O XXIII Encontro SOCINE acontecerá na Unisinos, em Porto Alegre, de 08 a 11 de outubro de 2019.

A lista dos trabalhos aprovados pode ser acessada aqui. Os associados também podem checar a avaliação final de seus trabalhos pela sua área de associado.

Todos os aprovados precisam realizar o pagamento dentro do prazo para que sua participação seja confirmada. Os valores, após o primeiro prazo, terão acréscimos. O pagamento deverá ser feito pela área do associado, via Paypal.

Primeiro prazo: 10 de junho a 12 de julho – R$190,00 (profissionais) / R$95,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Segundo prazo: 15 de julho a 26 de julho – R$220,00 (profissionais) / R$110,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Prazo final: 29 de julho a 02 de agosto – R$260,00 (profissionais) / R$130,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)

Tendo qualquer dúvida ou dificuldade, favor contatar a secretaria no e-mail socine@socine.org.br.

Ficha do Proponente

Proponente

    Daniela Moreira de Faria de Oliveira Rosa (UFRJ)

Minicurrículo

    Daniela M. F. O. Rosa é formada em Comunicação Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com habilitação em Radialismo. Realizou programa de intercâmbio acadêmico na graduação de História da Arte na Universidad Autónoma de Madrid (UAM) em 2014. Atualmente é mestranda no Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Desenvolve pesquisa acerca do feminino, cinema e outras poéticas.

Ficha do Trabalho

Título

    As cartas em Chantal Akerman: inscrições do cotidiano e singularidade

Seminário

    Interseções Cinema e Arte

Resumo

    O gesto de escrever cartas é recorrente na produção de Chantal Akerman. Mesmo quando não está em cena, a carta parece estar no próprio dispositivo de seus filmes. Seu rígido sistema formal descreve um cotidiano em primeira pessoa e, ao mesmo tempo, subverte uma estética realista a partir do próprio olhar aguçado na materialidade. Neste trabalho, procuro apresentar a carta em seus filmes como gesto e dispositivo que comunica cotidiano e singularidade.

Resumo expandido

    O gesto de escrever cartas é recorrente na produção de Chantal Akerman. Em Jeanne Dielman, 23, quai du commerce, 1080 Bruxelles (1975), Jeanne, a dona de casa prostituta que assassina, lê e escreve cartas a seus parentes num ritual frequente após o jantar, do qual insiste que seu filho, não muito animado, participe. News from home (1977) é um filme em que ouvimos Chantal ler as cartas que recebeu da mãe enquanto morava em Nova York, ao mesmo tempo em que vemos as ruas e movimento do dia-a-dia na cidade americana. As cartas também são atualizadas em conversas ao telefone, como as que a personagem da mãe realiza quase diariamente em Une famille à Bruxelles (2017), livro escrito por Chantal. E mesmo quando não está em cena, a carta parece estar no próprio dispositivo de seus filmes. Eles são também descrições de um cotidiano em primeira pessoa, como as cartas que escrevia Jeanne Dielman.
    Sua produção é autobiográfia. “Não tentei encontrar um meio-termo entre eu e os outros. Acredito que quanto mais particular eu sou, mais eu alcanço o geral” (AKERMAN, 1982 in MARGULIES, 2016: 51). Mas, antes de representar o passado traumático de sua família que deixou a Polônia fugindo da Alemanha nazista, ela retoma o ambiente doméstico em seus filmes. Os gestos em Chantal são gestos menores, cotidianos, sem importância. Limpar, comer, escrever cartas. Quando Walter Benjamin descreve o gesto nas peças de Brecht ele fala em um certo intervalo, uma ruptura na narrativa da qual emerge o singular (BENJAMIN, 1985). Em Chantal, esses gestos do cotidiano, quando repetidos e observados durante o tempo suficiente, deixam ver sua estranheza, tornam-se únicos. Para Gilles Deleuze, a repetição é sempre a repetição de um único, uma vez que numa lógica da generalização os termos podem ser substituídos um pelo outro como iguais (DELEUZE, 2018).
    Seu modo de narrar descritivo se dá também pela câmera. São planos frontais, abertos, fixos, com a exceção de alguns travellings. Quando provocada por Godard sobre o porquê de utilizar termos da linguística quando se referia a seu cinema, Chantal responde que “há imagens já inscritas” e que é “sob elas” que trabalha, “sob a imagem inscrita e aquela que gostaria de escrever” ((AKERMAN, 1980 in MARGULIES, 2016: 14). Numa recusa pela representação e generalização, Chantal opera um dispositivo que descreve os corpos em uma relação com o tempo que, para ela, é o que se chama cinema.
    Ivone Margulies descreve um “excedente de materialidade” que decorre do confronto com a imagem durante o tempo suficiente para que esta escape a sua indexabilidade para produzir um “efeito de real” (MARGULIES, 2016: 83), ou seja, simulacros. A descrição cotidiana de Chantal então se desvencilha de uma representação realista no próprio olhar aguçado à materialidade. Segundo Gilles Deleuze, o simulacro se difere do modelo numa relação de natureza. Ao passo que o modelo, em sua identidade perfeita, corresponde a similitude exemplar da Ideia, o simulacro é a imagem sem semelhança, o modelo do Outro (DELEUZE, 2015). Segundo o autor, “o simulacro não é uma cópia degradada, ele encerra uma potência positiva que nega tanto o original como a cópia, tanto o modelo como a reprodução” (DELEUZE, 2015: 140).
    Ao filmar o cotidiano, em poucos e longuíssimos planos, com poucas variações de movimento e diálogos reduzidos a falas descritivas, Chantal nos conduz a deslocamentos no que diz respeito a conceitos fundantes de uma epistemologia Ocidental – a verdade, o sujeito, a representação. Na duração estendida, ela descreve as ações de um tempo ordinário, menor, o mais literal possível. Nesse cotidiano que dura e se repete há um algo a mais que se produz, um intenso que faz vibrar os corpos. Ordem e desordem, viagens e quartos fechados, passado e presente, o eu e o outro. Chantal percorre esses lugares em sua zona de indiscernibilidade, buscando aquelas imagens já inscritas em si. Escrevendo-nos outras.

Bibliografia

    MARGULIES, Ivone. Nada Acontece: o cotidiano hiper-realista de Chantal Akerman. 1º. ed. Durhan e Londres: Duke University Press, 1996
    DELEUZE, Gilles. Diferença e Repetição. 1º. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2018.
    DELEUZE, Gilles. Lógica do sentido. 5º. ed. São Paulo: Perspectiva, 2015.
    DELEUZE, Gilles. Controle e Devir. In: Conversações. 1º. ed. São Paulo: Editora 34, 1992. p. 209-218.
    DELEUZE, Gilles e GUATTARI, Félix. Kakfa: por uma literatura menor. 1º. ed. São Paulo: Autêntica Editora, 2014.
    DELEUZE, Gilles e GUATTARI, Félix. Mil Platôs Vol. IV: Capitalismo e Esquizofrenia. 2º. ed. São Paulo: Editora 34, 2012.
    FOUCAULT, Michel. As Palavras e as Coisas. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
    BRENEZ, Nicole. The Pajama Interview. 2011. Disponível em: http://www.lolajournal.com/2/pajama.html. Acesso em 2019.
    BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas I: magia e técnica, arte e política. São Paulo: Brasiliense, 1985.
    AKERMAN, Chantal. Uma família em Bruxelas. 1º. ed. Rio de Janeiro: 7Letras, 2017.

O livro “XXII SOCINE: 50 anos do maio de 68”, organizado por Lisandro Nogueira e Cleomar Rocha já está disponível para download em nosso site. A obra é composta de 11 artigos que lidam com a temática do maio de 68 pela perspectiva do cinema, que foi o tema do XXII Encontro SOCINE realizado em Goiânia, em 2018. De acordo com os organizadores, “Não há dúvidas de que o tema foi, é, e será sempre instigante, ainda mais aos olhos de muitos que (sobre)viveram (a)os tempos de 68, especialmente no Brasil, e que durante o evento debateram e refletiram sobre o legado de tão importante período da história mundial para a contemporaneidade. Na presente coletânea de textos procuramos demonstrar um pouquinho do que foi a XXII SOCINE, bastante eclética, mas que correspondeu muito bem à chamada para trazer a reflexão dos acontecimentos políticos, sociais, culturais e artísticos do ano de 1968”. O livro leva o selo editorial da SOCINE e ficará disponível em nosso site para download na seção Livros.

XXII Socine 50 anos de maio de 68
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Tema do XXII encontro da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE): “herança do maio de 1968 do ponto de vista do cinema, das novas redes de comunicação digital e da televisão”.

A Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE) repudia veementemente as manifestações recentes do governo federal contrárias a disciplinas das Humanidades como Filosofia ou Sociologia. Tais manifestações se constituem como ameaças inaceitáveis a áreas de conhecimento fundamentais que já convivem há anos com espaço reduzido nas políticas de financiamento de ensino e pesquisa no país.

A SOCINE considera que tais manifestações, além de desconhecerem a centralidade das Humanidades na construção da cidadania e no desenvolvimento do país, demonstram uma completa ausência de um projeto sério de educação e ciência.

Por isso, a SOCINE também assina a nota de repudio redigida pela ANPOF, disponível em:
http://www.anpof.org/portal/index.php/pt-BR/artigos-em-destaque/2075-nota-de-repudio-a-declaracoes-do-ministro-da-educacao-e-do-presidente-da-republica-sobre-as-faculdades-de-humanidades-nomeadamente-filosofia-e-sociologia

Diretoria SOCINE

Encerrou-se na última sexta, 19/04, o pagamento da anuidade e a submissão de trabalhos para o XXIII Encontro SOCINE que acontecerá de 08 a 11 de outubro na Unisinos, em Porto Alegre, RS. As propostas entram agora em período de avaliação e a divulgação dos trabalhos selecionados está prevista para o dia 10/06/2019.

Num momento em que a pesquisa brasileira sofre cortes, a SOCINE tem buscado reagir às dificuldades postas a toda área, implementando descontos a profissionais sem vínculo, criando novas formas de desligamento que possibilitam uma economia aos sócios e diminuindo a quantidade de anuidades atrasadas a serem pagas. Além disso, a escolha do tema deste ano levou em consideração a necessidade de refletirmos sobre preservação e memória audiovisual num período como este que vivemos. Por tudo isto, nos anima o fato do Encontro deste ano ter registrado o maior número de trabalhos submetidos nos últimos dez anos, totalizando 595 propostas enviadas. Em momentos de dificuldades como estes que o fortalecimento de nossa Sociedade e Encontro se faz cada vez mais importante e por isso, agradecemos a todas e todos que inscreveram seus trabalhos. Faremos mais um instigante e afetuoso Encontro, dessa vez em Porto Alegre.

Para finalizar, gostaríamos de informar aos sócios que não pagaram a anuidade, que é possível realizar o pagamento normalmente pelo sistema durante todo o ano. Para aqueles que buscam economizar, pode-se optar pelo Desligamento Parcial, que gera um desconto de 50% no valor da anuidade.

Para pagar e submeter os trabalhos é necessário que o sócio já cadastrado na Sociedade acesse nosso site socine.org.br e coloque seu CPF e sua senha no PAINEL DO ASSOCIADO.

Estando logado em nosso sistema, o sócio deverá clicar em MINHA CONTA e em seguida DADOS DE PAGAMENTO. Vai aparecer uma tela com o Histórico de pagamentos e ao lado Instruções de pagamento, onde é feito o processo via Paypal. Assim que o pagamento é realizado, aparece escrito PAGO no Histórico na coluna Anuidade 2019. Com isso é possível submeter o trabalho em seguida.

Para submeter a proposta de comunicação, você deve clicar em ENCONTROe em seguida INSCRIÇÃO. Abrirá uma tela com a explicação sobre cada uma das 4 modalidades e ao lado em Minha proposta você encontra os botões com as modalidades para se inscrever nelas. Você irá clicar naquela que você gostaria de enviar seu trabalho e preencher os campos. Depois de enviar a proposta você ainda pode edita-la até o encerramento do prazo. Após isso, a proposta entra em avaliação e não pode ser mais modificada.

Qualquer dúvida sobre o processo, entre em contato com a Secretaria pelo e-mail socine@socine.org.br