O XXIII Encontro SOCINE acontecerá na Unisinos, em Porto Alegre, de 08 a 11 de outubro de 2019.

A lista dos trabalhos aprovados pode ser acessada aqui. Os associados também podem checar a avaliação final de seus trabalhos pela sua área de associado.

Todos os aprovados precisam realizar o pagamento dentro do prazo para que sua participação seja confirmada. Os valores, após o primeiro prazo, terão acréscimos. O pagamento deverá ser feito pela área do associado, via Paypal.

Primeiro prazo: 10 de junho a 12 de julho – R$190,00 (profissionais) / R$95,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Segundo prazo: 15 de julho a 26 de julho – R$220,00 (profissionais) / R$110,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Prazo final: 29 de julho a 02 de agosto – R$260,00 (profissionais) / R$130,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)

Tendo qualquer dúvida ou dificuldade, favor contatar a secretaria no e-mail socine@socine.org.br.

Ficha do Proponente

Proponente

    Dalila Camargo Martins (ECA/USP)

Minicurrículo

    Doutoranda em Meios e Processos Audiovisuais pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), com pesquisa em andamento sobre o realismo negativo de Danièle Huillet e Jean-Marie Straub. Mestre em Meios e Processos Audiovisuais (ECA/USP) e bacharel no Curso Superior do Audiovisual (ECA/USP). Atua também como programadora, crítica e professora.

Ficha do Trabalho

Título

    Hiato fílmico e liberação narrativa em Lições de História

Resumo

    Lições de História (1972) é uma adaptação d’Os Negócios do Senhor Júlio César, de Bertolt Brecht. O romance narra a investigação frustrada de um jovem biógrafo acerca do imperador. No filme, Danièle Huillet e Jean-Marie Straub focam na experiência de silenciamento do protagonista-narrador e, em consequência, no efeito que ela surte no espectador, mediante duas estratégias eminentemente cinematográficas: o posicionamento extemporâneo do protagonista-narrador e a autonomização da decupagem.

Resumo expandido

    O filme Lições de História (1972), de Danièle Huillet e Jean-Marie Straub, é uma adaptação do romance inacabado Os Negócios do Senhor Júlio César, redigido por Bertolt Brecht entre 1937 e 1939, durante o exílio na Dinamarca, e publicado postumamente. O experimento histórico-satírico do dramaturgo consiste na narrativa da investigação frustrada de um jovem biógrafo acerca do verdadeiro Júlio César, “um modelo incomparável para todos os ditadores futuros” — é da ascensão de Adolf Hitler de que se trata, afinal. Constitui-se por quatro excertos – I. A Carreira de um Rapaz Notável, II. O Nosso Chefe C., III. Administração Clássica de uma Província e IV. O Monstro de Três Cabeças. Os volumes de número ímpar funcionam como a cornija da trama, descrevendo os encontros do biógrafo com o banqueiro Mummlius Spicer para barganhar os diários de Raro, secretário de César, além da intervenção do jurista Afrânio Carbo, da entrevista com um camponês ex-legionário e das asserções do poeta Vástio Alder. Já os de número par apresentam as notas do diário adquirido, uma miscelânea das opiniões de Raro acerca da miséria de Roma, dos problemas financeiros do cotidiano de César e também de seus próprios assuntos amorosos relacionados ao desemprego sistêmico devido à implementação de mão-de-obra escrava altamente habilidosa. À primeira vista, poder-se-ia constatar um curso teleológico rumo à conscientização histórica, pautado em três estágios: primeiro, a suposição de que a história resulta das ações de indivíduos, o que validaria uma abordagem biográfica; segundo, a refutação desta suposição pelo confronto com fatos que contradizem a univocidade do herói; terceiro, a concepção materialista que ordenaria tais contradições de modo a revelar que a história se determina economicamente. Entretanto, o protagonista-narrador não completa o périplo, destila ceticismo com desgosto e permanece absorto em pensamentos, sem se aproveitar da plurivocidade para expandir seu horizonte, chegando mesmo à desaparição quando da anexação dos diários de Raro, sem tecer nenhum comentário a respeito das informações ali contidas. Assim, nada sobra do regime de identificação, pois o leitor não tem alguém a quem seguir em direção a uma conclusão; não há síntese, mas esfacelamento trépido. Em Lições de História, Huillet-Straub focam, justamente, na experiência de silenciamento paulatino do protagonista-narrador e, em consequência, no efeito que ela surte no espectador. Contudo, substituem o recurso literário da colagem textual, eliminando os volumes de número par do original, por duas estratégias eminentemente cinematográficas, a saber: o posicionamento extemporâneo do protagonista-narrador e a autonomização da decupagem. O jovem biógrafo (Benedikt Zulauf), vestido como no início dos anos 1970, período no qual se produziu o filme, vai ter com os quatro contemporâneos de César, todos em trajes da Antiguidade. Essas reuniões são separadas por três longos planos-sequência dele dirigindo pelas ruas de Trastevere, com a câmera instalada no banco de trás de um pequeno carro, acima da linha de sua cintura, que totalizam “trezentos e dez metros de 16 mm, logo, 25 minutos.” Tais planos de passeio (Spaziergänge) enfatizam a passividade de seu protagonismo, pois neles sua presença mais parece uma duplicação da postura do espectador na sala de cinema, observando uma vista com atenção-distração. Quanto à decupagem, utiliza-se por duas vezes o zoom expressivamente, no sentido forte do termo, como que liberando o protagonista da narração. Em nossa comunicação, procuraremos mostrar como, em Lições de História, o ponto de vista fílmico coincide com um hiato e como isto é politicamente potente, pois desafia os limites da representação e, portanto, da história enquanto narrativa oficial, totalitária.

Bibliografia

    BRECHT, Bertolt. Os negócios do senhor Júlio César. São Paulo: Hemus, 1970

    BYG, Barton. Landscapes of resistance – the german films of Danièle Huillet and Jean-Marie Straub. Berkeley: University of California Press, 1995

    CLASS, Herbert. Die politische Ästhetik Bertolt Brechts vom Baal zum Caesar. Frankfurt am Main: Suhrkamp, 1977

    ROTH, Wilhelm; PFLAUM, Günther. Sobre Lições de História (entrevista). In: GOUGAIN, Ernesto; TADDEI, Fernanda et al (org.). Straub-Huillet. São Paulo: CCBB, 2012

    SEGUIN, Louis. Jean-Marie Straub, Danièle Huillet: “Aux distraitement désespérés que nous sommes…”, Paris: Cahiers du Cinéma, 2007

    WALSH, Martin. The Brechtian Aspect of Radical Cinema. Londres: British Film Institute, 1981

O livro “XXII SOCINE: 50 anos do maio de 68”, organizado por Lisandro Nogueira e Cleomar Rocha já está disponível para download em nosso site. A obra é composta de 11 artigos que lidam com a temática do maio de 68 pela perspectiva do cinema, que foi o tema do XXII Encontro SOCINE realizado em Goiânia, em 2018. De acordo com os organizadores, “Não há dúvidas de que o tema foi, é, e será sempre instigante, ainda mais aos olhos de muitos que (sobre)viveram (a)os tempos de 68, especialmente no Brasil, e que durante o evento debateram e refletiram sobre o legado de tão importante período da história mundial para a contemporaneidade. Na presente coletânea de textos procuramos demonstrar um pouquinho do que foi a XXII SOCINE, bastante eclética, mas que correspondeu muito bem à chamada para trazer a reflexão dos acontecimentos políticos, sociais, culturais e artísticos do ano de 1968”. O livro leva o selo editorial da SOCINE e ficará disponível em nosso site para download na seção Livros.

XXII Socine 50 anos de maio de 68
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Tema do XXII encontro da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE): “herança do maio de 1968 do ponto de vista do cinema, das novas redes de comunicação digital e da televisão”.

A Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE) repudia veementemente as manifestações recentes do governo federal contrárias a disciplinas das Humanidades como Filosofia ou Sociologia. Tais manifestações se constituem como ameaças inaceitáveis a áreas de conhecimento fundamentais que já convivem há anos com espaço reduzido nas políticas de financiamento de ensino e pesquisa no país.

A SOCINE considera que tais manifestações, além de desconhecerem a centralidade das Humanidades na construção da cidadania e no desenvolvimento do país, demonstram uma completa ausência de um projeto sério de educação e ciência.

Por isso, a SOCINE também assina a nota de repudio redigida pela ANPOF, disponível em:
http://www.anpof.org/portal/index.php/pt-BR/artigos-em-destaque/2075-nota-de-repudio-a-declaracoes-do-ministro-da-educacao-e-do-presidente-da-republica-sobre-as-faculdades-de-humanidades-nomeadamente-filosofia-e-sociologia

Diretoria SOCINE

Encerrou-se na última sexta, 19/04, o pagamento da anuidade e a submissão de trabalhos para o XXIII Encontro SOCINE que acontecerá de 08 a 11 de outubro na Unisinos, em Porto Alegre, RS. As propostas entram agora em período de avaliação e a divulgação dos trabalhos selecionados está prevista para o dia 10/06/2019.

Num momento em que a pesquisa brasileira sofre cortes, a SOCINE tem buscado reagir às dificuldades postas a toda área, implementando descontos a profissionais sem vínculo, criando novas formas de desligamento que possibilitam uma economia aos sócios e diminuindo a quantidade de anuidades atrasadas a serem pagas. Além disso, a escolha do tema deste ano levou em consideração a necessidade de refletirmos sobre preservação e memória audiovisual num período como este que vivemos. Por tudo isto, nos anima o fato do Encontro deste ano ter registrado o maior número de trabalhos submetidos nos últimos dez anos, totalizando 595 propostas enviadas. Em momentos de dificuldades como estes que o fortalecimento de nossa Sociedade e Encontro se faz cada vez mais importante e por isso, agradecemos a todas e todos que inscreveram seus trabalhos. Faremos mais um instigante e afetuoso Encontro, dessa vez em Porto Alegre.

Para finalizar, gostaríamos de informar aos sócios que não pagaram a anuidade, que é possível realizar o pagamento normalmente pelo sistema durante todo o ano. Para aqueles que buscam economizar, pode-se optar pelo Desligamento Parcial, que gera um desconto de 50% no valor da anuidade.

Para pagar e submeter os trabalhos é necessário que o sócio já cadastrado na Sociedade acesse nosso site socine.org.br e coloque seu CPF e sua senha no PAINEL DO ASSOCIADO.

Estando logado em nosso sistema, o sócio deverá clicar em MINHA CONTA e em seguida DADOS DE PAGAMENTO. Vai aparecer uma tela com o Histórico de pagamentos e ao lado Instruções de pagamento, onde é feito o processo via Paypal. Assim que o pagamento é realizado, aparece escrito PAGO no Histórico na coluna Anuidade 2019. Com isso é possível submeter o trabalho em seguida.

Para submeter a proposta de comunicação, você deve clicar em ENCONTROe em seguida INSCRIÇÃO. Abrirá uma tela com a explicação sobre cada uma das 4 modalidades e ao lado em Minha proposta você encontra os botões com as modalidades para se inscrever nelas. Você irá clicar naquela que você gostaria de enviar seu trabalho e preencher os campos. Depois de enviar a proposta você ainda pode edita-la até o encerramento do prazo. Após isso, a proposta entra em avaliação e não pode ser mais modificada.

Qualquer dúvida sobre o processo, entre em contato com a Secretaria pelo e-mail socine@socine.org.br