O XXIII Encontro SOCINE acontecerá na Unisinos, em Porto Alegre, de 08 a 11 de outubro de 2019.

A lista dos trabalhos aprovados pode ser acessada aqui. Os associados também podem checar a avaliação final de seus trabalhos pela sua área de associado.

Todos os aprovados precisam realizar o pagamento dentro do prazo para que sua participação seja confirmada. Os valores, após o primeiro prazo, terão acréscimos. O pagamento deverá ser feito pela área do associado, via Paypal.

Primeiro prazo: 10 de junho a 12 de julho – R$190,00 (profissionais) / R$95,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Segundo prazo: 15 de julho a 26 de julho – R$220,00 (profissionais) / R$110,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Prazo final: 29 de julho a 02 de agosto – R$260,00 (profissionais) / R$130,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)

Tendo qualquer dúvida ou dificuldade, favor contatar a secretaria no e-mail socine@socine.org.br.

Ficha do Proponente

Proponente

    Isabella Chianca Bessa Ribeiro do Valle (UFPB)

Minicurrículo

    Isabella Valle é fotógrafa e Professora Adjunta da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), onde leciona no Programa de Pós-Graduação em Comunicação e no curso de Cinema e Audiovisual. Como pesquisadora é principalmente atravessada: pela temática de gênero (em suas interseccionalidades), com tese de doutorado (UFPE/2017) sobre as mulheres fotógrafas do Recife; e pelas múltiplas camadas das linguagens (com foco nas imagens), sendo também mestre em semiótica (PUC-SP/2012).

Ficha do Trabalho

Título

    La Pointe Courte: afetações foto-dramatúrgicas no filme de Agnès Varda

Seminário

    Teorias e análises da direção de fotografia

Resumo

    O objetivo é apresentar uma análise do filme La Pointe-Courte (1955), primeira obra dirigida por Agnès Varda, com ênfase nos elementos plásticos e estéticos que compõem a fotografia do longa-metragem, na compreensão da narrativa dramática proposta pela diretora para os personagens Elle e Lui. Em uma decupagem plano a plano das cenas que envolvem o casal, mergulharemos na produção de sentidos visuais que é construída ao longo da história, na relação atores-quadro, entre movimentos e diálogos.

Resumo expandido

    A ficção La Pointe-Courte (1955), de Agnès Varda, possui desdobramento dramático em duas narrativas paralelas, sediadas no vilarejo que dá nome à obra. O primeiro eixo aponta questões da rotina da vila de pescadores (em co-realização com a população local) enquanto o segundo trata de contar a tentativa de reconciliação de um casal. É no desenvolvimento da fotografia deste último viés que nos detemos aqui.
    Nele, Lui e Elle, interpretados por Philippe Noiret e Silvia Monfort, é um casal em crise que tem uma longa conversa sobre o relacionamento enquanto circula pela vila. Plano a plano, a relação vai sendo posta nos atravessamentos entre os corpos, os diálogos e a câmera, em uma dramaturgia visual coreográfica, posta em cena para ser fotografada e semioticamente processada pelo espectador.
    Varda começou a carreira como fotógrafa de teatro. A intimidade com as artes da cena mediada pela câmera provocou em seus filmes uma preocupação formal com o discurso visual e o ponto de vista. Formada em Belas Artes, a fotógrafa e diretora trouxe tal conhecimento estético ao cinema, em que prioriza enquadramentos plasticamente elaborados, somando a eles movimentos fluidos e precisos, que mantêm a firmeza narrativa, muitas vezes para além do realismo, mas sem pirotecnias.
    Em La Pointe-Courte, Varda instruiu os atores a não expressarem os sentimentos dos personagens ao dizerem suas falas. Logo, não é na intensidade desta interpretação que a narrativa ganha força, mas na ausência dela aliada à construção meticulosa do espaço da imagem junto ao texto. Estranhamente, para falar de amor, as emoções não chegam através da empatia pelos personagens (sem expressões nos rostos, nem profundidade psicológica), elas se formam no espectador pelas imagens. Vilém Flusser (2008) fala que o fotógrafo publica o privado e o receptor privatiza o público. Assim, para quem vê o filme, os quadros de Varda se abrem para outros jogos: outros personagens, desejos e afetos, atravessados por suas próprias experiências, sugerindo, invocando e preenchendo a narrativa de sentidos (MERLEAU-PONTY, 1989).
    A câmera não resolve a relação, ela cria uma atmosfera de mistério que as camadas de afetação quadro-texto-movimento provocam nos diálogos sobre intimidade, felicidade e o tempo. No movimento dos corpos e no próprio movimento da câmera, há uma concretude quase abstrata que a plasticidade traz à narrativa da crise. Se trata de um filme pictorialista.
    A película tem um formato quase quadrado (1,37:1), o que favorece uma foto-dramaturgia ainda mais densa. O filme é em preto e branco, mas possui um minucioso trabalho de cor na construção dos contrastes e tons de cinza. O branco é uma cor muito presente. Para Varda (Cahiers du Cinéma, 1965), o amor se concretiza na cor branca.
    Fotografia é produção de sentido. É estímulo sensível. São memórias e imaginários que se partilham ou se deixam de partilhar, que são afetadas e afetam. Esse é o jogo visual da construção da crise de Elle e Lui. “A fotografia é um conjunto de relações que leva no seu seio o rastro de uma alteridade perene” (BATCHEN, 2004, p. 179). Afeto é um sentimento que liga, que une, e afetar é uma ação que atinge, que marca. O afeto é desejante, incisivo, pungente, como a fotografia de La Pointe-Courte.
    Em geometrias meticulosas, coisas e corpos dialogam através de grandes profundidades de campo, duplas perspectivas, desenhos que visualizamos serem traçados enquanto se proferem palavras. Uma artificialidade construída para questionar o pseudo-conforto do que é normalmente vivido, mas que é sempre infotografável em sua espontaneidade (SOULAGES, 2010).
    Aqui, pretendemos refazer esses desenhos decupando plano a plano as cenas do casal, atentando para as articulações verbo-visuais do story board, em uma análise fílmico-semiótica das afetações foto-dramatúrgicas.

Bibliografia

    ADAMS, Ansel. A câmera. São Pauo: Senac, 2000

    ____________. O negativo. São Pauo: Senac, 2001

    AUMONT, Jacques. A imagem. Campinas: Papirus, 2002

    ____________. O olho interminável – cinema e pintura. São Paulo: Cosac & Naify, 2004

    BARTHES, Roland. A câmera clara. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984

    BATCHEN, Geoffrey. Arder en deseos: la concepción de la fotografia. Barcelona: Gustavo Gili, 2004

    Cahiers du Cinéma. La grâce laïque. n. 165, abril de 1965, pp. 42-50

    FLUSSER, Vilém. O universo das imagens técnicas: elogio da superficialidade. São Paulo: Annablume, 2008

    MACHADO, Arlindo. Pré-cinemas & pós-cinemas. Campinas: Papirus, 1997

    MERLEAU-PONTY, Maurice. O Olho e o Espírito. São Paulo: Nova Cultura, 1989

    SANTAELLA, Lúcia. Matrizes da linguagem e pensamento: sonora, visual, verbal: aplicações na hipermídia. São Paulo: Iluminuras e FAPESP, 2005

    SOULAGES, François. Estética da fotografia: perda e permanência. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2010

O livro “XXII SOCINE: 50 anos do maio de 68”, organizado por Lisandro Nogueira e Cleomar Rocha já está disponível para download em nosso site. A obra é composta de 11 artigos que lidam com a temática do maio de 68 pela perspectiva do cinema, que foi o tema do XXII Encontro SOCINE realizado em Goiânia, em 2018. De acordo com os organizadores, “Não há dúvidas de que o tema foi, é, e será sempre instigante, ainda mais aos olhos de muitos que (sobre)viveram (a)os tempos de 68, especialmente no Brasil, e que durante o evento debateram e refletiram sobre o legado de tão importante período da história mundial para a contemporaneidade. Na presente coletânea de textos procuramos demonstrar um pouquinho do que foi a XXII SOCINE, bastante eclética, mas que correspondeu muito bem à chamada para trazer a reflexão dos acontecimentos políticos, sociais, culturais e artísticos do ano de 1968”. O livro leva o selo editorial da SOCINE e ficará disponível em nosso site para download na seção Livros.

XXII Socine 50 anos de maio de 68
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Tema do XXII encontro da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE): “herança do maio de 1968 do ponto de vista do cinema, das novas redes de comunicação digital e da televisão”.

A Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE) repudia veementemente as manifestações recentes do governo federal contrárias a disciplinas das Humanidades como Filosofia ou Sociologia. Tais manifestações se constituem como ameaças inaceitáveis a áreas de conhecimento fundamentais que já convivem há anos com espaço reduzido nas políticas de financiamento de ensino e pesquisa no país.

A SOCINE considera que tais manifestações, além de desconhecerem a centralidade das Humanidades na construção da cidadania e no desenvolvimento do país, demonstram uma completa ausência de um projeto sério de educação e ciência.

Por isso, a SOCINE também assina a nota de repudio redigida pela ANPOF, disponível em:
http://www.anpof.org/portal/index.php/pt-BR/artigos-em-destaque/2075-nota-de-repudio-a-declaracoes-do-ministro-da-educacao-e-do-presidente-da-republica-sobre-as-faculdades-de-humanidades-nomeadamente-filosofia-e-sociologia

Diretoria SOCINE

Encerrou-se na última sexta, 19/04, o pagamento da anuidade e a submissão de trabalhos para o XXIII Encontro SOCINE que acontecerá de 08 a 11 de outubro na Unisinos, em Porto Alegre, RS. As propostas entram agora em período de avaliação e a divulgação dos trabalhos selecionados está prevista para o dia 10/06/2019.

Num momento em que a pesquisa brasileira sofre cortes, a SOCINE tem buscado reagir às dificuldades postas a toda área, implementando descontos a profissionais sem vínculo, criando novas formas de desligamento que possibilitam uma economia aos sócios e diminuindo a quantidade de anuidades atrasadas a serem pagas. Além disso, a escolha do tema deste ano levou em consideração a necessidade de refletirmos sobre preservação e memória audiovisual num período como este que vivemos. Por tudo isto, nos anima o fato do Encontro deste ano ter registrado o maior número de trabalhos submetidos nos últimos dez anos, totalizando 595 propostas enviadas. Em momentos de dificuldades como estes que o fortalecimento de nossa Sociedade e Encontro se faz cada vez mais importante e por isso, agradecemos a todas e todos que inscreveram seus trabalhos. Faremos mais um instigante e afetuoso Encontro, dessa vez em Porto Alegre.

Para finalizar, gostaríamos de informar aos sócios que não pagaram a anuidade, que é possível realizar o pagamento normalmente pelo sistema durante todo o ano. Para aqueles que buscam economizar, pode-se optar pelo Desligamento Parcial, que gera um desconto de 50% no valor da anuidade.

Para pagar e submeter os trabalhos é necessário que o sócio já cadastrado na Sociedade acesse nosso site socine.org.br e coloque seu CPF e sua senha no PAINEL DO ASSOCIADO.

Estando logado em nosso sistema, o sócio deverá clicar em MINHA CONTA e em seguida DADOS DE PAGAMENTO. Vai aparecer uma tela com o Histórico de pagamentos e ao lado Instruções de pagamento, onde é feito o processo via Paypal. Assim que o pagamento é realizado, aparece escrito PAGO no Histórico na coluna Anuidade 2019. Com isso é possível submeter o trabalho em seguida.

Para submeter a proposta de comunicação, você deve clicar em ENCONTROe em seguida INSCRIÇÃO. Abrirá uma tela com a explicação sobre cada uma das 4 modalidades e ao lado em Minha proposta você encontra os botões com as modalidades para se inscrever nelas. Você irá clicar naquela que você gostaria de enviar seu trabalho e preencher os campos. Depois de enviar a proposta você ainda pode edita-la até o encerramento do prazo. Após isso, a proposta entra em avaliação e não pode ser mais modificada.

Qualquer dúvida sobre o processo, entre em contato com a Secretaria pelo e-mail socine@socine.org.br