Trabalhos Aprovados 2019

Ficha do Proponente

Proponente

    Maria de Lurdes Barros da Paixão (UFRN)

Minicurrículo

    esquisadora do Grupo de Pesquisa: Linguagens da Cena: Imagem, Cultura e Representação/LINC/UFRN. Pesquisadora de Dança em Mediações Tecnológicas para Cena Contemporânea Professora Associada do Departamento de Artes da UFRN, Coordenadora do Curso de Especialização em Dança- I Edição da UFRN. Desenvolve pesquisa sobre a historiografia da dança no cinema. Filiada a Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual-SOCINE. Colaboradora do NEIMB/ USP.

Coautor

    Maria Consuelo Oliveira Santos (KÀWÉ)

Ficha do Trabalho

Título

    Historiografia da Dança no Cinema: análise fílmica no século XXI

Resumo

    Esse trabalho investiga a história da dança no cinema em períodos distintos. O primeiro período corresponde ao cinema não narrativo nos filmes de Thomas Edison; Annabelle’s Butterfly Dance (1894), Serpentine Dance (1895) e Annabelle in Flag Dance (1896). O segundo refere-se ao cinema narrativo nos filmes Intolerance de David Griffith (1916) e Le Ballet Mécanique de Fernand Léger (1924). A pesquisa argui sobre procedimentos, parâmetros e ferramentas de análise fílmica no século XXI.

Resumo expandido

    A pesquisa realiza análises fílmicas da dança no cinema no período denominado de não narrativo também intitulado por Costa (2005) de “Primeiro Cinema”. os filmes analisados nesse período foram; Annabelle’s Butterfly Dance (1894), Serpentine Dance (1895) e Annabelle in Flag Dance (1896). Estes filmes foram dirigidos por Thomas Edison.

    As características estéticas presentes nas quatro películas dirigidas por Thomas Edson em “nível do plano”, referente ao posicionamento da câmera, indica que a captura das imagens se deu em um plano único, frontal com a câmera estática. Nessa perspectiva, a continuidade de aprofundamento das análises fílmicas, por meio de ferramentas apropriadas, visa detectar os ganhos que a dança adquire enquanto forma de arte autônoma. Portanto, com especificidades inerentes à sua própria linguagem ao ser inserida na linguagem cinematográfica no período cinema narrativo. Nessa direção, os filmes Intolerance de David Griffith (1916) e Le Ballet Mécanique de Fernand Léger (1924) são as obras de referência para análise fílmica nesse período.

    Em Intolerance de David Griffith (1916), a estética fílmica das cenas de dança apresenta coreografias filmadas no plano frontal, cujo enquadramento dos corpos dos dançarinos se realiza de forma ampliada, ou seja, abarca o cenário completo da cena. Os cenários deste filme são feitos de painéis pintados, semelhantes às peças de teatro.

    No filme Le Ballet Mécanique (1924), de Fernand Léger, o movimento da câmera captura e acompanha as expressões dos rostos femininos e masculinos em plano close up. Imagens de objetos, de diferentes formatos geométricos, se sobrepõem às imagens humanas em permanente devir.

    Os estudos dos professores franceses Jullier e Marie (2009) na obra traduzida e intitulada “Lendo as imagens no Cinema” orientam os procedimentos metodológicos empregados nas análises de conteúdo dos filmes de dança. A obra citada é considerada pela crítica especializada como uma das mais importantes obras contemporâneas, pois extrapola o campo da análise fílmica “em nível do plano” e os jogos que lhes são inerente, ou seja, os autores citados situam a produção cinematográfica no tempo e no espaço geográfico; nas condições materiais e históricas em que a película foi produzida. Assim, as análises fílmicas “em nível do plano” observou o posicionamento da câmera, os trajes, as cores do ambiente e a seleção dos objetos que compõe a cena de dança nas obras analisadas.

    A opção de análise em “nível do plano” foi adotada nestes estudos por considerá-lo uma das mais importantes ferramentas para compreender as ideias e intenções da direção fílmica, assim como observar o modo como a câmera se posiciona e determina o que o filme quer comunicar. Contudo, sem se deter em relação à totalidade dos parâmetros de análise inseridos na análise fílmica em “nível do plano” .

    O presente trabalho também Priorizou o “Ponto de Vista” na análise fílmica nas obras de dança no cinema narrativo, pois de acordo com Jullier e Marie (2009) esse é considerado um dos parâmetros mais importantes de análise fílmica no âmbito da “análise do plano”. Neste sentido, “o Ponto de Vista “compreende o duplo sentido que por sua vez engloba a perspectiva óptica e moral da película, fortemente presentes no cinema narrativo na atualidade.

    A pesquisa realizada tem como objetivo apontar as características estéticas da dança no cinema não narrativo e narrativo, com vistas a identificar as diferenças e similitudes da relação corpo-câmera e a dança no cinema no passado e no presente.

Bibliografia

    COSTA, Flávia Cesarino. O primeiro Cinema. Rio de Janeiro: Azougue, 2005.

    JULLIER, Laurent; MARIE, Michel. Lendo as imagens do cinema. Trad. Magda Lopes. São Paulo: Senac, 2009.

    Filmografia

    ANNABELLE Butterfly Dance. Direção: William Kennedy Dickson. Produção: Edison Manufacturing Company. Intérprete: Annabelle Moore. Distribuído pela Continental Commerce Company, 1894. (40 sec.), mudo. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=lwhONmmkZnM. Acesso em 14/01/2018.

    BALLET Mecanique. Direção: Fernand Leger e Dudly Murphy. Produzido por André Charlot, 1924. Intérprete: Alice Prin. (19 min), mudo. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=yrfibt6Bk. Acesso em 14/02/2018.

    INTOLERANCE. Direção: David W. Griffith. Produzido por David W. Griffith. Intérpretes: Vera Lewis e outros. Distribuído por: Triangle Distributing Corporate. 1916. (210 min). Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=q0Csy19yiaY&t=3411s. Acesso em 14/02/2018.