O XXIII Encontro SOCINE acontecerá na Unisinos, em Porto Alegre, de 08 a 11 de outubro de 2019.

A lista dos trabalhos aprovados pode ser acessada aqui. Os associados também podem checar a avaliação final de seus trabalhos pela sua área de associado.

Todos os aprovados precisam realizar o pagamento dentro do prazo para que sua participação seja confirmada. Os valores, após o primeiro prazo, terão acréscimos. O pagamento deverá ser feito pela área do associado, via Paypal.

Primeiro prazo: 10 de junho a 12 de julho – R$190,00 (profissionais) / R$95,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Segundo prazo: 15 de julho a 26 de julho – R$220,00 (profissionais) / R$110,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Prazo final: 29 de julho a 02 de agosto – R$260,00 (profissionais) / R$130,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)

Tendo qualquer dúvida ou dificuldade, favor contatar a secretaria no e-mail socine@socine.org.br.

Ficha do Proponente

Proponente

    Alexandre Wahrhaftig (ECA-USP)

Minicurrículo

    Alexandre Wahrhaftig é mestre (2015) e doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Meios e Processos Audiovisuais da ECA-USP. No mestrado desenvolveu pesquisa sobre Abbas Kiarostami e, atualmente, estuda o motivo da repetição no cinema brasileiro moderno. É também montador, diretor e fotógrafo.

Ficha do Trabalho

Título

    Inferno de repetições: Glauber e Sganzerla em comparação

Seminário

    Cinema comparado

Resumo

    Separados por uma década, “Copacabana mon amour” (1970) e “A idade da terra” (1980) são dois filmes que fazem da repetição uma forma central de seus discursos. Elaborado em diversos níveis (montagem, mise en scène, performances), o trabalho de repetições, quando em comparação, ajuda a iluminar a complexidade das obras de Rogério Sganzerla e Glauber Rocha, principalmente nos âmbitos de uma reflexividade meta-cinematográfica e de uma figuração do transe religioso e social.

Resumo expandido

    As semelhanças entre “Copacabana mon amour” (1970), filme de urgência dirigido por Rogério Sganzerla no Rio de Janeiro, exemplar de seu trabalho pela produtora Belair, e “A idade da terra” (1980), o monumental filme-testamento de Glauber Rocha, gestado por anos e rodado em três regiões do Brasil, são um tanto surpreendentes, ainda mais quando consideradas a reiterada inimizade travada entre os dois cineastas e a distância de uma década que separa os filmes, colando o primeiro ao contexto pós AI-5 e o segundo ao contexto pré-abertura da ditadura civil-militar. Encontramos em ambos, de diferentes formas, tentativas de expandir o discurso sobre o contexto brasileiro para um referencial cósmico, uma leitura da história em camadas de tempo que se sobrepõem, uma presença fortíssima do transe de matriz reliogosa afro-brasileira e uma agonia expansiva e exasperante nas performances do elenco. A esses elementos, soma-se a repetição, cuja centralidade nas obras faz de sua utilização enquanto recurso de composição uma experiência fundamental do discurso cinematográfico de ambos.
    Os personagens de “Copacabana mon amour”, por exemplo, atravessam o filme repetindo gestos e frases incessantemente. Logo nos primeiros minutos, a personagem de Sônia Silk (Helena Ignez), após ser vista em um terreiro, aparece sob convulsões diante da mãe repetindo várias vezes que vai morrer. O transe surge como possibilidade de leitura e justificativa para a repetição que acomete Sônia Silk, bem como outros personagens. As repetições, porém, se disseminam de tal forma que o transe acaba por se descolar da experiência religiosa e englobar quase toda a experiência social das personagens.
    “A idade da terra” também carrega personagens com gestos e falas repetitivas, mas elege o Cristo Militar (Tarcísio Meira) como veículo máximo da repetição. Há cenas emblemáticas em que o vemos repetindo um texto tantas vezes que uma sensação de condenação infernal toma conta do filme, sensação que também atravessa o filme de Sganzerla. É importante frisar que a repetição não é dado temático ao qual os filmes aludem, pois sua presença estrutura a temporalidade das obras, reiterando, no tempo do desenrolar da projeção, a angústia infernal do tempo da experiência social e política.
    A presença constante da religião (em especial afro-brasileira) no filme de Glauber, volta a sugerir o transe como matriz das repetições, mas não esgota nele os seus sentidos. A repetição também reitera certos traços dos personagens e, mais do que isso, faz com que o filme volte-se sobre si, remetendo ao próprio processo do fazer e do pensar a obra.
    Este sentido meta-cinematográfico está presente em “Copacabana mon amour”, mas em “A idade da terra” alça outro patamar, pois, para além dos corpos em repetição, acrescenta-se uma montagem que faz do retorno o próprio motor para o seu avançar sem avançar, aludindo não só às diversas tomadas necessárias para a realização de uma cena, mas ao próprio material fílmico sob trabalho na montagem. Em “Copacabana mon amour”, a preferência pelo plano-sequência enfatiza mais o caráter físico-corporal da cena do que sua construção a posteriori na ilha de montagem (ainda que o filme também seja bastante fragmentário em sua estrutura).
    Nossa hipótese é de que a repetição, sendo central em ambos filmes, pende, na obra de Glauber Rocha, para uma explicitação do trabalho do cinema e, na de Rogério Sganzerla, para uma disseminação do transe como dado da realidade social brasileira, elementos, porém, trabalhados por ambos, cada um a seu modo, e sempre através de uma repetição exasperante.

Bibliografia

    AVELLAR, J. C. O sentimento do nada. Filme Cultura, n. 38/39, p. 63–64, 1981.

    BALLALAI, A. K. M. O ator em ato: a dialética ator/personagem em Copacabana mon amour. Dissertação de mestrado—Rio de Janeiro: UERJ, 2014.

    GARDNIER, R. et al. Debate sobre A Idade da Terra. Contracampo – Revista de Cinema, v. 74, 2005.

    ROCHA, G. Revolução do Cinema Novo. São Paulo: Cosac Naify, 2004.

    SGANZERLA, R. Edifício Rogério – Textos Críticos 1. Florianópolis: Ed. da UFSC, 2010a.

    TEIXEIRA, F. E. O terceiro olho: ensaios de cinema e vídeo (Mário Peixoto, Glauber Rocha e Júlio Bressane). São Paulo: Perspectiva/Fapesp, 2003.

    WOOD, J. Como funciona a ficção. São Paulo: SESI-SP Editora, 2017.

    XAVIER, I. Evangelho, terceiro mundo e as irradiações do planalto. Filme Cultura, n. 38/39, p. 69–73, 1981.

    _________. A idade da terra e sua visão mítica da decadência. Cinemais, n. 13, p. 153–184, setembro/outubro 1998.

O livro “XXII SOCINE: 50 anos do maio de 68”, organizado por Lisandro Nogueira e Cleomar Rocha já está disponível para download em nosso site. A obra é composta de 11 artigos que lidam com a temática do maio de 68 pela perspectiva do cinema, que foi o tema do XXII Encontro SOCINE realizado em Goiânia, em 2018. De acordo com os organizadores, “Não há dúvidas de que o tema foi, é, e será sempre instigante, ainda mais aos olhos de muitos que (sobre)viveram (a)os tempos de 68, especialmente no Brasil, e que durante o evento debateram e refletiram sobre o legado de tão importante período da história mundial para a contemporaneidade. Na presente coletânea de textos procuramos demonstrar um pouquinho do que foi a XXII SOCINE, bastante eclética, mas que correspondeu muito bem à chamada para trazer a reflexão dos acontecimentos políticos, sociais, culturais e artísticos do ano de 1968”. O livro leva o selo editorial da SOCINE e ficará disponível em nosso site para download na seção Livros.

XXII Socine 50 anos de maio de 68
1650 Downloads

Tema do XXII encontro da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE): “herança do maio de 1968 do ponto de vista do cinema, das novas redes de comunicação digital e da televisão”.

A Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE) repudia veementemente as manifestações recentes do governo federal contrárias a disciplinas das Humanidades como Filosofia ou Sociologia. Tais manifestações se constituem como ameaças inaceitáveis a áreas de conhecimento fundamentais que já convivem há anos com espaço reduzido nas políticas de financiamento de ensino e pesquisa no país.

A SOCINE considera que tais manifestações, além de desconhecerem a centralidade das Humanidades na construção da cidadania e no desenvolvimento do país, demonstram uma completa ausência de um projeto sério de educação e ciência.

Por isso, a SOCINE também assina a nota de repudio redigida pela ANPOF, disponível em:
http://www.anpof.org/portal/index.php/pt-BR/artigos-em-destaque/2075-nota-de-repudio-a-declaracoes-do-ministro-da-educacao-e-do-presidente-da-republica-sobre-as-faculdades-de-humanidades-nomeadamente-filosofia-e-sociologia

Diretoria SOCINE

Encerrou-se na última sexta, 19/04, o pagamento da anuidade e a submissão de trabalhos para o XXIII Encontro SOCINE que acontecerá de 08 a 11 de outubro na Unisinos, em Porto Alegre, RS. As propostas entram agora em período de avaliação e a divulgação dos trabalhos selecionados está prevista para o dia 10/06/2019.

Num momento em que a pesquisa brasileira sofre cortes, a SOCINE tem buscado reagir às dificuldades postas a toda área, implementando descontos a profissionais sem vínculo, criando novas formas de desligamento que possibilitam uma economia aos sócios e diminuindo a quantidade de anuidades atrasadas a serem pagas. Além disso, a escolha do tema deste ano levou em consideração a necessidade de refletirmos sobre preservação e memória audiovisual num período como este que vivemos. Por tudo isto, nos anima o fato do Encontro deste ano ter registrado o maior número de trabalhos submetidos nos últimos dez anos, totalizando 595 propostas enviadas. Em momentos de dificuldades como estes que o fortalecimento de nossa Sociedade e Encontro se faz cada vez mais importante e por isso, agradecemos a todas e todos que inscreveram seus trabalhos. Faremos mais um instigante e afetuoso Encontro, dessa vez em Porto Alegre.

Para finalizar, gostaríamos de informar aos sócios que não pagaram a anuidade, que é possível realizar o pagamento normalmente pelo sistema durante todo o ano. Para aqueles que buscam economizar, pode-se optar pelo Desligamento Parcial, que gera um desconto de 50% no valor da anuidade.

Para pagar e submeter os trabalhos é necessário que o sócio já cadastrado na Sociedade acesse nosso site socine.org.br e coloque seu CPF e sua senha no PAINEL DO ASSOCIADO.

Estando logado em nosso sistema, o sócio deverá clicar em MINHA CONTA e em seguida DADOS DE PAGAMENTO. Vai aparecer uma tela com o Histórico de pagamentos e ao lado Instruções de pagamento, onde é feito o processo via Paypal. Assim que o pagamento é realizado, aparece escrito PAGO no Histórico na coluna Anuidade 2019. Com isso é possível submeter o trabalho em seguida.

Para submeter a proposta de comunicação, você deve clicar em ENCONTROe em seguida INSCRIÇÃO. Abrirá uma tela com a explicação sobre cada uma das 4 modalidades e ao lado em Minha proposta você encontra os botões com as modalidades para se inscrever nelas. Você irá clicar naquela que você gostaria de enviar seu trabalho e preencher os campos. Depois de enviar a proposta você ainda pode edita-la até o encerramento do prazo. Após isso, a proposta entra em avaliação e não pode ser mais modificada.

Qualquer dúvida sobre o processo, entre em contato com a Secretaria pelo e-mail socine@socine.org.br