O XXIII Encontro SOCINE acontecerá na Unisinos, em Porto Alegre, de 08 a 11 de outubro de 2019.

A lista dos trabalhos aprovados pode ser acessada aqui. Os associados também podem checar a avaliação final de seus trabalhos pela sua área de associado.

Todos os aprovados precisam realizar o pagamento dentro do prazo para que sua participação seja confirmada. Os valores, após o primeiro prazo, terão acréscimos. O pagamento deverá ser feito pela área do associado, via Paypal.

Primeiro prazo: 10 de junho a 12 de julho – R$190,00 (profissionais) / R$95,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Segundo prazo: 15 de julho a 26 de julho – R$220,00 (profissionais) / R$110,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Prazo final: 29 de julho a 02 de agosto – R$260,00 (profissionais) / R$130,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)

Tendo qualquer dúvida ou dificuldade, favor contatar a secretaria no e-mail socine@socine.org.br.

Ficha do Proponente

Proponente

    Maria Castanho Caú (UFRJ)

Minicurrículo

    Maria Caú é formada em Cinema pela UFF e doutora em Literatura Comparada pela UFRJ, com pesquisa centrada nas inter-relações entre o cinema e a literatura. É autora do livro “Olhar o mar: Woody Allen e Philip Roth — a exigência da morte” (Editora Verve, 2015), faz parte do coletivo de mulheres críticas de cinema Elviras e colabora com o site Críticos.

Ficha do Trabalho

Título

    O narrador acousmêtre em Woody Allen

Mesa

    Narração em voz-over como recurso criativo do roteiro cinematográfico

Resumo

    Em A voz no cinema, Michel Chion introduz o conceito de acousmêtre, e define en passant o narrador acousmêtre como “aquele que não se mostra, mas que não tem um envolvimento pessoal com a imagem”. Assim, pretende-se pensar esse narrador extradiegético (ou autoral, na teoria de Stanzel) no cinema de Woody Allen (Vicky Cristina Barcelona, Você vai conhecer o homem dos seus sonhos e Café Society), analisando a sofisticação através da qual ele estabelece uma fina conexão com o ambiente literário.

Resumo expandido

    Em três de seus filmes, Woody Allen utiliza a narração extradiegética em voz-over, o famoso narrador em terceira pessoa, como alicerce estrutural do roteiro. São eles: Vicky Cristina Barcelona (2008), Você vai conhecer o homem dos seus sonhos (2010) e Café Society (2016), este último narrado pelo próprio realizador. Esse modelo de narração se liga ao conceito de acousmêtre, ou ser acusmático, proposto por Chion para se referir à voz que se faz presente no espaço do cinema sem revelar sua origem, ou seja, sem que possamos encaixá-la em um determinado corpo. Essa voz flutuante, não circunscrita às restrições próprias de um corpo, tem como atributos potenciais onisciência e onipotência, que se desmantelam apenas no caso da incorporação de sua fonte. Chion dedica diversas páginas à narração em primeira pessoa, cujas principais manifestações ele enquadra na esfera do que chama de voix-je (em inglês, I-voice, que traduzimos livremente por voz-eu), mas não se detém nos exemplos de narração em terceira pessoa, comparativamente mais raros no cinema. No entanto, é justamente a esse recurso narrativo que o teórico parece estar se referindo quando menciona a categoria de narrador acousmêtre, um subdivisão do seu conceito da qual ele fala muito brevemente. Esse narrador, cuja identidade não é revelada, se encontra em um ponto espacial indeterminável, a partir do qual pode exercitar uma visão privilegiada, com acesso irrestrito aos acontecimentos, uma espécie de poder panóptico.
    Cabe esclarecer que, quando falamos de narração em primeira ou terceira pessoas no cinema estamos nos referindo somente à figura do narrador, à expressão oral de um sujeito cuja voz organiza e impulsiona certas narrativas, estrutura que, obviamente, passa longe de ser um imperativo. Ou seja, não fazemos alusão aqui à narração enquanto estrutura fílmica maior, que compila e encadeia uma série de elementos sonoros e visuais cuja sucessão deliberada constrói uma obra, que pode se dedicar a contar uma história ou a proporcionar um mergulho sensorial, plástico ou de cunho experimental. Stanzel problematiza os consagrados termos, uma vez que o que distingue o narrador extradiegético não é a utilização que esse faz da terceira pessoa (pois essa figura por vezes também diz “eu”), mas o fato de que ele não habita o mesmo plano existencial que os personagens. Poderíamos então nos referir às categorias de narrador intra e extradiegético, ou, para tomar mais a fundo os termos propostos por Stanzel, definir o narrador acousmêtre cinematográfico como um narrador autoral, ou seja, aquele que não está encarnado no mesmo universo que os personagens que apresenta e conta uma história movido por uma motivação estética não diretamente relacionada com uma experiência pessoal, ou seja, partindo de uma perspectiva externa em relação aos acontecimentos.
    Se Stanzel aponta que o narrador autoral literário pode se esconder detrás de seus personagens, de forma que o leitor praticamente se esqueça de sua presença, é fácil notar que o efeito causado por esse modelo no cinema é diametralmente oposto. A presença do narrador autoral (ou acousmêtre, e que fique claro que estamos aqui aproximando categorias de diferentes autores) é sentida pelo espectador como uma espécie de abrupta invasão da literatura no espaço fílmico. O caráter relativamente raro dessas aparições é um dos fatores que contribuem para a impressão, uma vez que é facilmente observável que a absoluta maioria dos narradores da sétima arte é personagem da história que conta — frequentemente, protagonista das aventuras que compartilha conosco.
    Isso posto, nos cabe pensar o diálogo com o universo literário proposto por Woody Allen nos três filmes em questão, analisando para isso as características do narrador autoral de cada uma das obras citadas, sua ligação com a literatura e sua relação com o cinema de diretores como Truffaut e Bergman.

Bibliografia

    BUCHANAN, Judith (org.). The Writer on Film: Screening Literary Authorship. London: Palgrave Macmillan, 2013.
    CHION, Michel. The Voice in Cinema. New York: Columbia University Press, 1999.
    FRIEDMAN, Norman. “O ponto de vista na ficção: o desenvolvimento de um conceito crítico”. Trad. Fábio Fonseca de Melo. In: Revista USP. São Paulo, nº 53, março/maio de 2002, pp. 166-182.
    FIGUEIREDO, Vera Lúcia Follain de. Narrativas migrantes: literatura, roteiro e cinema. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio/ 7Letras, 2010.
    GAUDREAULT, André; JOST, François. A narrativa cinematográfica. Brasília: Editora UnB, 2009.
    STAM, Robert & RAENGO, Alessandra (orgs.). Literature and Film. New York: Blackwell Publishing, 2005.
    STANZEL, F. K. A Theory of Narrative. Translated by Charlotte Goedsche. Cambridge: Cambridge University Press, 1987.

O livro “XXII SOCINE: 50 anos do maio de 68”, organizado por Lisandro Nogueira e Cleomar Rocha já está disponível para download em nosso site. A obra é composta de 11 artigos que lidam com a temática do maio de 68 pela perspectiva do cinema, que foi o tema do XXII Encontro SOCINE realizado em Goiânia, em 2018. De acordo com os organizadores, “Não há dúvidas de que o tema foi, é, e será sempre instigante, ainda mais aos olhos de muitos que (sobre)viveram (a)os tempos de 68, especialmente no Brasil, e que durante o evento debateram e refletiram sobre o legado de tão importante período da história mundial para a contemporaneidade. Na presente coletânea de textos procuramos demonstrar um pouquinho do que foi a XXII SOCINE, bastante eclética, mas que correspondeu muito bem à chamada para trazer a reflexão dos acontecimentos políticos, sociais, culturais e artísticos do ano de 1968”. O livro leva o selo editorial da SOCINE e ficará disponível em nosso site para download na seção Livros.

XXII Socine 50 anos de maio de 68
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Tema do XXII encontro da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE): “herança do maio de 1968 do ponto de vista do cinema, das novas redes de comunicação digital e da televisão”.

A Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE) repudia veementemente as manifestações recentes do governo federal contrárias a disciplinas das Humanidades como Filosofia ou Sociologia. Tais manifestações se constituem como ameaças inaceitáveis a áreas de conhecimento fundamentais que já convivem há anos com espaço reduzido nas políticas de financiamento de ensino e pesquisa no país.

A SOCINE considera que tais manifestações, além de desconhecerem a centralidade das Humanidades na construção da cidadania e no desenvolvimento do país, demonstram uma completa ausência de um projeto sério de educação e ciência.

Por isso, a SOCINE também assina a nota de repudio redigida pela ANPOF, disponível em:
http://www.anpof.org/portal/index.php/pt-BR/artigos-em-destaque/2075-nota-de-repudio-a-declaracoes-do-ministro-da-educacao-e-do-presidente-da-republica-sobre-as-faculdades-de-humanidades-nomeadamente-filosofia-e-sociologia

Diretoria SOCINE

Encerrou-se na última sexta, 19/04, o pagamento da anuidade e a submissão de trabalhos para o XXIII Encontro SOCINE que acontecerá de 08 a 11 de outubro na Unisinos, em Porto Alegre, RS. As propostas entram agora em período de avaliação e a divulgação dos trabalhos selecionados está prevista para o dia 10/06/2019.

Num momento em que a pesquisa brasileira sofre cortes, a SOCINE tem buscado reagir às dificuldades postas a toda área, implementando descontos a profissionais sem vínculo, criando novas formas de desligamento que possibilitam uma economia aos sócios e diminuindo a quantidade de anuidades atrasadas a serem pagas. Além disso, a escolha do tema deste ano levou em consideração a necessidade de refletirmos sobre preservação e memória audiovisual num período como este que vivemos. Por tudo isto, nos anima o fato do Encontro deste ano ter registrado o maior número de trabalhos submetidos nos últimos dez anos, totalizando 595 propostas enviadas. Em momentos de dificuldades como estes que o fortalecimento de nossa Sociedade e Encontro se faz cada vez mais importante e por isso, agradecemos a todas e todos que inscreveram seus trabalhos. Faremos mais um instigante e afetuoso Encontro, dessa vez em Porto Alegre.

Para finalizar, gostaríamos de informar aos sócios que não pagaram a anuidade, que é possível realizar o pagamento normalmente pelo sistema durante todo o ano. Para aqueles que buscam economizar, pode-se optar pelo Desligamento Parcial, que gera um desconto de 50% no valor da anuidade.

Para pagar e submeter os trabalhos é necessário que o sócio já cadastrado na Sociedade acesse nosso site socine.org.br e coloque seu CPF e sua senha no PAINEL DO ASSOCIADO.

Estando logado em nosso sistema, o sócio deverá clicar em MINHA CONTA e em seguida DADOS DE PAGAMENTO. Vai aparecer uma tela com o Histórico de pagamentos e ao lado Instruções de pagamento, onde é feito o processo via Paypal. Assim que o pagamento é realizado, aparece escrito PAGO no Histórico na coluna Anuidade 2019. Com isso é possível submeter o trabalho em seguida.

Para submeter a proposta de comunicação, você deve clicar em ENCONTROe em seguida INSCRIÇÃO. Abrirá uma tela com a explicação sobre cada uma das 4 modalidades e ao lado em Minha proposta você encontra os botões com as modalidades para se inscrever nelas. Você irá clicar naquela que você gostaria de enviar seu trabalho e preencher os campos. Depois de enviar a proposta você ainda pode edita-la até o encerramento do prazo. Após isso, a proposta entra em avaliação e não pode ser mais modificada.

Qualquer dúvida sobre o processo, entre em contato com a Secretaria pelo e-mail socine@socine.org.br