O XXIII Encontro SOCINE acontecerá na Unisinos, em Porto Alegre, de 08 a 11 de outubro de 2019.

A lista dos trabalhos aprovados pode ser acessada aqui. Os associados também podem checar a avaliação final de seus trabalhos pela sua área de associado.

Todos os aprovados precisam realizar o pagamento dentro do prazo para que sua participação seja confirmada. Os valores, após o primeiro prazo, terão acréscimos. O pagamento deverá ser feito pela área do associado, via Paypal.

Primeiro prazo: 10 de junho a 12 de julho – R$190,00 (profissionais) / R$95,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Segundo prazo: 15 de julho a 26 de julho – R$220,00 (profissionais) / R$110,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Prazo final: 29 de julho a 02 de agosto – R$260,00 (profissionais) / R$130,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)

Tendo qualquer dúvida ou dificuldade, favor contatar a secretaria no e-mail socine@socine.org.br.

Ficha do Proponente

Proponente

    Isabel Paz Sales Ximenes Carmo (UPVM3/Unicamp)

Minicurrículo

    Doutoranda em Estudos cinematográficos e audiovisuais/História, Estética e Domínios de Aplicação do Cinema e da Fotografia, na Universidade Paul-Valéry Montpellier 3 (França), em cotutela com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Orientada por Maxime Scheinfeigel (Montpellier 3) e Pedro Maciel Guimarães (Unicamp). Mestra em Comunicação – Fotografia e audiovisual pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e bacharela em Comunicação Social – Jornalismo, também pela UFC.

Ficha do Trabalho

Título

    Do grotesco ao antropofágico: corpos e rostos sganzerlianos

Seminário

    Corpo, gesto e atuação

Resumo

    Nos filmes de Rogério Sganzerla, os corpos estão em constante movimento, muitas vezes de forma frenética e caótica; o rosto, por sua vez, serve como enquadramento para a boca, que assume um caráter escatológico. Pretendemos aqui analisar três filmes, A mulher de todos, Sem essa, aranha e Copacabana mon amour, a partir dos conceitos de grotesco e antropofágico, segundo Mikhail Bakhtin e Oswald de Andrade, e assim contribuir para a reflexão sobre a representação do corpo na obra sganzerliana.

Resumo expandido

    Propomos realizar uma breve análise do caráter grotesco e antropofágico do corpo e notadamente do rosto em três filmes do cineasta brasileiro Rogério Sganzerla: “A mulher de todos” (1969), “Sem essa, aranha” (1970) e “Copacabana mon amour” (1970). Nesses filmes, os corpos estão constante movimento, muitas vezes frenético, fora de controle. Os atores correm, dançam, chutam, pulam, sufocam uns aos outros, ações que, na maior parte do tempo, pareceriam caóticas e sem sentido se executadas dentro de um filme de ficção naturalista. Porém, elas cabem no universo absurdo do Cinema Marginal, e são mesmo necessárias para reforçá-lo ou construí-lo. Nesse sentido, a corporeidade na obra sganzerliana pode ser associada à ideia da monstruosidade, do exagero e, especialmente, do grotesco.

    É possível observar diversas semelhanças entre o conceito do corpo grotesco explorado por Mikhail Bakhtin, em seu estudo sobre a obra de François Rabelais, e a representação corporal no cinema de Sganzerla. De acordo com o autor russo, “o corpo grotesco é um corpo em movimento. Ele nunca está pronto ou terminado: ele está sempre em estado de construção, de criação, e ele mesmo constrói um outro corpo; mais do que isso, esse corpo absorve o mundo e é absorvido por este último.” (1970, p. 315).

    É justamente a boca o grande interesse do rosto nos filmes de Sganzerla. Se, por um lado, esses rostos são enquadrados de diferentes maneiras (em close-up em “A mulher de todos”; recorrendo ao uso de diferentes acessórios e ângulos em “Sem essa aranha” e “Copacabana mon amour”), a boca parece existir unicamente em função desse corpo, que quer engolir e regurgitar o mundo: comer, beber, fumar, morder e lamber; vomitar, cuspir, tossir, falar, gritar, cantar e recitar. Em “Sem essa, aranha”, a personagem de Maria Gladys grita continuamente: “Ai, que dor de barriga! Que fome!”. Em outra cena, enquanto dançarinas seminuas se movem pelo salão, a câmera procura por Helena Ignez, que começa a induzir o próprio vômito com o dedo. A boca é, para o corpo grotesco, o único interesse do rosto. “Todo o resto serve apenas para enquadrar essa boca, esse abismo corporal enorme e devorador.” (BAKHTIN, 1970, p. 315)

    Já em “A mulher de todos”, a boca de Ângela Carne e Osso (Helena Ignez) torna-se uma ferramenta cuja característica grotesca é marcada pela sexualidade. Alegoria da femme fatale, independente e liberal, Ângela dá beijos escatológicos, exagerados, como uma metonímia do ato sexual. Ela tenta comer, por exemplo, um vinil; ela morde um amante até fazê-lo sangrar. A língua estirada, uma faca entre os dentes e as palavras “Eu sou Ângela Carne e Osso. A ultrapoderosa inimiga número 1 dos homens” anunciam seu caráter feroz.

    Acreditamos que a representação da boca possui um papel central no cinema de Sganzerla na medida em que funciona como uma metonímia do processo antropofágico criador empreendido pelo cineasta. Ambos o grotesco de Rabelais e o antropofágico de Oswald de Andrade – que muito influenciou o Cinema Marginal – compartilham do mesmo caráter cósmico: “Da equação eu parte do Cosmos ao axioma Cosmos parte do eu. Subsistência. Conhecimento. Antropofagia.” (ANDRADE, 1924). Pretendemos aqui trabalhar os três filmes em relação a tais conceitos, lançando mão de outros aspectos importantes à análise, como o jogo atoral, a fotografia e a montagem.

Bibliografia

    AUMONT, J. Du visage au cinéma. Paris: Cahiers du cinéma, 1992.
    BAKHTIN, M. L’œuvre de François Rabelais et la culture populaire au Moyen âge et sous la Renaissance. Paris: Gallimard, 1970.
    COURTINE, J.; HAROCHE, C. Histoire du visage: exprimer et taire ses émotions du XVIe siècle au début du XIXe siècle. Paris: Petite bibliothèque Payot, 2007.
    DAMOUR, C. Jeu d’acteurs: corps et gestes au cinéma. Strasbourg: Presses universitaires de Strasbourg, 2016.
    GARCIA, E. P. Belair e Cine Subterráneo: o cinema moderno pós-1968 no Brasil e na Argentina. Tese, Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, 2018.
    GUIMARÃES, P. M. Erigir novos corpos, reinventar personas: o ator moderno do cinema brasileiro. REVISTA FAMECOS (ONLINE), v. 21, p. 287-307, 2014.
    XAVIER, I. Alegorias do subdesenvolvimento: Cinema novo, tropicalismo e cinema marginal. São Paulo: Cosac Naify, 2012.
    ______. O cinema brasileiro moderno. São Paulo: Editora Paz e Terra, 2001.

O livro “XXII SOCINE: 50 anos do maio de 68”, organizado por Lisandro Nogueira e Cleomar Rocha já está disponível para download em nosso site. A obra é composta de 11 artigos que lidam com a temática do maio de 68 pela perspectiva do cinema, que foi o tema do XXII Encontro SOCINE realizado em Goiânia, em 2018. De acordo com os organizadores, “Não há dúvidas de que o tema foi, é, e será sempre instigante, ainda mais aos olhos de muitos que (sobre)viveram (a)os tempos de 68, especialmente no Brasil, e que durante o evento debateram e refletiram sobre o legado de tão importante período da história mundial para a contemporaneidade. Na presente coletânea de textos procuramos demonstrar um pouquinho do que foi a XXII SOCINE, bastante eclética, mas que correspondeu muito bem à chamada para trazer a reflexão dos acontecimentos políticos, sociais, culturais e artísticos do ano de 1968”. O livro leva o selo editorial da SOCINE e ficará disponível em nosso site para download na seção Livros.

XXII Socine 50 anos de maio de 68
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Tema do XXII encontro da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE): “herança do maio de 1968 do ponto de vista do cinema, das novas redes de comunicação digital e da televisão”.

A Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE) repudia veementemente as manifestações recentes do governo federal contrárias a disciplinas das Humanidades como Filosofia ou Sociologia. Tais manifestações se constituem como ameaças inaceitáveis a áreas de conhecimento fundamentais que já convivem há anos com espaço reduzido nas políticas de financiamento de ensino e pesquisa no país.

A SOCINE considera que tais manifestações, além de desconhecerem a centralidade das Humanidades na construção da cidadania e no desenvolvimento do país, demonstram uma completa ausência de um projeto sério de educação e ciência.

Por isso, a SOCINE também assina a nota de repudio redigida pela ANPOF, disponível em:
http://www.anpof.org/portal/index.php/pt-BR/artigos-em-destaque/2075-nota-de-repudio-a-declaracoes-do-ministro-da-educacao-e-do-presidente-da-republica-sobre-as-faculdades-de-humanidades-nomeadamente-filosofia-e-sociologia

Diretoria SOCINE

Encerrou-se na última sexta, 19/04, o pagamento da anuidade e a submissão de trabalhos para o XXIII Encontro SOCINE que acontecerá de 08 a 11 de outubro na Unisinos, em Porto Alegre, RS. As propostas entram agora em período de avaliação e a divulgação dos trabalhos selecionados está prevista para o dia 10/06/2019.

Num momento em que a pesquisa brasileira sofre cortes, a SOCINE tem buscado reagir às dificuldades postas a toda área, implementando descontos a profissionais sem vínculo, criando novas formas de desligamento que possibilitam uma economia aos sócios e diminuindo a quantidade de anuidades atrasadas a serem pagas. Além disso, a escolha do tema deste ano levou em consideração a necessidade de refletirmos sobre preservação e memória audiovisual num período como este que vivemos. Por tudo isto, nos anima o fato do Encontro deste ano ter registrado o maior número de trabalhos submetidos nos últimos dez anos, totalizando 595 propostas enviadas. Em momentos de dificuldades como estes que o fortalecimento de nossa Sociedade e Encontro se faz cada vez mais importante e por isso, agradecemos a todas e todos que inscreveram seus trabalhos. Faremos mais um instigante e afetuoso Encontro, dessa vez em Porto Alegre.

Para finalizar, gostaríamos de informar aos sócios que não pagaram a anuidade, que é possível realizar o pagamento normalmente pelo sistema durante todo o ano. Para aqueles que buscam economizar, pode-se optar pelo Desligamento Parcial, que gera um desconto de 50% no valor da anuidade.

Para pagar e submeter os trabalhos é necessário que o sócio já cadastrado na Sociedade acesse nosso site socine.org.br e coloque seu CPF e sua senha no PAINEL DO ASSOCIADO.

Estando logado em nosso sistema, o sócio deverá clicar em MINHA CONTA e em seguida DADOS DE PAGAMENTO. Vai aparecer uma tela com o Histórico de pagamentos e ao lado Instruções de pagamento, onde é feito o processo via Paypal. Assim que o pagamento é realizado, aparece escrito PAGO no Histórico na coluna Anuidade 2019. Com isso é possível submeter o trabalho em seguida.

Para submeter a proposta de comunicação, você deve clicar em ENCONTROe em seguida INSCRIÇÃO. Abrirá uma tela com a explicação sobre cada uma das 4 modalidades e ao lado em Minha proposta você encontra os botões com as modalidades para se inscrever nelas. Você irá clicar naquela que você gostaria de enviar seu trabalho e preencher os campos. Depois de enviar a proposta você ainda pode edita-la até o encerramento do prazo. Após isso, a proposta entra em avaliação e não pode ser mais modificada.

Qualquer dúvida sobre o processo, entre em contato com a Secretaria pelo e-mail socine@socine.org.br