03/11 – Terça-feira – 19h
Sylvio Lanna – o cinema de invenção preservado ou deteriorado se reinventando no mundo digital
Francisco José Pereira da Costa Júnior
Entrevista com o cineasta Sylvio Lanna para percorrer sua carreira que se inicia junto ao núcleo mineiro do Cinema Marginal que se baseava no Rio de Janeiro, no final dos anos sessenta, passando pelo lançamento em 2019 do DVD de seu longa-metragem censurado pela Ditadura Militar, e finalizando com seus projetos digitais de cineclube, videoteca e filmes de celular. Versaremos sobre sua primeira produção, o curta-metragem “”O Roteiro do Gravador””, perdido na Cinemateca do MAM e refilmado no documentário “”IN MEMORIAM – O Roteiro do Gravador””, rodado em digital no ano 2019; a amizade com o cineasta paulista Andrea Tonacci que proporcionou a filmagem do longa “”Sagrada Família””; seu filme rodado no continente africano que se deteriorou e foi recuperado em parte; os anos 1980 e o retorno ao Brasil produzindo curtas em cores. Finalizaremos com a sua volta ao universo cinematográfico agora dentro da esfera digital e suas recentes parcerias, entre elas a com o cineasta e produtor Cavi Borges.
Link da live: https://youtu.be/24g_3hDygFI
04/11 – Quarta-feira – 19h
De O Cangaceiro a Bacurau: quatro Nordestes e quatro Cangaços
Leandro Afonso
A proposta a seguir busca realizar uma breve análise de quatro filmes: O Cangaceiro (1953, Lima Barreto), Lampião, o Rei do Cangaço (1963, Carlos Coimbra), O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro (1969, Glauber Rocha) e Bacurau (2019, Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles). Até que ponto podemos defender que referências além do cangaço (Dioguinho em SP, Jesuíno Brilhante no NE) chegam nos filmes? Como dialogam o professor de O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro com o de Bacurau? Em que o pernambucano Lunga, habitante de um futuro distópico, se aproxima do Lampião do paulista Coimbra? Como o mito imaginário da abertura de O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro, do baiano Glauber filmando no seu estado, conversa com os outros longas? De que mais podemos falar do cangaço de Galdino Ferreira, interpretado pelo mineiro Milton Ribeiro, com seu rival na pele de Alberto Ruschel, um gaúcho – na dupla que consolidou o primeiro imaginário cinematográfico de cangaço?
Link da live: https://youtu.be/VWABrvP8PU0
05/11 – Quinta-feira – 19h
Dramaturgias da Memória – Da matéria bruta da experiência às simulações de si em documentários autobiográficos
Márcio Henrique Melo de Andrade
Esta palestra apresenta uma pesquisa de doutorado em torno dos atos narrativos autobiográficos nos documentários A imagem que falta (2014, Rithy Pahn), Isto não é um filme (2011, Jafar Panahi) e Elena (2013, Petra Costa). Tomando como objeto as operações entre narrativa e imagem desenvolvidas pelos cineastas, parte-se dos gêneros narrativos em sua concepção mais clássica – épico, dramático e lírico – para pensar como os processos de criação de narrativas de si no documentário autobiográfico (SHERMAN, 1998; LANE, 2002; MACDONALD, 2013) podem levantar questões em torno dos processos, poéticas e autorias na escrita cinematográfica (SAYAD, 2008; MARAS, 2009; JOHANN, 2015). Partimos das distinções entre os modos de narrar desses três filmes para entender como os cineastas cristalizam um desejo de, ao invés de representar ‘objetivamente’ uma imagem de si, imaginar a própria interioridade. Assim, eles nos permitem pensar em como, ao nos narrar, não nos representamos, mas nos simulamos.
Link da live: https://youtu.be/hKt-8OCE3b8
06/11 – Sexta-feira – 19h
Olga Preobrazhenskaya, As mulheres de Ryazan e a censura soviética
Camila Cattai de Moraes
Nossa proposta é a de apresentar o filme mais famoso da cineasta Olga Preobrazhenskaya (1881 – 1971), As mulheres de Ryazan, 1927, encomendado pelo Comitê Estadual de Cinematografia da URSS, a Sovkino em comemoração aos 10 anos da Revolução Russa. A URSS, sob o comando de Stalin, encomendou seis filmes de diferentes cineastas para que fossem exaltados o Estado soviético e a Revolução. Das seis obras, Preobrazhenskaya foi a única cineasta que encontrou problemas no lançamento de seu filme que foi censurado e lançado meses mais tarde, com alterações na montagem. O motivo da censura foi o de que a obra não exaltava da maneira esperada o papel do Estado na vida da mulher camponesa. Preobrazhenskaya em 1927 já havia dirigido seis filmes e pelo menos um deles já havia sofrido censura em seu lançamento. A cineasta até o lançamento da obra de 1927 era considerada uma cineasta de filmes infantis e a obra em questão foi a primeira oportunidade de Olga para lançar filmes para o público geral.
Link da live: https://youtu.be/QZb6f9PUjuQ