O XXIII Encontro SOCINE acontecerá na Unisinos, em Porto Alegre, de 08 a 11 de outubro de 2019.

A lista dos trabalhos aprovados pode ser acessada aqui. Os associados também podem checar a avaliação final de seus trabalhos pela sua área de associado.

Todos os aprovados precisam realizar o pagamento dentro do prazo para que sua participação seja confirmada. Os valores, após o primeiro prazo, terão acréscimos. O pagamento deverá ser feito pela área do associado, via Paypal.

Primeiro prazo: 10 de junho a 12 de julho – R$190,00 (profissionais) / R$95,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Segundo prazo: 15 de julho a 26 de julho – R$220,00 (profissionais) / R$110,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Prazo final: 29 de julho a 02 de agosto – R$260,00 (profissionais) / R$130,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)

Tendo qualquer dúvida ou dificuldade, favor contatar a secretaria no e-mail socine@socine.org.br.

Ficha do Proponente

Proponente

    Miguel Antunes Ramos (USP)

Minicurrículo

    Miguel Antunes Ramos é realizador audiovisual. Formado em audiovisual na ECA/USP em 2012, Miguel dirigiu os curta-metragens um, dois, três, vulcão (2012), Salomão (2013), E (2014), A Era de Ouro (2014), O Castelo (2015) e Comissão de Vendas (2016), que foram exibidos em festivais como Rotterdam (2015), Oberhausen (2016), entre outros. Seu primeiro longa, Banco Imobiliário (2016) foi exibido na Mostra de Tiradentes. Atualmente, miguel faz mestrado na ECA/USP com orientação de Ismail Xavier.

Ficha do Trabalho

Título

    Reflexões sobre performance e sobrevivências à partir de ‘Arara’

Resumo

    Em 2013 foi encontrado no Museu do Índio, no Rio de Janeiro, 4 rolos de película intitulados ‘Arara’. Filmados em fevereiro de 1970, o material é um registro da formatura do primeiro e único batalhão da Guarda Rural Indígena. Nossa pesquisa pretende se debruçar sobre esse material encontrado, se questionando sobre o desejo branco, militarista e disciplinador que o ensejou, bem como a forma com que os corpos indígenas performaram, responderam e resistiram a esse desejo.

Resumo expandido

    Em 2013 foi encontrado no Museu do Índio, no Rio de Janeiro, 4 rolos de película intitulados ‘Arara’. Filmados em fevereiro de 1970 por Jesco Von Puttkamer, o material é um registro da formatura do primeiro e único batalhão da Guarda Rural Indígena, composta por 97 índios dos povos Karajá, Krahô, Xerente, Maxakali e Gavião.
    O material consiste em uma filmagem em 16 mm, sem som, dessa formatura. Uma série de índios fardados marcha pelo pátio de um batalhão militar. Vestindo quepe e com o olhar sisudo, os 97 erguem o braço direito em saudação à bandeira brasileira, que é hasteada. Homens brancos de terno assistem à tudo da arquibancada, em silêncio. Um índio à cavalo cruza o pátio trazendo outro índio amarrado, em uma simulação de prisão. Por fim, atravessa o pátio um grupo particular: dois índios carregam um terceiro, que está preso a um pau-de-arara. Eles são observados atentamente pelos homens brancos engravatados. Cruzam todo o pátio debaixo de um sol escaldante.
    Hoje, mais de 30 anos após o fim da ditadura civil-militar, assistir a essas imagens causa uma espécie de vertigem. O material, recém-encontrado, tendo ficado escondido por mais de 40 anos, parece carregar uma luminosidade própria, sendo, em certo sentido, uma imagem “sobrevivente” (DIDI-HUBERMAN). Nossa pesquisa pretende se debruçar sobre esse material encontrado para, a partir dele, recompor a história da Guarda Rural Indígena buscando entender não apenas o que ocorreu, quando e como começou e terminou a Grin, mas também se perguntar sobre o desejo branco, militarista e disciplinador, que o ensejou. Além disso, pretendemos investigar como essa história permanece nos corpos, memórias e histórias dos próprios indígenas que foram fardados.
    É possível analisar a criação da GRIN através de dois prismas diferentes e algo contraditórios. O primeiro diz respeito ao tema da militarização indígena, entendendo a GRIN no contexto do projeto de integração e segurança nacional do pós-AI 5. O segundo diz respeito à uma preocupação, acima de tudo, imagética, tendo em vista as acusações que se fazia ao Brasil no contexto internacional, e o papel preponderante da questão indígena nessas acusações. Assim, é possível entender a criação da GRIN como um esforço por parte do governo de contra-propaganda – a criação de uma imagem teoricamente positiva, que pudesse defender a ditadura da acusação de genocídio indígena. Prova desse intuito é o fato de que após a criação da GRIN, no ano de 1970, em diversas cidades brasileiras houveram desfiles dos guardas. Isso levanta a possibilidade de o material agora encontrado ser, em verdade, o material bruto de uma propaganda governamental nunca realizada. Essa hipótese é algo que vamos ao longo da pesquisa se aprofundar.
    Uma análise mais detida do material busca enxergar nele a sobreposição de três desejos. De um lado, existe o desejo branco, militar, que controla a performance, a planejou, a montou. De outro lado, existe o desejo do fotógrafo, Jesco Von Puttkamer, um brasileiro de ascendêcia alemã que fotografou o julgamento de Nuremberg, e fotograva grupos indígenas recorrentemente para revistas nacionais e estrangeiras. E por fim, existe o desejo indígena, os corpos que percorrem a performance desejada pelos militares, filmada pelo Jesco, e que dela se apropriam e a ele resistem.
    Na pesquisa, visitamos aldeias indígenas e localizamos mais de 20 guardas. Nos dedicamos então à questão de como suas histórias e seus corpos foram atravessados pela ocorrência histórica que foi a Grin.

    Acima de tudo, este projeto busca refletir sobre a imbrincada relação entre memória e imagem, entre barbárie histórica e documento, buscando apreender o que permanece, ainda hoje, nas imagens, nas memórias e nos corpos, da tragédia biopolítica que foi a ditadura civil-militar no Brasil.

Bibliografia

    CARNEIRO DA CUNHA, Manoela. Cultura com aspas. São Paulo, Cosacnaify, 2009.
    CLASTRES, Pierre. A Sociedade contra o Estado. Cosacnaify.
    DIDI-HUBERMAN, Georges. A imagem sobrevivente. História da arte e tempo dos fantasmas segundo Aby Warburg. Rio de Janeiro, Editora Contraponto, 2013.
    ________________________. Imagens apesar de tudo. Lisboa, Editora KKYM. 2004.
    ________________________. A sobrevivência dos vaga-lumes. Belo Horizonte, Editora UFMG, 2011.
    GASPARI, Elio. As ilusões armadas – volume 2: a ditadura escancarada. São Paulo, Companhia das Letras, 2002.
    LOWY, Michael. Walter Benjamin: aviso de incêndio – uma leitura das teses “sobre o conceito de história”. São Paulo, Boitempo editorial, 2005.SHOHAT, Ella, STAM, Robert. Crítica da imagem eurocêntrica. São Paulo, Cosacnaify, 2006.
    SONTAG, Susan. Sobre fotografia. São Paulo, Companhia das Letras, 2004.
    VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. A inconstância da alma selvagem. São Paulo, Cosacnaify, 2002.
    VALENTE, Rubens. Os fuzis e as flechas.

O livro “XXII SOCINE: 50 anos do maio de 68”, organizado por Lisandro Nogueira e Cleomar Rocha já está disponível para download em nosso site. A obra é composta de 11 artigos que lidam com a temática do maio de 68 pela perspectiva do cinema, que foi o tema do XXII Encontro SOCINE realizado em Goiânia, em 2018. De acordo com os organizadores, “Não há dúvidas de que o tema foi, é, e será sempre instigante, ainda mais aos olhos de muitos que (sobre)viveram (a)os tempos de 68, especialmente no Brasil, e que durante o evento debateram e refletiram sobre o legado de tão importante período da história mundial para a contemporaneidade. Na presente coletânea de textos procuramos demonstrar um pouquinho do que foi a XXII SOCINE, bastante eclética, mas que correspondeu muito bem à chamada para trazer a reflexão dos acontecimentos políticos, sociais, culturais e artísticos do ano de 1968”. O livro leva o selo editorial da SOCINE e ficará disponível em nosso site para download na seção Livros.

XXII Socine 50 anos de maio de 68
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Tema do XXII encontro da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE): “herança do maio de 1968 do ponto de vista do cinema, das novas redes de comunicação digital e da televisão”.

A Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE) repudia veementemente as manifestações recentes do governo federal contrárias a disciplinas das Humanidades como Filosofia ou Sociologia. Tais manifestações se constituem como ameaças inaceitáveis a áreas de conhecimento fundamentais que já convivem há anos com espaço reduzido nas políticas de financiamento de ensino e pesquisa no país.

A SOCINE considera que tais manifestações, além de desconhecerem a centralidade das Humanidades na construção da cidadania e no desenvolvimento do país, demonstram uma completa ausência de um projeto sério de educação e ciência.

Por isso, a SOCINE também assina a nota de repudio redigida pela ANPOF, disponível em:
http://www.anpof.org/portal/index.php/pt-BR/artigos-em-destaque/2075-nota-de-repudio-a-declaracoes-do-ministro-da-educacao-e-do-presidente-da-republica-sobre-as-faculdades-de-humanidades-nomeadamente-filosofia-e-sociologia

Diretoria SOCINE

Encerrou-se na última sexta, 19/04, o pagamento da anuidade e a submissão de trabalhos para o XXIII Encontro SOCINE que acontecerá de 08 a 11 de outubro na Unisinos, em Porto Alegre, RS. As propostas entram agora em período de avaliação e a divulgação dos trabalhos selecionados está prevista para o dia 10/06/2019.

Num momento em que a pesquisa brasileira sofre cortes, a SOCINE tem buscado reagir às dificuldades postas a toda área, implementando descontos a profissionais sem vínculo, criando novas formas de desligamento que possibilitam uma economia aos sócios e diminuindo a quantidade de anuidades atrasadas a serem pagas. Além disso, a escolha do tema deste ano levou em consideração a necessidade de refletirmos sobre preservação e memória audiovisual num período como este que vivemos. Por tudo isto, nos anima o fato do Encontro deste ano ter registrado o maior número de trabalhos submetidos nos últimos dez anos, totalizando 595 propostas enviadas. Em momentos de dificuldades como estes que o fortalecimento de nossa Sociedade e Encontro se faz cada vez mais importante e por isso, agradecemos a todas e todos que inscreveram seus trabalhos. Faremos mais um instigante e afetuoso Encontro, dessa vez em Porto Alegre.

Para finalizar, gostaríamos de informar aos sócios que não pagaram a anuidade, que é possível realizar o pagamento normalmente pelo sistema durante todo o ano. Para aqueles que buscam economizar, pode-se optar pelo Desligamento Parcial, que gera um desconto de 50% no valor da anuidade.

Para pagar e submeter os trabalhos é necessário que o sócio já cadastrado na Sociedade acesse nosso site socine.org.br e coloque seu CPF e sua senha no PAINEL DO ASSOCIADO.

Estando logado em nosso sistema, o sócio deverá clicar em MINHA CONTA e em seguida DADOS DE PAGAMENTO. Vai aparecer uma tela com o Histórico de pagamentos e ao lado Instruções de pagamento, onde é feito o processo via Paypal. Assim que o pagamento é realizado, aparece escrito PAGO no Histórico na coluna Anuidade 2019. Com isso é possível submeter o trabalho em seguida.

Para submeter a proposta de comunicação, você deve clicar em ENCONTROe em seguida INSCRIÇÃO. Abrirá uma tela com a explicação sobre cada uma das 4 modalidades e ao lado em Minha proposta você encontra os botões com as modalidades para se inscrever nelas. Você irá clicar naquela que você gostaria de enviar seu trabalho e preencher os campos. Depois de enviar a proposta você ainda pode edita-la até o encerramento do prazo. Após isso, a proposta entra em avaliação e não pode ser mais modificada.

Qualquer dúvida sobre o processo, entre em contato com a Secretaria pelo e-mail socine@socine.org.br