Trabalhos Aprovados 2019

Ficha do Proponente

Proponente

    Miriam de Souza Rossini (UFRGS)

Minicurrículo

    Doutora em História (UFRGS) e Mestre em Cinema (USP). Graduada em Jornalismo (PUCRS) e em História (UFRGS). Professora Associada do Departamento de Comunicação e do PPG em Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Coordenadora do Grupo de Pesquisa Processos Audiovisuais (PROAv – UFRGS). Bolsista Produtividade do CNPq. Editora E-Compós. Autora de artigos e capítulos de livro sobre cinema brasileiro, cinema e história, e relações entre televisão e cinema no Brasil.

Ficha do Trabalho

Título

    Cinema de baixo orçamento no Rio Grande do Sul e a economia da dádiva

Resumo

    Partindo de filmes realizados no RS desde 2010, com valor até 500 mil, a apresentação busca identificar práticas de produção de realizadores que trabalham com o baixo orçamento, e ver a possibilidade de relacionar suas motivações com a Economia da Dádiva. A discussão integra a pesquisa Cinema brasileiro e a economia da dádiva: o baixo orçamento como projeto político-estético, financiada pelo CNPq, com apoio Capes, e realizada pelo Grupo de Pesquisa Processos Audiovisuais, junto ao PPGCOM/UFRGS.

Resumo expandido

    Esta proposta parte do mapeamento de filmes gaúchos de baixo orçamento, realizados a partir de 2010, no Rio Grande do Sul, e com valor máximo de 500 mil. Busca-se, com isso, identificar as práticas de produção de realizadores que trabalham com o baixo orçamento, e ver a possibilidade de relacionar suas motivações com as discussões sobre Economia da Dádiva. A apresentação integra as discussões da pesquisa Cinema brasileiro e a economia da dádiva: o baixo orçamento como projeto político-estético, financiada pelo CNPq, com apoio Capes, e realizada pelo Grupo de Pesquisa Processos Audiovisuais, junto ao Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
    O conceito de Economia da Dádiva foi desenvolvido por Marcel Mauss, nos anos 1920, para explicar práticas sociais de trocas que não envolviam a questão monetária em sociedades não-capitalistas, ou ditas primitivas. Aos poucos, o conceito foi sendo expandido para pensar muitas outras atividades dentro das próprias sociedades modernas e capitalistas, como as ações beneficentes, de cunho social, ou até mesmo as ações do Estado voltadas para o bem-estar e o desenvolvimento social (como o ensino público e gratuito e a o sistema público de saúde). Já o baixo orçamento foi por muito tempo o próprio entendimento do que é o cinema brasileiro, com uma proposta mais voltada para o cinema enquanto bem cultural do que de consumo ou entretenimento.
    No entanto, desde as mudanças tecnológicas de fins dos anos 1990, mas realmente incorporada pela maioria das cinematografias nos anos 2000, a possibilidade de se redefinir o baixo orçamento tornou-se a tônica. O digital, para captação e edição, ampliou a produção cinematográfica, tornando-a mais ágil, barata e disseminada, atendendo aos interesses de profissionais ou de amadores do campo audiovisual. No Brasil, observa-se que a produção fílmica é assumida por diferentes grupos, coletivos, amadores, nem sempre com vocação para chegar às telas das salas de cinema convencionais ou aos conceituados festivais nacionais e internacionais. Esse cinema ainda mais à margem vem disputando com cinemas ditos de arte, experimental, cult o interesse do público.
    Para entender estas relações entre as práticas de produção e as motivações para os diversos modelos de produção de baixo orçamento, o grupo vem mapeando a produção gaúcha da última década, e propondo encontros com realizadores gaúchos de várias partes do Estado, que atuam no campo do audiovisual de modo profissional ou não. Nesta primeira fase de prospecção, estamos buscando conhecer as formas de organização de equipes, de financiamento, de organização de trabalho, de definição de temas para os filmes, que são tanto ficcionais quanto documentais, de curta, média e longa duração. Buscamos, assim, compreender e discutir os limites e as possibilidades para o uso do conceito de economia da dádiva no cinema brasileiro.
    A discussão nos permite, portanto, fazer a aproximação entre cinema e economia da dádiva, a fim de tensionar os diferentes laços que movem o cinema de baixo orçamento no Brasil e, assim, propor outros entendimentos para as escolhas que são feitas pelos realizadores.

Bibliografia

    BENJAMIN, Walter. Magia e técnica. Arte e política. 7ed. 10ª. reimpressão. São Paulo: Brasiliense, 1996 (obras escolhidas, vol. 1).
    IKEDA, Marcelo. O novíssimo cinema brasileiro. Cinéma d´Amerique Latina, n.20, 2012, p. 136-149.
    MARTINS, Paulo Henrique. A sociologia de Marcel Mauss: dádiva, simbolismo e associação. Revista crítica de ciências sociais. Coimbra, 2004.
    MAUSS, Marcel. Ensaio sobre a dádiva. São Paulo: Cosac Naif, 2013.
    OLIVEIRA, Maria Carolina Vasconlos. O lugar dos independentes: práticas e representações de independência a partir da observação do “novíssimo” cinema brasileiro. Anais do 39º Encontro Anual da Anpocs, 2015.
    RANCIÈRE, Jacques. A partilha do sensível. Estética e política. São Paulo: Editora 34, 2005.
    ROSSINI, Miriam de Souza; OLIVEIRA, Vanessa K. Labre; NILSSEN, Bibiana, ALMEIDA, Guilherme Fumeo. Tendências do Cinema Brasileiro Contemporâneo. Modelos de produção e de representação. Sessões do Imaginário, Porto Alegre, Famecos/PUCRS, v.21, n.35, 2016, p.2-1