O XXIII Encontro SOCINE acontecerá na Unisinos, em Porto Alegre, de 08 a 11 de outubro de 2019.

A lista dos trabalhos aprovados pode ser acessada aqui. Os associados também podem checar a avaliação final de seus trabalhos pela sua área de associado.

Todos os aprovados precisam realizar o pagamento dentro do prazo para que sua participação seja confirmada. Os valores, após o primeiro prazo, terão acréscimos. O pagamento deverá ser feito pela área do associado, via Paypal.

Primeiro prazo: 10 de junho a 12 de julho – R$190,00 (profissionais) / R$95,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Segundo prazo: 15 de julho a 26 de julho – R$220,00 (profissionais) / R$110,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Prazo final: 29 de julho a 02 de agosto – R$260,00 (profissionais) / R$130,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)

Tendo qualquer dúvida ou dificuldade, favor contatar a secretaria no e-mail socine@socine.org.br.

Ficha do Proponente

Proponente

    Guilherme Gonçalves da Luz (ufrgs)

Minicurrículo

    Graduado em Cinema e Animação pela Universidade Federal de Pelotas, mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e doutorando pelo mesmo programa, com a tese em andamento chamada ‘’As imagens em transe do cinema brasileiro’’.

Ficha do Trabalho

Título

    O transe em Glauber Rocha: a pura experiência dos materiais

Seminário

    Teoria dos Cineastas

Resumo

    Neste trabalho, investigamos a noção de transe em Glauber Rocha, buscando indícios de uma teoria da percepção. Para tanto, analisamos o vínculo entre o transe e a constituição de imagens que se exprimem por meio de elementos mínimos da matéria fílmica. Seguindo Gilles Deleuze, para quem a percepção no cinema atua como uma forma de zeroidade, supomos que o transe seja capaz de produzir, a partir da deformação dos hábitos, imagens que instauram a percepção de um mundo em processo.

Resumo expandido

    Em Idade da Terra (1980), de Glauber Rocha, há um plano-sequência em que o personagem Cristo Guerrilheiro corre em direção a água como num impulso de libertação de suas amarras civilizatórias. A câmera se fecha em um circuito que tem como propósito uma espécie de limpeza da percepção, uma forma perceptiva que tem como função o alcance de uma experiência pura. A imagem, ao longo do plano-sequência, nunca é completamente estabelecida em seus contornos acabados, é sempre uma entre-imagem que se produz enquanto se desfaz. É possível vermos uma superexposição que produz uma saturação na luminosidade do plano, desfigurando suas formas materiais, produzindo uma imagem que pulsa, alterna seu ritmo, balança como quem sente ofegante uma respiração, e encerra seu ciclo em um retorno ao qualitativo, um quadro branco. Neste trabalho, temos como proposição a identificação de um tipo de imagem cinematográfica que se erige de uma decomposição, uma redução da imagem a elementos mínimos que atuam como forças produtivas de uma experiência pura, uma imagem que, ao nascer precária, existe em uma dimensão assignificante. Este trabalho é parte de uma tese que investiga em Glauber Rocha a possibilidade de uma teoria da percepção desenvolvida sem a formalização habitual das teorias, podendo ser encontrada em dispersão ao longo de seus filmes, textos e entrevistas. O recorte aqui estabelecido nos possibilita enxergar de que modo alguns elementos fílmicos mínimos constituem parcialmente o que estamos chamando de transe, uma distorção perceptiva inventada pelo cinema brasileiro capaz de evidenciar, no movimento próprio de sua semiose, a transitoriedade dos processos tradutórios que estabilizam, mesmo que temporariamente, tanto as imagens do cinema quanto as imagens do mundo. No exemplo que abre este resumo o transe perceptivo se torna uma decomposição de forças, uma dissecação da experiência em elementos menores, como o grão de película, o feixe de luz, o blur do foco. David Lapoujade (2017) diz que há uma distinção entre o material e a matéria, pois o material é animado por forças e dinamismos que fazem dele uma realidade viva, “a madeira, a rocha, não são matérias inertes, são percorridas de dobras, de nervuras, de nós, que constituem seu movimento. O material é a matéria que se torna espírito” (LAPOUJADE, 2017, p. 54). É deste modo que a percepção pode ser tomada, neste exemplo, como um novo vetor que aponta para um modo de perceber a matéria do mundo através dos materiais já nele encarnados. A luz, o grão da película, a saturação das cores, o blur do fora de foco, são esforços que consistem em fazer com que o material exprima sua potencialidade “mesmo, e principalmente, que ele conduza para conexões inesperadas” (LAPOUJADE, 2017, p. 54). Tal como na cena escolhida, o mais simples movimento da mão que segura uma câmera em alta abertura de exposição foto-sensível gera, através da imprevisibilidade do aparelho, uma infinidade de modificações nos componentes da imagem gerada. Jean-Marie Schaeffer (1996), ao falar sobre as possibilidades da imagem precária, aborda justamente a questão da imprevisibilidade, chamada por ele de acaso. Para o autor, a precariedade da imagem ‘‘está também ligada à contingência, ao caráter arriscado da gênese da imagem’’ (SCHAFFER, 1996, p. 143). Este caráter arriscado é o que também promove a experimentação, pois insere ao ato fílmico o imponderável, lançando ao acaso a constituição de um signo que advém da combinação contingencial de um sistema de forças não sígnicas, como os movimentos do corpo do cinegrafista, os micro-processamentos da máquina, os fluxos e variações de intensidade da luminosidade, a refração dos feixes de luz na água e no ar, o material translúcido da roupa do Guerrilheiro, entre uma grande quantidade de variáveis que tornam a imagem um acontecimento e produzem um transe perceptivo.

Bibliografia

    DELEUZE, G. Diferença e Repetição. Rio de Janeiro: Graal, 2009.
    _____. Cinema I – a imagem-movimento. lisboa; assirio e alvin, 2009.
    _____. Cinema II – a imagem-tempo. lisboa; assirio e alvin, 2006.
    Lapoujade, David. Deleuze: os movimentos aberrantes. São Paulo: n-1, 2015
    _____. Willian James, a construção da experiência. são paulo: n-1, 2017
    _____. As existências minimas. São Paulo: n-1, 2017
    SCHAEFFER, Jean-Marie. Imagens Precárias: Sobre o dispositivo fotográfico. Campinas: Papirus, 1996.
    ROCHA, Glauber. O Século do Cinema: Glauber Rocha. São Paulo: Cosac Naify, 2006.
    ______, Revolução do Cinema Novo . São Paulo: Cosac Naify, 2004.
    ______, Revisão Crítica do cinema brasileiro . São Paulo: Cosac Naify, 2003.
    WISNIK, José Miguel. O som e o sentido. Uma outra história da música. São Paulo: Companhia
    das Letras, 1989.
    VELOSO, Caetano. Verdade Tropical . São Paulo: Companhia das Letras, 2017.
    VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. Metafísicas Canibais . São Paulo: Cosac Naify, 2015.

O livro “XXII SOCINE: 50 anos do maio de 68”, organizado por Lisandro Nogueira e Cleomar Rocha já está disponível para download em nosso site. A obra é composta de 11 artigos que lidam com a temática do maio de 68 pela perspectiva do cinema, que foi o tema do XXII Encontro SOCINE realizado em Goiânia, em 2018. De acordo com os organizadores, “Não há dúvidas de que o tema foi, é, e será sempre instigante, ainda mais aos olhos de muitos que (sobre)viveram (a)os tempos de 68, especialmente no Brasil, e que durante o evento debateram e refletiram sobre o legado de tão importante período da história mundial para a contemporaneidade. Na presente coletânea de textos procuramos demonstrar um pouquinho do que foi a XXII SOCINE, bastante eclética, mas que correspondeu muito bem à chamada para trazer a reflexão dos acontecimentos políticos, sociais, culturais e artísticos do ano de 1968”. O livro leva o selo editorial da SOCINE e ficará disponível em nosso site para download na seção Livros.

XXII Socine 50 anos de maio de 68
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Tema do XXII encontro da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE): “herança do maio de 1968 do ponto de vista do cinema, das novas redes de comunicação digital e da televisão”.

A Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE) repudia veementemente as manifestações recentes do governo federal contrárias a disciplinas das Humanidades como Filosofia ou Sociologia. Tais manifestações se constituem como ameaças inaceitáveis a áreas de conhecimento fundamentais que já convivem há anos com espaço reduzido nas políticas de financiamento de ensino e pesquisa no país.

A SOCINE considera que tais manifestações, além de desconhecerem a centralidade das Humanidades na construção da cidadania e no desenvolvimento do país, demonstram uma completa ausência de um projeto sério de educação e ciência.

Por isso, a SOCINE também assina a nota de repudio redigida pela ANPOF, disponível em:
http://www.anpof.org/portal/index.php/pt-BR/artigos-em-destaque/2075-nota-de-repudio-a-declaracoes-do-ministro-da-educacao-e-do-presidente-da-republica-sobre-as-faculdades-de-humanidades-nomeadamente-filosofia-e-sociologia

Diretoria SOCINE

Encerrou-se na última sexta, 19/04, o pagamento da anuidade e a submissão de trabalhos para o XXIII Encontro SOCINE que acontecerá de 08 a 11 de outubro na Unisinos, em Porto Alegre, RS. As propostas entram agora em período de avaliação e a divulgação dos trabalhos selecionados está prevista para o dia 10/06/2019.

Num momento em que a pesquisa brasileira sofre cortes, a SOCINE tem buscado reagir às dificuldades postas a toda área, implementando descontos a profissionais sem vínculo, criando novas formas de desligamento que possibilitam uma economia aos sócios e diminuindo a quantidade de anuidades atrasadas a serem pagas. Além disso, a escolha do tema deste ano levou em consideração a necessidade de refletirmos sobre preservação e memória audiovisual num período como este que vivemos. Por tudo isto, nos anima o fato do Encontro deste ano ter registrado o maior número de trabalhos submetidos nos últimos dez anos, totalizando 595 propostas enviadas. Em momentos de dificuldades como estes que o fortalecimento de nossa Sociedade e Encontro se faz cada vez mais importante e por isso, agradecemos a todas e todos que inscreveram seus trabalhos. Faremos mais um instigante e afetuoso Encontro, dessa vez em Porto Alegre.

Para finalizar, gostaríamos de informar aos sócios que não pagaram a anuidade, que é possível realizar o pagamento normalmente pelo sistema durante todo o ano. Para aqueles que buscam economizar, pode-se optar pelo Desligamento Parcial, que gera um desconto de 50% no valor da anuidade.

Para pagar e submeter os trabalhos é necessário que o sócio já cadastrado na Sociedade acesse nosso site socine.org.br e coloque seu CPF e sua senha no PAINEL DO ASSOCIADO.

Estando logado em nosso sistema, o sócio deverá clicar em MINHA CONTA e em seguida DADOS DE PAGAMENTO. Vai aparecer uma tela com o Histórico de pagamentos e ao lado Instruções de pagamento, onde é feito o processo via Paypal. Assim que o pagamento é realizado, aparece escrito PAGO no Histórico na coluna Anuidade 2019. Com isso é possível submeter o trabalho em seguida.

Para submeter a proposta de comunicação, você deve clicar em ENCONTROe em seguida INSCRIÇÃO. Abrirá uma tela com a explicação sobre cada uma das 4 modalidades e ao lado em Minha proposta você encontra os botões com as modalidades para se inscrever nelas. Você irá clicar naquela que você gostaria de enviar seu trabalho e preencher os campos. Depois de enviar a proposta você ainda pode edita-la até o encerramento do prazo. Após isso, a proposta entra em avaliação e não pode ser mais modificada.

Qualquer dúvida sobre o processo, entre em contato com a Secretaria pelo e-mail socine@socine.org.br