Trabalhos Aprovados 2019

Ficha do Proponente

Proponente

    Diego Paleólogo (UERJ)

Minicurrículo

    Professor substituto na Escola de Comunicação Social da UFRJ; pós-doutorando no PPGCOM UERJ. Doutor em Comunicação e Cultura pela ECO-UFRJ. Pesquisa questões de representação do corpo, alteridade, monstruosidades, estética e política; sexualidades disruptivas no cinema de terror; futuros imaginários e o apocalipse; distopias, fins dos mundos e imaginários; a imagem nos interstícios da necropolítica e da distopia.

Ficha do Trabalho

Título

    Pesadelos, bruxas e películas, oh my! O Gesto dos Mortos, parte 2.

Mesa

    História (s) do horror mundial: estética, tecnologia e convergências

Resumo

    A presente comunicação tem como projeto dar continuidade – e rupturas – à fala de 2018, ‘O gesto dos mortos’. Permanecer na proposta de que o cinema de horror dos anos 90 é um campo profícuo para se pensar o outro lado da vida, ou seja, corpos e subjetividades dissidentes que habitam os subterrâneos do imaginário; penso a partir de três narrativas que tencionam a intimidade entre imagem, fantasia e o gesto dos mortos: O Novo Pesadelo, 1994; A Bruxa de Blair, 1999 e Cut: cenas de horror, de 2000

Resumo expandido

    A presente comunicação tem como projeto dar continuidade – e rupturas – à fala de 2018, ‘O gesto dos mortos: a imagem-zombie e o cinema mainstream dos anos 90’. Permanecer na proposta de que o cinema de horror dos anos 90 é um campo profícuo para se pensar o outro lado da vida, ou seja, corpos e subjetividades dissidentes que habitam os subterrâneos do imaginário; corpos e práticas excluídes da luminosa heteronorma. Nessas narrativas, morte e vida são moduladas em frequências dissonantes, oferecendo possibilidades múltiplas de como experimentar o mundo, os medos e alteridades. O cinema de horror, então, é atravessado pelo medo de tornar-se radicalmente imagem – um medo da desmaterialização do real e da corporeidade; o pavor do fim do século XX.
    Para esse segundo movimento de fala penso a partir dos filmes ‘O Novo Pesadelo’ (Wes Craven, 1994), ‘A Bruxa de Blair’ (Sanchéz e Myrick, 1999) e ‘Cut: cenas de horror’ (Rendall, 2000). Essas três narrativas tencionam a intimidade entre imagem, fantasia e o gesto dos mortos. Mantenho o escopo teórico com Laura Mulvey, Jean Baudrillard, Walter Benjamin, Marie-José Mondzain e alguns outros.
    Imagens em movimento ativam potências e afetos e convocam as fantasias da morte e do vídeo-retorno (a capacidade de replay, do voltar, avançar, pausar…) – nada morre, nada permanece morto, como observamos no retorno de Freddy Krueger, em 1994. Essa ideia é expressa, de maneira mais contundente, nas inúmeras sequências de filmes de terror e horror. Monstros são, em última instância, categoricamente, imagens, fantasmas, fantasmagorias que adquirem vida, densidade e agência através das possibilidades técnicas do cinema – vida, animar corpos, animar imagens.
    Em uma relação dialética é possível cruzar, então, essas três narrativas e pensar em fantasmas, os gestos assombrados dos esquecidos, suas memórias, recusas e permanências – qual a efetiva fronteira entre o real e a ficção?, entre a imagem e a vida?
    O desejo dessa apresentação, mais uma vez, é fazer com que as imagens ‘falem’ – convocar os mortos, os não mortos, os anti-mortos para, mais uma vez, fazê-los performar.
    ‘Pode a imagem matar?’ A questão oferecida por Marie-José Mondzain abre para inúmeras possibilidades. É na medida que destruímos ou subvertemos, de acordo com Walter Benjamin, as imagens, que conseguimos resgatar e ativar as potências de vidas – produzir presença e sentido. Pesadelos, bruxas e película ocupam um estranho campo semântico: as imagens da morte e a morte das imagens. É através dessas personagens insólitas que iremos, então adentrar os interstícios do horror – nunca mais dormir, um novo pesadelo está sempre atrás da porta.

Bibliografia

    BAUDRILLARD, Jean. A ilusão vital. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.
    BUCK-MORSS, Susan. A tela do cinema como prótese de percepção. Florianópolis: Cultura e Barbárie, 2009.
    DIDI-HUBERMAN, Georges. Sobrevivência dos vaga-lumes. Belo Horizonte :
    Editora UFMG, 2011.
    GUNNING, Tom. Illusions Past and Future: The Phantasmagoria and its Specters. Disponível em
    http://www.mediaarthistory.org/refresh/Programmatic%20key%20texts/pdfs/Gunning.pdf
    MITCHELL, W. J. T. What do pictures want? the lives and loves of images. Chicago: University of Chicago Press, 2005.
    MONDZAIN, Marie-Jose. A imagem pode matar? Lisboa: Vega, 2009.
    MULVEY, Laura. Death 24x a second: stillness and the moving image. Londres: Reaktion Books, 2006.
    SPIVAK, Gayatri. Pode o subalterno falar? Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010.