O XXIII Encontro SOCINE acontecerá na Unisinos, em Porto Alegre, de 08 a 11 de outubro de 2019.

A lista dos trabalhos aprovados pode ser acessada aqui. Os associados também podem checar a avaliação final de seus trabalhos pela sua área de associado.

Todos os aprovados precisam realizar o pagamento dentro do prazo para que sua participação seja confirmada. Os valores, após o primeiro prazo, terão acréscimos. O pagamento deverá ser feito pela área do associado, via Paypal.

Primeiro prazo: 10 de junho a 12 de julho – R$190,00 (profissionais) / R$95,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Segundo prazo: 15 de julho a 26 de julho – R$220,00 (profissionais) / R$110,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Prazo final: 29 de julho a 02 de agosto – R$260,00 (profissionais) / R$130,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)

Tendo qualquer dúvida ou dificuldade, favor contatar a secretaria no e-mail socine@socine.org.br.

Ficha do Proponente

Proponente

    Vicente Nunes Moreno (UNISINOS)

Minicurrículo

    Mestre em Comunicação Social pela PUCRS (2015), graduou-se na UNISINOS em Realização Audiovisual (2006), curso no qual atualmente é coordenador, bem como professor de montagem, roteiro e direção. É justo nessas áreas que atua desde 2006 no mercado audiovisual, tendo participado de mais de 50 produções para cinema e televisão. Atualmente compõe o Núcleo Criativo da Casa de Cinema de Porto Alegre, onde assinou o roteiro do longa Rasga Coração de Jorge Furtado (2018).

Ficha do Trabalho

Título

    O intimismo distante em Wanda e A Mulher Sem Cabeça

Resumo

    A comunicação propõe uma análise comparativa entre “Wanda” (Barbara Loden, 1970) e “A Mulher Sem Cabeça” (Lucrecia Martel, 2008), traçando um paralelo entre o estado de desconexão social e íntima das protagonistas femininas. Abordando contextos de classe bastante distantes, e optando por estratégias narrativas e estilísticas contrárias, Lucrecia e Loden se encontram num intimismo distante, que nos mantém próximos a suas personagens, mas por vezes externos à sua cognição e aos seus sentimentos.

Resumo expandido

    Verónica, a protagonista de “A Mulher Sem Cabeça” (2008, Lucrecia Martel), sofre um acidente de carro que a coloca num estado de perda de memória e desconexão com os outros e consigo mesma. Já Wanda, a personagem título do mítico e único filme de Barbara Loden (1970), parece viver em um estado de permanente dormência, de um olhar ausente, de uma inação e passividade fora do comum. Ambas se veem deambulantes, conduzidas por homens que as dizem o que fazer, que controlam as circunstâncias ao seu redor e as relegam a um segundo plano, anulam ou amordaçam as suas inquietações.

    Os contextos nos quais se inserem, no entanto, não poderiam ser mais distantes. Enquanto Verónica é “protegida” por uma família estruturada, ou que ao menos se esforça para manter uma aparente estabilidade, Wanda está totalmente desamparada, alienada de seus filhos, sem ter ninguém que se preocupe com ela. Enquanto Verónica pertence à elite de Salta, vivendo em uma casa ampla, com consultório próprio e acesso à piscina do clube, Wanda mal tem onde morar, não tem dinheiro ou emprego, e submete-se aos tratos mais abjetos de um psicopata perigoso que a leva consigo sem nenhuma promessa de afeto ou cuidado.

    Recorrendo às bases propostas por Genette (1995) e atualizadas por Jost e Gaudreault (2009), podemos traçar uma análise comparativa da modulação narrativa dos dois filmes. Nesse esforço, percebemos em comum um certo intimismo distante, que nos mantém próximos às personagens, mas por vezes externos à sua cognição e aos seus sentimentos. Essa tendência à focalização externa, no entanto, é atingida a partir de estratégias estilísticas bastante distintas. Em “Wanda”, há espaço para improviso, para uma câmera sempre solta e atenta aos estímulos do real, numa proximidade ao cinema verdade ou a um realismo revelatório. Já em “A Mulher Sem Cabeça”, o enquadramento se impõe, restritivo e soberano, organizando um caos perfeitamente calculado, controlando o acesso à uma realidade orquestrada, mas não menos complexa e verdadeira. A grosso modo, enquanto Loden privilegia a mostração profílmica, o mise en scène, Martel nos traz uma demonstração do poder de modulação da mostração filmográfica, o misé en cadre (GAUDREAULT, 2009: p.92).

    Mais do que um levantamento exaustivo dessa modulação, nos interessa pinçar momentos específicos e significativos que exemplifiquem essa diferença de posturas, para então perguntar-se como essas escolhas de narração dialogam com a situação e expressão das duas personagens. O controle e restrição que percebemos em “A Mulher Sem Cabeça” manifesta no estilo o círculo fechado no qual se encontra a personagem, a redoma de vidro que a contém e da qual ela tenta em vão escapar (como fica claro no plano final do filme). Uma redoma que se racha no acidente, onde se abre uma brecha para outra escuta, uma brecha para os fantasmas, para a culpa, para a autonomia de escapar do papel que os outros lhe impõe.

    Wanda, ao contrário, parece carecer desta restrição. Está solta, perdida, não tem essa cobrança ou uma redoma que a contenha (talvez apenas a que carrega dentro de si). Assim como a câmera, segue quem passa a sua frente, conduzida pelo movimento caótico e imperfeito dos encontros. Sua chance de redenção é através do outro, na busca de um possível vínculo, de um lugar para si, mas Wanda não encontra esteio, o real a atropela, é maior do que ela – não há transcendência ou elevação na crua realidade, nem para a personagem, nem para a narração.

    Seja pela via do controle e da restrição, ou do descontrole e do improviso, ao mantermo-nos externos às personagens, amplia-se o mistério e a ambiguidade dos seus anseios e angústias, algo que talvez nem elas próprias consigam acessar com clareza. Paradoxalmente, nos privar de um acesso ao olhar e ao saber de Wanda e Verónica, nos aproxima da situação delas, dessa mudez ou falta de escuta ao qual são submetidas.

Bibliografia

    GAUDREAULT, André. “From Plato to Lumière: Narration and Monstration in Literature and Cinema”. Toronto: University of Toronto, 2009.

    GAUDREAULT, André; JOST, François. “A narrativa cinematográfica”. Brasília: Universidade de Brasília, 2009.

    GENETTE, Gérard. “Discurso da narrativa”. 3.ed. Lisboa: Vega, 1995.

    JOST, François. “L’Œil-caméra. Entre film et roman”. Lyon: Presses universitaires de Lyon, 1987.

    PEER, Willie Van; CHATMAN, Seymour. “New perspectives on narrative perspective”. Albany: State University of New York, 2001.

    PHELAN, James. “Why narrators can be focalizers”. in PEER, Willie Van; CHATMAN, Seymour. “New perspectives on narrative perspective”. Albany: State University of New York, 2001.

    PRINCE, Gerald. “A point of view on point of view or refocusing”. in PEER, Willie Van; CHATMAN, Seymour. “New perspectives on narrative perspective”. Albany: State University of New York, 2001.

    VERSTRATEN, Paul. “Film Narratology”. University of Toronto Press, 2009.

O livro “XXII SOCINE: 50 anos do maio de 68”, organizado por Lisandro Nogueira e Cleomar Rocha já está disponível para download em nosso site. A obra é composta de 11 artigos que lidam com a temática do maio de 68 pela perspectiva do cinema, que foi o tema do XXII Encontro SOCINE realizado em Goiânia, em 2018. De acordo com os organizadores, “Não há dúvidas de que o tema foi, é, e será sempre instigante, ainda mais aos olhos de muitos que (sobre)viveram (a)os tempos de 68, especialmente no Brasil, e que durante o evento debateram e refletiram sobre o legado de tão importante período da história mundial para a contemporaneidade. Na presente coletânea de textos procuramos demonstrar um pouquinho do que foi a XXII SOCINE, bastante eclética, mas que correspondeu muito bem à chamada para trazer a reflexão dos acontecimentos políticos, sociais, culturais e artísticos do ano de 1968”. O livro leva o selo editorial da SOCINE e ficará disponível em nosso site para download na seção Livros.

XXII Socine 50 anos de maio de 68
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Tema do XXII encontro da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE): “herança do maio de 1968 do ponto de vista do cinema, das novas redes de comunicação digital e da televisão”.

A Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE) repudia veementemente as manifestações recentes do governo federal contrárias a disciplinas das Humanidades como Filosofia ou Sociologia. Tais manifestações se constituem como ameaças inaceitáveis a áreas de conhecimento fundamentais que já convivem há anos com espaço reduzido nas políticas de financiamento de ensino e pesquisa no país.

A SOCINE considera que tais manifestações, além de desconhecerem a centralidade das Humanidades na construção da cidadania e no desenvolvimento do país, demonstram uma completa ausência de um projeto sério de educação e ciência.

Por isso, a SOCINE também assina a nota de repudio redigida pela ANPOF, disponível em:
http://www.anpof.org/portal/index.php/pt-BR/artigos-em-destaque/2075-nota-de-repudio-a-declaracoes-do-ministro-da-educacao-e-do-presidente-da-republica-sobre-as-faculdades-de-humanidades-nomeadamente-filosofia-e-sociologia

Diretoria SOCINE

Encerrou-se na última sexta, 19/04, o pagamento da anuidade e a submissão de trabalhos para o XXIII Encontro SOCINE que acontecerá de 08 a 11 de outubro na Unisinos, em Porto Alegre, RS. As propostas entram agora em período de avaliação e a divulgação dos trabalhos selecionados está prevista para o dia 10/06/2019.

Num momento em que a pesquisa brasileira sofre cortes, a SOCINE tem buscado reagir às dificuldades postas a toda área, implementando descontos a profissionais sem vínculo, criando novas formas de desligamento que possibilitam uma economia aos sócios e diminuindo a quantidade de anuidades atrasadas a serem pagas. Além disso, a escolha do tema deste ano levou em consideração a necessidade de refletirmos sobre preservação e memória audiovisual num período como este que vivemos. Por tudo isto, nos anima o fato do Encontro deste ano ter registrado o maior número de trabalhos submetidos nos últimos dez anos, totalizando 595 propostas enviadas. Em momentos de dificuldades como estes que o fortalecimento de nossa Sociedade e Encontro se faz cada vez mais importante e por isso, agradecemos a todas e todos que inscreveram seus trabalhos. Faremos mais um instigante e afetuoso Encontro, dessa vez em Porto Alegre.

Para finalizar, gostaríamos de informar aos sócios que não pagaram a anuidade, que é possível realizar o pagamento normalmente pelo sistema durante todo o ano. Para aqueles que buscam economizar, pode-se optar pelo Desligamento Parcial, que gera um desconto de 50% no valor da anuidade.

Para pagar e submeter os trabalhos é necessário que o sócio já cadastrado na Sociedade acesse nosso site socine.org.br e coloque seu CPF e sua senha no PAINEL DO ASSOCIADO.

Estando logado em nosso sistema, o sócio deverá clicar em MINHA CONTA e em seguida DADOS DE PAGAMENTO. Vai aparecer uma tela com o Histórico de pagamentos e ao lado Instruções de pagamento, onde é feito o processo via Paypal. Assim que o pagamento é realizado, aparece escrito PAGO no Histórico na coluna Anuidade 2019. Com isso é possível submeter o trabalho em seguida.

Para submeter a proposta de comunicação, você deve clicar em ENCONTROe em seguida INSCRIÇÃO. Abrirá uma tela com a explicação sobre cada uma das 4 modalidades e ao lado em Minha proposta você encontra os botões com as modalidades para se inscrever nelas. Você irá clicar naquela que você gostaria de enviar seu trabalho e preencher os campos. Depois de enviar a proposta você ainda pode edita-la até o encerramento do prazo. Após isso, a proposta entra em avaliação e não pode ser mais modificada.

Qualquer dúvida sobre o processo, entre em contato com a Secretaria pelo e-mail socine@socine.org.br