O XXIII Encontro SOCINE acontecerá na Unisinos, em Porto Alegre, de 08 a 11 de outubro de 2019.

A lista dos trabalhos aprovados pode ser acessada aqui. Os associados também podem checar a avaliação final de seus trabalhos pela sua área de associado.

Todos os aprovados precisam realizar o pagamento dentro do prazo para que sua participação seja confirmada. Os valores, após o primeiro prazo, terão acréscimos. O pagamento deverá ser feito pela área do associado, via Paypal.

Primeiro prazo: 10 de junho a 12 de julho – R$190,00 (profissionais) / R$95,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Segundo prazo: 15 de julho a 26 de julho – R$220,00 (profissionais) / R$110,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)
Prazo final: 29 de julho a 02 de agosto – R$260,00 (profissionais) / R$130,00 (estudantes/profissionais sem vínculo)

Tendo qualquer dúvida ou dificuldade, favor contatar a secretaria no e-mail socine@socine.org.br.

Ficha do Proponente

Proponente

    Ana Costa Ribeiro (UERJ)

Minicurrículo

    Doutora em Arte e Cultura Contemporânea pela UERJ e Master of Fine Arts em Cinema pela San Francisco State University. Dirigiu sete curtas-metragens e quatro séries documentais. Foi montadora de diversos filmes e instalações. Como pesquisadora, tem se dedicado às poéticas do Corpo, da Memória e da Paisagem, com textos publicados no Brasil e em Portugal. Em 2018 realizou duas exposições individuais no Rio de Janeiro. Atualmente desenvolve o projeto de seu primeiro longa-metragem

Ficha do Trabalho

Título

    Alinhar a Memória – A Escrita do Tempo em Elegia de uma Viagem

Seminário

    Montagem Audiovisual: reflexões e experiências

Resumo

    A função do ato de lembrar não é apenas o oposto de esquecer. Lembrar implica em alinhar. Alinhar a memória se configura como uma forma de trabalhar com sua materialidade – o tempo. A montagem cinematográfica é um recurso privilegiado para se trabalhar com a memória. Não à toa, a dinâmica da montagem tem sido comparada às dinâmicas do sonho. O trabalho pretende analisar o filme Elegia de uma Viagem, de Alexander Sokurov, estabelecendo relações entre memória, sonho e montagem.

Resumo expandido

    A função do ato de lembrar não é apenas o oposto de esquecer. Lembrar implica em alinhar. Alinhar a memória é alinhavar fragmentos daquilo que se lembra em função de uma escrita do tempo. Quando enunciamos uma lembrança estamos fazendo nada mais do que alinhar, alinhavar, colocar em linha uma série de fragmentos organizados no tempo e, portanto, numa narrativa. Não existe memória que não seja costurada, alinhavada, alinhada. A memória, portanto, depende de um narrador, de alguém disposto a fazer a costura, a alinhavar o tempo.
    Quando acordamos de um sonho, por exemplo, nos esforçamos para lembrar de alguns fragmentos – imagens, sons, pessoas, situações em que nos encontrávamos enquanto estávamos dormindo. Fazemos um esforço então para recompor a narrativa e, assim, ao enunciar os acontecimentos do sonho, vamos construindo nossa memória. A memória coloca lado a lado os fragmentos do que se lembra, como contas num colar. E por mais caleidoscópica que seja a narrativa que se constrói, importa a ordem em que os fragmentos são posicionados.
    Nesse contexto, poderíamos pensar então numa ideia de memória atual, isto é, numa memória que se atualiza no tempo presente. Trazer a memória para si, apropriar-se dela, escrevê-la e reescrevê-la incessantemente. A escrita – seja de um texto ou de um filme – possibilita que se inscreva a memória na atualidade. A memória não está dada, ela se recria continuamente, através da narrativa de quem a conta e de quem a escuta.
    Alinhar a memória se configura então como uma forma de trabalhar com sua materialidade – o tempo. A montagem cinematográfica é um recurso privilegiado para se trabalhar com a memória. Não à toa, a dinâmica da montagem tem sido comparada às dinâmicas do sonho. Perceber o quanto a paisagem em que se vive interfere nos sonhos, lembranças, memórias, é algo que abre caminho para a construção de novas paisagens. Interessa perceber de que forma os sonhos fazem deslocamentos criando novas paisagens a partir das paisagens comuns.
    Se a materialidade da memória é o tempo, sua escrita se dá sempre no espaço. É através do posicionamento das lembranças que construímos a memória. Essa relação pode ser verificada na anedota grega do poeta Simônides de Ceos. Segundo essa narrativa, em um banquete oferecido por um nobre, Scopas, Simônides teria entoado um poema em homenagem ao anfitrião, mas metade de seu texto teria homenageado os deuses gêmeos Castor e Pólux. Scopas disse então que pagaria somente a metade da soma combinada. Durante o banquete, entretanto, Simônides fora comunicado de que havia dois jovens querendo falar com ele do lado de fora. Simônides então se retirou do recinto e quando voltou ao salão, o teto havia desabado, matando todos os convidados presentes, que ficaram desfigurados tamanho o impacto da tragédia. Para ajudar os parentes a reconhecer os corpos, Simônides recorrera à arte da memória, identificando cada um deles pela posição em que se encontravam à mesa.
    Ao alinhar a memória estamos posicionando nossas lembranças conforme nosso desejo de narrativa. A forma como cada um constrói suas memórias do passado implica na forma como irá conduzir suas memórias no futuro. Por isso, é importante estar sempre atento aos possíveis deslocamentos que se pode fazer entre passado, presente e futuro. Fazer deslizamentos entre essas camadas de tempo é algo que nos permite reinventar as memórias em suas múltiplas direções: a memória da memória, a memória do futuro, a memória do tempo presente. Esses deslocamentos, entretanto, terão sempre que enfrentar dificuldades – resistências e esquecimentos -, deslizando com atrito – barreiras, falhas e, sobretudo, repetições.
    No filme Elegia de uma Viagem, de Alexander Sokurov, um homem narra uma viagem em forma de sonho. Ao atravessar a paisagem, vai alinhando suas lembranças. O trabalho pretende analisar o filme estabelecendo relações entre memória, sonho e montagem.

Bibliografia

    ANDRADE, Carlos Drummond de. Corpo. Rio de Janeiro: Record, 1987.
    BACHELARD, Gaston. O Ar e os Sonhos. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
    BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas I. São Paulo: Brasiliense, 1987.
    DIDI-HUBERMAN, Georges. Diante do Tempo – História da Arte e Anacronismo
    das Imagens. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2015.
    HUYSSEN, Andreas. Seduzidos pela Memória. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2000.
    2012.
    PASOLINI, Pier Paolo. “The Cinema of Poetry” in: Movies and Methods. Los
    Angeles: University of California Press, 1976.
    PROUST, Marcel. Em Busca do Tempo Perdido. Rio de Janeiro: Ediouro, 2001.
    RANCIÈRE, Jacques. O inconsciente estético. São Paulo: Editora 34, 2009.
    RICOEUR, Paul. A memória, a história, o esquecimento. Trad. Alain François.
    Campinas: Ed. Unicamp, 2007.
    SCHAMA, Simon. Paisagem e Memória. São Paulo: Editora Schwarcz, 1995.
    TARKOVSKI, Andrei. Esculpir o Tempo. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
    YATES, Frances A. A Arte da Memória. Campinas: Ed. Unicam, 2013.

O livro “XXII SOCINE: 50 anos do maio de 68”, organizado por Lisandro Nogueira e Cleomar Rocha já está disponível para download em nosso site. A obra é composta de 11 artigos que lidam com a temática do maio de 68 pela perspectiva do cinema, que foi o tema do XXII Encontro SOCINE realizado em Goiânia, em 2018. De acordo com os organizadores, “Não há dúvidas de que o tema foi, é, e será sempre instigante, ainda mais aos olhos de muitos que (sobre)viveram (a)os tempos de 68, especialmente no Brasil, e que durante o evento debateram e refletiram sobre o legado de tão importante período da história mundial para a contemporaneidade. Na presente coletânea de textos procuramos demonstrar um pouquinho do que foi a XXII SOCINE, bastante eclética, mas que correspondeu muito bem à chamada para trazer a reflexão dos acontecimentos políticos, sociais, culturais e artísticos do ano de 1968”. O livro leva o selo editorial da SOCINE e ficará disponível em nosso site para download na seção Livros.

XXII Socine 50 anos de maio de 68
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Tema do XXII encontro da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE): “herança do maio de 1968 do ponto de vista do cinema, das novas redes de comunicação digital e da televisão”.

A Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE) repudia veementemente as manifestações recentes do governo federal contrárias a disciplinas das Humanidades como Filosofia ou Sociologia. Tais manifestações se constituem como ameaças inaceitáveis a áreas de conhecimento fundamentais que já convivem há anos com espaço reduzido nas políticas de financiamento de ensino e pesquisa no país.

A SOCINE considera que tais manifestações, além de desconhecerem a centralidade das Humanidades na construção da cidadania e no desenvolvimento do país, demonstram uma completa ausência de um projeto sério de educação e ciência.

Por isso, a SOCINE também assina a nota de repudio redigida pela ANPOF, disponível em:
http://www.anpof.org/portal/index.php/pt-BR/artigos-em-destaque/2075-nota-de-repudio-a-declaracoes-do-ministro-da-educacao-e-do-presidente-da-republica-sobre-as-faculdades-de-humanidades-nomeadamente-filosofia-e-sociologia

Diretoria SOCINE

Encerrou-se na última sexta, 19/04, o pagamento da anuidade e a submissão de trabalhos para o XXIII Encontro SOCINE que acontecerá de 08 a 11 de outubro na Unisinos, em Porto Alegre, RS. As propostas entram agora em período de avaliação e a divulgação dos trabalhos selecionados está prevista para o dia 10/06/2019.

Num momento em que a pesquisa brasileira sofre cortes, a SOCINE tem buscado reagir às dificuldades postas a toda área, implementando descontos a profissionais sem vínculo, criando novas formas de desligamento que possibilitam uma economia aos sócios e diminuindo a quantidade de anuidades atrasadas a serem pagas. Além disso, a escolha do tema deste ano levou em consideração a necessidade de refletirmos sobre preservação e memória audiovisual num período como este que vivemos. Por tudo isto, nos anima o fato do Encontro deste ano ter registrado o maior número de trabalhos submetidos nos últimos dez anos, totalizando 595 propostas enviadas. Em momentos de dificuldades como estes que o fortalecimento de nossa Sociedade e Encontro se faz cada vez mais importante e por isso, agradecemos a todas e todos que inscreveram seus trabalhos. Faremos mais um instigante e afetuoso Encontro, dessa vez em Porto Alegre.

Para finalizar, gostaríamos de informar aos sócios que não pagaram a anuidade, que é possível realizar o pagamento normalmente pelo sistema durante todo o ano. Para aqueles que buscam economizar, pode-se optar pelo Desligamento Parcial, que gera um desconto de 50% no valor da anuidade.

Para pagar e submeter os trabalhos é necessário que o sócio já cadastrado na Sociedade acesse nosso site socine.org.br e coloque seu CPF e sua senha no PAINEL DO ASSOCIADO.

Estando logado em nosso sistema, o sócio deverá clicar em MINHA CONTA e em seguida DADOS DE PAGAMENTO. Vai aparecer uma tela com o Histórico de pagamentos e ao lado Instruções de pagamento, onde é feito o processo via Paypal. Assim que o pagamento é realizado, aparece escrito PAGO no Histórico na coluna Anuidade 2019. Com isso é possível submeter o trabalho em seguida.

Para submeter a proposta de comunicação, você deve clicar em ENCONTROe em seguida INSCRIÇÃO. Abrirá uma tela com a explicação sobre cada uma das 4 modalidades e ao lado em Minha proposta você encontra os botões com as modalidades para se inscrever nelas. Você irá clicar naquela que você gostaria de enviar seu trabalho e preencher os campos. Depois de enviar a proposta você ainda pode edita-la até o encerramento do prazo. Após isso, a proposta entra em avaliação e não pode ser mais modificada.

Qualquer dúvida sobre o processo, entre em contato com a Secretaria pelo e-mail socine@socine.org.br