Trabalhos Aprovados 2019

Ficha do Proponente

Proponente

    Thais Vanessa Lara (UNICAMP/FLUP)

Minicurrículo

    Doutoranda em Multimeios no Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas em cotutela com o doutoramento em Estudos do Património da Universidade do Porto. Graduada em Comunicação Social – Rádio e TV (FEBASP) e Mestra em Multimeios (UNICAMP) com período sanduíche na Universidade Sorbonne Nouvelle – Paris 3. Bolsista FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.

Ficha do Trabalho

Título

    Conversas ao pé do ouvido: vamos falar do museu de cinema?

Resumo

    Esta comunicação apresenta o resultado parcial de um levantamento realizado na base do periódico “Journal of Film Preservation” da Federação Internacional de Arquivos de Filmes sobre “film museum/musée du cinéma”. A partir dessa pesquisa foram selecionados 37 artigos que abordam o tema: cinema, museu e público. Objetiva-se investigar como a FIAF e as próprias instituições afiliadas se classificam com o intuito de aproximar as discussões internacionais do contexto brasileiro.

Resumo expandido

    A ideia de apresentar o cinema como tema de exposição não é recente, os objetos indicados como “não-fílmico” – equipamentos, figurinos, cartazes e outros documentos relacionados ao filme – foram exibidos com maior ou menor frequência ao longo do século XX. Nos últimos anos, entretanto, o filme em exposição tem seduzido artistas, cineastas e teóricos de cinema que intencionam compreender a representação dessas imagens no espaço museológico.

    Sem dúvidas, a exposição do cinema ou a formação de espaços museais tem sido tema de discussão, desde o princípio das cinematecas, e ampliou seu espectro de debate com a banalização das tecnologias digitais e a introdução das imagens em movimento nos museus de artes. O cinema “tornou-se o negócio de uma prática de museu” e assiste-se, hoje, a (re) criação de espaços museais associados às cinematecas ou a uma emancipação do museu de cinema. Stéphanie Louis (2013) parte do propósito que somente um estudo do que foi descrito como um museu do cinema tornaria possível definir as práticas do museu cinematográfico.

    Em 2014, na comemoração do centenário de um dos seus mais lendários fundadores, a Cinemateca Francesa inaugurou a exposição: “Le Musée Imaginaire d´Henri Langlois”. Como parte da programação, que envolveu uma sucessão de eventos, o curador e ex-diretor, Dominique Païni proferiu uma conferência sobre o processo de montagem da exposição enfatizando as noções de “tudo acessível” e “raridade” para construir seu discurso em torno do futuro das cinematecas e suas funções, em especial, quanto à difusão do acervo diante da “web” – a era digital.

    É exatamente a partir desse ponto decisivo, rede de acesso, que postula a mudança por qual passam as cinematecas, advertindo não existir mais convicção sobre a vocação dessas instituições e destaca que “as cinematecas não serão definidas somente do ponto de vista da coleção – raridade – , mas se distinguiram segundo sua capacidade de programar e colocar em cena sua coleção de “não-filme” – “o melhor do arquivo” (PAINI, 2014).

    Corroborando a tendência já enunciada, José Manuel, diretor da Cinemateca Portuguesa, afirmaria que “Morreu o cinema, viva aí o museu de cinema”. A frase mencionada numa comunicação sobre os públicos das instituições culturais contemporâneas, faz alusão a transição do cinema analógico para o digital que alterou e tem alterado não somente a forma de produção, exibição e preservação, mas também o consumo. E por consequência a difusão das obras fílmicas. A esse respeito, regressa-se a fala de Païni que categoricamente afirma “uma cinemateca, hoje, que não tenha, ou não planeje para o futuro, um espaço expositivo é deficiente no seu desenvolvimento e na sua procura por novos públicos e está mesmo condenada a extinção” (PAINI, 2014).

    Mas, afinal quais são as discussões estabelecidas no seio da Federação Internacional de Arquivos de Filmes (FIAF)? Existe alguma orientação normativa para/sobre esses museus? Quando utilizar o termo “de” ou “do” cinema? Qual o futuro dos museus de/do cinema?

    Ao mesmo tempo, é preciso sublinhar que a abrangência da nomenclatura e a dificuldade de se estabelecer parâmetros e definições se configuram em obstáculos que dificultam seu entendimento, principalmente, quando traduzidos para a língua portuguesa. Por exemplo, uma pesquisa pela palavra “cinema” no site MuseuBr (http://museus.cultura.gov.br) resultara em nove diferentes instituições do Museu do Cinema Carlos Scalla ao Museu do Festival de Cinema de Gramado.

    Esta comunicação apresenta o resultado parcial de um levantamento realizado base do periódico Journal of Film Preservation (JFP índex) da FIAF sobre film museum/musée du cinéma. A partir dessa pesquisa foram selecionados 37 artigos escritos, entre 1995 e 2018, que abordam o tema: cinema, museu e público. Objetiva-se investigar como a FIAF e as próprias instituições afiliadas atualmente se classificam com o intuito de aproximar as discussões internacionais do contexto brasileiro.

Bibliografia

    CERE, Rinella. An International Study of Film Museums. Londres : Routledge, 2019. (No prelo)
    COSTA, José Manuel. Ciclos de conferências preso por ter cão preso por não ter. Fundação Carmona e Costa, Lisboa. 15 de abril de 2016. Disponível em http://www.fundacaocarmona.org.pt/pt/ciclos_conferencias/2016.aspx
    LOUIS, Stéphanie-Emmanuelle. Le Musée au pluriel (1944-1968). Faire voir le patrimoine cinématographique en France à l’heure de l’expansion cinéphile. Tese de Doutorado. École de Hautes études en sciences sociales (EHESS), 2013.
    PAÏNI, Dominique. Conserver pour transmettre. Cinémathèque, n°2, novembre 1992, _______________. “Le Musée imaginaire d’Henri Langlois”. Conferência. Cinemateca Francesa, Paris. 14 de abril de 2014. Disponível em http://www.cinematheque.fr/video/261.html
    Periódicos
    Journal of Film Preservation (1995 -2018)
    Museum International. UNESCO: Paris, n.184. Vol. 46, n.4, 1994.
    Film History: An International Journal. Indiana University Press, vol.18, n.3, 2006.