O XXIII Encontro SOCINE acontecerá na Unisinos, em Porto Alegre, de 08 a 11 de outubro de 2019.

A lista dos trabalhos aprovados pode ser acessada aqui. Os associados também podem checar a avaliação final de seus trabalhos pela sua área de associado.

Todos os aprovados precisam realizar o pagamento dentro do prazo para que sua participação seja confirmada. Os valores, após o primeiro prazo, terão acréscimos. O pagamento deverá ser feito pela área do associado, via Paypal.

Primeiro prazo: 10 de junho a 12 de julho – R$190,00 (profissionais) / R$95,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Segundo prazo: 15 de julho a 26 de julho – R$220,00 (profissionais) / R$110,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Prazo final: 29 de julho a 02 de agosto – R$260,00 (profissionais) / R$130,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)

Tendo qualquer dúvida ou dificuldade, favor contatar a secretaria no e-mail socine@socine.org.br.

Ficha do Proponente

Proponente

    Adriana P F Azevedo (PUC-Rio)

Minicurrículo

    Bolsista de Pós-Doutorado FAPERJ Nota 10, vinculada institucionalmente ao PPGLCC da PUC-Rio com pesquisa que atravessa questões sobre poesia, arte, feminismo e trauma. É professora, crítica cultural, artista e produtora. Ainda, em sua formação acadêmica, é doutora pela PUC-Rio, tendo desenvolvido parte da sua pesquisa no departamento de comunicação da Université de Lille 3, na França, em pesquisa acadêmica sobre representatividade de minorias sexuais e de gênero no audiovisual e na cultura.

Ficha do Trabalho

Título

    Interpelações arquivísticas no cinema lésbico contemporâneo

Resumo

    A presente comunicação pretende trabalhar as noções de “arquivo” e “memória” a partir das reflexões de Jacques Derrida em seu ensaio Mal de Arquivo: Uma impressão Freudiana (2001) e do conceito de archive of feelings, ou arquivo de sentimentos, proposto por Ann Cvetkovich. O objetivo é reivindicar um lugar às interpelações audiovisuais de mulheres lésbicas ao arquivo. Para tal, escolho como objetos o filme “The Watermelon Woman” de Cheryl Dunye e os home movies da cineasta Barbara Hammer.

Resumo expandido

    Segundo Derrida em Mal de Arquivo: Uma impressão Freudiana (2001), na Grécia antiga, os cidadãos que possuíam poder político tinham o “direito de fazer ou de representar a lei” (Derrida, 2001, p. 12). Por terem poder legislativo e autoridade publicamente reconhecida, os documentos oficiais eram armazenados em seus domicílios. Tais figuras guardiãs das leis foram denominadas “arcontes”. Derrida destaca ainda que, fora a função de depositar os documentos oficiais em suas próprias casa, “cabiam-lhes também a competência hermenêutica” (Ibid., p. 13). O arconte era, portanto, ao mesmo tempo guardião e responsável por interpretar o conteúdo do que guardava.
    O arquivo é ao mesmo tempo revolucionário e tradicional. Ele reúne e reserva, fazendo respeitar a lei, “a lei que é da casa” (Derrida, 2001, p. 18). O seu funcionamento se dá a partir de um cruzamento entre o topológico (o lugar, o domicílio, a residência) e o nomológico (a lei). Já o arquivista tem a função patriártica, que abriga e dissimula. O poder do arconte acumula as funções de unificação, classificação e identificação, e possui inclusive o “poder de consignação”: “A consignação tende a coordenar um único corpus em um sistema ou uma sincronia na qual todos os elementos articulam a unidade de uma configuração ideal”. (Ibid., p. 14) O arquivo tem a força da lei, “a lei da casa (oîkos)”, “da casa como lugar, domicílio, família ou instituição”. (Ibid.: p. 18)
    A própria ideia de arquivo implica, portanto, em uma verdade arquivista (ou arquivada). Ela dá corpo ao saber histórico produzido a partir do acúmulo de traços da memória. No entanto, os traços e as inscrições da memória são as eleitos pelo próprio arconte, que funciona como um “curador”, mas também censor. Para que a verdade do arquivo exista, é necessário que haja também “recalque” e “repressão” (“repression” e “supression”) (Derrida, 2001, p. 50).
    No livro The Archive of Feelings (2003), Ann Cvetkovich propõe o conceito contra-arquivo queer, uma forma de arquivo que atua justamente no desrecalque de elementos que ficaram de fora dessa curadoria heteropatriarcal mapeada por Derrida. Para isso, é preciso um outro gesto, é preciso outras formas de arquivar e é preciso trabalhar com outros vestígios. Cvetkovich vai chamar esse arquivo, também, de “arquivo de sentimentos”, justamente para dar conta dessa outra lógica necessária ao reprimido, ou ao ausente das histórias oficiais.
    Quais seriam, portanto, a forma como cineastas lésbicas têm trabalhado essas interpelações arquivísticas? Como o audiovisual produzido por corpos minoritários podem contribuir para uma reflexão crítica acerca da ideia de uma “memória audiovisual” ou de um “arquivo audiovisual”?
    Em “Welcome to this house”, a diretora compõe o arquivo afetivo de Elizabeth Bishop em um documentário em forma de ensaio poético. O corpo lésbico de Bishop é colocado em cena, em uma afirmação poética contra a invisibilização de uma parte da sua história, negligenciada pela construção biográfica feita pelas vozes vindas da literatura, sempre tão resistentes em dar a importância devida aos aspectos biográficos de escritoras mulheres e, sobretudo, mulheres lésbicas. Cheryl Dunye, diretora liberiana radicada nos Estados Unidos, também faz intervenções na História através do uso criativo do arquivo em seu filme The Watermelon Woman (1996). The Watermelon Woman é um filme independente que combina narrativa experimental e forma documental. O roteiro é centrado na vida e trabalho de Cheryl, uma mulher negra lésbica que é cineasta e vive na Filadélfia. Cheryl narra a busca de sua protagonista pelos resquícios biográficos de uma atriz negra que atuava nos filmes “plantation” e apagada da história audiovisual – ela era creditada apenas como “Watermelon Woman”, e seu nome verdadeiro não aparecia nos créditos dos filmes nos quais atuava.
    Pretende-se, assim, produzir uma espécie de rasura à ideia de arquivo e uma reivindicação e apropriação do que é a memória que merece ser rememorada

Bibliografia

    AARON, Michele (ed.). New Queer Cinema – A critical reader. Nova Jersey: Rutgers University PRess, 2004.
    CVETKOVICH, Ann. An Archive of Feelings: Trauma, Sexuality and Lesbian Public Cultures. Durhan & Londres: Duke University Press, 2003.
    _______________. The Queer Art of the Counterarchive. In.: Cruising the Archive: Queer Art and Culture in Los Angeles, 1945-1980, eds. David Frantz and Mia Locks (Los Angeles: ONE National Lesbian and Gay Archives, 2011), pp. 32-35.
    _______________. “Queer Archival Futures: Case Study Los Angeles,” In.: On the Subject of Archives, eds. Marianne Hirsch and Diana Taylor, special issue of e-misférica 9.1-2 (Summer 2012).
    DERRIDA, Jacques. Mal de Arquivo: Uma impressão Freudiana. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2001.
    RICH, B. Ruby. New Queer Cinema – The Director’s Cut. Durham & Londres: Duke University Press, 2013.

O livro “XXII SOCINE: 50 anos do maio de 68”, organizado por Lisandro Nogueira e Cleomar Rocha já está disponível para download em nosso site. A obra é composta de 11 artigos que lidam com a temática do maio de 68 pela perspectiva do cinema, que foi o tema do XXII Encontro SOCINE realizado em Goiânia, em 2018. De acordo com os organizadores, “Não há dúvidas de que o tema foi, é, e será sempre instigante, ainda mais aos olhos de muitos que (sobre)viveram (a)os tempos de 68, especialmente no Brasil, e que durante o evento debateram e refletiram sobre o legado de tão importante período da história mundial para a contemporaneidade. Na presente coletânea de textos procuramos demonstrar um pouquinho do que foi a XXII SOCINE, bastante eclética, mas que correspondeu muito bem à chamada para trazer a reflexão dos acontecimentos políticos, sociais, culturais e artísticos do ano de 1968”. O livro leva o selo editorial da SOCINE e ficará disponível em nosso site para download na seção Livros.

XXII Socine 50 anos de maio de 68
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Tema do XXII encontro da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE): “herança do maio de 1968 do ponto de vista do cinema, das novas redes de comunicação digital e da televisão”.

A Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE) repudia veementemente as manifestações recentes do governo federal contrárias a disciplinas das Humanidades como Filosofia ou Sociologia. Tais manifestações se constituem como ameaças inaceitáveis a áreas de conhecimento fundamentais que já convivem há anos com espaço reduzido nas políticas de financiamento de ensino e pesquisa no país.

A SOCINE considera que tais manifestações, além de desconhecerem a centralidade das Humanidades na construção da cidadania e no desenvolvimento do país, demonstram uma completa ausência de um projeto sério de educação e ciência.

Por isso, a SOCINE também assina a nota de repudio redigida pela ANPOF, disponível em:
http://www.anpof.org/portal/index.php/pt-BR/artigos-em-destaque/2075-nota-de-repudio-a-declaracoes-do-ministro-da-educacao-e-do-presidente-da-republica-sobre-as-faculdades-de-humanidades-nomeadamente-filosofia-e-sociologia

Diretoria SOCINE

Encerrou-se na última sexta, 19/04, o pagamento da anuidade e a submissão de trabalhos para o XXIII Encontro SOCINE que acontecerá de 08 a 11 de outubro na Unisinos, em Porto Alegre, RS. As propostas entram agora em período de avaliação e a divulgação dos trabalhos selecionados está prevista para o dia 10/06/2019.

Num momento em que a pesquisa brasileira sofre cortes, a SOCINE tem buscado reagir às dificuldades postas a toda área, implementando descontos a profissionais sem vínculo, criando novas formas de desligamento que possibilitam uma economia aos sócios e diminuindo a quantidade de anuidades atrasadas a serem pagas. Além disso, a escolha do tema deste ano levou em consideração a necessidade de refletirmos sobre preservação e memória audiovisual num período como este que vivemos. Por tudo isto, nos anima o fato do Encontro deste ano ter registrado o maior número de trabalhos submetidos nos últimos dez anos, totalizando 595 propostas enviadas. Em momentos de dificuldades como estes que o fortalecimento de nossa Sociedade e Encontro se faz cada vez mais importante e por isso, agradecemos a todas e todos que inscreveram seus trabalhos. Faremos mais um instigante e afetuoso Encontro, dessa vez em Porto Alegre.

Para finalizar, gostaríamos de informar aos sócios que não pagaram a anuidade, que é possível realizar o pagamento normalmente pelo sistema durante todo o ano. Para aqueles que buscam economizar, pode-se optar pelo Desligamento Parcial, que gera um desconto de 50% no valor da anuidade.

Para pagar e submeter os trabalhos é necessário que o sócio já cadastrado na Sociedade acesse nosso site socine.org.br e coloque seu CPF e sua senha no PAINEL DO ASSOCIADO.

Estando logado em nosso sistema, o sócio deverá clicar em MINHA CONTA e em seguida DADOS DE PAGAMENTO. Vai aparecer uma tela com o Histórico de pagamentos e ao lado Instruções de pagamento, onde é feito o processo via Paypal. Assim que o pagamento é realizado, aparece escrito PAGO no Histórico na coluna Anuidade 2019. Com isso é possível submeter o trabalho em seguida.

Para submeter a proposta de comunicação, você deve clicar em ENCONTROe em seguida INSCRIÇÃO. Abrirá uma tela com a explicação sobre cada uma das 4 modalidades e ao lado em Minha proposta você encontra os botões com as modalidades para se inscrever nelas. Você irá clicar naquela que você gostaria de enviar seu trabalho e preencher os campos. Depois de enviar a proposta você ainda pode edita-la até o encerramento do prazo. Após isso, a proposta entra em avaliação e não pode ser mais modificada.

Qualquer dúvida sobre o processo, entre em contato com a Secretaria pelo e-mail socine@socine.org.br