extinção da narrativa com o desolamento causado pela guerra, comprometendo “uma faculdade que parecia segura e inalienável: a faculdade de intercambiar experiências” (BENJAMIN, 1994,
    p.198). O silêncio acometia os soldados, que, enlutados, voltavam calados das trincheiras. Assim, da experiência da perda passa-se a viver a perda da experiência. O emudecimento compromete a arte da narrativa e, ainda, da
    figura do narrador, que, nas palavras do autor, está em extinção, descartado.

    O alargamento do capital na vida moderna parece só mais acirrar o diagnóstico do frankfurtiano, e os sujeitos acabam por produzir mesmo suas subjetividades sob influência de uma lógica financeira e empresarial: como nos atualizam Pierre Dardot e Christian Laval, ao passarem a limpo os lugares comuns do capitalismo interminável processo de valorização do eu. Não há, logo, espaço para história e narração, que são descartadas.

    Dois filmes que se passam ao redor de (outros) descartes, porém, parecem proteger o intercâmbio e troca de histórias, portanto proteger a figura artesanal do narrador, ainda que em meio à realidades só mais atravessadas pelo capital. São eles “Estamira”, de Marcos Prado (Brasil, 2006), e “Les glaneurs et la glaneuse”, de Agnès Varda (França, 2000). Enquanto que no primeiro temos uma vida retratada a partir dos descartes, no segundo temos os descartes retratados a partir das vidas. Em um, o descarte é coadjuvante,
    noutro, protagonista.

    Além dessas primeiras observações, os filmes representam potenciais materiais de análise para problemáticas a respeito
    1- do “lixo”, do que é socialmente considerado descarte em cada filme;
    2- de qual espaço geográfico se destinam os descartes nas diferentes obras;
    3- dos contextos e atores sociais presentes (os “sistemas relacionais” e “pontos
    de fixação”, para citar Pierre Sorlin) e, principalmente, hipótese mobilizadora da
    pesquisa,
    4- do aparecimento do narrador, uma vez que o tom artesanal e conselheiro (que serviram à conceituação de Benjamin) comparece fortemente ao longo de ambas as produções, com suas especificidades a serem analisadas e comparadas.

    O cinema e a invenção da vida moderna – como podemos reconhecer junto de Ismail Xavier – evidenciam de que maneira, no final do século XIX, se instituiu socialmente uma forma do olhar que encontrou no cinema sua
    expressão. Algo que se ampliou e se complicou no século XX, com a nitidez maior dos fenômenos de massa e, numa fase seguinte, com o horizonte de coextensividade entre real e imagem, fato e espetáculo. “É esta potencialidade singular”, nas palavras de Fernão Ramos, “que pode nos situar em uma perspectiva instigante para pensarmos a tradição da narrativa documentária em particular, e as imagens não-ficcionais de um modo geral” (RAMOS, 2001, p11).

    Dessa forma, tem-se que o cinema é uma “forma de conhecimento, permitindo melhor compreender tanto conceitos e temas que articulam a abordagem política, quanto compreender o sentido das práticas políticas que
    se desenvolvem na sociedade” (CHAIA, 2014, p-6).

    Toma-se, então, os filmes como ponto de ancoragem para extrair significados que não estão lá, dados, falando por si mesmos, mas que podem ser encontrados a partir das perguntas que o pesquisador lhes faz (ROVAI,
    2017): são procedimentos metodológicos da sociologia do cinema.

    Isto posto, sustentar os lugares da minha área de pesquisa expondo-a às ambiências da outra área que ela envolve é cumprir com a responsabilidade que a formação interdisciplinar do saber merece. Trata-se da importância em produzir conhecimento e reconhecimento acadêmico utilizando da produção cinematográfica também enquanto objeto de estudo das ciências sociais, fazendo coro ao tema do XXIII Encontro da SOCINE, afinal “Preservação e Memória” só são possíveis através da conservação, e não do descarte de narrativas.

Bibliografia

    BENJAMIN, Walter. Charles Baudelaire, um lírico no auge do capitalismo. Brasiliense, 2017.
    BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Brasiliense, 1994.
    CHAIA, Miguel. Cinema & política. Azougue Editorial, 2015.
    DARDOT, Pierre; LAVAL, Christian. A nova razão do mundo. Boitempo, 2017.
    GAGNEBIN, Jeanne-Marie. História e narração em Walter Benjamin. Ed.
    Unicamp, 1994.
    RAMOS, Fernão Pessoa. Estudos de Cinema. SOCINE 2000. Ed. Sulina, 2001.
    ROVAI, Mauro. Formas de manifestação do passado em filmes de Alain Resnais. Aproximações sociológicas. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 33, n. 96, 2017.
    ROVAI, Mauro. Imagem e técnica como itinerários das ciências sociais: considerações sobre o cinema de Leni Riefenstahl. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 24, n. 71, 2009.
    SORLIN, Pierre. Sociología del cine. Apertura para la historia de mañana. Fondo Cultura Económica, 1985.
    XAVIER, Ismail. O olhar e a cena. Cosac & Naify, 2003.

O livro “XXII SOCINE: 50 anos do maio de 68”, organizado por Lisandro Nogueira e Cleomar Rocha já está disponível para download em nosso site. A obra é composta de 11 artigos que lidam com a temática do maio de 68 pela perspectiva do cinema, que foi o tema do XXII Encontro SOCINE realizado em Goiânia, em 2018. De acordo com os organizadores, “Não há dúvidas de que o tema foi, é, e será sempre instigante, ainda mais aos olhos de muitos que (sobre)viveram (a)os tempos de 68, especialmente no Brasil, e que durante o evento debateram e refletiram sobre o legado de tão importante período da história mundial para a contemporaneidade. Na presente coletânea de textos procuramos demonstrar um pouquinho do que foi a XXII SOCINE, bastante eclética, mas que correspondeu muito bem à chamada para trazer a reflexão dos acontecimentos políticos, sociais, culturais e artísticos do ano de 1968”. O livro leva o selo editorial da SOCINE e ficará disponível em nosso site para download na seção Livros.

XXII Socine 50 anos de maio de 68
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Tema do XXII encontro da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE): “herança do maio de 1968 do ponto de vista do cinema, das novas redes de comunicação digital e da televisão”.

A Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE) repudia veementemente as manifestações recentes do governo federal contrárias a disciplinas das Humanidades como Filosofia ou Sociologia. Tais manifestações se constituem como ameaças inaceitáveis a áreas de conhecimento fundamentais que já convivem há anos com espaço reduzido nas políticas de financiamento de ensino e pesquisa no país.

A SOCINE considera que tais manifestações, além de desconhecerem a centralidade das Humanidades na construção da cidadania e no desenvolvimento do país, demonstram uma completa ausência de um projeto sério de educação e ciência.

Por isso, a SOCINE também assina a nota de repudio redigida pela ANPOF, disponível em:
http://www.anpof.org/portal/index.php/pt-BR/artigos-em-destaque/2075-nota-de-repudio-a-declaracoes-do-ministro-da-educacao-e-do-presidente-da-republica-sobre-as-faculdades-de-humanidades-nomeadamente-filosofia-e-sociologia

Diretoria SOCINE

Encerrou-se na última sexta, 19/04, o pagamento da anuidade e a submissão de trabalhos para o XXIII Encontro SOCINE que acontecerá de 08 a 11 de outubro na Unisinos, em Porto Alegre, RS. As propostas entram agora em período de avaliação e a divulgação dos trabalhos selecionados está prevista para o dia 10/06/2019.

Num momento em que a pesquisa brasileira sofre cortes, a SOCINE tem buscado reagir às dificuldades postas a toda área, implementando descontos a profissionais sem vínculo, criando novas formas de desligamento que possibilitam uma economia aos sócios e diminuindo a quantidade de anuidades atrasadas a serem pagas. Além disso, a escolha do tema deste ano levou em consideração a necessidade de refletirmos sobre preservação e memória audiovisual num período como este que vivemos. Por tudo isto, nos anima o fato do Encontro deste ano ter registrado o maior número de trabalhos submetidos nos últimos dez anos, totalizando 595 propostas enviadas. Em momentos de dificuldades como estes que o fortalecimento de nossa Sociedade e Encontro se faz cada vez mais importante e por isso, agradecemos a todas e todos que inscreveram seus trabalhos. Faremos mais um instigante e afetuoso Encontro, dessa vez em Porto Alegre.

Para finalizar, gostaríamos de informar aos sócios que não pagaram a anuidade, que é possível realizar o pagamento normalmente pelo sistema durante todo o ano. Para aqueles que buscam economizar, pode-se optar pelo Desligamento Parcial, que gera um desconto de 50% no valor da anuidade.

Para pagar e submeter os trabalhos é necessário que o sócio já cadastrado na Sociedade acesse nosso site socine.org.br e coloque seu CPF e sua senha no PAINEL DO ASSOCIADO.

Estando logado em nosso sistema, o sócio deverá clicar em MINHA CONTA e em seguida DADOS DE PAGAMENTO. Vai aparecer uma tela com o Histórico de pagamentos e ao lado Instruções de pagamento, onde é feito o processo via Paypal. Assim que o pagamento é realizado, aparece escrito PAGO no Histórico na coluna Anuidade 2019. Com isso é possível submeter o trabalho em seguida.

Para submeter a proposta de comunicação, você deve clicar em ENCONTROe em seguida INSCRIÇÃO. Abrirá uma tela com a explicação sobre cada uma das 4 modalidades e ao lado em Minha proposta você encontra os botões com as modalidades para se inscrever nelas. Você irá clicar naquela que você gostaria de enviar seu trabalho e preencher os campos. Depois de enviar a proposta você ainda pode edita-la até o encerramento do prazo. Após isso, a proposta entra em avaliação e não pode ser mais modificada.

Qualquer dúvida sobre o processo, entre em contato com a Secretaria pelo e-mail socine@socine.org.br