O XXIII Encontro SOCINE acontecerá na Unisinos, em Porto Alegre, de 08 a 11 de outubro de 2019.

A lista dos trabalhos aprovados pode ser acessada aqui. Os associados também podem checar a avaliação final de seus trabalhos pela sua área de associado.

Todos os aprovados precisam realizar o pagamento dentro do prazo para que sua participação seja confirmada. Os valores, após o primeiro prazo, terão acréscimos. O pagamento deverá ser feito pela área do associado, via Paypal.

Primeiro prazo: 10 de junho a 12 de julho – R$190,00 (profissionais) / R$95,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Segundo prazo: 15 de julho a 26 de julho – R$220,00 (profissionais) / R$110,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Prazo final: 29 de julho a 02 de agosto – R$260,00 (profissionais) / R$130,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)

Tendo qualquer dúvida ou dificuldade, favor contatar a secretaria no e-mail socine@socine.org.br.

Ficha do Proponente

Proponente

    Juliana Froehlich (ViDi/UA)

Minicurrículo

    Juliana Froehlich é doutora em Film Studies and Visual Culture pela University of Antwerp (UA) (Bélgica)/onde foi bolsista CAPES. Publicou sobre métodos de pesquisa em arte contemporânea e apresentou trabalhos sobre as relações entre artes visuais e cinema. É mestre em Estética e História da Arte pela USP (2013). Psicóloga e Bacharel em Psicologia também pela USP (2010). Tem experiência na área de Artes Visuais e Cinema e é pesquisadora voluntária do Visual and Digital Research Group (ViDi/UA)

Ficha do Trabalho

Título

    Hitler IIIoMundo (1968) e H. Bosch: o imaginário grotesco e da loucura

Resumo

    Hitler IIIo Mundo (1968), apresenta um aglomerado de unidades narrativas (Moraes, 2011) em que o grotesco e a loucura são recorrentes. É possível identificar este imaginário também em pinturas medievais, como as de Hieronymus Bosch. Portanto, apesar do contexto distinto, pretende-se interpretar o imaginário do grotesco e da loucura presente no filme à luz de quadros de H. Bosch, fundamentando-se nas teorias da estética do grotesco, contribuindo para a reflexão sobre tais representações no Brasil

Resumo expandido

    O filme Hitler IIIo Mundo (1968) de José Agrippino de Paula, apresenta um aglomerado de unidades narrativas (Moraes, 2011), como um retábulo audiovisual, que são permeadas de corpos por vezes nus por vezes vestidos de símbolos (entre eles togas, perucas e espadas), o filme também é povoado de animais, monstros e pessoas de figura animalesca. No som, é possível se ouvir (não necessariamente em sincronia) vozes, sons de animais, ruídos, cochichos e gritos. Os cenários são diversos como jaulas, ruínas, favelas e quartos de manicômio. De modo análogo, A Nau dos Loucos e o Jardim das Delícias, pinturas medievais de H. Bosch, apresentam unidades de ações e símbolos distribuídos, muitos deles católicos, que figuram o grotesco e a loucura, indicando o imaginário infernal e dos excluídos através de figuras deformes e espaços amorfos. Um exemplo da proximidade figural entre o filme e as pinturas é a imagem do barco dos loucos encalhado, sem direção e sem resgate. Filme e pinturas, em seu todo, não chegam a formar um sentido unívoco, mas indicam a soma de sentidos e sensações sem formas definidas, como as figuras grotescas e as da loucura.
    Tomando como paradigma a literatura, Bakthin (1987) definiu o realismo grotesco como a combinação entre humor, carnaval e corpo com base nos textos de Rabelais e seu contexto medieval – o mesmo de H. Bosch – no qual o carnaval tinha um papel essencial de regulador da sociedade. Igualmente, ao realismo grotesco caberia a inversão dos papéis sociais entre o alto e o baixo pelo jogo e pelo riso, assim como o corpo grotesco, que espelharia tal inversão, onde ao baixo corporal como excreção e sexo seriam dados o lugar central. O realismo grotesco teria um efeito positivo de renovação que, segundo Bakhtin (1987), se perdeu durante o romantismo dos séculos subsequentes. Connelly (2012) propõe uma teoria moderna da estética do grotesco fundamentada nas artes visuais. Como a autora aponta, a tentativa de delimitar o grotesco a uma única acepção do termo seria trair a mesma categoria que propõe justamente transpor limitações e definições. Segundo ela, o termo surgido nas artes visuais a partir das pinturas encontradas na Itália durante o século XV, se desdobraria em uma categoria contestadora na sociedade ocidental moderna. O grotesco opõe-se às normas de seu contexto (seja ele medieval ou atual) rompendo com as definições e distinções do normal e do anormal pela via mesma do ‘anormal’, do amorfo, do louco, da aberração, do abjeto. Connelly, então, incorpora à sua teoria moderna do grotesco, o jogo e o carnavalesco definido por Bakhtin. Se o realismo grotesco tem um principio positivo, o grotesco moderno abraça tal positividade ao desafiar o espectador e, consequentemente, a sociedade apresentando um espelho de si mesma. Logo, o grotesco habita o limiar das formas e o espaço onde acontece o jogo e o jogar, o Spielraum (Connely, 2012). O grotesco, portanto, é uma categoria limiar, ou des-, a-, in-forme. O grotesco mostra aquilo que não se quer ver ou que não se pode ver.
    Deste modo, contando com a liberdade que a noção de grotesco permite e que é legitimada por Connelly (2012), assumindo a que definir algo como grotesco é identificar que aquilo rompe com as delimitações estabelecidas, pretende-se aproximar as pinturas de H. Bosch do filme de Agrippino de modo a vislumbrar interpretações do imaginário do grotesco e da loucura em que o corpo se faz presente como agenciador de limites e das quebras desses limites, que acontecem no filme, por exemplo, pela tortura que rompe o limite entre o real e o imaginário da vítima e, por vezes, pela via do corpo excessivo, como o de Jô Soares que percorre as favelas fantasiado (como no carnaval) de uma junção de lutador de sumo com samurai. Entre o jogo, o riso e o abjeto, o grotesco e a loucura figuram a transgressão, mas também o lugar onde se procura dar sentido ao que não se apresenta como possibilidade de representação.

Bibliografia

    Aumont, J. O olho interminável: cinema e pintura. São Paulo, SP: Cosac & Naify, 2011.
    Bakhtin, M. A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François Rabelais. São Paulo: Huitec; Editora Universidade de Brasília.
    Connelly. F. S. The grotesque in Western art and culture the image at play. Cambridge: Cambridge University Press, 2012.
    Costa, J. B., et al. Cinema e pintura. Lisboa: Cinemateca Portuguesa, Museu do Cinema, 2005.
    Foucault, M. História da loucura. São Paulo: Perspectiva, 2010.
    Kayser, W. O grotesco. Configuração na pintura e na literatura. São Paulo: Perspectiva, 2003.
    Moraes, F. A. A Arte-Soma de José Agrippino de Paula. São Paulo: Escola de Comunicação e Artes, Universidade de São Paulo, 2011. p.164. Dissertação de Mestrado.
    Ramos, F. Cinema marginal (1968-1973): a representação em seu limite. São Paulo: EMBRAFILME/ Ministério da Cultura, 1987.
    Rossiter, K. C. Bosch and Brant: Images of Folly. Yale University Art Gallery Bulletin, 1973, vol. 34, n. 2

O livro “XXII SOCINE: 50 anos do maio de 68”, organizado por Lisandro Nogueira e Cleomar Rocha já está disponível para download em nosso site. A obra é composta de 11 artigos que lidam com a temática do maio de 68 pela perspectiva do cinema, que foi o tema do XXII Encontro SOCINE realizado em Goiânia, em 2018. De acordo com os organizadores, “Não há dúvidas de que o tema foi, é, e será sempre instigante, ainda mais aos olhos de muitos que (sobre)viveram (a)os tempos de 68, especialmente no Brasil, e que durante o evento debateram e refletiram sobre o legado de tão importante período da história mundial para a contemporaneidade. Na presente coletânea de textos procuramos demonstrar um pouquinho do que foi a XXII SOCINE, bastante eclética, mas que correspondeu muito bem à chamada para trazer a reflexão dos acontecimentos políticos, sociais, culturais e artísticos do ano de 1968”. O livro leva o selo editorial da SOCINE e ficará disponível em nosso site para download na seção Livros.

XXII Socine 50 anos de maio de 68
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Tema do XXII encontro da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE): “herança do maio de 1968 do ponto de vista do cinema, das novas redes de comunicação digital e da televisão”.

A Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE) repudia veementemente as manifestações recentes do governo federal contrárias a disciplinas das Humanidades como Filosofia ou Sociologia. Tais manifestações se constituem como ameaças inaceitáveis a áreas de conhecimento fundamentais que já convivem há anos com espaço reduzido nas políticas de financiamento de ensino e pesquisa no país.

A SOCINE considera que tais manifestações, além de desconhecerem a centralidade das Humanidades na construção da cidadania e no desenvolvimento do país, demonstram uma completa ausência de um projeto sério de educação e ciência.

Por isso, a SOCINE também assina a nota de repudio redigida pela ANPOF, disponível em:
http://www.anpof.org/portal/index.php/pt-BR/artigos-em-destaque/2075-nota-de-repudio-a-declaracoes-do-ministro-da-educacao-e-do-presidente-da-republica-sobre-as-faculdades-de-humanidades-nomeadamente-filosofia-e-sociologia

Diretoria SOCINE

Encerrou-se na última sexta, 19/04, o pagamento da anuidade e a submissão de trabalhos para o XXIII Encontro SOCINE que acontecerá de 08 a 11 de outubro na Unisinos, em Porto Alegre, RS. As propostas entram agora em período de avaliação e a divulgação dos trabalhos selecionados está prevista para o dia 10/06/2019.

Num momento em que a pesquisa brasileira sofre cortes, a SOCINE tem buscado reagir às dificuldades postas a toda área, implementando descontos a profissionais sem vínculo, criando novas formas de desligamento que possibilitam uma economia aos sócios e diminuindo a quantidade de anuidades atrasadas a serem pagas. Além disso, a escolha do tema deste ano levou em consideração a necessidade de refletirmos sobre preservação e memória audiovisual num período como este que vivemos. Por tudo isto, nos anima o fato do Encontro deste ano ter registrado o maior número de trabalhos submetidos nos últimos dez anos, totalizando 595 propostas enviadas. Em momentos de dificuldades como estes que o fortalecimento de nossa Sociedade e Encontro se faz cada vez mais importante e por isso, agradecemos a todas e todos que inscreveram seus trabalhos. Faremos mais um instigante e afetuoso Encontro, dessa vez em Porto Alegre.

Para finalizar, gostaríamos de informar aos sócios que não pagaram a anuidade, que é possível realizar o pagamento normalmente pelo sistema durante todo o ano. Para aqueles que buscam economizar, pode-se optar pelo Desligamento Parcial, que gera um desconto de 50% no valor da anuidade.

Para pagar e submeter os trabalhos é necessário que o sócio já cadastrado na Sociedade acesse nosso site socine.org.br e coloque seu CPF e sua senha no PAINEL DO ASSOCIADO.

Estando logado em nosso sistema, o sócio deverá clicar em MINHA CONTA e em seguida DADOS DE PAGAMENTO. Vai aparecer uma tela com o Histórico de pagamentos e ao lado Instruções de pagamento, onde é feito o processo via Paypal. Assim que o pagamento é realizado, aparece escrito PAGO no Histórico na coluna Anuidade 2019. Com isso é possível submeter o trabalho em seguida.

Para submeter a proposta de comunicação, você deve clicar em ENCONTROe em seguida INSCRIÇÃO. Abrirá uma tela com a explicação sobre cada uma das 4 modalidades e ao lado em Minha proposta você encontra os botões com as modalidades para se inscrever nelas. Você irá clicar naquela que você gostaria de enviar seu trabalho e preencher os campos. Depois de enviar a proposta você ainda pode edita-la até o encerramento do prazo. Após isso, a proposta entra em avaliação e não pode ser mais modificada.

Qualquer dúvida sobre o processo, entre em contato com a Secretaria pelo e-mail socine@socine.org.br