O XXIII Encontro SOCINE acontecerá na Unisinos, em Porto Alegre, de 08 a 11 de outubro de 2019.

A lista dos trabalhos aprovados pode ser acessada aqui. Os associados também podem checar a avaliação final de seus trabalhos pela sua área de associado.

Todos os aprovados precisam realizar o pagamento dentro do prazo para que sua participação seja confirmada. Os valores, após o primeiro prazo, terão acréscimos. O pagamento deverá ser feito pela área do associado, via Paypal.

Primeiro prazo: 10 de junho a 12 de julho – R$190,00 (profissionais) / R$95,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Segundo prazo: 15 de julho a 26 de julho – R$220,00 (profissionais) / R$110,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Prazo final: 29 de julho a 02 de agosto – R$260,00 (profissionais) / R$130,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)

Tendo qualquer dúvida ou dificuldade, favor contatar a secretaria no e-mail socine@socine.org.br.

Ficha do Proponente

Proponente

    Barbara Cristina Marques (UEL)

Minicurrículo

    Doutora e Mestre em Letras (UEL). Professora de Literatura, Cinema e suas materialidades do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Estadual de Londrina. Professora do Departamento de Letras Vernáculas e Clássicas da Universidade Estadual de Londrina.

Ficha do Trabalho

Título

    Partilhar o sensível do outro: I Had Nowhere To Go, de Douglas Gordon

Resumo

    No contexto dos conceitos de “Efeito cinema”, “Cinema expandido ou ampliado”, proponho uma leitura de I Had Nowhere To Go: Portrait of a displaced person (2016), de Douglas Gordon, baseado no livro-diário homônimo de Jonas Mekas.
    O ponto de mobilização no filme de Gordon parece estar na ordem de uma tentativa de fetichização do dispositivo cinema, de modo a transmutar a poética de Mekas em uma experiência visual que convida o espectador a penetrar as imagens sob novos regimes de percepção.

Resumo expandido

    No ano em que Jonas Mekas deixou esse plano, aos 97 anos, nada mais justo do que revisitar seu imenso arquivo e olhá-lo como o maior gesto de insubordinação que um displaced person podia ter tido na história do cinema. O fetiche pela câmera Bolex foi tão potente quanto a latência de uma escrita agarrada à experiência do não-lugar, aos estranhamentos, aos gestos de vidas que ali se eternizavam. Sobreviver ao maior genocídio do século XX empurrou Mekas à salvação de uma vida inseparável da palavra, do grão mínimo de imagens, elas mesmas vertidas naquilo que Emanuele Coccia (2010) nomeou como o sensível. Vários pensadores divagaram sobre a experiência manifesta no narcisismo da escrita, na palavra de autoridade (AGAMBEN, 2005) que desloca o ser impossível para a esfera de um “comum partilhado” (RANCIÈRE, 2005). Os signos desse “comum” deram o tom político da reconstrução e do reavivamento que faria a poética de Mekas tão singela quanto desconcertante.
    Entre 1944 e 1955, Mekas escreve seus diários, desde a saída da Lituânia para os campos de trabalho forçado até sua chegada a Nova Iorque. O recolhimento desse material viria a público, em 1991, com a publicação de I Had Nowhere to Go. Diary of a Displaced Person, livro este que constitui a essência de todo seu percurso filmográfico e de escritura. Esses onze anos de sôfrega escrita revelou o lugar comum de alguém a viver ao lado de muitos, de transmutar a possessividade do privado em um ato absolutamente coletivo. Pode-se falar de uma travessia que, a um só tempo, esteve marcada pela formação de cineasta e por uma insistência pela vida repleta de sensações a singularizar inúmeros ensaios fílmicos. Se o mundo/obra de Mekas opera na dimensão do sensível abrigada na memória e na experiência, é preciso questionar: como é possível partilhar o sensível do outro?
    No contexto dos conceitos “efeito cinema” (DUBOIS, 2017), “cinema expandido ou ampliado” (YOUNGBLOOD, 1970), proponho uma leitura do filme I Had Nowhere to Go: Portrait of a displaced person (2016), de Douglas Gordon, baseado no livro-diário de Mekas, provocada por inúmeras inquietações na ordem da relação cinema-literatura-vídeo enquanto potências de experiências afetivas. Poderíamos dizer haver um hiato entre a obra de Mekas e o trabalho visual de Gordon, completamente estruturado nas novas tecnologias da imagem. Se, de um lado, a imagem trêmula, doméstica, plena de realidade e presença, de Mekas, põe em xeque a relação com o cinema “industrial”, a força do experimental no trabalho com uma montagem que consegue, ao mesmo tempo, colocar fragmentos de modo disperso e equalizar uma narrativa que se torna seu projeto estético, pode indicar a afinidade com Gordon.
    O filme de Gordon, com 97 minutos de projeção, levado às salas de cinema em diversos festivais e mostras de cinema, é composto de imagens falaciosamente aleatórias, intercaladas a muitos minutos de ausência de imagem, em que a tela fica preta. A voz inconfundível de Mekas lê, quase todo tempo, trechos desse diário de modo fragmentário. A experiência imersiva proposta por Gordon obriga o espectador a suspender seu olhar, a montar os saltos de significação – dados pelas pouquíssimas imagens que surgem – e a “interpretar” o irrepresentável da experiência do corpo exilado. O trabalho de Gordon está nesse lugar do precário, na fricção das passagens de imagens em processo de transitoriedade, na desarticulação ou no desvio do espaçotemporal, no ponto de fuga das imagens em fluxo. Atrevo-me, portanto, a olhar o filme de Gordon como uma obra altamente provocativa, capaz de dar relevo a uma série de questionamentos a respeito das teorias que discutem as medialidades e as materialidades dos corpos midiáticos, da escrita e das imagens. I Had Nowhere to Go é uma obra sobre Mekas, mas, antes, é um filme sobre como os atravessamentos entre cinema, vídeo e literatura se materializam e desmaterializam diante do olhar estranhado do espectador.

Bibliografia

    AGAMBEN, Giorgio. Infância e História: destruição da experiência e origem da História. Belo Horizonte: 2005.
    COCCIA, Emanuele. A vida sensível. Florianópolis: Cultura e Barbárie, 2010.
    DUBOIS, Philippe. Sobre o “Efeito Cinema” nas instalações contemporâneas de fotografia e vídeo. In: MACIEL, Katia (Org.). Transcinemas. Rio de Janeiro: Contra Capa, 2017, p. 81-87.
    MEKAS, Jonas. Ningún lugar adonde ir. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: Caja Negra, 2017.
    RANCIÈRE, Jacques. A partilha do sensível: estética e política. São Paulo: EXO experimental org.; Ed. 34: 2005.
    YOUNGBLOOD, G. Expanded Cinema. New York: P. Dutton & Co., Inc., 1970.

O livro “XXII SOCINE: 50 anos do maio de 68”, organizado por Lisandro Nogueira e Cleomar Rocha já está disponível para download em nosso site. A obra é composta de 11 artigos que lidam com a temática do maio de 68 pela perspectiva do cinema, que foi o tema do XXII Encontro SOCINE realizado em Goiânia, em 2018. De acordo com os organizadores, “Não há dúvidas de que o tema foi, é, e será sempre instigante, ainda mais aos olhos de muitos que (sobre)viveram (a)os tempos de 68, especialmente no Brasil, e que durante o evento debateram e refletiram sobre o legado de tão importante período da história mundial para a contemporaneidade. Na presente coletânea de textos procuramos demonstrar um pouquinho do que foi a XXII SOCINE, bastante eclética, mas que correspondeu muito bem à chamada para trazer a reflexão dos acontecimentos políticos, sociais, culturais e artísticos do ano de 1968”. O livro leva o selo editorial da SOCINE e ficará disponível em nosso site para download na seção Livros.

XXII Socine 50 anos de maio de 68
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Tema do XXII encontro da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE): “herança do maio de 1968 do ponto de vista do cinema, das novas redes de comunicação digital e da televisão”.

A Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE) repudia veementemente as manifestações recentes do governo federal contrárias a disciplinas das Humanidades como Filosofia ou Sociologia. Tais manifestações se constituem como ameaças inaceitáveis a áreas de conhecimento fundamentais que já convivem há anos com espaço reduzido nas políticas de financiamento de ensino e pesquisa no país.

A SOCINE considera que tais manifestações, além de desconhecerem a centralidade das Humanidades na construção da cidadania e no desenvolvimento do país, demonstram uma completa ausência de um projeto sério de educação e ciência.

Por isso, a SOCINE também assina a nota de repudio redigida pela ANPOF, disponível em:
http://www.anpof.org/portal/index.php/pt-BR/artigos-em-destaque/2075-nota-de-repudio-a-declaracoes-do-ministro-da-educacao-e-do-presidente-da-republica-sobre-as-faculdades-de-humanidades-nomeadamente-filosofia-e-sociologia

Diretoria SOCINE

Encerrou-se na última sexta, 19/04, o pagamento da anuidade e a submissão de trabalhos para o XXIII Encontro SOCINE que acontecerá de 08 a 11 de outubro na Unisinos, em Porto Alegre, RS. As propostas entram agora em período de avaliação e a divulgação dos trabalhos selecionados está prevista para o dia 10/06/2019.

Num momento em que a pesquisa brasileira sofre cortes, a SOCINE tem buscado reagir às dificuldades postas a toda área, implementando descontos a profissionais sem vínculo, criando novas formas de desligamento que possibilitam uma economia aos sócios e diminuindo a quantidade de anuidades atrasadas a serem pagas. Além disso, a escolha do tema deste ano levou em consideração a necessidade de refletirmos sobre preservação e memória audiovisual num período como este que vivemos. Por tudo isto, nos anima o fato do Encontro deste ano ter registrado o maior número de trabalhos submetidos nos últimos dez anos, totalizando 595 propostas enviadas. Em momentos de dificuldades como estes que o fortalecimento de nossa Sociedade e Encontro se faz cada vez mais importante e por isso, agradecemos a todas e todos que inscreveram seus trabalhos. Faremos mais um instigante e afetuoso Encontro, dessa vez em Porto Alegre.

Para finalizar, gostaríamos de informar aos sócios que não pagaram a anuidade, que é possível realizar o pagamento normalmente pelo sistema durante todo o ano. Para aqueles que buscam economizar, pode-se optar pelo Desligamento Parcial, que gera um desconto de 50% no valor da anuidade.

Para pagar e submeter os trabalhos é necessário que o sócio já cadastrado na Sociedade acesse nosso site socine.org.br e coloque seu CPF e sua senha no PAINEL DO ASSOCIADO.

Estando logado em nosso sistema, o sócio deverá clicar em MINHA CONTA e em seguida DADOS DE PAGAMENTO. Vai aparecer uma tela com o Histórico de pagamentos e ao lado Instruções de pagamento, onde é feito o processo via Paypal. Assim que o pagamento é realizado, aparece escrito PAGO no Histórico na coluna Anuidade 2019. Com isso é possível submeter o trabalho em seguida.

Para submeter a proposta de comunicação, você deve clicar em ENCONTROe em seguida INSCRIÇÃO. Abrirá uma tela com a explicação sobre cada uma das 4 modalidades e ao lado em Minha proposta você encontra os botões com as modalidades para se inscrever nelas. Você irá clicar naquela que você gostaria de enviar seu trabalho e preencher os campos. Depois de enviar a proposta você ainda pode edita-la até o encerramento do prazo. Após isso, a proposta entra em avaliação e não pode ser mais modificada.

Qualquer dúvida sobre o processo, entre em contato com a Secretaria pelo e-mail socine@socine.org.br