O XXIII Encontro SOCINE acontecerá na Unisinos, em Porto Alegre, de 08 a 11 de outubro de 2019.

A lista dos trabalhos aprovados pode ser acessada aqui. Os associados também podem checar a avaliação final de seus trabalhos pela sua área de associado.

Todos os aprovados precisam realizar o pagamento dentro do prazo para que sua participação seja confirmada. Os valores, após o primeiro prazo, terão acréscimos. O pagamento deverá ser feito pela área do associado, via Paypal.

Primeiro prazo: 10 de junho a 12 de julho – R$190,00 (profissionais) / R$95,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Segundo prazo: 15 de julho a 26 de julho – R$220,00 (profissionais) / R$110,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Prazo final: 29 de julho a 02 de agosto – R$260,00 (profissionais) / R$130,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)

Tendo qualquer dúvida ou dificuldade, favor contatar a secretaria no e-mail socine@socine.org.br.

Ficha do Proponente

Proponente

    Rubens Luis Ribeiro Machado Júnior (CTR/ECA-USP)

Minicurrículo

    Formado em arquitetura e urbanismo pela USP, lecionou estética e história da arte na FAU-FEBASP. Doutor pela ECA-USP, onde é prof. titular lecionando História, Análise e Crítica. Pesquisador e curador nos projetos “Marginália 70”, Itaú Cultural, e “Experimental Media in Latin America”, Los Angeles Filmforum/Getty Foundation. Lidera o grupo de pesquisa CNPq “História da experimentação no cinema e na crítica”. Conselheiro em várias gestões da SOCINE, onde criou o ST Cinema como arte, e vice-versa.

Ficha do Trabalho

Título

    Tentando criticar efetivamente o filme LIMITE (1931), de Mário Peixoto

Resumo

    A impressão que partilhamos é a de que LIMITE faria jus às mais elaboradas categorias conceituais em disponibilidade na literatura especializada, ou mesmo exigiria o esboço de algumas novas. Um maior revelar crítico do seu “realismo poético” e do seu “ritmo” estariam a requerer tentativas ainda mais sedimentadas na análise empenhada em campo estético diversificado, talvez com aportes e articulações comparativas que sua extrema singularidade no contexto específico de realização possa ter inibido.

Resumo expandido

    Um desafio que nessa análise se encerra seria o de lidar com o transcendente que ali se impõe, se cristaliza, se coagula, e nos põe à deriva da própria obra ao analisá-la – sem que consigamos discutir a produção desta deriva pela fita, pela experiência que dela temos. Configura-se no conjunto um olhar coerente de contemplação poética, a um tempo realista e metafísica do mundo. Para usar as palavras do crítico Vinicius Dantas, na superfície da imagem cruzam-se várias intensidades, não estando escravizadas a um referente: “O significado da imagem para Mário Peixoto é quase musical, precário na duração, sutil nesta instabilidade”. Como dar conta de sua análise crítica sem tocar em sua beleza?, sem se perguntar sobre o seu disperso sublime, efeitos de grande alcance, inopinados?, falar dos sentimentos estéticos que produz?, de sua expressão pela felicidade das formas a eles correspondentes, tão encantadoras quanto a força irradiante da sua precária unidade?, buscar de sua atmosfera o singular?
    É filme de “cadência lenta, triste e fúnebre, às vezes majestosa” (Saulo Pereira de Mello), que se vê ordenado com “coração de chumbo”, em tom de “fatalidade”. Um caminho promissor e no caso ainda pouco trilhado seria a frequentação do universo literário de Peixoto. Por exemplo parece-nos um terreno fértil a filiação modernista do seu livro de poesia Mundéu, publicado em 1931, mesmo ano de LIMITE. Mário de Andrade escrevia sobre o livro que “se tem a impressão do jato violento, golfadas irreprimíveis. São poemas que nascem feitos, explosões duma unidade às vezes excelente, em que o movimento plástico das noções e das imagens é incomparável dentro da nossa poesia contemporânea”. O poeta paulista parece estar falando também do Peixoto cineasta, que desconhecia, ainda quando postula que sua poética se desenvolve em torno de um jogo entre “terra e mistério”. Deixa-nos alguma sugestão de que ingressamos num momento transitório do modernismo, entre uma 1ª onda e a 2ª, atraída para o regional.
    Considere-se no entanto que para a avaliação de LIMITE a comunicabilidade entre meios de expressão diferentes talvez se ofusque diante do impacto plástico e rítmico tão especificamente fílmico que sofremos. Sua espantosa sintaxe formal, lânguida e esparramada, prefigurando magnificamente uma “tropical melancolia” tão buscada mais tarde, talvez não encontre paralelos no país senão na fluidez lamentosa e interminável da música de um Villa-Lobos, cujo infinito Choro N°11, com mais de uma hora de execução, é ainda contemporâneo do filme. “Obra única” da filmografia, como se diz, não só de Peixoto, mas do país, e do mundo, este verdadeiro “corpo estranho” no cinema brasileiro da época, pareceria com efeito manter maior parentesco, ou mais seguro, com o cinema europeu de vanguarda. Pode-se aproximá-lo das experiências francesas dos anos 1920 com o ritmo e encenação (L’Herbier, Dulac, Epstein, Gance, Chomette, Deluc, Cavalcanti); talvez da contemplação da Natureza em Flaherty; da cadência amorosamente lenta de Dovjenko. Mas algo nos diz que estes parentescos são tão longínquos quanto o modo alla Antonioni com que se exprime a paralisia dos personagens através da captação que a câmera faz do espaço.
    Júlio Bressane abstrairá que esse filme “é um fotograma transparente, branco, onde a sombra é que organiza a imagem.” Desde o começo um mesmíssimo tom perpassa o filme duma calmaria funesta emoldurando a tudo; imerge-se inteiro no agourento clima de bonança-e-borrasca, pressagiadas ambas desde o começo até ao arremate da fita, já de início pelos galhos ressequidos, o negro esvoaçar dos urubus, ou no escorrido do letreiro “Limite” em lúgubre fleuma, transpiração expressionista da grafia art déco. Tristes bananeiras abandonadas ao convívio de árvores destocadas, terrenos semi-desbastados em poda incompleta, avistados de cancelas e caminhos trilhados por vidas passantes, elas também ceifadas no perder-se das distâncias que não se cumprem, não se podem mais cumprir.

Bibliografia

    Andrade, O. de. “O divisor das águas modernistas”, Estética e política. (org. M. E. Boaventura) São Paulo: Globo, 2011.
    Bressane, J. Alguns. Rio: Imago, 1996.
    Candido, A. “A Revolução de 1930 e a cultura”, A educação pela noite. São Paulo: Ática, 1987.
    Dantas, V. “Alma sem limite”, Filme & Cultura n°43, Rio, Embrafilme, 1984.
    Mello, S. P. de. Limite. Rio: Rocco, 1996.
    Naves, R. “O olhar difuso: Notas sobre a visualidade brasileira”, Gávea n°3, Rio, PUC, 1986.
    Peixoto, M. Mundéu. Rio: 7Letras, 1996.
    ___ O inútil de cada um. Rio: 7Letras, 1996.
    Rocha, G. “Limite”, Folha de S. Paulo, 3/6/1978.
    ___ Revisão crítica do cinema brasileiro. Rio: Civilização brasileira, 1963.
    Roizman, G. B. Mário Peixoto, um olhar fenomenológico. Mestrado IA-UNESP, 2003.
    Teixeira, F. E. “Rebrilho do tempo intangível”, O terceiro olho. São Paulo: Perspectiva, 2003.
    Weiss, P. “Peixoto: Limite”, Cinéma d’avant-garde. Paris: L’Arche, 1989.
    Yamaji, J. Estudo sobre LIMITE de Mário Peixoto. Mestrado ECA-USP, 2007.

O livro “XXII SOCINE: 50 anos do maio de 68”, organizado por Lisandro Nogueira e Cleomar Rocha já está disponível para download em nosso site. A obra é composta de 11 artigos que lidam com a temática do maio de 68 pela perspectiva do cinema, que foi o tema do XXII Encontro SOCINE realizado em Goiânia, em 2018. De acordo com os organizadores, “Não há dúvidas de que o tema foi, é, e será sempre instigante, ainda mais aos olhos de muitos que (sobre)viveram (a)os tempos de 68, especialmente no Brasil, e que durante o evento debateram e refletiram sobre o legado de tão importante período da história mundial para a contemporaneidade. Na presente coletânea de textos procuramos demonstrar um pouquinho do que foi a XXII SOCINE, bastante eclética, mas que correspondeu muito bem à chamada para trazer a reflexão dos acontecimentos políticos, sociais, culturais e artísticos do ano de 1968”. O livro leva o selo editorial da SOCINE e ficará disponível em nosso site para download na seção Livros.

XXII Socine 50 anos de maio de 68
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Tema do XXII encontro da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE): “herança do maio de 1968 do ponto de vista do cinema, das novas redes de comunicação digital e da televisão”.

A Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE) repudia veementemente as manifestações recentes do governo federal contrárias a disciplinas das Humanidades como Filosofia ou Sociologia. Tais manifestações se constituem como ameaças inaceitáveis a áreas de conhecimento fundamentais que já convivem há anos com espaço reduzido nas políticas de financiamento de ensino e pesquisa no país.

A SOCINE considera que tais manifestações, além de desconhecerem a centralidade das Humanidades na construção da cidadania e no desenvolvimento do país, demonstram uma completa ausência de um projeto sério de educação e ciência.

Por isso, a SOCINE também assina a nota de repudio redigida pela ANPOF, disponível em:
http://www.anpof.org/portal/index.php/pt-BR/artigos-em-destaque/2075-nota-de-repudio-a-declaracoes-do-ministro-da-educacao-e-do-presidente-da-republica-sobre-as-faculdades-de-humanidades-nomeadamente-filosofia-e-sociologia

Diretoria SOCINE

Encerrou-se na última sexta, 19/04, o pagamento da anuidade e a submissão de trabalhos para o XXIII Encontro SOCINE que acontecerá de 08 a 11 de outubro na Unisinos, em Porto Alegre, RS. As propostas entram agora em período de avaliação e a divulgação dos trabalhos selecionados está prevista para o dia 10/06/2019.

Num momento em que a pesquisa brasileira sofre cortes, a SOCINE tem buscado reagir às dificuldades postas a toda área, implementando descontos a profissionais sem vínculo, criando novas formas de desligamento que possibilitam uma economia aos sócios e diminuindo a quantidade de anuidades atrasadas a serem pagas. Além disso, a escolha do tema deste ano levou em consideração a necessidade de refletirmos sobre preservação e memória audiovisual num período como este que vivemos. Por tudo isto, nos anima o fato do Encontro deste ano ter registrado o maior número de trabalhos submetidos nos últimos dez anos, totalizando 595 propostas enviadas. Em momentos de dificuldades como estes que o fortalecimento de nossa Sociedade e Encontro se faz cada vez mais importante e por isso, agradecemos a todas e todos que inscreveram seus trabalhos. Faremos mais um instigante e afetuoso Encontro, dessa vez em Porto Alegre.

Para finalizar, gostaríamos de informar aos sócios que não pagaram a anuidade, que é possível realizar o pagamento normalmente pelo sistema durante todo o ano. Para aqueles que buscam economizar, pode-se optar pelo Desligamento Parcial, que gera um desconto de 50% no valor da anuidade.

Para pagar e submeter os trabalhos é necessário que o sócio já cadastrado na Sociedade acesse nosso site socine.org.br e coloque seu CPF e sua senha no PAINEL DO ASSOCIADO.

Estando logado em nosso sistema, o sócio deverá clicar em MINHA CONTA e em seguida DADOS DE PAGAMENTO. Vai aparecer uma tela com o Histórico de pagamentos e ao lado Instruções de pagamento, onde é feito o processo via Paypal. Assim que o pagamento é realizado, aparece escrito PAGO no Histórico na coluna Anuidade 2019. Com isso é possível submeter o trabalho em seguida.

Para submeter a proposta de comunicação, você deve clicar em ENCONTROe em seguida INSCRIÇÃO. Abrirá uma tela com a explicação sobre cada uma das 4 modalidades e ao lado em Minha proposta você encontra os botões com as modalidades para se inscrever nelas. Você irá clicar naquela que você gostaria de enviar seu trabalho e preencher os campos. Depois de enviar a proposta você ainda pode edita-la até o encerramento do prazo. Após isso, a proposta entra em avaliação e não pode ser mais modificada.

Qualquer dúvida sobre o processo, entre em contato com a Secretaria pelo e-mail socine@socine.org.br