O XXIII Encontro SOCINE acontecerá na Unisinos, em Porto Alegre, de 08 a 11 de outubro de 2019.

A lista dos trabalhos aprovados pode ser acessada aqui. Os associados também podem checar a avaliação final de seus trabalhos pela sua área de associado.

Todos os aprovados precisam realizar o pagamento dentro do prazo para que sua participação seja confirmada. Os valores, após o primeiro prazo, terão acréscimos. O pagamento deverá ser feito pela área do associado, via Paypal.

Primeiro prazo: 10 de junho a 12 de julho – R$190,00 (profissionais) / R$95,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Segundo prazo: 15 de julho a 26 de julho – R$220,00 (profissionais) / R$110,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Prazo final: 29 de julho a 02 de agosto – R$260,00 (profissionais) / R$130,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)

Tendo qualquer dúvida ou dificuldade, favor contatar a secretaria no e-mail socine@socine.org.br.

Ficha do Proponente

Proponente

    Erika Amaral (ECA-USP)

Minicurrículo

    Erika Amaral é mestranda no Programa de Pós-Graduação em Meios e Processos Audiovisuais na Escola de Comunicações e Artes (USP) com a pesquisa “Representações da mulher caipira no cinema brasileiro: Amélia (2000), de Ana Carolina, e Uma Vida em Segredo (2001), de Suzana Amaral”, bolsa FAPESP de nº 2018/13482-7. Graduada em Ciências Sociais (FFLCH-USP), integra os grupos de pesquisa História e Audiovisual (CNPq) e Mirada – Estudos de Gênero e Audiovisual. E-mail: erika.amaral.pereira@usp.br.

Ficha do Trabalho

Título

    O ressentimento da mulher caipira em Amélia (2000), de Ana Carolina

Resumo

    No cinema brasileiro contemporâneo, a presença de ressentimentos e as evocações do passado no tempo presente são temáticas recorrentes, que podem ser interpretadas como críticas a questões que extrapolam a dimensão diegética, como, por exemplo, problemáticas sociopolíticas. Por meio do filme Amélia (2000), dirigido por Ana Carolina, objetiva-se analisar o delineamento de críticas à condição colonial nas atitudes e discursos das protagonistas, caipiras ressentidas, diante da figura estrangeira.

Resumo expandido

    Amélia (2000), longa-metragem ficcional de Ana Carolina, reúne três dos principais eixos temáticos que caracterizam o cinema brasileiro contemporâneo desde a retomada (Xavier, 2018): a presença de uma figura estrangeira em território nacional, a imagem do ressentimento e o motivo temático do passado no presente.
    No filme, ambientado em 1905, três mulheres, moradoras de uma fazenda no interior de Minas Gerais, são convocadas por sua irmã que vive na França, por meio de uma carta, para auxiliar na recepção da célebre atriz francesa Sarah Bernhardt, em viagem ao Brasil. A autora da carta, porém, morre: resta às caipiras reclamar sua herança para evitar a perda das terras da família, o que culmina em um ato de vingança que causa a amputação da perna da atriz.
    Para analisar Amélia, as ponderações sobre o motivo temático “o passado no presente” partem da ideia de “estratos do tempo” operacionalizada por Koselleck (2014). O ressentimento, por sua vez, será pensado através da perspectiva de Scheler (2010), ora associada ao cinema. Ambos estes eixos temáticos são postos em diálogo com o cinema da retomada por Xavier (2018; 2002). Finalmente, a referência à cultura caipira dialoga com o estudo antropológico de Candido (2010).
    De diversas maneiras, neste filme, as personagens sentem e agem orientadas pelo ressentimento. Este sentimento é agravado pela incomunicabilidade linguística, ora por meio de discursos inflamados pela frustração, como a recorrência da frase “e o dinheiro, madame?”, proferida pelas mineiras buscando reaver o dinheiro necessário para salvar suas terras; ora pela peleja de palavras entre Sarah Bernhardt, que defende sua fala de colonizadora destronada, e as caipiras, que declamam o poema I-Juca Pirama, de Gonçalves Dias, contra as humilhações da francesa. Em um ato final, alimentado pelo rancor e motivado pela vingança, as caipiras retiram as almofadas que amorteceriam a queda de Bernhardt quando do suicídio da personagem Floria em A Tosca, causando um grave acidente.
    Por outro lado, a recorrência do passado no presente é vívida: seja pelo comentário musical que revela a melancolia pelo abandono da fazenda, seja pelas evocações constantes à carta escrita pela irmã falecida por meio da repetição amargurada da frase “finjam que conhecem tudo muito bem”, ou seja pela potente imagem criada pelo espelho. Em um dos poucos planos em que caipira e francesa ocupam o mesmo quadro, diante de um espelho, Bernhardt menciona que “os olhos de Amélia observavam minha decadência”, sob o olhar insensível de Francisca logo atrás de si. Com isto, a presença da primogênita é confundida com a recordação de Amélia operada pela atriz, o que sela o “retorno” de Amélia na figura de sua irmã mais velha, pois ambas desempenham um papel de julgamento que tortura a grande diva francesa. Assim, surgem reverberações de um passado comum, permeado pela morte de Amélia, pelos acúmulos temporais e por trajetórias de vida apartadas, que se encontram no presente histórico da diegese.
    A partir de tais conflitos, é possível inferir a emergência de uma dimensão alegórica, que aponta para as tensões herdadas do imperialismo europeu no continente americano. Assim, a contaminação pelo ressentimento, agravada pelos engodos do passado que reverberam no presente, contribuem para delinear uma alegoria dos três séculos de colonização europeia sobre o território brasileiro. Este amargor do conflito não resolvido que se arrasta pelo cotidiano, da ferida aberta do imperialismo, emerge na peleja final entre Francisca e Bernhardt, em que a atriz francesa explicita o desprezo europeu pelos hábitos culturais indígenas, pelos modos de vida não-industriais, pelo comportamento “selvagem”, segundo a perspectiva da invasora. Já Francisca vem a assumir, por meio da declamação de I-Juca Pirama, a figura da mulher enquanto símbolo da identidade nacional, como propõe Xavier (1997), combalida pela presença estrangeira e invasora, em defesa da cultura brasileira diante da europeia.

Bibliografia

    CANDIDO, A. Os parceiros do Rio Bonito. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2010.
    KOSELLECK, R. Estratos do tempo: estudos sobre história. Rio de Janeiro, Editora Contraponto/Editora PUC-Rio, 2014.
    MORETTIN, E. “Colonizar é Civilizar”: o Cinema e a Exposição Colonial Internacional (Vincennes, 1931). História: Questões & Debates, n. 61, jul./dez.: 233-249, 2014.
    NAGIB, L. Além da diferença: a mulher no Cinema da Retomada. Devires, Belo Horizonte, v. 9, n. 1, p. 14-29, jan/jun, 2012.
    SCHELER, M. Ressentiment. Wisconsin: Marquette University Press, 2010.
    TOLENTINO, C. A. F. O rural no cinema brasileiro. São Paulo: UNESP, 2001.
    XAVIER, I. Figuras do ressentimento no cinema brasileiro dos anos 90. Aniki: Revista Portuguesa da Imagem em Movimento, 5, jun. 2018.
    ______. A personagem feminina como alegoria nacional no cinema latino-americano. Balalaica – Revista Brasileira de Cinema e Cultura. São Paulo, n. 1, 1997.
    ______. O concerto do ressentimento nacional. Sinopse, v. IV, n.8, p. 35-37, 2002

O livro “XXII SOCINE: 50 anos do maio de 68”, organizado por Lisandro Nogueira e Cleomar Rocha já está disponível para download em nosso site. A obra é composta de 11 artigos que lidam com a temática do maio de 68 pela perspectiva do cinema, que foi o tema do XXII Encontro SOCINE realizado em Goiânia, em 2018. De acordo com os organizadores, “Não há dúvidas de que o tema foi, é, e será sempre instigante, ainda mais aos olhos de muitos que (sobre)viveram (a)os tempos de 68, especialmente no Brasil, e que durante o evento debateram e refletiram sobre o legado de tão importante período da história mundial para a contemporaneidade. Na presente coletânea de textos procuramos demonstrar um pouquinho do que foi a XXII SOCINE, bastante eclética, mas que correspondeu muito bem à chamada para trazer a reflexão dos acontecimentos políticos, sociais, culturais e artísticos do ano de 1968”. O livro leva o selo editorial da SOCINE e ficará disponível em nosso site para download na seção Livros.

XXII Socine 50 anos de maio de 68
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Tema do XXII encontro da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE): “herança do maio de 1968 do ponto de vista do cinema, das novas redes de comunicação digital e da televisão”.

A Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE) repudia veementemente as manifestações recentes do governo federal contrárias a disciplinas das Humanidades como Filosofia ou Sociologia. Tais manifestações se constituem como ameaças inaceitáveis a áreas de conhecimento fundamentais que já convivem há anos com espaço reduzido nas políticas de financiamento de ensino e pesquisa no país.

A SOCINE considera que tais manifestações, além de desconhecerem a centralidade das Humanidades na construção da cidadania e no desenvolvimento do país, demonstram uma completa ausência de um projeto sério de educação e ciência.

Por isso, a SOCINE também assina a nota de repudio redigida pela ANPOF, disponível em:
http://www.anpof.org/portal/index.php/pt-BR/artigos-em-destaque/2075-nota-de-repudio-a-declaracoes-do-ministro-da-educacao-e-do-presidente-da-republica-sobre-as-faculdades-de-humanidades-nomeadamente-filosofia-e-sociologia

Diretoria SOCINE

Encerrou-se na última sexta, 19/04, o pagamento da anuidade e a submissão de trabalhos para o XXIII Encontro SOCINE que acontecerá de 08 a 11 de outubro na Unisinos, em Porto Alegre, RS. As propostas entram agora em período de avaliação e a divulgação dos trabalhos selecionados está prevista para o dia 10/06/2019.

Num momento em que a pesquisa brasileira sofre cortes, a SOCINE tem buscado reagir às dificuldades postas a toda área, implementando descontos a profissionais sem vínculo, criando novas formas de desligamento que possibilitam uma economia aos sócios e diminuindo a quantidade de anuidades atrasadas a serem pagas. Além disso, a escolha do tema deste ano levou em consideração a necessidade de refletirmos sobre preservação e memória audiovisual num período como este que vivemos. Por tudo isto, nos anima o fato do Encontro deste ano ter registrado o maior número de trabalhos submetidos nos últimos dez anos, totalizando 595 propostas enviadas. Em momentos de dificuldades como estes que o fortalecimento de nossa Sociedade e Encontro se faz cada vez mais importante e por isso, agradecemos a todas e todos que inscreveram seus trabalhos. Faremos mais um instigante e afetuoso Encontro, dessa vez em Porto Alegre.

Para finalizar, gostaríamos de informar aos sócios que não pagaram a anuidade, que é possível realizar o pagamento normalmente pelo sistema durante todo o ano. Para aqueles que buscam economizar, pode-se optar pelo Desligamento Parcial, que gera um desconto de 50% no valor da anuidade.

Para pagar e submeter os trabalhos é necessário que o sócio já cadastrado na Sociedade acesse nosso site socine.org.br e coloque seu CPF e sua senha no PAINEL DO ASSOCIADO.

Estando logado em nosso sistema, o sócio deverá clicar em MINHA CONTA e em seguida DADOS DE PAGAMENTO. Vai aparecer uma tela com o Histórico de pagamentos e ao lado Instruções de pagamento, onde é feito o processo via Paypal. Assim que o pagamento é realizado, aparece escrito PAGO no Histórico na coluna Anuidade 2019. Com isso é possível submeter o trabalho em seguida.

Para submeter a proposta de comunicação, você deve clicar em ENCONTROe em seguida INSCRIÇÃO. Abrirá uma tela com a explicação sobre cada uma das 4 modalidades e ao lado em Minha proposta você encontra os botões com as modalidades para se inscrever nelas. Você irá clicar naquela que você gostaria de enviar seu trabalho e preencher os campos. Depois de enviar a proposta você ainda pode edita-la até o encerramento do prazo. Após isso, a proposta entra em avaliação e não pode ser mais modificada.

Qualquer dúvida sobre o processo, entre em contato com a Secretaria pelo e-mail socine@socine.org.br