O XXIII Encontro SOCINE acontecerá na Unisinos, em Porto Alegre, de 08 a 11 de outubro de 2019.

A lista dos trabalhos aprovados pode ser acessada aqui. Os associados também podem checar a avaliação final de seus trabalhos pela sua área de associado.

Todos os aprovados precisam realizar o pagamento dentro do prazo para que sua participação seja confirmada. Os valores, após o primeiro prazo, terão acréscimos. O pagamento deverá ser feito pela área do associado, via Paypal.

Primeiro prazo: 10 de junho a 12 de julho – R$190,00 (profissionais) / R$95,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Segundo prazo: 15 de julho a 26 de julho – R$220,00 (profissionais) / R$110,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Prazo final: 29 de julho a 02 de agosto – R$260,00 (profissionais) / R$130,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)

Tendo qualquer dúvida ou dificuldade, favor contatar a secretaria no e-mail socine@socine.org.br.

Ficha do Proponente

Proponente

    Pedro Vinicius Asterito Lapera (UFF/FBN)

Minicurrículo

    Docente do PPGCINE/UFF e pesquisador da Fundação Biblioteca Nacional. Áreas de interesse: História do audiovisual brasileiro ; Audiovisual e Antropologia; censura a obras audiovisuais (cinema e televisão); relação entre Estado e campo do audiovisual no Brasil. Contato: plapera@gmail.com

Ficha do Trabalho

Título

    “Civilizações” em conflito: cinema no Rio de Janeiro da Belle Époque

Seminário

    Exibição cinematográfica, espectatorialidades e artes da projeção no Brasil

Resumo

    Inserindo-se em uma perspectiva que transita entre a história e a etnografia, esta comunicação analisará um fait divers ocorrido em fevereiro de 1916 em um cinema do Rio de Janeiro: uma discussão entre espectadores finalizada com um tiro. A questão principal que irá nortear nossa discussão é: de que modo estes sujeitos pertencentes à classe média e à elite projetaram algumas tensões sociais no consumo cinematográfico por ocasião do fait divers a ser analisado?

Resumo expandido

    Em uma manhã de fevereiro de 1916, quase às vésperas do Carnaval, os leitores dos jornais cariocas foram surpreendidos por um fato insólito: um tiroteio em um dos cinematógrafos do Rio de Janeiro. Atônitos, os cronistas dos diversos periódicos relataram versões e detalhes sobre o curioso fato que se passara na véspera no Cinema Odeon, localizado na Avenida Rio Branco, bem no coração da nova cidade planejada pelo prefeito Pereira Passos.
    O fait divers do Odeon ocupou espaço nos jornais ao longo dos meses seguintes, que acompanharam com avidez o desenlace da acolhida bizarra em uma sessão de cinema. Apresentaram publicamente os protagonistas do conflito e os lances em torno do julgamento do crime, destacando detalhes em suas narrativas que corroboravam suas versões e tomando partido por um dos lados.
    O objetivo desta comunicação é mostrar como, apesar de ser um fato que não tenha tido impacto nos rumos da conturbada Primeira República, as narrativas veiculadas entre os meses de fevereiro e junho de 1916 pelos periódicos cariocas podem ser consideradas indícios de tensões sociais projetadas no ato de ir ao cinema. Ainda, defendemos que alguns detalhes em torno dessas narrativas podem nos ajudar a compreender certos horizontes de expectativas em torno do consumo cinematográfico enquadrados pela visão dos setores médios da população.
    Consideramos as narrativas veiculadas pelos periódicos depositados na Biblioteca Nacional em torno deste fait divers vestígios da formação de uma cultura ligada aos setores médios que vinha então se estabelecendo. Ainda, suspeitamos que o consumo cinematográfico mostrou-se fundamental na afirmação de alguns valores ligados a essa cultura de classe média. Para fins desta comunicação, consideramos cultura como “as estruturas de significado através das quais os homens dão forma à sua experiência” (Geertz 1989: 207).
    É preciso fazer uma breve exposição sobre as fontes utilizadas neste trabalho. Em um primeiro momento, foram coletadas, no acervo físico depositado na instituição quanto no acervo digitalizado na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional, 98 fontes – entre artigos, charges, editoriais, cartas de leitores enviadas à redação dos jornais – em 10 periódicos que circulavam pela cidade do Rio de Janeiro, uma amostra da razoável repercussão que o fato teve à época. Em um tratamento posterior, selecionamos dentre aqueles, 39 fontes como corpus a ser analisado.
    A discussão proposta transitará em torno da apresentação pública do conflito e de seus personagens, a relação com o ato de ir ao cinema e as diferentes abordagens propagadas pela imprensa carioca. A questão principal que irá nortear esta comunicação é: de que modos estes sujeitos pertencentes à classe média e à elite projetaram algumas tensões sociais no consumo cinematográfico por ocasião do fait divers a ser analisado?
    Enquadramos nosso esforço dentro da discussão de John e Jean Comaroff a respeito de como a etnografia deve lidar com a imaginação histórica. Segundo os autores, “ essas ‘histórias ocultas’, parciais, precisam ser situadas em mundos mais complexos de poder e significado que deram vida a elas” (1992: 17). A concepção de história dos autores “envolve a sedimentação de micropráticas e macroprocessos” (1992: 38) e se revela crucial para a nossa discussão, visto que precisamos considerar a relação entre os fragmentos deixados pelo tempo a respeito deste fato e sua inserção em processos de estruturação e mudança social.
    Nossa hipótese principal é a de que o fato analisado envolve dois polos em termos de classe que estruturam a dinâmica do seu desenlace, sendo uma metonímia de uma série de conflitos entre visões de mundo e de agir dessas classes. Todavia, esses polos não podem ser lidos de modo absoluto, uma vez que as posições variam no conflito e são perpassadas por categorias ligadas a raça e a gênero, embora em menor escala.

Bibliografia

    ARAÚJO, Vicente de Paula. A Bela Época do Cinema Brasileiro. São Paulo: Perspectiva, 1985.
    COMAROFF, John & Jean. Ethnography and historical imagination. Oxford, Boulder: Westview Press, 1992.
    ELIAS, Norbert. O Processo civilizador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993.
    GAY, Peter. O século de Schnitzler: a formação da cultura da classe média (1815-1914). São Paulo: Cia. das Letras, 2002.
    ___________. 1988. A experiência burguesa da Rainha Vitória a Freud: a educação dos sentidos. São Paulo: Cia. das Letras.
    GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. São Paulo: LTC, 1989.
    GINZBURG, Carlo. Mitos, emblemas, sinais: morfologia e história. São Paulo: Cia. das Letras, 2007.
    LAPERA, Pedro. Civilização tropical em perigo: cinema, elite e classes médias na Belle Époque carioca. Mana [online]. 2018, vol.24, n.1, pp.71-102.
    SCHWARCZ, Lilia Moritz. O espetáculo das raças: cientistas, instituições e pensamento racial no Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 2005.

O livro “XXII SOCINE: 50 anos do maio de 68”, organizado por Lisandro Nogueira e Cleomar Rocha já está disponível para download em nosso site. A obra é composta de 11 artigos que lidam com a temática do maio de 68 pela perspectiva do cinema, que foi o tema do XXII Encontro SOCINE realizado em Goiânia, em 2018. De acordo com os organizadores, “Não há dúvidas de que o tema foi, é, e será sempre instigante, ainda mais aos olhos de muitos que (sobre)viveram (a)os tempos de 68, especialmente no Brasil, e que durante o evento debateram e refletiram sobre o legado de tão importante período da história mundial para a contemporaneidade. Na presente coletânea de textos procuramos demonstrar um pouquinho do que foi a XXII SOCINE, bastante eclética, mas que correspondeu muito bem à chamada para trazer a reflexão dos acontecimentos políticos, sociais, culturais e artísticos do ano de 1968”. O livro leva o selo editorial da SOCINE e ficará disponível em nosso site para download na seção Livros.

XXII Socine 50 anos de maio de 68
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Tema do XXII encontro da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE): “herança do maio de 1968 do ponto de vista do cinema, das novas redes de comunicação digital e da televisão”.

A Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE) repudia veementemente as manifestações recentes do governo federal contrárias a disciplinas das Humanidades como Filosofia ou Sociologia. Tais manifestações se constituem como ameaças inaceitáveis a áreas de conhecimento fundamentais que já convivem há anos com espaço reduzido nas políticas de financiamento de ensino e pesquisa no país.

A SOCINE considera que tais manifestações, além de desconhecerem a centralidade das Humanidades na construção da cidadania e no desenvolvimento do país, demonstram uma completa ausência de um projeto sério de educação e ciência.

Por isso, a SOCINE também assina a nota de repudio redigida pela ANPOF, disponível em:
http://www.anpof.org/portal/index.php/pt-BR/artigos-em-destaque/2075-nota-de-repudio-a-declaracoes-do-ministro-da-educacao-e-do-presidente-da-republica-sobre-as-faculdades-de-humanidades-nomeadamente-filosofia-e-sociologia

Diretoria SOCINE

Encerrou-se na última sexta, 19/04, o pagamento da anuidade e a submissão de trabalhos para o XXIII Encontro SOCINE que acontecerá de 08 a 11 de outubro na Unisinos, em Porto Alegre, RS. As propostas entram agora em período de avaliação e a divulgação dos trabalhos selecionados está prevista para o dia 10/06/2019.

Num momento em que a pesquisa brasileira sofre cortes, a SOCINE tem buscado reagir às dificuldades postas a toda área, implementando descontos a profissionais sem vínculo, criando novas formas de desligamento que possibilitam uma economia aos sócios e diminuindo a quantidade de anuidades atrasadas a serem pagas. Além disso, a escolha do tema deste ano levou em consideração a necessidade de refletirmos sobre preservação e memória audiovisual num período como este que vivemos. Por tudo isto, nos anima o fato do Encontro deste ano ter registrado o maior número de trabalhos submetidos nos últimos dez anos, totalizando 595 propostas enviadas. Em momentos de dificuldades como estes que o fortalecimento de nossa Sociedade e Encontro se faz cada vez mais importante e por isso, agradecemos a todas e todos que inscreveram seus trabalhos. Faremos mais um instigante e afetuoso Encontro, dessa vez em Porto Alegre.

Para finalizar, gostaríamos de informar aos sócios que não pagaram a anuidade, que é possível realizar o pagamento normalmente pelo sistema durante todo o ano. Para aqueles que buscam economizar, pode-se optar pelo Desligamento Parcial, que gera um desconto de 50% no valor da anuidade.

Para pagar e submeter os trabalhos é necessário que o sócio já cadastrado na Sociedade acesse nosso site socine.org.br e coloque seu CPF e sua senha no PAINEL DO ASSOCIADO.

Estando logado em nosso sistema, o sócio deverá clicar em MINHA CONTA e em seguida DADOS DE PAGAMENTO. Vai aparecer uma tela com o Histórico de pagamentos e ao lado Instruções de pagamento, onde é feito o processo via Paypal. Assim que o pagamento é realizado, aparece escrito PAGO no Histórico na coluna Anuidade 2019. Com isso é possível submeter o trabalho em seguida.

Para submeter a proposta de comunicação, você deve clicar em ENCONTROe em seguida INSCRIÇÃO. Abrirá uma tela com a explicação sobre cada uma das 4 modalidades e ao lado em Minha proposta você encontra os botões com as modalidades para se inscrever nelas. Você irá clicar naquela que você gostaria de enviar seu trabalho e preencher os campos. Depois de enviar a proposta você ainda pode edita-la até o encerramento do prazo. Após isso, a proposta entra em avaliação e não pode ser mais modificada.

Qualquer dúvida sobre o processo, entre em contato com a Secretaria pelo e-mail socine@socine.org.br