O XXIII Encontro SOCINE acontecerá na Unisinos, em Porto Alegre, de 08 a 11 de outubro de 2019.

A lista dos trabalhos aprovados pode ser acessada aqui. Os associados também podem checar a avaliação final de seus trabalhos pela sua área de associado.

Todos os aprovados precisam realizar o pagamento dentro do prazo para que sua participação seja confirmada. Os valores, após o primeiro prazo, terão acréscimos. O pagamento deverá ser feito pela área do associado, via Paypal.

Primeiro prazo: 10 de junho a 12 de julho – R$190,00 (profissionais) / R$95,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Segundo prazo: 15 de julho a 26 de julho – R$220,00 (profissionais) / R$110,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Prazo final: 29 de julho a 02 de agosto – R$260,00 (profissionais) / R$130,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)

Tendo qualquer dúvida ou dificuldade, favor contatar a secretaria no e-mail socine@socine.org.br.

Ficha do Proponente

Proponente

    Raquel Valadares de Campos (UFJF)

Minicurrículo

    Raquel Valadares graduou-se em Cinema pela UFF. Atualmente é orientanda do Prof. Felipe Muanis e bolsista no mestrado em Cinema e Audiovisual PPG em Artes, Cultura e Linguagens, do Instituto de Artes e Design, da UFJF. Na graduacão trabalhou o tema da espectatorialidade do cinema popular indiano. Agora no mestrado, pesquisa a performatividade do cinema testemunhal de Lúcia Murat.

Ficha do Trabalho

Título

    O Jogo de Máscaras em Que Bom Te Ver Viva (1989)

Resumo

    Após trabalhar conceitualmente as implicações do testemunho superstes nos documentários dirigidos por cineastas vítimas de catástrofes e sua consequente performatividade, nesta SOCINE analisaremos mais precisamente o segmento ficcional do documentário Que Bom Te Ver Viva (1989) de Lúcia Murat. Veremos como sua personagem alter ego, interpretada por Irene Ravache, e a estrutura dialogal do filme são instrumentais para que Murat performe o seu testemunho.

Resumo expandido

    Considerando que documentário, assim como autobiografia, é um modo de leitura (DE MAN, 1986; ODIN, 2012; SOBCHACK, 1999) – que ocorre quando o espectador enxerga, através das personagens e histórias da ficção, seus ecos existenciais e referentes reais – pode-se identificar na personagem fictícia interpretada por Irene Ravache, no segmento ficcional do documentário Que Bom Te Ver Viva (1989), a pessoa e a história de vida de Lúcia Murat – cineasta brasileira vítima de tortura na Ditadura Civil-Militar Brasileira. Identificar em uma personagem fictícia o eu da cineasta – uma persona que necessariamente carrega marcas do si mesmo da artista (COHEN, 2013) – fomenta o debate sobre autorrepresentação (RASCAROLI, 2012), autoinscrição (RENOV, 2008), encenação de si (WAUGH, 2011) e performatividade (BUTLER, 2015) da cineasta.
    Reconhecendo que o documentário experimentou uma guinada subjetiva e crise epistemológica próprias quando trouxe o cineasta para o centro da narrativa fílmica, nos chamados documentários performativos e autobiográficos, situaremos o debate sobre testemunho, sobre os limites entre ficção e documentário e sobre a capacidade de produção de conhecimento verificável em Que Bom Te Ver Viva (1989). Focando na construção da personagem alter ego de Lúcia Murat, analisaremos a inscrição da subjetividade e a incorporação do autor na narrativa dessa obra à luz das teorias da performance (COHEN, 2013) e do documentário performativo (SILVA, 2014).
    A análise conjugará elementos imanentes da obra e paratextos a fim de justificar a ocorrência de momentos autobiográficos em Que Bom Te Ver Viva e de compreender como Murat constrói no filme um self retratável de si mesma, uma persona, com a intenção de positivar o acontecimento relato, de produzir conhecimento incorporado e de transmitir, por meio de seu testemunho, a sua experiência pessoal de vítima e sobrevivente da Ditadura Civil-Militar brasileira. A chave para compreender como Murat performa sua identidade é a própria estrutura dialogal do testemunhho, mesmo que mascarado pela personagem fictícia e incorporado pela atriz Irene Ravache. Dois são os eixos que marcam a estrutura dialogal do filme: a mise-en-scène do segmento ficcional e a narração em off do segmento factual.
    Desde a terceira cena de seu segmento ficcional, o filme Que Bom Te Ver Viva planta uma percepção que vigora durante todo o filme: que a personagem interpretada por Irene Ravache fala para o espectador mesmo quando fala para si, em uma constante e consistente extrojeção de si mesma. Essa relacionalidade construída com o espectador, por meio do olhar lançado à câmera e por de interpelação direta, complexifica-se ainda mais nos momentos em que se usa o pronome “você” na fala. Especialmente quando o “você” dirigido ao espectador singulariza um destinatário da fala específico, o que ocorre muitas vezes e com destinatários distintos ao longo do filme, impelindo o espectador a assumir múltiplas identidades, como, por exemplo, o seu torturador.
    Outro elemento da estrutura dialogal do testemunho é a narração em primeira pessoa. Que Bom Te Ver Viva, diferentemente de documentários em primeira pessoa, não é narrado por sua diretora. No segmento factual do filme, a voz da diretora Lúcia Murat é substituída pela voz da atriz Irene Ravache, o que não impede a expressão de reflexividade e a inscrição fílmica da diretora. Contudo, apesar de ser sabido que é Lúcia quem faz as entrevistas, com essa substituição das vozes, o filme leva a crer que é Irene Ravache a diretora e, portanto, entrevistadora, sujeito por detrás das câmeras e enunciadora real do filme, reforçando a concomitância entre o factual e o ficcional e a ambivalência entre cineasta e personagem alter ego.
    Espera-se, com esta análise, discutir como a performatividade da identidade de Lúcia Murat, enquanto vítima e sobrevivente da repressão, e o seu testemunho agem sobre o espectador, cuja função é receber e acreditar o relato.

Bibliografia

    BUTLER, Judith. Relatar a si mesmo. Belo Horizonte: Autêntica, 2015
    COHEN, Renato. Performance como linguagem. São Paulo: Perspectiva, 2013
    DE MAN, Paul. The Rhetoric of Romanticism. New York: Columbia University Press, 1986
    ODIN Roger. Filme documentário, leitura documentarizante. São Paulo: Significação, ano 39, nº 37, 2012
    RASCAROLI, Laura. The Self-portrait Film. In: LEBOW, Alisa. The Cinema Of Me. London & New York: Columbia University Press, 2012
    RENOV, Michael. First-person Films: Some theses on self-inscription. In: AUSTIN, Thomas e DE JONG, Wilma. Rethinking Documentary. Maidenhead: Open University Press, 2008
    SILVA, Patrícia R. Documentários performáticos. Dissertação. Rio de Janeiro: UFRJ/ECO, 2004
    SOBCHACK, Vivan. Toward a Phenomenology of Nonfictional Film Experience. In: GAINES, Jane M e RENOV, Michael. Collecting visible evidence. Minneapolis: University of Minnesota Press, 1999
    WAUGH, Thomas. The Right to Play Oneself. Minnesota: University of Minnesota Press, 2011

O livro “XXII SOCINE: 50 anos do maio de 68”, organizado por Lisandro Nogueira e Cleomar Rocha já está disponível para download em nosso site. A obra é composta de 11 artigos que lidam com a temática do maio de 68 pela perspectiva do cinema, que foi o tema do XXII Encontro SOCINE realizado em Goiânia, em 2018. De acordo com os organizadores, “Não há dúvidas de que o tema foi, é, e será sempre instigante, ainda mais aos olhos de muitos que (sobre)viveram (a)os tempos de 68, especialmente no Brasil, e que durante o evento debateram e refletiram sobre o legado de tão importante período da história mundial para a contemporaneidade. Na presente coletânea de textos procuramos demonstrar um pouquinho do que foi a XXII SOCINE, bastante eclética, mas que correspondeu muito bem à chamada para trazer a reflexão dos acontecimentos políticos, sociais, culturais e artísticos do ano de 1968”. O livro leva o selo editorial da SOCINE e ficará disponível em nosso site para download na seção Livros.

XXII Socine 50 anos de maio de 68
1650 Downloads

Tema do XXII encontro da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE): “herança do maio de 1968 do ponto de vista do cinema, das novas redes de comunicação digital e da televisão”.

A Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE) repudia veementemente as manifestações recentes do governo federal contrárias a disciplinas das Humanidades como Filosofia ou Sociologia. Tais manifestações se constituem como ameaças inaceitáveis a áreas de conhecimento fundamentais que já convivem há anos com espaço reduzido nas políticas de financiamento de ensino e pesquisa no país.

A SOCINE considera que tais manifestações, além de desconhecerem a centralidade das Humanidades na construção da cidadania e no desenvolvimento do país, demonstram uma completa ausência de um projeto sério de educação e ciência.

Por isso, a SOCINE também assina a nota de repudio redigida pela ANPOF, disponível em:
http://www.anpof.org/portal/index.php/pt-BR/artigos-em-destaque/2075-nota-de-repudio-a-declaracoes-do-ministro-da-educacao-e-do-presidente-da-republica-sobre-as-faculdades-de-humanidades-nomeadamente-filosofia-e-sociologia

Diretoria SOCINE

Encerrou-se na última sexta, 19/04, o pagamento da anuidade e a submissão de trabalhos para o XXIII Encontro SOCINE que acontecerá de 08 a 11 de outubro na Unisinos, em Porto Alegre, RS. As propostas entram agora em período de avaliação e a divulgação dos trabalhos selecionados está prevista para o dia 10/06/2019.

Num momento em que a pesquisa brasileira sofre cortes, a SOCINE tem buscado reagir às dificuldades postas a toda área, implementando descontos a profissionais sem vínculo, criando novas formas de desligamento que possibilitam uma economia aos sócios e diminuindo a quantidade de anuidades atrasadas a serem pagas. Além disso, a escolha do tema deste ano levou em consideração a necessidade de refletirmos sobre preservação e memória audiovisual num período como este que vivemos. Por tudo isto, nos anima o fato do Encontro deste ano ter registrado o maior número de trabalhos submetidos nos últimos dez anos, totalizando 595 propostas enviadas. Em momentos de dificuldades como estes que o fortalecimento de nossa Sociedade e Encontro se faz cada vez mais importante e por isso, agradecemos a todas e todos que inscreveram seus trabalhos. Faremos mais um instigante e afetuoso Encontro, dessa vez em Porto Alegre.

Para finalizar, gostaríamos de informar aos sócios que não pagaram a anuidade, que é possível realizar o pagamento normalmente pelo sistema durante todo o ano. Para aqueles que buscam economizar, pode-se optar pelo Desligamento Parcial, que gera um desconto de 50% no valor da anuidade.

Para pagar e submeter os trabalhos é necessário que o sócio já cadastrado na Sociedade acesse nosso site socine.org.br e coloque seu CPF e sua senha no PAINEL DO ASSOCIADO.

Estando logado em nosso sistema, o sócio deverá clicar em MINHA CONTA e em seguida DADOS DE PAGAMENTO. Vai aparecer uma tela com o Histórico de pagamentos e ao lado Instruções de pagamento, onde é feito o processo via Paypal. Assim que o pagamento é realizado, aparece escrito PAGO no Histórico na coluna Anuidade 2019. Com isso é possível submeter o trabalho em seguida.

Para submeter a proposta de comunicação, você deve clicar em ENCONTROe em seguida INSCRIÇÃO. Abrirá uma tela com a explicação sobre cada uma das 4 modalidades e ao lado em Minha proposta você encontra os botões com as modalidades para se inscrever nelas. Você irá clicar naquela que você gostaria de enviar seu trabalho e preencher os campos. Depois de enviar a proposta você ainda pode edita-la até o encerramento do prazo. Após isso, a proposta entra em avaliação e não pode ser mais modificada.

Qualquer dúvida sobre o processo, entre em contato com a Secretaria pelo e-mail socine@socine.org.br