O XXIII Encontro SOCINE acontecerá na Unisinos, em Porto Alegre, de 08 a 11 de outubro de 2019.

A lista dos trabalhos aprovados pode ser acessada aqui. Os associados também podem checar a avaliação final de seus trabalhos pela sua área de associado.

Todos os aprovados precisam realizar o pagamento dentro do prazo para que sua participação seja confirmada. Os valores, após o primeiro prazo, terão acréscimos. O pagamento deverá ser feito pela área do associado, via Paypal.

Primeiro prazo: 10 de junho a 12 de julho – R$190,00 (profissionais) / R$95,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Segundo prazo: 15 de julho a 26 de julho – R$220,00 (profissionais) / R$110,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Prazo final: 29 de julho a 02 de agosto – R$260,00 (profissionais) / R$130,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)

Tendo qualquer dúvida ou dificuldade, favor contatar a secretaria no e-mail socine@socine.org.br.

Ficha do Proponente

Proponente

    Maria Neli Costa Neves (UNICAMP)

Minicurrículo

    Doutoranda em Multimeios pela UNICAMP, mestre em Ciência da Arte pela UFF, bacharel em Comunicação Social (cinema, jornalismo) pela UFF. Curta-metragista, editora cinematográfica, continuísta, com vários trabalhos no cinema e na televisão.

Ficha do Trabalho

Título

    IDENTIDADE DE RESISTÊNCIA NO CINEMA DE NELSON PEREIRA DOS SANTOS

Resumo

    Em muitos dos filmes de Nelson Pereira dos Santos, há ênfase em temas como etnicidade e mestiçagem. A partir do cinema desse diretor, tendo como objeto de estudo a fita Tenda dos Milagres (1977), este trabalho propõe uma refexão sobre as disputas identitárias, religiosidade afro-brasileira e as estratégias dos afrodescendentes na luta contra a desumanização. Para isso, utilizaremos o conceito de “identidade de resistência” (NASCIMENTO, 2003) e o embasamento teórico de Nascimento e Schwarcz.

Resumo expandido

    Em muitos dos filmes de Nelson Pereira dos Santos, há ênfase em temas como etnicidade, mestiçagem, e uma constante reflexão sobre a vida social e política do país, priorizando histórias da população desvalida do meio rural ou das margens dos centros urbanos, onde o homem negro tem importante protagonismo. A postura do diretor se coaduna com o pensamento do sociólogo Guerreiro Ramos que diz: “negro é povo, no Brasil. Não é um componente estranho de nossa demografia. Ao contrário, é a sua mais importante matriz demográfica” (RAMOS, 1957, p.157).
    Nos anos 70, o realizador se descola do viés sociologizante das suas primeiras películas, e se empenha numa conexão com os “valores populares” que, conforme preconiza, devem ser apresentados usando a “linguagem da emoção” e sem críticas ao povo que, apesar de experienciar enormes dificuldades cotidianas, consegue “manter intacto o capital da vida” (SANTOS apud BERNARDET, 2014, p. 241) .
    Este trabalho tem como proposta refletir sobre as disputas identitárias e o papel da religiosidade afro-brasileira a partir da narrativa cinematográfica de uma das obras de Nelson Pereira, o filme Tenda dos Milagres (1977), baseado no livro homônimo de Jorge Amado. Procuramos trazer para discussão alguns dos pontos que permeiam a representação fílmica e que podem ser compreendidos como a participação do negro na edificação da nação, as estratégias de sobrevivência dos afrodescendentes pressionados por valores da sociedade hegemônica, a incorporação da religiosidade como forma de resistência contra o aculturamento de caráter “colonizador” e a violência do racismo, que teria sua essência “na negação da humanidade do negro” (NASCIMENTO, 2003, p. 54).
    No filme, são destacados ficcionalmente os embates de uma população negra e mestiça que intenta vivenciar sua religiosidade de matriz africana, “fonte vital de continuidade cultural, solidariedade comunitária e organização política” (STAM, 2007, p.421); os aspectos do Candomblé se apresentam na constituição dos sujeitos, e a temática religiosa afro-brasileira se torna um dos pontos estruturais da narrativa e do discurso fílmico.
    A fita é composta por duas tramas que se relacionam e entrecruzam, tendo como pano de fundo a cidade de Salvador, na Bahia. A narrativa recria o início do século XX, mostrando situações vividas pela sociedade baiana impactada por teorias raciais que se outorgam o poder de verdade científica, rotulando os negros como “inferiores” (SKIDMORE, 1976, p. 75) e dando aval para a perseguição de seus terreiros, o impedimento de suas manifestações religiosas e a desqualificação de sua produção intelectual. Para Lilia Schwarcz, a “realidade mais profunda do racismo” é que ele institui um sistema de desigualdades que atinge todas “as esferas e políticas da produção de diferença”, isto é, “justiça, nascimento e morte, trabalho e lazer” (SCHWARCZ, 2012, p.76-77). Em contraposição às atitudes de segregação, há a presença do protagonista Pedro Archanjo, qualificado por um dos personagens como “pardo, paisano e pobre”, estudioso da cultura de seus ancestrais, e que se insere junto ao povo da periferia na luta pela legitimação das práticas do Candomblé e pela gerência de seu destino, advogando a causa da miscigenação como uma esperança de harmonização do país.
    A comunidade baiana enfocada, comporia o que Elisa Larkin Nascimento chama de “identidade de resistência”, e que tem nos seus integrantes os “atores pertencentes a grupos desvalorizados ou estigmatizados pela lógica de dominação” que muitas vezes compartilham valores opostos aos das instituições que os oprimem (NASCIMENTO, 2003, p. 40) conseguindo, com esses padrões, manter um sentido de dignidade e de relação vigorosa com a vida.

Bibliografia

    BERNARDET, Jean-Claude. Cinema Brasileiro: Propostas para uma história. São Paulo: Editora Schwarcz S.A. 2009.
    ______.GALVÃO, Maria Rita Eliezer. O nacional e o popular na cultura brasileira: Cinema. Rio de Janeiro: Editora Brasiliense/ Embrafilme, 1983.
    NASCIMENTO, Elisa. O sortilégio da cor: Identidade, raça e gênero no Brasil. São Paulo: Selo Negro Edições. 2003.
    RAMOS, Guerreiro. Introdução Crítica à Sociologia Brasileira. Rio de Janeiro: Editora Andes Ltda. 1957.
    SANTOS, Juana Elbein dos. Os nagô e a morte. Petrópolis: Editora Vozes. 1984.
    SCWARCZ, Lilia Moritz. Nem branco nem preto, muito pelo contrário: Cor e raça na sociabilidade brasileira. São Paulo: Editora Claro Enigma. 2012.
    SKIDMORE, Thomas E. Preto no Branco: Raça e nacionalidade no pensamento brasileiro. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra. 1976.
    STAM, Robert. Multiculturalismo Tropical. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo. EDUSP. 2007.

O livro “XXII SOCINE: 50 anos do maio de 68”, organizado por Lisandro Nogueira e Cleomar Rocha já está disponível para download em nosso site. A obra é composta de 11 artigos que lidam com a temática do maio de 68 pela perspectiva do cinema, que foi o tema do XXII Encontro SOCINE realizado em Goiânia, em 2018. De acordo com os organizadores, “Não há dúvidas de que o tema foi, é, e será sempre instigante, ainda mais aos olhos de muitos que (sobre)viveram (a)os tempos de 68, especialmente no Brasil, e que durante o evento debateram e refletiram sobre o legado de tão importante período da história mundial para a contemporaneidade. Na presente coletânea de textos procuramos demonstrar um pouquinho do que foi a XXII SOCINE, bastante eclética, mas que correspondeu muito bem à chamada para trazer a reflexão dos acontecimentos políticos, sociais, culturais e artísticos do ano de 1968”. O livro leva o selo editorial da SOCINE e ficará disponível em nosso site para download na seção Livros.

XXII Socine 50 anos de maio de 68
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Tema do XXII encontro da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE): “herança do maio de 1968 do ponto de vista do cinema, das novas redes de comunicação digital e da televisão”.

A Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE) repudia veementemente as manifestações recentes do governo federal contrárias a disciplinas das Humanidades como Filosofia ou Sociologia. Tais manifestações se constituem como ameaças inaceitáveis a áreas de conhecimento fundamentais que já convivem há anos com espaço reduzido nas políticas de financiamento de ensino e pesquisa no país.

A SOCINE considera que tais manifestações, além de desconhecerem a centralidade das Humanidades na construção da cidadania e no desenvolvimento do país, demonstram uma completa ausência de um projeto sério de educação e ciência.

Por isso, a SOCINE também assina a nota de repudio redigida pela ANPOF, disponível em:
http://www.anpof.org/portal/index.php/pt-BR/artigos-em-destaque/2075-nota-de-repudio-a-declaracoes-do-ministro-da-educacao-e-do-presidente-da-republica-sobre-as-faculdades-de-humanidades-nomeadamente-filosofia-e-sociologia

Diretoria SOCINE

Encerrou-se na última sexta, 19/04, o pagamento da anuidade e a submissão de trabalhos para o XXIII Encontro SOCINE que acontecerá de 08 a 11 de outubro na Unisinos, em Porto Alegre, RS. As propostas entram agora em período de avaliação e a divulgação dos trabalhos selecionados está prevista para o dia 10/06/2019.

Num momento em que a pesquisa brasileira sofre cortes, a SOCINE tem buscado reagir às dificuldades postas a toda área, implementando descontos a profissionais sem vínculo, criando novas formas de desligamento que possibilitam uma economia aos sócios e diminuindo a quantidade de anuidades atrasadas a serem pagas. Além disso, a escolha do tema deste ano levou em consideração a necessidade de refletirmos sobre preservação e memória audiovisual num período como este que vivemos. Por tudo isto, nos anima o fato do Encontro deste ano ter registrado o maior número de trabalhos submetidos nos últimos dez anos, totalizando 595 propostas enviadas. Em momentos de dificuldades como estes que o fortalecimento de nossa Sociedade e Encontro se faz cada vez mais importante e por isso, agradecemos a todas e todos que inscreveram seus trabalhos. Faremos mais um instigante e afetuoso Encontro, dessa vez em Porto Alegre.

Para finalizar, gostaríamos de informar aos sócios que não pagaram a anuidade, que é possível realizar o pagamento normalmente pelo sistema durante todo o ano. Para aqueles que buscam economizar, pode-se optar pelo Desligamento Parcial, que gera um desconto de 50% no valor da anuidade.

Para pagar e submeter os trabalhos é necessário que o sócio já cadastrado na Sociedade acesse nosso site socine.org.br e coloque seu CPF e sua senha no PAINEL DO ASSOCIADO.

Estando logado em nosso sistema, o sócio deverá clicar em MINHA CONTA e em seguida DADOS DE PAGAMENTO. Vai aparecer uma tela com o Histórico de pagamentos e ao lado Instruções de pagamento, onde é feito o processo via Paypal. Assim que o pagamento é realizado, aparece escrito PAGO no Histórico na coluna Anuidade 2019. Com isso é possível submeter o trabalho em seguida.

Para submeter a proposta de comunicação, você deve clicar em ENCONTROe em seguida INSCRIÇÃO. Abrirá uma tela com a explicação sobre cada uma das 4 modalidades e ao lado em Minha proposta você encontra os botões com as modalidades para se inscrever nelas. Você irá clicar naquela que você gostaria de enviar seu trabalho e preencher os campos. Depois de enviar a proposta você ainda pode edita-la até o encerramento do prazo. Após isso, a proposta entra em avaliação e não pode ser mais modificada.

Qualquer dúvida sobre o processo, entre em contato com a Secretaria pelo e-mail socine@socine.org.br